A ECONOMIA CAFEEIRA E A CHEGADA DOS IMIGRANTES
Na industrialização de São Paulo
No
final do século XIX o café era um produto agrícola de exportação, como
antes
fora o açúcar e o algodão. Mas seu financiamento, produção e comercialização se
deram em condições diferentes. Assim, a dinâmica da
economia
cafeeira, em vez de reforçar a economia agroexportadora,
lançou
as bases para a industrialização de São Paulo.
O crescimento
industrial paulista data do período posterior à abolição da escravatura, embora
se esboçasse desde a década de 1870. Originou-se de pelo menos duas fontes
inter-relacionadas: o setor cafeeiro e os imigrantes. Os negócios do café
lançaram as bases para o primeiro surto da indústria por várias razões: em
primeiro lugar, ao promover a imigração e os empregos urbanos vinculados ao
complexo cafeeiro, criaram um mercado para produtos manufaturados; em segundo,
ao promover o investimento em estradas de ferro, ampliaram e integraram esse
mercado; em terceiro, ao desenvolver o comércio de exportação e importação,
contribuíram para a criação de um sistema de distribuição de produtos
manufaturados. Por último, lembremos que as máquinas industriais eram
importadas e a exportação do café fornecia os recursos em moeda estrangeira
para pagá-las.
"Café". Pintura do artista brasileiro Candido Portinari. |
Membros da burguesia
do café tornaram-se investidores em uma série de atividades. Um exemplo
significativo é o do senador Lacerda Franco, fazendeiro e fundador de uma
empresa corretora de café. Proclamada a República, obteve a concessão para
criar um banco de emissão e iniciou uma grande fábrica de tecidos em Sorocaba.
Mais tarde, fundou outra menor em Jundiaí, uma companhia telefônica, e foi
diretor da Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Trabalhadores estrangeiros chegando à Hospedaria do Imigrante, em São Paulo. |
Os imigrantes surgem
nas duas pontas da indústria, como donos de empresas e como operários. Além
disso, vários deles foram técnicos especializados. A história dos trabalhadores
estrangeiros é parte da história dos imigrantes que vieram “fazer a América” e
viram seus sonhos se desfazer na nova terra. Eles tiveram papel fundamental nas
empresas manufatureiras da capital de São Paulo, nas quais, em 1893, 70% de
seus integrantes eram estrangeiros. Na indústria do Rio de Janeiro a
porcentagem era menor, mas, mesmo assim, muito expressiva: 39% em 1890.
Fausto, Boris. História do Brasil. 6. ed.
São
Paulo: Edusp; FDE, 1999. p. 287.