sexta-feira, 15 de agosto de 2014

COM QUANTAS ESTRELAS SE FAZ UM PAÍS?


A  Invenção  dos  Estados  Unidos


A Proclamação da Independência dos Estados Unidos da América não constituiu, como consequência imediata, uma nação organizada e unificada politicamente. Era preciso inventá-la. Diferentes projetos entrariam em debates e conflitos, que se prolongaram até a Guerra Civil no século seguinte.

E pluribus unum. Essa frase em latim significa “de muitos, um”. Ela foi escolhida como lema do novo país e consta em muitos símbolos oficiais dos Estados Unidos. Representa o surgimento de um país unificado, nascido de muitas colônias.
Declaração de Independência. Quadro de John Trumbull.
Mostra o ato de entrega da Declaração ao presidente do
Congresso em 4 de julho de 1776.

Essa unidade, porém, não era tão fácil de ser sustentada. A unidade contra os britânicos não significou em tempo algum um sentimento nacional de fato. A ideia de ser membro de um país deveria ser construída, e essa construção não terminaria com a independência.
A bandeira já havia sido escolhida. Tinha 13 listras alternando o vermelho e o branco, cada listra representando uma colônia. No canto superior esquerdo, 13 estrelas sobre um fundo azul. 

Primitiva bandeira dos Estados Unidos.
A primeira foi confeccionada por Betsy Ross. Cada novo estado que, ao longo da história, foi sendo incorporado ao país (hoje são cinquenta) acrescentou uma nova estrela nesta área. Como símbolo dos Estados Unidos também foi escolhida uma ave: a águia careca, animal típico da América do Norte. Houve protestos contra a escolha. Por incrível que pareça, alguns chegaram a sugerir o peru como ave nacional, porque, além de ser também típico da América, era mais sociável e menos agressivo. Prevaleceu a águia.
A águia foi escolhida como emblema dos Estados Unidos em 
razão de sua longevidade, força e aspecto majestoso, e também 
porque ela só existe na América do Norte. 

O trabalho de construção de identidade, entretanto, seria longo, bem mais complicado do que escolher uma ave ou bandeira. Na expressão do historiador norte-americano Joyce Appleby (Inheriting the Revolution), houve ainda uma geração inteira que teve que se conscientizar de que era americana e absorver os novos valores republicanos e de independência. Por meio da análise de muitas cartas e biografias da época, Appleby fala de uma geração que se viu diante da tarefa de inventar um país na América.
Pela primeira vez uma colônia ficara independente. Devia-se a partir de então criar um país livre com novos princípios. A primeira dificuldade era exatamente a existência não de uma colônia, mas sim de 13. A luta contra os britânicos havia unido as 13 colônias. Desaparecido o inimigo em comum, restavam os problemas de organização política interna.
Para enfrentá-los, Benjamin Franklin havia proposto os Artigos de uma Confederação e União Perpétua ainda antes da independência de fato. Com base nesse texto, uma comissão passou a elaborar uma Constituição.

Benjamin Franklin foi um dos principais líderes da
independência dos Estados Unidos, Destacou-se como 
jornalista, editor, autor, abolicionista, cientista, 
diplomata e inventor.
A lenta discussão preparatória da Constituição perturbava o andamento de outras medidas. Unidade em torno de um governo central forte ou liberdade para as colônias agirem de forma mais autônoma? Esse problema fora levantado ainda antes da independência e permaneceu mal resolvido até o século XIX, acabando por gerar a Guerra Civil Americana.
Karnal, Leandro. A formação da Nação, In: Karnal, Leandro et al.
História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI.
São Paulo: Contexto, 2008. p. 92-3.


Nenhum comentário:

Postar um comentário