COM QUANTAS ESTRELAS SE FAZ UM PAÍS?
A Invenção dos Estados Unidos
A Proclamação da
Independência dos Estados Unidos da América não constituiu, como consequência
imediata, uma nação organizada e unificada politicamente. Era preciso
inventá-la. Diferentes projetos entrariam em debates e conflitos, que se
prolongaram até a Guerra Civil no século
seguinte.
E pluribus unum. Essa frase em latim significa “de
muitos, um”. Ela foi escolhida como lema do novo país e consta em muitos
símbolos oficiais dos Estados Unidos. Representa o surgimento de um país
unificado, nascido de muitas colônias.
Declaração de Independência. Quadro de John Trumbull. Mostra o ato de entrega da Declaração ao presidente do Congresso em 4 de julho de 1776. |
Essa unidade, porém, não era tão fácil
de ser sustentada. A unidade contra os britânicos não significou em tempo algum
um sentimento nacional de fato. A ideia de ser membro de um país deveria ser
construída, e essa construção não terminaria com a independência.
A bandeira já havia
sido escolhida. Tinha 13 listras alternando o vermelho e o branco, cada listra
representando uma colônia. No canto superior esquerdo, 13 estrelas sobre um
fundo azul.
Primitiva bandeira dos Estados Unidos. |
A primeira foi
confeccionada por Betsy Ross. Cada novo estado que, ao longo da história, foi
sendo incorporado ao país (hoje são cinquenta) acrescentou uma nova estrela
nesta área. Como símbolo dos Estados Unidos também foi escolhida uma ave: a
águia careca, animal típico da América do Norte. Houve protestos contra a
escolha. Por incrível que pareça, alguns chegaram a sugerir o peru como ave
nacional, porque, além de ser também típico da América, era mais sociável e
menos agressivo. Prevaleceu a águia.
A águia foi escolhida como emblema dos
Estados Unidos em
razão de sua longevidade, força e aspecto majestoso, e também
porque ela só existe na América do Norte.
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O trabalho de
construção de identidade, entretanto, seria longo, bem mais complicado do que
escolher uma ave ou bandeira. Na expressão do historiador norte-americano Joyce
Appleby (Inheriting the Revolution), houve ainda uma geração inteira que
teve que se conscientizar de que era americana e absorver os novos valores
republicanos e de independência. Por meio da análise de muitas cartas e
biografias da época, Appleby fala de uma geração que se viu diante da tarefa de
inventar um país na América.
Pela primeira vez uma colônia ficara
independente. Devia-se a partir de então criar um país livre com novos
princípios. A primeira dificuldade era exatamente a existência não de uma
colônia, mas sim de 13. A luta contra os britânicos havia unido as 13 colônias.
Desaparecido o inimigo em comum, restavam os problemas de organização política
interna.
Para enfrentá-los, Benjamin Franklin
havia proposto os Artigos de uma Confederação e União Perpétua ainda
antes da independência de fato. Com base nesse texto, uma comissão passou a
elaborar uma Constituição.
Benjamin Franklin foi um dos principais líderes
da
independência dos Estados Unidos, Destacou-se como
jornalista, editor, autor, abolicionista, cientista,
diplomata e inventor.
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Karnal, Leandro. A formação da Nação, In: Karnal, Leandro et al.
História dos Estados
Unidos: das origens ao século
XXI.
São Paulo: Contexto,
2008. p. 92-3.
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