BUDA
Como libertar o homem de todo sofrimento?
Buda foi uma figura
extraordinária. Seu nome era Sidarta Gautama e era um príncipe que viveu no século VI a.C. Um dia resolveu abandonar a vida confortável de príncipe e,
por muitos anos, levou uma vida errante, angustiado pelas dúvidas que o
atormentavam e que diziam respeito ao sofrimento.
Até que um dia a resposta se
lhe revelou de repente...
"Sua revelação poderia
ser resumida assim: se quisermos escapar da dor, devemos começar por escapar a
nós mesmos. Pois de onde vem a dor? Do desejo, ou seja, do fato de desejarmos
possuir. Vou dar um exemplo. Quando você fica triste porque não lhe deram o
livro ou o tênis que queria, você tem duas possibilidades: ou tenta conseguir o
que quer, ou renuncia ao seu desejo. Se de alguma maneira você consegue não
desejar mais nada, já não vai sentir nenhuma tristeza. Foi isso que se revelou
a Buda. De fato, ele achava que, deixando de desejar todos os tipos de coisas
bonitas e agradáveis, deixando de querer felicidade, bem-estar, gratidão,
afeição, nós ficaríamos menos tristes no dia em que fôssemos privados disso. Quem
não desejasse mais nada, nunca mais ficaria triste.
[...]
Em outras palavras, seria possível o homem se tornar senhor de seus
desejos, como o cornaca [tratador de elefantes] domina seu elefante depois de muito treinamento.
Então o homem chegaria, aqui na Terra, a um “mar interior” que nada viria
perturbar, chegaria a um estado de beatitude e de paz em que não haveria mais
nenhum desejo. Teria a mesma bondade para com todos os homens e não esperaria
nada de ninguém. Buda também ensinou que aquele que conseguisse dominar todos os
seus desejos não voltaria à Terra depois da morte. Só se reencarnariam as almas
que se apegassem à vida. Quem deixa de ter apego à vida já não procura, depois
da morte, voltar ao “ciclo dos nascimentos e mortes”. Funde-se no nada, em que
todo desejo e todo sofrimento desapareceram, naquilo que os indianos chamam de
“nirvana”.
Gombrich, Ernest H. Breve
história do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 75.
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