terça-feira, 5 de agosto de 2014

BUDA


Como libertar o homem de todo sofrimento?


Buda foi uma figura extraordinária. Seu nome era Sidarta Gautama e era um príncipe que viveu no século VI a.C. Um dia resolveu abandonar a vida confortável de príncipe e, por muitos anos, levou uma vida errante, angustiado pelas dúvidas que o atormentavam e que diziam respeito ao sofrimento. 
Até que um dia a resposta se lhe revelou de repente...


"Sua revelação poderia ser resumida assim: se quisermos escapar da dor, devemos começar por escapar a nós mesmos. Pois de onde vem a dor? Do desejo, ou seja, do fato de desejarmos possuir. Vou dar um exemplo. Quando você fica triste porque não lhe deram o livro ou o tênis que queria, você tem duas possibilidades: ou tenta conseguir o que quer, ou renuncia ao seu desejo. Se de alguma maneira você consegue não desejar mais nada, já não vai sentir nenhuma tristeza. Foi isso que se revelou a Buda. De fato, ele achava que, deixando de desejar todos os tipos de coisas bonitas e agradáveis, deixando de querer felicidade, bem-estar, gratidão, afeição, nós ficaríamos menos tristes no dia em que fôssemos privados disso. Quem não desejasse mais nada, nunca mais ficaria triste.
[...]
Em outras palavras, seria possível o homem se tornar senhor de seus desejos, como o cornaca [tratador de elefantes] domina seu elefante depois de muito treinamento. Então o homem chegaria, aqui na Terra, a um “mar interior” que nada viria perturbar, chegaria a um estado de beatitude e de paz em que não haveria mais nenhum desejo. Teria a mesma bondade para com todos os homens e não esperaria nada de ninguém. Buda também ensinou que aquele que conseguisse dominar todos os seus desejos não voltaria à Terra depois da morte. Só se reencarnariam as almas que se apegassem à vida. Quem deixa de ter apego à vida já não procura, depois da morte, voltar ao “ciclo dos nascimentos e mortes”. Funde-se no nada, em que todo desejo e todo sofrimento desapareceram, naquilo que os indianos chamam de “nirvana”.
Gombrich, Ernest H. Breve história do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 75.


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