quinta-feira, 9 de setembro de 2021

 

Moisés, de Michelangelo

Você sabe por que estátua de Moisés, de Michelangelo, tem chifres?

A explicação mais aceita é que Michelangelo seguiu ao pé da letra a Bíblia latina, a famosa VULGATA. Essa foi a tradução oficial feita por São Jerônimo, a pedido do papa, no século IV d.C. A Vulgata continha um erro de tradução, e ela induziu Michelangelo a colocar chifres em Moisés.
Aconteceu que o texto original em hebraico descreve Moisés como tendo um "karan ohrpanav", o que quer dizer que "sua pele do rosto brilhava com raios de luz". Era o momento em que Moisés retornava para seu povo (após receber os mandamentos) com aparência “reluzente” ou “brilhante”. Ou seja,
Moisés teria voltado com uma aparência glorificada após receber os mandamentos.
São Jerônimo levou ao pé da letra o texto bíblico original e traduziu o termo Karan (baseado no radical karen) como "chifres''. Esse erro de São Jerônimo fez de Moisés um "cornuto"!
Conta-se que, ao terminar a obra, Michelangelo achou que seu Moisés ficará tão perfeito que seria capaz de falar, e bateu-lhe com o martelo, ordenando: "parla, parla!' Dizem que os bons observadores conseguem ver a marca do martelo.

 O que você sabe sobre dona Maria Leopoldina, a primeira imperatriz do Brasil? Há muito que dizer sobre essa senhora em virtude de suas muitas qualidades e realizações.

Primeiro- Nascida em 22 de janeiro de 1797, ela pertencia à família dos Habsburgos, a poderosa dinastia governante do Império Austríaco havia muitos séculos. Sua irmã mais velha havia sido casada com Napoleão Bonaparte. Tinha recebido uma educação refinada, e preparada desde a infância para reinar. Além do alemão, sua língua materna, ela aprendeu inglês, italiano e francês. Era neste idioma que ela viria a conversar com seu marido, o príncipe dom Pedro, com quem se casou, ainda em Viena, por procuração. Seis meses depois do casamento, chegou ao Brasil no dia 5 de novembro de 1817, tendo sido recebida festivamente por dom Pedro e pelo povo do Rio de Janeiro. O casamento definitivo realizou-se no dia seguinte. Ela tinha 20 anos e dom Pedro, 19.
Segundo - Nas palavras do historiador Paulo Rezzutti, autor de uma biografia de Leopoldina, foi em grande parte graças a ela que o Brasil se tornou uma nação. Para ele, a princesa “abraçou o Brasil como seu país, os brasileiros como o seu povo e a Independência como a sua causa”. Foi também conselheira de Pedro em momentos importantes. Um deles foi na decisão do "Fico", em que o dom Pedro optou pela permanência no Brasil, contrariando as ordens que vinham de Lisboa. Outro momento, foi quando ela, presidindo o conselho de ministros, aconselhou dom Pedro, que viajara para São Paulo, a proclamar a Independência do Brasil.
Terceiro - A convivência dela com o marido logo se tornou muito ruim. Dom Pedro era muito mulherengo. Desde 1823, dom Pedro assumiu publicamente sua relação com a amante, a Marquesa de Santos. Leopoldina foi constantemente humilhada pelo marido, tendo de engolir a Marquesa de Santos (e outras mulheres) tendo filhos de dom Pedro! A continuidade dessa situação fez com que Leopoldina sofresse de depressão, e sua saúde foi de mal a pior. Em 11 de dezembro de 1826, após ter sofrido um aborto espontâneo, ela acabou falecendo, um mês antes de completar 30 anos de idade! Era muito querida pela população, até mais do que o próprio imperador.
Quarto - Dona Leopoldina teve quatro filhas mulheres, sendo que a mais velha delas se tornou rainha de Portugal, com o nome de Maria II. Teve também três filhos homens, dos quais dois morreram logo depois de nascer, e o último viria a ser imperador do Brasil, com o nome de dom Pedro II.

 HISTÓRIA DA CALÇA JEANS

Em 1848, o ouro foi descoberto na Califórnia. Começou, então, a intensa Corrida do Ouro que atraiu dezenas de milhares de pessoas do leste dos EUA e de diversas partes do mundo.
O ouro era encontrado no leito dos rios, e era só chegar e pegar. Nem todos enriqueceram, mas muitos milionários surgiram do dia para a noite. A exploração do ouro criou muitas oportunidades de negócios. Vários mercadores lucraram com os trabalhos nas minas, para vendas de ferramentas, mantimentos, roupas e lonas. Com o excesso de oferta, o mercado ficou saturado.
O comerciante Levi Strauss tinha um grande estoque de lonas parado e observou que os mineradores precisavam de uma calça mais resistentes. Foi então que teve uma ideia genial. Ele se associou ao alfaiate Jacob Davis e criou uma calça de tecido grosso com rebites, perfeita para aqueles que se dedicavam ao pesado trabalho de mineração, e juntos acabaram batizando sua invenção de calça jeans, em 1853.
Pouco depois, foram adicionados à calça botões de metal e os bolsos traseiros.
Mas o jeans de coloração azul, como conhecemos hoje, surgiu por volta de 1890, quando Levi Strauss começou a tingir as peças com o corante extraído de uma planta chamada Indigus.
Foi somente no século 20 que o jeans passou a ser utilizado como roupa de uso diário. Seu uso foi popularizado pelos filmes de cowboys e por astros do cinema, como James Dean, Marlon Brando e outros

 HUGO GROTIUS, pai do direito internacional

"Conhecido até hoje nas comunidades jurídicas como o pai do Direito
Internacional, Grotius nasceu em Delft, no domingo de Páscoa de 1583. Era o primeiro filho de pais com posição social medíocre, mas de grande instrução. Sua família estendida incluía advogados, homens de negócios, funcionários públicos e professores
universitários. O tio de Grotius era professor de direito na Universidade de Leiden quando o jovem se matriculou ali, para estudar artes liberais, filosofia, línguas e retórica, aos onze anos. Prodígio celebrado em sua cidade natal, Grotius publicou poesias em grego e latim e traduziu e publicou textos nessas línguas. Depois de estudar
com inúmeros dos principais intelectuais humanistas, foi-lhe concedido um doutorado
honorário em direito pela Universidade de Orleans, na França, em 1598, aos quinze anos. O rei Henrique iv deu-lhe um medalhão de ouro comemorando essa realização pouco comum e o proclamou “o milagre da Holanda”.
Em 1599, Grotius tornou-se advogado do tribunal e alto conselho da Holanda,
iniciando uma carreira meteórica. Dois anos mais tarde foi nomeado historiógrafo latino oficial dos Estados da Holanda e, graças à sua associação com Johan van Oldenbarnevelt, primeiro-ministro dos Países Baixos Unidos, serviu como promotor
público em 1607. Outros postos prodigiosos seguiram-se, incluindo o de advogado-geral das províncias da Holanda, da Frísia e da Zelândia. Antes dos trinta anos, era um dos advogados mais bem pagos e respeitados nas Províncias Unidas e mais tarde
tornou-se funcionário público sênior, membro do Parlamento e conselheiro político do mais alto nível.
Além disso, casou-se bem, com uma jovem politicamente bem relacionada, Marie van Reigersbergh, e fez bons investimentos. Escreveu poesia, peças teatrais e tratados jurídicos aclamados, diversos dos quais tiveram enorme influência durante sua vida e, depois, no desenvolvimento e na evolução do pensamento jurídico europeu. Grotius era o modelo de prudência e respeitabilidade calvinista. Mas, se a sua ascensão foi rápida, ela obedeceu a uma trajetória que despencou com igual velocidade. Em 1618, ele viu-se em meio à disputa entre Maurício de Nassau, príncipe de Orange, que era governador da província homônima, e seu amigo e benfeitor, Johan van Oldenbarnevelt, a respeito das diferenças de doutrina entre seitas religiosas protestantes. Grotius e Oldenbarnevelt foram presos em 1618. Quando se recusaram a pedir desculpas pela suposta conspiração, Oldenbarnevelt foi decapitado, e Grotius condenado à prisão perpétua no
castelo de Loevestein depois de ter seus bens confiscados. Durante o período de prisão, ele lia vorazmente e continuou a escrever um de seus famosos tratados, "De Jure Belli ac
Pacis" (Sobre a lei da guerra e da paz).
Fugiu da prisão depois de quase dois anos, com a ajuda da mulher, que se fez
passar por Grotius, enquanto ele se evadia do castelo dentro de um baú de livros. Fugiu para Paris, seguido pela mulher e pelos filhos, onde supervisionou a publicação de sua
obra monumental, que esperava poder serenar as guerras religiosas (ou mesmo cessá-las de todo) que estavam devastando a Europa. Recusando-se, por princípio, a converter-se ao catolicismo, era inelegível para um posto na corte francesa, mas acabou servindo como embaixador da Suécia na França durante muitos anos. Em diversas ocasiões, tentou voltar à sua terra natal, mas foi expulso, porque se recusou a admitir que tinha feito alguma coisa errada em 1618, de modo que permaneceu no exílio. Na derradeira
viagem à Suécia, em 1645, o navio onde seguia naufragou devido a uma tempestade, e ele morreu de exaustão depois de chegar à praia. Sua mulher e quatro de seus filhos sobreviveram a ele. Tanto durante a vida quanto depois de morto, Grotius foi respeitado como um dos principais pensadores humanistas da Europa." [Bown, Stephen R. "1494". São Paulo : Globo, 2013, p. 166-7]

 GUERNICA, a obra-prima do cubismo

Tenho uma relação difícil com a obra Guernica, do pintor espanhol Pablo Picasso. Não aprecio o estilo, o cubismo; aliás não me agrada nada que veio com a chamada "arte moderna". Mas tenho de convir que se trata de uma grande obra, na verdade a obra-prima desse grande pintor espanhol. Para além de seu mérito artístico, está seu significado histórico. Vamos aos fatos.
Em 1937, quando o quadro foi pintado, a Espanha estava sendo dilacerada pela guerra civil (1936-39). De um lado, estavam os republicanos - as forças leais ao governo da II República. De outro estavam os nacionalistas - as forças do general Francisco Franco, que tentavam derrubar justamente o governo republicano. Franco recebeu apoio dos regimes fascistas da Alemanha e da Itália, liderados respectivamente por Hitler e Mussolini. Esses governos estavam ansiosos para experimentar as novas armas que estavam aperfeiçoando, que depois seriam usadas na Segunda Guerra Mundial. E a aliança com o Franco veio em boa hora.
No dia 26 de abril de 1937, o bombardeio se abateu sobre a pequena cidade de Guernica, no norte da Espanha. Era um dia de feira e muita gente estava nas ruas da cidade. Aviões da Luftwaffe (força aérea alemã) despejaram bombas sobre a cidade e metralharam sua população indefesa. Além da destruição, houve centenas de mortes. Sessenta anos mais tarde, o presidente da Alemanha pediu perdão aos habitantes da cidade.
Nessa época, Picasso vivia na França e o governo republicano espanhol lhe havia encomendado uma pintura para representar o país numa exposição internacional que aconteceria em Paris. Quando Picasso leu num jornal a notícia do massacre, ele imediatamente decidiu fazer da tragédia o tema de sua tela. "O quadro tem implícita uma mensagem de resistência contra o autoritarismo e também contra a ascensão dos governos fascistas na Europa. [...] Ao mesmo tempo, representa as terríveis consequências da guerra sob a luz de uma lâmpada elétrica, símbolo da modernidade e do progresso técnico." (Wikipedia)
A obra criada por Picasso é enorme: mede 7,7 metros de comprimento por 3,4 metros de altura. Ele usou apenas preto, branco e cinza, com um toque de bege e de azul. Chamam atenção, ao lado de corpos despedaçados, o cavalo e o touro. Para alguns estudiosos, o cavalo e o touro representam a mortal batalha entre os combatentes republicanos (cavalo) e o exército fascista de Franco (touro).
O quadro permaneceu na França até 1981. Foi uma exigência do pintor, segundo a qual a obra só iria para a Espanha após a morte de Franco (o que se deu em 1975) e a consequente redemocratização do país. Após os trâmites legais, ele foi enviado à Espanha, e hoje se encontra no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri.

 DAFNE E APOLO, por Gian Lorenzo Bernini

Essa obra de Bernini é pra lá de impressionante. Esculpida em mármore, ela retrata o momento em que Dafne se transforma em árvore - conforme o mito pagão de Apolo e Dafne.
Esse mito "conta que Apolo, o mais belo deus do Olimpo, autoconfiante com seu arco de ouro, irrita o Cupido com sua arrogância. Assim, o Cupido teria lançado duas flechas, uma de ouro em Apolo, que atrai o amor, e outra de chumbo na ninfa Dafne, filha do rio-deus Peneu, que afasta o amor.
Doente de amor, Apolo começou o assédio sobre Dafne, que recusando todos os pretendentes, não deixou de recusar o belo deus. Apolo então começou uma perseguição a Dafne, que corria desesperada pela floresta tentando evitá-lo. Ele estava cada vez mais próximo de seu objetivo quando Dafne suplica ao seu pai, ao vê-lo entre as árvores, que parasse com o sofrimento. Peneu, então, vendo que Apolo já tocava os cabelos da filha, a enfeitiça. Dafne sente seu corpo adormecer, sua pele se transformando em casca, os cabelos em folhas, os braços enrijeceram e viraram galhos, os pés fincaram-se no chão virando raízes. Ela então se transformou em um loureiro." (Vikipedia)
Bernini, o maior artista do Barroco, recebeu a encomenda dessa obra quando tinha apenas 24 anos, e nela trabalhou entre 1622 e 1625, contando com a ajuda de Giuliano Finelli, um membro de sua oficina.
Essa escultura foi a última de uma série de obras encomendadas pelo cardeal Scipione Caffarelli-Borghese.

 PETRA, a "cidade rosa"

Todo aquele que gosta de história e de lugares históricos vai concordar que Petra é um desses lugares que a gente tem de visitar antes de morrer. Pois é, Petra tem milênios de história.
Chamada de "cidade rosa'', Petra é a atração turística mais visitada da Jordânia. É considerada Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1985. E foi nomeada uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo em 2007.
Desde pelo menos 1 200 a.C., a região onde se encontra Petra era ocupada pela tribo dos edomitas. Posteriormente, foi lar dos nabateus, uma tribo árabe responsável pela fundação da cidade. Localizada na passagem de rotas comerciais, a cidade se tornou um próspero centro comercial.
Atribui-se aos nabateus o trabalho de talhar a cidade na pedra. A alta qualidade dos trabalhos revela a extraordinária perícia dos artesãos nabateus. Não existe cidade sem água. Então, os nabateus construíram uma rede de canais para coletar e armazenar a água das escassas chuvas do deserto para o consumo de uma população que pode ter chegado a 30 mil pessoas .
Em grego, o nome da cidade significa “pedra”. Ao longo do tempo, várias expressões foram associadas a Petra: “cidade rosa”, “rochosa”, “perdida”, “das pedras” e “dos mortos”.
Na passagem da Antiguidade para a Idade Média, a cidade entrou em decadência. Um forte terremoto, no ano 551, destruiu grande parte da cidade. Mas não foram só as construções que sofreram com os abalos; também o comércio decaiu. Petra acabou sendo abandonada e caiu no esquecimento. Só os nômades beduínos sabiam como encontrá-la no deserto. O local era mantido em segredo. Eles não queriam que mais ninguém soubesse da existência de Petra, porque temiam que as pessoas fossem para lá em busca de tesouros e destruíssem o resto das construções.
Esse isolamento somente terminou no começo do século 19. O autor da proeza foi Johann Ludwig Burckhardt, um viajante e explorador suíço. Ele era um admirador da cultura muçulmana e falava a língua árabe com fluência. Viajando por diversas partes do Oriente Médio, ele ouviu notícias de ruínas que imaginou ser Petra. Após conquistar a confiança dos beduínos, ele conseguiu um guia para levá-lo ao local. Chegou à cidade perdida no dia 22 de agosto de 1812. Posteriormente, Petra despertou a atenção de visitantes e arqueólogos.

 ISABEL, A CATÓLICA, RAINHA DE CASTELA

Isabel de Castela nasceu no dia 22 de abril de 1451, uma Quinta-Feira Santa, e, não por acaso, foi apelidada de "Isabel, a Católica".
Apesar de ser uma princesa, as coisas nunca foram fáceis para Isabel. Sua mãe passou a ter crises de loucura. E o rei, seu meio-irmão, Henrique IV, tudo fez para complicar-lhe a vida. Primeiro, quis casá-la e a apresentou a vários pretendentes, e a todos ela rejeitou com firmeza. Depois, quis excluí-la da sucessão em favor da própria filha, Joana (que uma parte da nobreza não aceitava por considerá-la filha de Beltrán de la Cueva, suposto amante da rainha; daí o apelido de "Beltraneja" com que ficou conhecida).
Casamento
Enquanto Henrique IV tentava conseguir um acordo matrimonial que lhe trouxesse benefícios, o rei de Aragão tratava de negociar, em segredo, o casamento de Isabel com seu filho Fernando. Aliás, era a ele que Isabel queria para marido. Havia, entretanto, um impedimento legal, uma vez que os dois eram primos em segundo grau.
Apesar do parentesco, o Papa era a favor dessa união por gostar da princesa Isabel, por ser uma mulher profundamente religiosa. Para facilitar o casamento, enviou à Espanha nada menos que o cardeal Rodrigo Borgia (futuro papa Alexandre VI).
Finalmente, o casamento dos dois príncipes se realizou em 19 de outubro de 1469, no Palácio de los Vivero, em Valladolid. A união de Isabel, de Castela, e Fernando, de Aragão, deu início à unificação da Espanha.
Isabel rainha
Após a morte de Henrique IV, Isabel foi proclamada rainha de Castela no dia 13 de dezembro de 1474. Mas as dificuldades não haviam terminado. Teve de travar e vencer a Guerra de Sucessão Castelhana, ocorrida entre 1475 e 1479, enfrentando os partidários de Joana, a "Beltraneja". Seu reinado foi marcado por acontecimentos que mudaram a história da Espanha e do mundo. O primeiro se deu em 1492: ela e seu marido Fernando, rei de Aragão, comandaram a conquista de Granada,em 1492, último reduto dos árabes na Península Ibérica, concluindo a Luta de Reconquista.
Parceria com Cristóvão Colombo
O segundo, nesse mesmo ano, foi a parceria com Cristóvão Colombo, em seu plano de chegar às Índias navegando para Oeste. Colombo havia chegado a Castela em 1485, em busca de apoio da rainha Isabel e lá permaneceu por sete anos. Como é sabido, Isabel acreditou nos projetos do navegante genovês, apesar da oposição da Corte e dos especialistas. Uma lenda diz que financiou a viagem com a venda de suas jóias. Isso é falso. Na verdade, o financiamento foi obtido graças ao empenho de Luiz Sant'angel, encarregado das finanças reais. Colombo realizou a Viagem do Descobrimento, e retornou à Espanha em março de 1493. No ano seguinte, foi celebrado o Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo não-cristão entre Espanha e Portugal.
O título de Reis Católicos
Outros acontecimentos do reinado de Isabel foram o estabelecimento da Inquisição (1480), a conversão obrigatória dos judeus sob pena de expulsão e mais tarde também dos muçulmanos. Seu marido, Fernando, se
empenhou em libertar os Estados Pontifícios da invasão francesa.
Por essas ações em defesa da fé católica e da Igreja, Isabel e Fernando receberam do papa Alexandre VI, em 1496, o título de Reis Católicos (título herdado pelos descendentes do trono, inclusive pelo atual rei espanhol, Felipe VI).
O fim
No final dos seus dias, as desgraças familiares começaram a atingi-la. A morte do seu único filho homem e o aborto da esposa dele, a morte da sua filha mais velha e do seu neto Miguel, a loucura da sua filha Joana - tudo isso levou-a a uma depressão profunda, que fez com que se vestisse sempre de luto.
Como se isso não bastasse, Isabel foi acometida de câncer no útero, doença que a mataria. Faleceu pouco antes do meio-dia de 26 de novembro de 1504, no Palácio Real de Medina del Campo. Tinha 51 anos de idade. Seus restos mortais, juntamente com os do seu esposo Fernando (morto em 1516) encontram-se na Capela Real de Granada.
Legado
Seu neto Carlos I (filho de sua filha Joana, a Louca) herdou o trono espanhol em 1516 e mais tarde assumiu o trono do Sacro Império Romano, tornando-se o mais importante líder europeu de sua época. Isabel foi uma rainha poderosa e passou à história como a primeira rainha despótica da Europa. Graças a ela, a Espanha entrou no século XVI como o mais importante império do mundo, sobre o qual o sol nunca se punha.

 HELENA E A GUERRA DE TROIA

Era uma vez uma moça chamada Helena. Ela vivia em Esparta, na Grécia Antiga. Era filha de ninguém menos que Zeus, o mais importante dos deuses gregos. Bem, é o que diz a mitologia grega.
Helena era considerada a mulher mais bela do mundo. Foi descrita pelo poeta Homero como de "faces rosadas". Outras fontes se referem a ela como "loira". Essa linda moça teria sido a causa de uma longa guerra, a Guerra de Troia, que durou 10 anos.
Quando ela tinha doze anos, seu pai adotivo, Tíndaro, resolveu que era chegado o momento de casá-la. Apareceram diversos pretendentes, incluindo alguns dos maiores líderes da Grécia. Por isso, Tíndaro hesitava em escolher um deles temendo enfurecer os outros. Finalmente, um dos pretendentes ajudou na decisão. Era Ulisses - cujo nome grego era Odisseu, de onde vem a palavra "odisseia"; ele era o rei de Ítaca. Ulisses sugeriu que todos os pretendentes jurassem proteger Helena e o marido que ela escolhesse, qualquer que fosse. Helena escolheu Menelau, que se tornou rei de Esparta. Ele era irmão de Agamenon, rei de Micenas. Quanto a Ulisses, casou-se com Penélope, igualmente filha de deuses.
Sobre Penélope, existe uma história bastante curiosa. Essa história conta que Ulisses, tendo ido para a guerra, ficou dez anos fora de Ítaca sem dar notícias. O pai de Penélope sugeriu que ela se casasse novamente. Ela, porém, fiel ao seu marido, recusou, dizendo que esperaria a sua volta.
Diante da insistência do pai e para não desagradá-lo, ela resolveu aceitar a corte dos pretendentes. Mas impôs uma condição: a de que somente escolheria um novo marido depois que terminasse de tecer um tapete. Com isso, ela esperava adiar o casamento o máximo possível. Então, ela adotou o seguinte estratagema: durante o dia, aos olhos de todos, Penélope tecia, e à noite, secretamente, ela desmanchava todo o trabalho. E foi assim que ela aguardou a volta de Ulisses.
Mas voltemos a Helena. Ela estava casada e tinha uma filha de nove anos.
Um belo dia, Esparta recebeu a visita de Páris, príncipe de Troia. No décimo dia da presença de Páris na cidade, Menelau teve de ausentar-se, viajando para longe. Ficando sozinho com a bela Helena, Páris se apaixonou por ela e ambos fugiram para Troia. Isso era inaceitável. Então, ao voltar, Menelau invocou o compromisso que Ulisses e os outros haviam feito de proteger Menelau e Helena. Foi assim que os reis uniram suas forças para fazer guerra contra Troia. A eles se juntaram heróis gregos, entre eles Aquiles - cujo único ponto vulnerável era o calcanhar; daí a conhecida expressão "calcanhar de Aquiles".
A intenção declarada era a de vingar a ofensa cometida por Páris a Menelau e resgatar Helena. A principal fonte literária para o conhecimento dessa guerra é "Ilíada" - do grego "Ilion", antigo nome de Troia. Esse é um dos livros do lendário poeta grego chamado Homero; o outro é "Odisseia", de que falarei mais adiante.
Os gregos impuseram a Troia um cerco que durou dez anos, sem que tivesse um vencedor. Mas num certo dia, os troianos perceberam que o acampamento dos gregos estava vazio. "Oba!" pensaram eles. "Os gregos abandonaram a guerra!" E até festejaram ao encontrar um enorme cavalo de madeira estacionado na porta da cidade. Acreditaram tratar-se um presente - daí a expressão "presente de grego". E o carregaram para dentro de suas muralhas. Porém, mal sabiam eles que tudo não passava de um truque dos gregos para conseguir entrar no território inimigo; na verdade, o "cavalo" estava cheio de soldados. À noite, quando os troianos estavam dormindo e a cidade indefesa, os soldados saíram de dentro do "cavalo" e atacaram a cidade. Graças a esse truque, os gregos venceram a guerra, e Menelau trouxe de volta para Esparta sua bela Helena.
Ulisses, por sua vez, fez a viagem de retorno para seu reino de Ítaca. Esse é o tema de "Odisseia", o outro livro que se atribui a Homero. A viagem foi tão complicada que Ulisses demorou 20 anos para chegar a sua casa! E, ao chegar, matou todos que estavam assediando sua fiel esposa, Penélope.

 CRISTIANISMO, PRIMEIROS TEMPOS

Por volta do ano 50, o cristianismo começou a ser divulgado em Roma, e de lá se disseminou por todas as regiões do Império Romano, e entre todos os grupos sociais,
Os pobres, os oprimidos e os escravos foram, em particular, atraídos pela vida e pelo exemplo de Jesus Cristo. A nova fé ensinava que o valor das pessoas não dependia de seu nascimento, talento ou posição social.
As autoridades romanas sempre haviam sido tolerantes com as religiões dos outros povos. Mas o cristianismo apresentava características que pareciam suspeitas e ameaçadoras para o Império. Os cristãos faziam reuniões secretas, desprezavam a hierarquia social, rompiam radicalmente com a tradicional religião romana, recusavam-se a prestar o serviço militar e negavam-se a cultuar os imperadores.
Isso inquietava os responsáveis pela manutenção do Estado e tradições de Roma. Com o imperador Nero, tiveram início as perseguições. Os cristãos passaram a ser detidos, queimados vivos ou usados para proporcionar diversão nas arenas dos anfiteatros, onde eram estraçalhados por animais ferozes. Segundo a tradição cristã, um dos primeiros martirizados foi o apóstolo Pedro, morto em Roma, possivelmente em 65 d.C.
A firmeza com que os seguidores de Cristo enfrentavam o sofrimento, porém, dava mais força aos que permaneciam fiéis, além de atrair novos seguidores.
A propagação do cristianismo se acentuou no século III, quando teve início o enfraquecimento do Estado romano, particularmente afetado pela crise do escravismo. As perseguições se encerraram quando o imperador Constantino assinou, em 313, o Edito de Milão, concedendo liberdade religiosa aos cristãos.
A IGREJA CATÓLICA
Ao mesmo tempo em que se difundia, a nova religião consolidava sua doutrina. Simultaneamente, estruturava-se como Igreja, palavra derivada do grego ekklesia, o mesmo que assembleia. Denominou-se também católica, que quer dizer universal. Como disse Santo Inácio de Antioquia, um dos primeiros bispos, que viveu entre 35 e 107 d.C. : "onde está Jesus Cristo está a Igreja Católica".
No princípio, havia muitas divergências sobre as "verdades" que norteariam a crença dos fiéis. Foi o próprio imperador Constantino quem tomou a iniciativa de convocar uma reunião (ou concílio) com os bispos da Igreja para definir seus preceitos. Essa reunião foi o Concílio de Nicéia, de 325, que definiu o Credo cristão. A partir desse momento, as opiniões divergentes dentro do cristianismo passaram a ser consideradas heresias, e foram duramente combatidas.
Finalmente, entre 380 e 392, o imperador Teodósio reconheceu a Igreja Católica como a igreja oficial do Império Romano. O culto aos antigos deuses romanos permaneceu mais tempo entre os camponeses, chamados "paganus", em latim; daí veio a palavra "pagão" para designar aqueles que ainda não haviam sido batizados.

 CATARINA, A GRANDE

Catarina II, imperatriz da Rússia de 1762 até sua morte em 1796. Por suas realizações, foi cognominada Catarina, a Grande, e seu período de governo foi considerado a Era Dourada do Império Russo.
Ela nasceu em 21 de abril de 1729 e recebeu o nome de Sofia Augusta Frederica. O nome Catarina foi adotado depois. Seu pai, Cristiano Augusto, não pertencia à alta nobreza, mas ostentava o título de príncipe – príncipe do pequeno estado Anhalt-Zerbst, pertencente ao reino da Prússia (que veio a ser a Alemanha um século e meio mais tarde).
Enquanto crescia, Sofia recebia uma educação esmerada, como era comum entre príncipes e princesas. Sofia tinha ama, tutor, governanta, professores de música, dança, equitação, religião, etiqueta e idiomas. Aprendeu a falar e escrever corretamente em francês, que era o idioma das pessoas cultas na época. Curiosidade: nas famílias nobres germânicas, a língua nativa, o alemão, era considerada uma língua vulgar.
Ela era prima em segundo grau de Carlos Pedro Ulrich, único neto vivo de Pedro, o Grande, que havia sido Czar da Rússia. Era, portanto, herdeiro do trono russo, ocupado naquele momento por sua tia, a imperatriz Elizabeth, cujo reinado se estendeu de 1741 a 1761.
Quando tinha 14 anos, Sofia foi para a Rússia, convidada por sua tia, que pretendia casá-la com Carlos Pedro Ulrich (mais tarde, imperador Pedro III). A viagem de trenó, em pleno inverno, demorou 23 dias. Uma vez em Moscou, para habilitar-se à nova posição, Sofia converteu-se à Igreja Ortodoxa. [Explicação: Igreja Ortodoxa é como passou a chamar-se um dos ramos em que se dividiu a Igreja Cristã em 1054. Desde esse fato, passaram a existir a Igreja Católica, no ocidente, e a Igreja Ortodoxa, no oriente.] E após a celebração do noivado com Pedro, Sofia recebeu o nome de Catarina que lhe foi dado pela imperatriz.
O casamento se realizou em 1745. Os noivos receberam os títulos de grão-duque e grã-duquesa, e ambos eram tratados por Sua Alteza Imperial. Ele foi declarado herdeiro do império, sucessor de Elisabeth. De Catarina esperava-se, apenas, que desse um herdeiro para o trono.
Era grande a pressão para o jovem casal gerar um herdeiro, mas a relação entre Catarina e Pedro, entretanto, não era boa. As diferenças entre eles eram enormes. Pedro não se preocupava em preparar-se para um dia exercer as altas funções de imperador; era displicente, pouco inteligente e não levava nada a sério, a não ser brincar de soldado. E, para piorar, nunca assumiu efetivamente a condição de marido.
Além disso, marido e mulher tinham preferências muito distintas. Pedro não era dado à leitura, nunca se converteu verdadeiramente à Igreja Ortodoxa, e nem fez questão de aprender o idioma nacional. Em vez disso, manteve sua convicção luterana e continuou a cultivar simpatia pela cultura e pela monarquia da Prússia, sua terra natal.
Catarina, por sua vez, encarava suas responsabilidades com seriedade, Interessando-se pela política e pela diplomacia. Gostava de dançar e fazia questão de exibir sua beleza nos salões. Também gostava de ler: entre suas leituras se incluem os autores iluministas. Dois deles, Diderot e Voltaire, se tornaram grandes amigos. E, desde o começo de sua vida em seu novo país, Catarina percebeu que para ser bem sucedida devia aprender a língua e incorporar os valores da cultura russa.
Assim, em virtude das muitas diferenças, aconteceu algo comum nos casais reais da época: tanto Pedro quanto Catarina tiveram amantes, com o consentimento recíproco.
E foi de seus amantes (chamados “favoritos”) que Catarina teve seus três filhos. O primeiro deles nasceu em setembro de 1754. Recebeu o nome de Paulo e se tornou o primeiro na linha de sucessão do trono.
Em dezembro de 1761, a imperatriz Elizabeth morreu. Ela tinha 53 anos de idade e tinha governado por 20 anos. Imediatamente, o grão-duque foi proclamado Pedro III, imperador da Rússia. Porém, o reinado de Pedro durou pouco. Estabanado, ele fez tudo o que podia para perder o apoio dos pilares do Estado russo: a Igreja Ortodoxa e o Exército. Como se isso não bastasse, abandonou os aliados da Rússia, ao celebrar a paz em separado com a Prússia, com quem os russos travavam uma guerra havia vários anos. E, para piorar, provocou uma guerra contra a Dinamarca.
Ao mesmo tempo em que Pedro perdia a simpatia dos russos, sua mulher, Catarina, se tornava cada dia mais popular. Tinha aliados fiéis no governo e no Exército. Esses amigos começaram a trabalhar para tirar Pedro do poder e colocar Catarina. A oportunidade apareceu no final de junho de 1762, quando Pedro se afastou da capital para treinar os soldados que iriam para a guerra contra a Dinamarca.
Quando seus amigos deram o sinal, Catarina se pôs à frente das tropas sublevadas e marchou na direção do local onde estava Pedro. Ele foi preso antes mesmo da chegada dela. Foi enviado para uma prisão domiciliar e, sete dias depois, acabou sendo morto por alguns dos mais leais amigos da nova imperatriz.
Catarina sabia que não tinha nenhum direito à coroa. E, por maior que fosse a aceitação de seu nome, ela era, em resumo, uma usurpadora. Por isso, tratou de consolidar apoios por meio da distribuição de condecorações, promoções, dinheiro e propriedades. Presenteou até mesmo os poucos adversários. Em setembro, ela foi coroada numa cerimônia grandiosa realizada em Moscou. Durante a cerimônia, Catarina ouviu o sacerdote descrever sua ascensão como obra de Deus e dizer a ela que “o Senhor colocou a coroa em sua cabeça”. Isso legitimava seu reinado.
Nos anos seguintes, ela iria governar o império russo de forma exemplar e conduzi-lo à posição de maior potência da Europa. Catarina exerceu o poder de forma absolutista. Sua assinatura num decreto era lei e, se essa fosse sua vontade, poderia significar vida ou morte para qualquer um de seus súditos. Uma demonstração de seu poder ocorreu logo após sua ascensão ao trono. Até então, sua pensão como imperatriz equivalia a 1/13 da receita da nação. Ela decretou que daí em diante não haveria mais distinção entre suas finanças pessoais e as da nação. Ou seja, ela poderia gastar quanto quisesse!
Apesar da imensa concentração de poder em suas mãos, porém, Catarina não podia tudo. Um exemplo dessa limitação foi sua incapacidade para acabar com a servidão. [O servo é uma situação intermediária entre o homem livre e o escravo. Existe servidão quando existem servos; assim como existe escravidão quando existem escravos.] Os servos eram camponeses, e na época constituíam a metade dos 20 milhões de habitantes da Rússia. A maior parte dos servos não eram livres. Também não eram escravos, mas eram tratados como se o fossem; até para viver, dependiam da vontade de seus senhores. Catarina era pessoalmente contra a servidão, mas nada pôde fazer diante da resistência dos senhores de terra e proprietários dos servos – a nobreza. (A servidão somente seria extinta na Rússia em 1861, apenas dezessete anos antes de a escravidão ser abolida no Brasil.)
Uma das medidas mais importantes de Catarina só foi possível por causa do seu poder absoluto. Foi um decreto que transferia todas as terras e propriedades da Igreja Ortodoxa para as mãos do Estado. A partir de então todos os membros do clero se tornaram assalariados pagos pelo Estado. Essa medida diminuía o poder da Igreja Ortodoxa e aumentava a riqueza do Estado governado por Catarina. O clero, obviamente, protestou, mas teve de aceitar.
Outra iniciativa importante da imperatriz foi convocar uma comissão legislativa, que reuniu 564 delegados, para discutir queixas e sugestões, e revelar as necessidades de todas as classes e regiões do império. No final de seu trabalho, a comissão devia elaborar um código de leis para o império russo. Mas isso não aconteceu. Após haver se reunido durante 18 meses, sem ter chegado a resultados práticos, a comissão foi dissolvida pela imperatriz.
A relativa tranquilidade do reinado de Catarina foi perturbada por uma revolta popular de grandes proporções, iniciada em 1773. Seu líder era um soldado desertor, analfabeto, chamado Iemelian Pugachev. Dizendo-se o imperador Pedro III, ele prometia prender a imperatriz Catarina, acabar com a servidão e exterminar os nobres. Atraiu uma grande massa de descontentes de regiões remotas da Rússia e chegou a ameaçar a capital, Moscou. Em 1775, Pugachev foi preso, torturado e morto.
Durante o reinado de Catarina, a Rússia enfrentou e venceu, duas vezes, o Império Otomano (Turquia). As vitórias lhe permitiram anexar a Crimeia e outros territórios no Mar Negro. Essas conquistas possibilitaram aos russos realizar um velho sonho: a livre passagem de seus navios para o mar Mediterrâneo.
A oeste da Rússia, estava o reino da Polônia, que possuía territórios que interessavam à Rússia. Catarina, aos poucos, foi tomando esses territórios, e em 1795 acabou por abocanhar cerca da metade do país. O restante foi dividido entre a Prússia e Áustria. A Polônia foi riscada do mapa. (A Polônia somente voltaria a existir 123 anos depois, em 1918, no final da Primeira Guerra Mundial.)
Catarina era amante das artes e da cultura. Uma de suas iniciativas mais duradouras foi a criação do Museu Hermitage, apenas um ano após sua subida ao trono. Nos séculos seguintes, o Hermitage não parou de crescer, e se tornou um dos maiores museus de arte do mundo: possui mais de três milhões de peças. Se um visitante dedicar 8 horas diariamente para visitar o museu e gastar um segundo para ver cada peça, ele vai precisar de nada menos do que 104 dias para ver todo acervo!
A simpatia de Catarina pelo iluminismo sofreu uma reviravolta total a partir do início da Revolução Francesa, em 1789. Os revolucionários franceses se inspiravam nas ideias dos escritores iluministas que Catarina admirava. Mas, temerosa de que as mesmas ideias se voltassem contra ela, Catarina não hesitou em introduzir a censura na Rússia. Primeiramente, proibiu a importação de jornais e livros franceses. Posteriormente, em 1796, pouco antes de sua morte, a imperatriz decretou o fechamento de todas as gráficas privadas e a obrigação de que todos os livros fossem apresentados a um censor do Estado antes de sua publicação.
Catarina governou por 34 anos e
transformou a Rússia na maior potência da Europa na época e foi cognominada “Catarina, a Grande”. Faleceu em setembro de 1796, vítima de um derrame cerebral (AVC) e foi sucedida por seu filho Paulo I.

 ALBERT SCHWEITZER

Existiram (e ainda existem) pessoas extraordinárias. Não temos como não deixar de admirá-las. E por mais que a gente elogie, ainda é pouco. Vou dedicar essa postagem a uma pessoa que se encaixa nessa categoria. Confira.
Trata-se de Albert Schweitzer, que dedicou seus talentos e a própria vida à ação humanitária. Nascido em 1875, em território da Alemanha, hoje pertencente à França; ele próprio se considerava francês. Diplomou-se simultaneamente em Teologia e Filosofia, e tornou-se professor da própria universidade em que estudara. Paralelamente, dedicava-se à música erudita, destacando-se como organista e exímio intérprete de Bach, e à religião, sendo pastor de igreja.
Não satisfeito com tudo isso, aos trinta anos, em 1905, começou a estudar medicina, motivado pela situação de penúria dos habitantes das colônias europeias na África, particularmente carentes de assistência médica.
Seis anos depois, já formado, partiu para Lambaréné, no Gabão, que era então uma colônia francesa. Pretendia trabalhar numa missão evangélica, que havia aberto um posto de saúde e necessitava de médicos.
Ali, deparou-se com absoluta falta de recursos, mas não desanimou – improvisou um consultório num antigo galinheiro! Apesar do clima, da falta de higiene, das dificuldades com o idioma dos nativos, da carência de remédios e de instrumentos de trabalho, ele continuou atendendo seus clientes, numa média de 40 por dia. E ainda sobrava tempo para ensinar o Evangelho para os habitantes locais!
Durante a Primeira Guerra Mundial, Albert Schweitzer e sua família foram levados para a França, como prisioneiros de guerra (França e Alemanha estavam em campos opostos), e foram mantidos em um campo de prisioneiros. Com o final da guerra, Schweitzer circulou por diversos países da Europa, realizando palestras e dando concertos, com o objetivo de angariar fundos para retomar sua obra na África. Tornou-se conhecido em muitos círculos intelectuais do continente europeu.
E após sete anos de permanência na Europa, em 1924, partiu novamente para Lambaréné. Dessa vez, levava consigo médicos e enfermeiras, uma das quais era sua própria esposa. Construíram um hospital. Contando, agora, com a colaboração de uma equipe de profissionais, Schweitzer pôde dedicar parte de seu tempo a escrever livros, fazer palestras e dar concertos, cuja renda servia para manter o hospital.
Em 1952, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, como homenagem a uma intensa vida inteiramente dedicada ao propósito de servir ao bem comum. Faleceu em Lambarené, no Gabão, aos 90 anos de idade.

 MARIA ANTONIETA, rainha da França

Seu nome de batismo era Maria Antônia. Era arquiduquesa e filha dos imperadores do grande Império Austríaco. E foi usada por sua mãe (quando já viúva) como moeda para expandir ou construir novas alianças para o império. A jovem princesa deu o grande azar de ser oferecida em casamento a Luís Augusto, Delfim de França e futuro rei Luís XVI.
Em abril de 1770, foi celebrado o casamento por procuração. A partir desse momento Antônia foi oficialmente chamada de "Marie Antoniette, Dauphine de France". Para nós, ficou sendo Maria Antonieta.
Em 21 de abril de 1770, seguida por um suntuoso cortejo de cinquenta e sete carruagens, Maria Antonieta despediu-se de sua família e deixou Viena para nunca mais voltar.
No mês seguinte, ela já estava na França e o casamento oficial foi celebrado com grande pompa numa cerimônia solene no Salão dos Espelhos, no palácio de Versalhes.
Quatro anos depois, como resultado da morte de seu avô, Luís XV, o Delfim foi coroado rei; Maria Antonieta se tornou, então, rainha da França. Tinha apenas 18 anos.
Naquele tempo, as princesas eram educadas para um dia se tornarem rainhas. Apesar disso, Maria Antonieta, além de muito jovem, não estava preparada para lidar com a Corte de Versalhes. Eram centenas de pessoas, talvez milhares, com regras próprias de convívio e intrigas de todo tipo. Pode-se dizer que a Corte formava um "Estado dentro do Estado".
A vida de Maria Antonieta não era nada fácil. Por ser da Áustria, um inimigo histórico da França, ela nunca foi bem aceita pela Corte. Mesmo o marido se mantinha distante. A história registra que ela permaneceu virgem por sete anos! Foi somente em 1778, que ela deu à luz uma filha, e ainda demorou outros três anos para ela ter um filho homem, o tão desejado sucessor ao trono. (Ela e Luís XVI tiveram quatro filhos, dos quais apenas a primogênita chegou à idade adulta.)
Durante todo o tempo, não paravam de circular boatos que prejudicavam sua imagem junto ao povo: acusavam-na de gostar de luxo, de promover festas, de gastar rios de dinheiro no jogo, de ter amantes e até de coisas piores. Ela poderia ter sobrevivido a isso se a situação financeira do reino fosse boa. Mas não: depois de 1778, a economia só fez piorar. Começaram a ocorrer motins por todo o país. Certa dia, os manifestantes foram até Versalhes reclamar que não tinham pão. A rainha teria então dito a frase que se tornou famosa: "Se não tem pão, que comam brioches!" A frase pode não ser verdadeira, mas refletia uma situação real, ou seja, a de que o governo estava distante do povo.
Como resultado da crise, em 1789, teve início a grande Revolução Francesa. A violência se espalhou pelo país. O povo cansado de séculos de exploração atacava os castelos e matava os odiados nobres. Muitos fugiram da França por temerem pela vida.
Em 1791, o próprio Luís XVI, disfarçado de criado, tentou fugir do país, levando a família. Porém, a poucos quilômetros da fronteira, foi reconhecido e preso, e levado de volta. O rei e a família foram mantidos em prisão domiciliar em Paris. Luís XVI foi acusado de traição e condenado à morte. Foi guilhotinado, em 21 de janeiro de 1793.
Maria Antonieta continuou presa, aguardando o julgamento. Foi acusada de conspiração, assassinato, falsificação de assinaturas e revelação de segredos aos inimigos da França. Defendeu-se com vigor. O julgamento, entretanto, era apenas uma farsa, pois o resultado já estava definido desde o início. Na manhã de 16 de outubro de 1793, uma quarta-feira, foi levada para a execução, para a alegria do povo reunido na Praça da Revolução (hoje, Praça da Concórdia). Sem vacilar, subiu serenamente os degraus do cadafalso. Era mais ou menos meio-dia quando a lâmina caiu sobre seu pescoço. Tinha 38 anos.

 MAOMÉ E A FUNDAÇÃO DO ISLAMISMO

Os árabes eram praticantes do politeísmo (embora também houvesse comunidades cristãs e judaicas). E a cidade de Meca era o centro religioso mais importante, além de ser um polo comercial. Estava situada num estreito vale em meio a uma região árida. E para lá confluíam as peregrinações religiosas dos beduínos. Era lá também que ficava a Caaba, santuário que abrigava inúmeros ídolos, além da Pedra Preta — provavelmente um pedaço de meteorito —, considerada sagrada. Além desse, existiam outros locais na cidade considerados importantes para os cultos politeístas dos povos árabes antigos.
A vida dos árabes passou por uma completa transformação com o advento de uma nova religião, o islamismo. Seu fundador foi
Abu al-Qasim Muhammad ibn ‘Abd Allah ibn ‘Abd al-Muttalib ibn Hashim, mais conhecido como Maomé. Havia nascido justamente em Meca, provavelmente em 570. Órfão desde pequeno, Maomé foi adotado por um tio e se integrou às atividades comerciais da família. Durante grande parte da vida, foi condutor de caravanas, o que lhe permitiu entrar em contato com outros povos e conhecer outras culturas e religiões.
Maomé se casou várias vezes. A primeira foi com a jovem viúva Khadija, com quem teve seis filhos. Ficaram juntos por 25 anos, até a morte dela. Posteriormente, o profeta casou-se 13 vezes, para concretizar alianças políticas e expandir a religião,
Segundo a tradição, quando Maomé tinha cerca de 40 anos, começou a ter revelações. Em uma delas, o anjo Gabriel teria lhe dito: “Há um só Deus, Alá, e Maomé é seu profeta”.
Ele havia sido escolhido para ser o último profeta na Terra. A partir dessas revelações, ele passou a pregar uma nova religião, o islã, que significa submissão a Deus. Seus principais fundamentos incorporavam crenças árabes tradicionais, judaicas e cristãs.
Após converter a própria família, Maomé passou a pregar o islã aos beduínos, em Meca. Os comerciantes da cidade, entretanto, receavam que o monoteísmo pregado pelo islã afastasse os peregrinos e prejudicasse seus negócios. Hostilizado e perseguido, Maomé fugiu de Meca, refugiando-se na cidade de Yatreb (hoje conhecida como Medina, isto é, cidade do profeta). O ano da fuga de Maomé (Hégira, em árabe), ocorrida em 622, é considerado o primeiro do calendário muçulmano.
Em Medina, Maomé continuou pregando a nova religião, transformando-se em líder religioso, mas também político. Conseguiu reunir muitos aliados entre os comerciantes e os beduínos convertidos e, em pouco tempo, o islamismo conquistou muitos seguidores, impondo-se por toda a Arábia por meio da pregação e da força.
Em 630, Maomé retornou vitorioso à cidade sagrada. Retirou da Caaba todas as imagens de deuses do culto politeísta, dedicando o templo unicamente à adoração de Alá.
Maomé faleceu pouco depois. Tinha então fundado uma religião - a que mais cresce em todo o mundo. Tinha também organizado um Estado teocrático e lançado os fundamentos ideológicos do império que iria se formar em seguida. Foi sucedido por califas (palavra que significa “substituto”). Os quatro primeiros foram escolhidos entre os familiares do profeta, começando por um de seus sogros, Abu Beker.

 GUERRA DE SECESSÃO NOS EUA

A Guerra de Secessão foi travada entre o Norte e o Sul dos EUA. É também chamada de Guerra Civil Americana, porque foi travada entre cidadãos do mesmo país, no caso, os EUA.
Teve início em 1861 e custou a vida de mais de 600 mil pessoas, um número que pode ter chegado a 750 mil. Um conflito dessas proporções só pode ter sido provocado por rivalidades muito sérias. Vejamos os fatos principais:
1. A região Norte dos Estados Unidos era a parte industrial do país e se apoiava no trabalho assalariado; o Sul, ao contrário, era predominantemente agrícola. Produzia algodão para exportação e dependia do trabalho escravo.
2. A burguesia do Norte criticava o trabalho escravo e defendia o protecionismo alfandegário, isto é, o aumento das taxas de importação, para que seus produtos pudessem competir no mercado interno com os produtos vindos da Europa.
3) Os sulistas, ao contrário, além da defesa da escravidão, eram favoráveis ao livre-cambismo, ou seja, uma política de liberdade comercial sem taxas protecionistas.
3. A essas diferenças de ordem econômica se somavam as razões ideológicas. No Norte, a campanha abolicionista se intensificava e surgiam movimentos em favor da emancipação dos escravos. A campanha abolicionista crescia a cada dia e, em 1852, ganhou importante reforço com a publicação do livro A cabana do pai Tomás, de Harriet Beecher Stowe, que narrava a dolorosa existência dos escravos nas fazendas do Sul. Imediatamente, o livro se tornou um best-seller.
4) Ainda havia a questão da expansão do trabalho escravo para novas regiões que estavam sendo incorporadas aos Estados Unidos. O Sul defendia a extensão da escravidão para esses novos territórios; o Norte obviamente era contra.
5. Em meio a esses embates, em 1860 foi eleito presidente dos Estados Unidos o nortista Abraham Lincoln, membro do Partido Republicano. Ele era favorável a uma política protecionista e opunha- -se à escravidão
6) Assim que a vitória de Lincoln foi confirmada, a Carolina do Sul proclamou a separação da União, sendo seguida por outros dez estados sulistas. Juntos, eles formaram uma nova estrutura política nacional, os Estados Confederados da América. O novo país tinha sua capital em Richmond, na Virgínia.
O conflito teve início em 12 de abril de 1861, quando tropas confederadas tomaram de assalto o forte Sumter, na Carolina do Sul, que pertencia à União. Três dias depois, Lincoln declarou guerra à Confederação. O conflito durou quatro anos e culminou com a vitória do Norte. A abolição da escravidão foi decretada em 1º de janeiro de 1863 e reafirmada com a promulgação da 13ª Emenda Constitucional em 1865.
Há muitos filmes que tem a Guerra de Secessão como tema. O mais conhecido é "...E o vento levou", de 1939. O filme tem quatro horas de duração!

 SOCIALISMO/COMUNISMO

As palavras socialismo e comunismo são muito mal compreendidas. Este texto vai colocá-las numa perspectiva histórica para facilitar sua compreensão. Espero que você leia e fique por dentro do assunto.
O começo
Tudo tem um começo. Para o socialismo, essa história começa em meados do século XVIII, já lá se vão 270 anos!
Foi quando se iniciaram as transformações provocadas pela Revolução Industrial que consolidou o sistema capitalista. Esse sistema deu origem a duas classes sociais bem diferenciadas: a burguesia (donos das fábricas) e o proletariado (trabalhadores das fábricas)
O começo da industrialização foi cruel para os trabalhadores. Nada os protegia. Nem lei, nem partido, nem sindicato. Vítimas da exploração desenfreada, os trabalhadores foram lançados numa miséria crescente, em completo contraste com a riqueza que o trabalho deles criava.
Logo essa situação viu surgir um pequeno grupo de escritores, políticos e pensadores, dotado de um desejo de reforma da sociedade. Foram justamente as doutrinas e os princípios que eles defendiam que constituíram o socialismo, uma ideologia favorável aos trabalhadores.
O ponto de partida do socialismo era a crítica às desigualdades sociais criadas ou acentuadas pelo sistema capitalista.
Os primeiros socialistas achavam que a implantação do sistema socialista ocorreria de forma lenta e gradual, de forma pacífica, contando com a boa vontade da própria burguesia.
Eles foram chamados de socialistas utópicos. [A palavra “utópico” deriva de Utopia, título de um livro famoso que o inglês Thomas Morus escreveu no século XVI. Nessa obra, o autor descreve uma sociedade perfeita.]
Marx e Engels
Os autores da expressão “socialistas utópicos” foram Karl Marx e Friedrich Engels. Esses dois pensadores de origem germânica criticaram os primeiros socialistas por pretenderem alcançar uma sociedade socialista de uma forma que não era possível na prática – por isso, “utópica” -, pois dependia do consentimento e da ajuda da burguesia.
Marx e Engels fizeram uma crítica radical do capitalismo. Desenvolveram uma doutrina à qual deram o nome de socialismo científico ou comunismo.
Em 1848, lançaram o Manifesto do Partido Comunista, que teve profundas e duradouras repercussões no movimento operário e socialista internacional.
Em resumo
Para Marx e Engels, o capitalismo estava condenado à extinção, assim como haviam desaparecido também o feudalismo e o escravismo. O agente dessa extinção seria o proletariado.
Para a vitória do proletariado, era necessário organizar os trabalhadores em um partido revolucionário - o Partido Comunista. Em seguida, promover uma insurreição armada que levasse o Partido Comunista ao controle do Estado. O papel desse novo Estado era destruir a principal estrutura da sociedade burguesa: a propriedade privada dos meios de produção.
E, no seu lugar, instituir a propriedade coletiva de todos os meios de produção. Esse Estado, controlado pelos trabalhadores, seria a ditadura do proletariado. Essa fase constituiria a fase socialista, e seria o primeiro estágio para a formação de uma sociedade sem classes e sem Estado. Quando, e somente quando, isso tivesse acontecido (ou seja o fim das classes e do Estado) teríamos, então, a tal sociedade comunista, entendida como uma sociedade da liberdade e da abundância.
Na prática... bem na prática a teoria resultou em algo completamente diferente. Os países que adotaram o socialismo se transformaram em ditaduras opressivas. Mas ainda é preciso acreditar numa utopia, ou seja, num mundo melhor, mesmo que demore 200 ou 300 anos.