quinta-feira, 9 de setembro de 2021

 CHARLIE CHAPLIN (1889-1977)

Uma pequena biografia do maior gênio do cinema
Charles Spencer Chaplin nasceu no dia 16 de abril de 1889, em Londres. Seus pais também eram artistas. Seu pai, Charles Spencer Chaplin, era vocalista e ator, e sua mãe, Hannah Chaplin, era cantora e atriz. Ambos se separaram antes de o pequeno Charlie completar três anos de idade. Por causa disso, Chaplin viveu por algum tempo num asilo e depois numa escola para órfãos e meninos pobres.
Ainda criança, por volta dos dez anos, começou a se apresentar no Music Hall (casa de espetáculos), dando início a sua carreira de artista.
Entre os anos de 1910 e 1912, viajou para os Estados Unidos, acompanhando o grupo de Fred Karno. Após um breve retorno à Inglaterra, Chaplin se transferiu definitivamente para os EUA.
No final de 1913, foi contratado pelo estúdio Keystone. Ele fazia curta-metragens. Foi nessa época que nasceu Carlitos, o Vagabundo, seu famoso personagem que fez sua estreia em fevereiro de 1914.
Carlitos
Carlitos é um andarilho pobretão, mas possui a dignidade e as maneiras refinadas de um príncipe. Usava uma bengala e trajava sempre um paletó apertado, calças esfarrapadas e sapatos maiores do que o seu número. Na cabeça, um chapéu-coco. Ah, não podemos esquecer o seu inconfundível bigode-de-broxa. O bigode de broxa foi popular até os anos 20. Mas então entrou em cena um tal de Hitler usando o dito bigode, e ele se desmoralizou para sempre.
O público amou o Carlitos, e lotava os cinemas para rir e se emocionar com aquele pobretão engraçado. Era o tempo do "cinema mudo", mas isso não era problema para Carlitos; na verdade, era uma vantagem. Os EUA eram um país de imigrantes, que falavam idiomas os mais diversos. Bastavam a mímica e os gestos para que todos entendessem o que Carlitos queria dizer.
Longas-megragens
Chaplin ficou rico e construiu o seu próprio estúdio em Hollywood. Em 1919, Chaplin, junto com alguns sócios, fundou a distribuidora United Artists. Com isso, ele tinha além do estúdio, também a distribuidora, e assegurou sua independência como cineasta.
Além dos curta-metragens, ele começou a trabalhar com longas-metragens. Entre outros "Armas aos ombros" (1918) e o clássico "O garoto" (The Kid, 1921). E também as clássicas comédias "A corrida do ouro" (1925) e "O Circo" (1928).
O "cinema falado" surgiu em 1927, mas Chaplin permaneceu no "cinema mudo" por toda a década seguinte. Foi então que ele produziu os superclássicos: "Luzes da Cidade" (1931) e "Tempos Modernos" (1936). Ele só se rendeu ao "cinema falado" em "O Grande Ditador", lançado em 1940, porque precisava fazer seu Vagabundo discursar.
O Grande Ditador
O filme foi uma crítica contundente ao ditador alemão Adolf Hitler e o nazismo. Quando ele anunciou o projeto do filme, os governos alemão e políticos conservadores norte-americanos pressionaram para que desistisse. Mas Chaplin teve o apoio de ninguém menos que o presidente Franklin D. Roosevelt. Com isso, ele seguiu em frente, e já estava fazendo o filme quando a Segunda Guerra começou. Em "O Grande Ditador", Chaplin faz dois papéis: no principal, ele interpreta Adenoid Hynkel, ditador da "Tomânia", claramente calcado em Hitler. Secundariamente, fez o papel de um barbeiro judeu, fisicamente semelhante ao Vagabundo, sempre perseguido pelos nazistas.
"O Grande Ditador" foi indicado ao Oscar em cinco categorias, mas não conseguiu nenhuma estatueta.
Técnicas de filmagem
Chaplin demorava muito tempo para concluir seus filmes, bem mais do que outros diretores de sua época. Uma explicação para isso é que ele era extremamente perfeccionista. Mostrava a seus atores exatamente como eles deveriam atuar e se enfurecia quando as coisas não davam certo.
Segundo o ator Marlon Brando, que trabalhou com Chaplin, o comediante chegava a ser terrivelmente cruel com os atores.
Filmava dezenas de tomadas até conseguir a cena que ele queria. Conta-se que chegou a filmar uma mesma cena mais de cem vezes!
Além de ator e cineasta
Charlie Chaplin atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes. Sua carreira no ramo do entretenimento durou mais de 75 anos. Começou com suas primeiras atuações, quando ainda era criança, nos teatros londrinos, e continuou quase até sua morte aos 88 anos de idade.
Algumas das músicas de seus filmes, como as de "O Garoto", "Luzes da Cidade", "Tempos Modernos" e "Luzes da Ribalta", permaneceram como obras inesquecíveis. Era um gênio de múltiplos talentos. Muitos o consideram o maior artista cinematográfico de todos os tempos. Era ao mesmo tempo ator, músico, cineasta, produtor, empresário, escritor, poeta, dançarino, coreógrafo, comediante, mímico e regente de orquestra.
Por sua enorme contribuição ao cinema, Chaplin recebeu inúmeros prêmios, culminando com o Oscar especial pelo conjunto da obra, concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, em 1972.
Chaplin exilado
Chaplin não era bem visto pelos setores políticos conservadores dos EUA, tanto por seus escândalos amorosos, como por sua crítica à exploração capitalista, que ficou clara no filme "Tempos Modernos". Isso piorou durante a Segunda Guerra Mundial. Chaplin fez campanha a favor da abertura de uma segunda frente contra a Alemanha. Convém lembrar que até aquele momento, 1942, todo o peso da luta contra os nazistas estava recaindo sobre a URSS. Por esse posicionamento em favor da URSS, Chaplin foi boicotado em cinemas dos EUA. Chegou mesmo a ser acusado de comunista, e foi incluído na Lista Negra de Hollywood.
Ao realizar uma turnê pela Europa, em 1952, Chaplin se viu na impossibilidade de regressar aos Estados Unidos. Era a época do macarthismo: de feroz perseguição a todos os suspeitos de simpatia pelo comunismo.
Foi esse clima que intolerância que o FBI aproveitou para revogar o visto de Chaplin. Sem poder voltar para os EUA, ele se exilou na Suiça com sua mulher. Tinha então 63 anos. E só voltaria aos EUA vinte anos depois para receber o Oscar.
Os casamentos
Chaplin teve uma vida amorosa conturbada e repleta de escândalos, os quais faziam a alegria dos jornais. Chegou a ser processado e chamado de pedófilo! Isso acontecia porque ele gostava de receber candidatas jovens para seus filmes, muitas vezes como dublês das atrizes principais.
Chaplin casou-se quatro vezes. O primeiro foi Mildred Harris. O cineasta a tomou como amante quando ela tinha 16 anos. Mas quando ela revelou que estava grávida, a mãe da moça ameaçou Chaplin com um processo. Temendo as repercussões, ele aceitou o casamento, que ocorreu em 1918. Entretanto, separaram-se dois anos depois quando ele descobriu que Mildred havia mentido sobre a gravidez.
A esposa seguinte foi Lillita MacMurray, que ele conhecia desde criança. Tornaram-se amantes quando ela tinha apenas 12 anos! Aos 16, ela engravidou e ele aceitou casar-se. O casamento durou até 1928 quando Lilita, então com dois filhos de Chaplin, pediu divórcio.
A terceira mulher de Chaplin foi a atriz Paulette Goddard. Conheceram-se em 1932, quando ela tinha 20 anos. Estiveram casados por quatro anos, entre 1936 e 1940. Paulette foi a atriz principal em dois grandes filmes de Chaplin: "Tempos Modernos" e "O Grande Ditador".
O quarto e último casamento foi com Oona O'Neill, filha do dramaturgo irlandês Eugene O'Neill. Ele mesmo havia recomendado a filha ao cineasta para um teste como atriz. Mas em vez de atriz, ela se tornou esposa de Chaplin. À época, Oona tinha 18 anos e Chaplin era já um "idoso" de 54. Ao descobrir o relacionamento, Eugene, que tinha a mesma idade do comediante, ficou tão furioso que deserdou a própria filha! Chaplin viveu com Oona até o fim da vida.
Morte
Seu último filme foi "A Condessa de Hong Kong", filmado na Inglaterra e lançado em 1967. Pouco depois, a saúde de Chaplin começou a declinar. Em 1977, ele já tinha dificuldade para falar, e começou a usar uma cadeira de rodas. Morreu de morte natural, no Natal desse mesmo ano, aos 88 anos de idade, em sua casa na Suíça. Sua esposa, Oona O'Neill, que lhe deu oito dos onze filhos que o cineasta teve, faleceu em 1991 e foi sepultada ao lado do marido.

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