quinta-feira, 9 de setembro de 2021

 ISABEL, A CATÓLICA, RAINHA DE CASTELA

Isabel de Castela nasceu no dia 22 de abril de 1451, uma Quinta-Feira Santa, e, não por acaso, foi apelidada de "Isabel, a Católica".
Apesar de ser uma princesa, as coisas nunca foram fáceis para Isabel. Sua mãe passou a ter crises de loucura. E o rei, seu meio-irmão, Henrique IV, tudo fez para complicar-lhe a vida. Primeiro, quis casá-la e a apresentou a vários pretendentes, e a todos ela rejeitou com firmeza. Depois, quis excluí-la da sucessão em favor da própria filha, Joana (que uma parte da nobreza não aceitava por considerá-la filha de Beltrán de la Cueva, suposto amante da rainha; daí o apelido de "Beltraneja" com que ficou conhecida).
Casamento
Enquanto Henrique IV tentava conseguir um acordo matrimonial que lhe trouxesse benefícios, o rei de Aragão tratava de negociar, em segredo, o casamento de Isabel com seu filho Fernando. Aliás, era a ele que Isabel queria para marido. Havia, entretanto, um impedimento legal, uma vez que os dois eram primos em segundo grau.
Apesar do parentesco, o Papa era a favor dessa união por gostar da princesa Isabel, por ser uma mulher profundamente religiosa. Para facilitar o casamento, enviou à Espanha nada menos que o cardeal Rodrigo Borgia (futuro papa Alexandre VI).
Finalmente, o casamento dos dois príncipes se realizou em 19 de outubro de 1469, no Palácio de los Vivero, em Valladolid. A união de Isabel, de Castela, e Fernando, de Aragão, deu início à unificação da Espanha.
Isabel rainha
Após a morte de Henrique IV, Isabel foi proclamada rainha de Castela no dia 13 de dezembro de 1474. Mas as dificuldades não haviam terminado. Teve de travar e vencer a Guerra de Sucessão Castelhana, ocorrida entre 1475 e 1479, enfrentando os partidários de Joana, a "Beltraneja". Seu reinado foi marcado por acontecimentos que mudaram a história da Espanha e do mundo. O primeiro se deu em 1492: ela e seu marido Fernando, rei de Aragão, comandaram a conquista de Granada,em 1492, último reduto dos árabes na Península Ibérica, concluindo a Luta de Reconquista.
Parceria com Cristóvão Colombo
O segundo, nesse mesmo ano, foi a parceria com Cristóvão Colombo, em seu plano de chegar às Índias navegando para Oeste. Colombo havia chegado a Castela em 1485, em busca de apoio da rainha Isabel e lá permaneceu por sete anos. Como é sabido, Isabel acreditou nos projetos do navegante genovês, apesar da oposição da Corte e dos especialistas. Uma lenda diz que financiou a viagem com a venda de suas jóias. Isso é falso. Na verdade, o financiamento foi obtido graças ao empenho de Luiz Sant'angel, encarregado das finanças reais. Colombo realizou a Viagem do Descobrimento, e retornou à Espanha em março de 1493. No ano seguinte, foi celebrado o Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo não-cristão entre Espanha e Portugal.
O título de Reis Católicos
Outros acontecimentos do reinado de Isabel foram o estabelecimento da Inquisição (1480), a conversão obrigatória dos judeus sob pena de expulsão e mais tarde também dos muçulmanos. Seu marido, Fernando, se
empenhou em libertar os Estados Pontifícios da invasão francesa.
Por essas ações em defesa da fé católica e da Igreja, Isabel e Fernando receberam do papa Alexandre VI, em 1496, o título de Reis Católicos (título herdado pelos descendentes do trono, inclusive pelo atual rei espanhol, Felipe VI).
O fim
No final dos seus dias, as desgraças familiares começaram a atingi-la. A morte do seu único filho homem e o aborto da esposa dele, a morte da sua filha mais velha e do seu neto Miguel, a loucura da sua filha Joana - tudo isso levou-a a uma depressão profunda, que fez com que se vestisse sempre de luto.
Como se isso não bastasse, Isabel foi acometida de câncer no útero, doença que a mataria. Faleceu pouco antes do meio-dia de 26 de novembro de 1504, no Palácio Real de Medina del Campo. Tinha 51 anos de idade. Seus restos mortais, juntamente com os do seu esposo Fernando (morto em 1516) encontram-se na Capela Real de Granada.
Legado
Seu neto Carlos I (filho de sua filha Joana, a Louca) herdou o trono espanhol em 1516 e mais tarde assumiu o trono do Sacro Império Romano, tornando-se o mais importante líder europeu de sua época. Isabel foi uma rainha poderosa e passou à história como a primeira rainha despótica da Europa. Graças a ela, a Espanha entrou no século XVI como o mais importante império do mundo, sobre o qual o sol nunca se punha.

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