quinta-feira, 9 de setembro de 2021

 GUERNICA, a obra-prima do cubismo

Tenho uma relação difícil com a obra Guernica, do pintor espanhol Pablo Picasso. Não aprecio o estilo, o cubismo; aliás não me agrada nada que veio com a chamada "arte moderna". Mas tenho de convir que se trata de uma grande obra, na verdade a obra-prima desse grande pintor espanhol. Para além de seu mérito artístico, está seu significado histórico. Vamos aos fatos.
Em 1937, quando o quadro foi pintado, a Espanha estava sendo dilacerada pela guerra civil (1936-39). De um lado, estavam os republicanos - as forças leais ao governo da II República. De outro estavam os nacionalistas - as forças do general Francisco Franco, que tentavam derrubar justamente o governo republicano. Franco recebeu apoio dos regimes fascistas da Alemanha e da Itália, liderados respectivamente por Hitler e Mussolini. Esses governos estavam ansiosos para experimentar as novas armas que estavam aperfeiçoando, que depois seriam usadas na Segunda Guerra Mundial. E a aliança com o Franco veio em boa hora.
No dia 26 de abril de 1937, o bombardeio se abateu sobre a pequena cidade de Guernica, no norte da Espanha. Era um dia de feira e muita gente estava nas ruas da cidade. Aviões da Luftwaffe (força aérea alemã) despejaram bombas sobre a cidade e metralharam sua população indefesa. Além da destruição, houve centenas de mortes. Sessenta anos mais tarde, o presidente da Alemanha pediu perdão aos habitantes da cidade.
Nessa época, Picasso vivia na França e o governo republicano espanhol lhe havia encomendado uma pintura para representar o país numa exposição internacional que aconteceria em Paris. Quando Picasso leu num jornal a notícia do massacre, ele imediatamente decidiu fazer da tragédia o tema de sua tela. "O quadro tem implícita uma mensagem de resistência contra o autoritarismo e também contra a ascensão dos governos fascistas na Europa. [...] Ao mesmo tempo, representa as terríveis consequências da guerra sob a luz de uma lâmpada elétrica, símbolo da modernidade e do progresso técnico." (Wikipedia)
A obra criada por Picasso é enorme: mede 7,7 metros de comprimento por 3,4 metros de altura. Ele usou apenas preto, branco e cinza, com um toque de bege e de azul. Chamam atenção, ao lado de corpos despedaçados, o cavalo e o touro. Para alguns estudiosos, o cavalo e o touro representam a mortal batalha entre os combatentes republicanos (cavalo) e o exército fascista de Franco (touro).
O quadro permaneceu na França até 1981. Foi uma exigência do pintor, segundo a qual a obra só iria para a Espanha após a morte de Franco (o que se deu em 1975) e a consequente redemocratização do país. Após os trâmites legais, ele foi enviado à Espanha, e hoje se encontra no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri.

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