tag:blogger.com,1999:blog-30847840238323729862024-03-12T20:55:26.419-03:00Para entender históriaPublicação de textos próprios e de terceirosdivalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.comBlogger268125tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-59028226984923059582021-11-30T09:51:00.001-03:002021-11-30T09:51:05.113-03:00<p> <span style="color: #1d2228; font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">LUIZ GAMA</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Poeta, jornalista e o maior de todos os abolicionistas do Brasil</span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Luís Gama nasceu na cidade mais negra do Brasil, em 21 de junho de 1830. Seu pai era branco, um fidalgo de família portuguesa. Sobre sua mãe, Luísa Mahin, tudo o que sabe é o que foi informado pelo próprio Luiz Gama.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Que era uma ex-escrava africana, que vendia quitutes nas ruas de Salvador; que teria participado da Revolta dos Malês (1835) e da Sabinada (1837-1838); que, perseguida pelas autoridades, fugira para o Rio de Janeiro. Com o desaparecimento da mãe, ele foi criado pelo pai.</span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">1. Escravidão</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em 1840, o pai, endividado, vendeu o próprio filho. Tornando-se escravo, Luiz Gama foi levado para o Rio de Janeiro e de lá para o interior da província de São Paulo. Aos 17 anos, conheceu um estudante de Direito, que o alfabetizou.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em 1848, com 18 anos, sabendo que sua situação era ilegal, uma vez que sua mãe era livre, fugiu para a cidade de São Paulo e conquistou a alforria na justiça. Ele utilizou como argumento o Artigo 179 do Código Criminal do Império do Brasil, segundo o qual era delito "Reduzir á escravidão a pessoa livre, que se achar em posse da sua liberdade". Além disto, devido ao fato de que as revoltas ocorridas na Bahia tenham levado a proibição da venda dos escravos desta província para outras regiões do Brasil, a venda e transporte de Luís Gama para São Paulo também se constituiu em delito como contrabando.</span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">2. Liberdade</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Uma vez livre, fez parte da Guarda Municipal de 1848 até 1854. Nesse ínterim, em 1850, casou-se com Claudina Fortunata Sampaio. Luiz Gama era frequentemente requisitado para trabalhar como copista para autoridades oficiais nas horas vagas, já que possuía boa caligrafia. Em 1856, tornou-se escrivão da Secretaria de Polícia de São Paulo, no gabinete de Francisco Maria de Souza Furtado de Mendonça, professor de Direito. Beneficiando-se do conhecimento de Francisco Mendonça e dispondo de sua biblioteca, Luís Gama começou a estudar Direito como autodidata e adquiriu grande cultura jurídica. Possuía uma "provisão", documento que autorizava a prática da advocacia. No século XIX, só existiam duas Faculdades de Direito: a de Olinda e São Paulo, de forma que era comum a existência de profissionais do Direito provisionados ou rábulas (rábula era o nome dado ao indivíduo que possuía conhecimento jurídico o suficiente para advogar, mesmo sem possuir o diploma de advogado).</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Luiz Gama também era poeta. Entre outra publicações, consta uma coletânea de poemas satíricos, “Primeiras Trovas Burlescas”, de 1859, onde faz uma crítica social e política da sociedade brasileira, denunciando as questões raciais do ponto de vista negro.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em 1868, foi demitido da Secretaria de Polícia, por pressão dos conservadores que estavam insatisfeitos com as alforrias por ele conquistadas. </span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">3. Atuação como advogado</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Para a defesa dos escravos, ele recorria à Lei Feijó, de 1831. Lembrando que essa lei havia proibido a importação de escravos para o Brasil. Chamada de Lei Feijó, esperava-se, na época, que fosse apenas uma lei para "inglês ver".</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">De fato, essa foi uma lei aprovada para cumprir uma obrigação assumida com a Inglaterra, no tratado que reconheceu a Independência. Apesar disso, foi o instrumento legal do qual Gama se utilizou para conseguir a libertação de escravos. Ao provar que os escravos que defendia haviam foram trazidos para o Brasil após a promulgação dessa lei, sua condição de escravos era ilegal e, portanto, deviam ser libertados. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ou, então, se fosse o caso, Luiz gama recorria à lei Eusébio de Queiroz, de 1850, que proibira a entrada de escravos no território nacional.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em 1871, uma nova lei, a do Ventre Livre, veio facilitar sua atuação de abolicionista. Nessa lei, ficou estabelecida a exigência de matrícula de cada escravo que um senhor possuísse. Caso o escravo não possuísse a matrícula, isso podia ser usado como argumento para sua alforria, o que fez Luiz Gama. Também o artigo 4º da lei formalizou a compra da carta de alforria do escravo pelo próprio ou por outros, o que deu margem para abolicionistas se passarem por avaliadores de escravos e abaixar seus valores, permitindo a compra de mais alforrias por valores reduzidos.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Embora atuasse principalmente na defesa dos negros, não se negava a atender graciosamente aos pobres em geral, inclusive imigrantes europeus lesados por brasileiros. </span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">4. Jornalismo e maçonaria</span><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"> </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Ativista da causa republicana e abolicionista, colaborou em diversos jornais: Diabo Coxo, Cabrião, Correio Paulistano, A Província de São Paulo, Radical Paulistano e na A Gazeta da Corte. Neste último, atuou com outros abolicionistas negros como Ferreira de Menezes, André Rebouças e José do Patrocínio. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Suas ações como jornalista e advogado, já em 1869, haviam-no tornado umas das figuras de maior influência e popularidade da cidade de São Paulo. Apesar disso, Gama não se tornou um homem rico, mesmo porque usava o pouco dinheiro que ganhava fazendo doações aos necessitados que o procuravam.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em 1866, ele, Agostini e Américo de Campos fundam o semanário Cabrião. Pertenciam à mesma loja maçônica, Loja Maçônica América, bastante ativa na causa abolicionista. Quando de sua morte,ele era o Venerável Mestre da instituição.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Luiz Gama estimava em mais de 500 o número de escravos que havia libertado, quando se deu o caso judicial conhecido como "Questão Netto". Esse processo foi movido contra familiares e ex-sócios do comendador português Manoel Joaquim Ferreira Netto. Este cidadão estabelecera em seu testamento que, depois de sua morte, todos seus 217 escravos fossem libertados. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Luiz Gama tomou conhecimento do testamento e, ao descobrir que a vontade do morto não havia sido cumprida, recorreu à justiça</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">e garantiu a liberdade de todos eles. Essa foi considerada a maior ação coletiva de libertação de escravizados conhecida nas Américas.</span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">5. Atuação política</span><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"> </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em sua atuação política, Gama foi filiado ao Partido Liberal e, em 1873, participou da fundação do Partido Republicano Paulista (PRP). Mas se frustrou ao descobrir que, entre os membros do partido, havia os que não tinham interesse na questão abolicionista. Por isso, saiu do partido e passou a criticá-lo na imprensa. Suas críticas se estendiam também a jornais que se diziam a favor da causa abolicionista mas publicavam anúncios oferecendo recompensa para a captura de escravos.</span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">6. Morte e funeral</span><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"> </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Luiz Gama tinha diabetes, e esta foi a causa de morte, na manhã do dia 24 de agosto de 1882. A Wikipédia descreve assim seu funeral: "Morto o grande abolicionista e libertador de escravos, [o escritor] Raul Pompeia manifesta ter ficado incrédulo e, registrando cada momento do ato fúnebre, vai de imediato à casa do amigo, onde verifica que muitos já lá estavam, em vigília: diante da casa os homens choravam 'como uns covardes', e as senhoras soluçavam. Seu corpo fora colocado num esquife, na sala da frente; um escultor molda seu rosto em gesso. O féretro saiu no dia seguinte, às três horas da tarde. Pouco antes de cerrar-se o caixão a viúva protagonizou um pranto dolorido. O cemitério ficava no outro extremo da cidade, e para sua condução um coche funerário estava preparado, mas a multidão que para ali acorrera não deixa que siga ali: o 'amigo de todos' — como era conhecido — teria que ser 'levado por todos'. O comércio havia fechado as portas e flores eram jogadas para Gama.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">"O caixão surge, trazido pelos amigos do morto: o jornalista e membro do Centro Abolicionista Gaspar da Silva, Dr. Antônio Carlos, Dr. Pinto Ferraz, o Conselheiro Duarte de Azevedo, entre outros; adiante do féretro seguia uma enorme multidão, como aquela que se apertava ao lado, disputando a honra de carregar o caixão; atrás, uma grande quantidade de carruagens e, entre elas, o coche fúnebre vazio. Às quatro horas e cinco minutos o cortejo chegou ao Brás, onde uma banda o aguardava, e passou a acompanhá-lo tocando acordes tristes; na Ladeira do Carmo a Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios se juntou ao enterro; chegando à 'cidade', lojas cerraram suas portas e bandeiras se encontravam hasteadas a meio mastro, enquanto o povo apinhava-se nas ruas por onde o enterro passaria; nas janelas as famílias se espremem para assistir: ao longo de todo o caminho muitos são os que choram a perda.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">"Ali estavam pessoas de todas as classes, e todos disputavam a chance de poder carregar o esquife. Em dado momento levavam-no ao mesmo tempo o escravocrata Martinho Prado Júnior, de um lado e, do outro, altivo, um 'pobre negro esfarrapado e descalço', no registro de Pompeia. Já era noite quando o cortejo chega finalmente ao campo santo da Consolação, e a multidão mantivera-se firme. Após uma breve parada para uma preleção por um padre na capela, onde foram depositadas as centenas de coroas de flores, finalmente o caixão foi levado à sepultura, onde a multidão esperava. Antes de descerem-no, contudo, alguém — o médico Clímaco Barbosa ou Antônio Bento, gritou para que todos esperassem; após um breve discurso no qual lembrou a importância de Luís Gama, levando todos às lágrimas, intimou que juntos prestassem um juramento de não deixar 'morrer a ideia pela qual combatera aquele gigante': foi respondido por um brado geral da multidão que, mãos estendidas ao caixão, jurava." (Wikipédia)</span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">7. Homenagens póstumas</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Entre os raros intelectuais negros no Brasil escravista do século XIX, foi o único a ter passado pela experiência do cativeiro. Pautou sua vida na luta pela abolição da escravidão e pelo fim da monarquia no Brasil, contudo veio a morrer seis anos antes da concretização dessas causas.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A figura do advogado provisionado, como era o caso de Luiz Gama, existiu até a década de 1960, quando o exercício da advocacia passou a ser reservada apenas a bacharéis de Direito. Mas em 2015, a Ordem dos Advogados do Brasil concedeu-lhe o título de advogado, reconhecendo a sua importância na área do Direito. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em 2018, a lei concedeu-lhe o título de Patrono da Abolição da Escravidão no Brasil. E teve seu nome inscrito no Livro de Aço dos heróis nacionais depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves. A última homenagem veio em 19 de novembro de 2021, quando Luiz Gama recebeu da USP o título de doutor honoris causa.</span></p>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-91680123302107787452021-11-30T09:45:00.002-03:002021-11-30T09:45:36.880-03:00<p> <span style="color: #1d2228; font-family: Arial; font-size: 11pt; white-space: pre-wrap;">QUEDA DA MONARQUIA</span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tem gente que lamenta o fim da Monarquia e crítica os malvados republicanos por haverem posto fim ao regime imperial brasileiro. Quem assim pensa está bastante enganado, pois, afinal, a Monarquia condenou-se a si mesma. Justifico.</span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">1. O imperador envelheceu</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Dom Pedro II (1840-1889) foi longo e benéfico para o país. O Brasil manteve a unidade territorial e gozou de paz e prosperidade. Mas o regime monárquico envelheceu junto com D. Pedro II. De fato, ele envelheceu precocemente. Aos 61 anos já era um ancião, o que fazia as delícias dos chargistas (como mostra essa caricatura de Agostini publicada em fevereiro de 1887, retratando o imperador quando ele ainda tinha apenas 61 anos).</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Porém, ao envelhecer, Dom Pedro II adoeceu; ele padecia de diabetes, entre outras enfermidades. Claro que isso contribuiu para a sua fragilidade física e também para o seu declínio político e da Monarquia. Quando Agostini publicou a charge, a saúde do imperador já havia declinado consideravelmente. Os médicos que o atendiam sugeriram-lhe que buscasse tratamento na Europa. Ainda assim, ele esperou até o ano seguinte para embarcar para uma viagem que durou um ano e dois meses, entre Alemanha, Itália e França.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Em Milão, passou duas semanas entre a vida e a morte, chegando até mesmo a receber a extrema unção. Estava se recuperando quando recebeu a notícia de que a escravidão havia sido abolida no Brasil. Consta que ele disse algumas palavras elogiosas ao acontecido e caiu no choro. Chorou copiosamente.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Retornando ao Brasil, desembarcou no Rio de Janeiro em 22 de agosto de 1888, e foi recebido com grande entusiasmo. Parecia estar no ápice de sua popularidade. Mas a verdade é que a Monarquia estava com os dias contados. </span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">2. Ausência de um sucessor</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">D. Pedro não tinha um sucessor apropriado. Mais exatamente um sucessor masculino. Aconteceu que os dois filhos homens de d. Pedro II haviam morrido ainda na infância:</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Afonso Pedro com dois anos e Pedro Afonso com um ano apenas. E resultou, então, ser a princesa Isabel a herdeira do trono, sem ter o carisma necessário para o exercício do trono. A elite política brasileira da época não aceitava, de bom grado, a ideia de uma mulher como chefe de Estado. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Com isso chegamos ao problema do "terceiro reinado", pois o marido da princesa também não ajudava a Monarquia; ao contrário. Apesar de sua participação na Guerra do Paraguai, ele não soubera se converter num líder militar. Aconteceu justamente o contrário. Muita gente não via com bons olhos a possibilidade de um "terceiro reinado": uma imperatriz medíocre, carola ainda por cima, e com um marido estrangeiro antipatizado - isso era demais! Nem o imperador botava fé!</span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">3. A Abolição</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A isso se somou o descontentamento de uma parcela dos proprietários rurais, prejudicados pela abolição "sem indenização". A bem da verdade é preciso dizer que o governo disponibilizou empréstimos a juros baixos aos proprietários e distribuiu títulos de nobreza a muitos deles. Mas isso não impediu a debandada. A propósito, é preciso lembrar que no Brasil não havia uma nobreza de sangue, nem tampouco um "partido monárquico". Por isso, a Monarquia se apoiava apenas no carisma de d. Pedro II, que havia envelhecido e adoecera. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E o que fizeram os proprietários descontentes? Muitos deles, incluindo os "nobres" de araque, correram a engrossar a causa republicana, que nesse momento já ganhava as ruas. Eles foram chamados, muito apropriadamente, de "republicanos de 14 de maio".</span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">4. A propaganda republicana</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O dia 3 de dezembro de 1870 era um sábado. Nesse dia, muita gente ficou surpresa diante de um novo jornal com um estranho editorial. Tratava do jornal A República, e o título do editorial era Manifesto Republicano.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Foi como um raio em céu azul, pois o regime monárquico estava então no auge, vitorioso na Guerra contra o Paraguai. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O Manifesto era assinado por 58 apoiadores, dissidentes do Partido Liberal, desiludidos com o governo imperial. O Manifesto responsabilizava a Monarquia pelos males do país e propunha a República como solução. Três anos depois surgiu o Partido Republicano Paulista (PRP), seguido depois por outros em outras províncias. No entanto, por muitos anos o ideal republicano pouco se difundiu. Foi somente a partir de 1886, que o movimento começou a ganhar impulso. Vários clubes e jornais foram fundados. O Partido participou de diversas eleições, embora sempre sem êxito, pois não conseguia romper a hegemonia dos partidos Conservador e Liberal. Mesmo em 1889, na última eleição do Império, os republicanos elegeram apenas dois deputados para o Parlamento. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O imperador d. Pedro II não dava a menor bola para a campanha republicana. Se fosse menos autoconfiante, poderia ter acelerado a abolição da escravidão e a expansão da educação popular (como faziam outros países). Também poderia ter feito reformas políticas, tais como a descentralização política, o fim do Senado vitalício e a expansão do voto. </span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">5. A "questão militar"</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A campanha republicana, por si só, não oferecia perigo para a Monarquia. O problema foi a aliança entre civis republicanos e militares do Exército.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O estopim da aliança civil-militar foi a conhecida "questão militar": uma sucessão de conflitos entre oficiais do Exército Brasileiro e a Monarquia, na década de 1980. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Por vários motivos, oficiais do Exército entraram em conflito com o governo imperial. Eles reclamavam dos baixos salários e falta de prestígio.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">D. Pedro II devia ter percebido que esses conflitos revelavam a politização do Exército e minavam a obediência, princípio básico da hierarquia militar. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">A "questão militar" envolvia até mesmo um problema de ciúme, pois o imperador demonstrava mais simpatia pelos impecáveis uniformes brancos dos oficiais da Marinha. O Conde D'Eu, marido da princesa Isabel, poderia ter usado sua condição de militar para amenizar esse conflito, mas nada fez. </span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">6. Aliança civil-militar</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Porém, a questão militar, por si só, também não teria precipitado o fim da monarquia. Mas então entrou um outro ingrediente no caldeirão, fazendo o caldo ferver. Me refiro à união entre republicanos e os militares descontentes, influenciados pela doutrina positivista, que defendia uma República ditatorial. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Um grupo de oficiais do Exército, liderado pelo tenente-coronel Benjamin Constant, foi profundamente influenciado pelo positivismo. Essa filosofia, de origem francesa, no campo politico recomendava como ideal uma "ditadura republicana". E quando se trata de ditadura ninguém está melhor aparelhado do que os militares. Isso levou à aproximação dos militares positivistas com os republicanos civis. E quando isso aconteceu, a sorte do regime de d. Pedro II estava selada.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Foi nesse ambiente de politização do Exército que, no dia 11 de novembro de 1889, ocorreu a reunião que mudou para sempre o destino do país. Ali estavam Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa e outros líderes tentando convencer o marechal Deodoro da Fonseca a aderir à conspiração contra a Monarquia. Com o prestígio que tinha nos meios militares, acreditava-se que Deodoro seria a garantia de que o Exército marcharia unido pela causa republicana. Alguns historiadores concordam que, sem Deodoro, não haveria golpe.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas Deodoro hesitava. Afinal, como é sabido, Deodoro, além de velho amigo de Dom Pedro II, era monarquista e já havia dito que considerava a República inadequada para o Brasil. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Os republicanos, porém, tinham pressa em realizar o golpe contra a Monarquia, pois era preciso antecipar-se à abertura do novo parlamento, recém-eleito, que estava marcada para o dia 20 de novembro. Vamos nos deter um pouco nesse ponto</span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">7. Reformas liberais de Ouro Preto</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Desde junho de 1889, estava no poder um ministério do Partido Liberal. Era chefiado pelo Visconde de Ouro Preto. Monarquista convicto, Ouro Preto havia preparado um amplo programa, que previa entre outra reformas:</span></p><ul style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 0px; margin-top: 0px;"><li dir="ltr" style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">ampliar o direito de voto, abolindo a exigência de renda;</span></p></li><li dir="ltr" style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">instituir a liberdade de culto, acabando com a exclusividade do catolicismo;</span></p></li><li dir="ltr" style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">acabar com o Senado vitalício, tornando-se temporário;</span></p></li><li dir="ltr" style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; list-style-type: disc; vertical-align: baseline; white-space: pre;"><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">fomentar a imigração.</span></p></li></ul><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas, dominado pelos conservadores, o Parlamento não aprovou as reformas. Então, Ouro Preto dissolveu-o e convocou novas eleições. O novo Parlamento, com maioria liberal, deveria reunir-se no próximo dia 20. Se isso acontecesse e o programa de reformas fosse aprovado, como era esperado, as exigências dos republicanos seriam atendidas e esvaziaria a campanha republicana. </span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">8. O golpe republicano</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O golpe republicano estava marcado para acontecer no dia 20, dia da reunião do Parlamento. Mas no dia 14, circularam boatos (boatos, apenas, como mais tarde ficou provado) que o governo havia expedido ordem de prisão contra o marechal e de que o Exército seria extinto, substituído pela Guarda Nacional. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Tomando os boatos como verdadeiros,</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Deodoro decidiu liderar o movimento. Mas, segundo os relatos históricos, para ele tratava-se apenas de depor o Gabinete de Ouro Preto, e não exatamente a Monarquia. Na manhã de 15 de novembro de 1889, o velho marechal, mesmo adoentado, levantou-se da cama e pôs-se no comando das tropas rebeladas por agitadores republicanos. Eram cerca de mil soldados. Os revoltosos se dirigiram para o quartel-general, no Campo de Santana (atual Praça da República). Lá havia se refugiado o chefe do Gabinete, Visconde de Ouro Preto. Ele confiava na proteção do General Floriano Peixoto, ajudante-general-de-campo, segundo posto depois de ministro da Guerra.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Quando as tropas rebeladas se reuniram na frente do quartel, Ouro Preto ordenou que Floriano Peixoto mandasse metralhar os rebeldes. Mas em vez disso, Floriano aderiu à rebelião e prendeu o próprio Ministro. Ao contrário do que reza a lenda, Deodoro não proclamou a República. Ele apenas liderou o golpe contra o gabinete do Visconde de Ouro. Isso feito, ele conduziu as tropas pelo centro da cidade e recolheu-se à sua casa, metendo-se na cama, que nem tinha tido tempo de esfriar.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Foi somente na tarde daquele dia que a República foi formalmente proclamada no prédio da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. À noite, as lideranças republicanas reuniram-se para formar o Governo Provisório.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O Governo Imperial não reagiu. D. Pedro II se negou a debelar a rebelião, conforme sugestões feitas por políticos e militares do seu entorno. Ao receber a notícia de sua deposição, simplesmente comentou: "Se assim é, será minha aposentadoria. Trabalhei demais e estou cansado. Agora vou descansar". Ele havia governado durante 49 anos, 3 meses e 22 dias. </span></p><br style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px;" /><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">9. Considerações pós-golpe.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">É muito fácil falar depois que tudo aconteceu. Portanto, peço licença para dar uma opinião pessoal sobre os eventos do dia 15. </span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Deodoro teria feito melhor para sua biografia (e para o Brasil) se, em vez de trair seu amigo d. Pedro II, tivesse tomado a iniciativa de estabelecer uma ponte entre o Imperador e os republicanos. É sabido que d. Pedro não acreditava na continuidade da monarquia após sua morte, e até tinha uma simpatia intelectual pela República.</span></p><p dir="ltr" style="background-color: white; color: #1d2228; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;"><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sendo assim, não é leviandade supor que ele tivesse aceitado o fim da Monarquia e concordado em estabelecer uma transição entre a Monarquia e a República. A própria princesa Isabel poderia ter presidido um governo de transição. Não teria sido necessário cometer a infâmia de expulsar a família imperial e muito sofrimento teria sido evitado.</span></p><div><span style="background-color: transparent; font-family: Arial; font-size: 11pt; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-74173572181571289852021-11-15T07:35:00.002-03:002021-11-15T07:35:39.143-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">SENADOR FEIJÓ</span></p><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O estadista da Regência</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Diogo Antônio Feijó foi o mais importante político brasileiro do Período Regencial (1831-1840). Nasceu em 1784. Era filho ilegítimo, e sua mãe fez o que era o hábito na época em casos semelhantes: deixou-o na Roda dos Expostos, instalada no muro da Santa Casa de São Paulo.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Explicando: essa tal Roda era uma portinhola giratória, embutida numa parede, na qual as mães abandonavam filhos ilegítimos. Era construída de tal forma que aquele que deixava a criança não era visto por aquele que a recebia. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Feijó foi educado em Santana de Parnaíba (SP), por um padre que era seu padrinho de crisma. Seguiu os passos do padrinho, ordenando-se padre em 1808, depois de concluir o curso de Filosofia em São Paulo. Exerceu o sacerdócio em Santana de Parnaíba, em Guaratinguetá e em Campinas.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">1. Político</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Muito cedo interessou-se pela política. Primeiramente, foi vereador em Itu. Em 1821, um fato surpreendente: apesar de sua origem e de não possuir fortuna, estava entre os seis deputados enviados por São Paulo às Cortes Gerais e Extraordinárias de Lisboa, para tomar parte na elaboração da Constituição do Reino Unido. (Lembrando que desde 1815, o Brasil era Reino Unido a Portugal.)</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Mas o ambiente político na capital portuguesa se mostrou bastante hostil aos deputados brasileiros. Feijó e vários outros deputados tiveram de sair fugidos de Portugal depois de sofrerem ameaças de violências.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Voltou à política em 1826, dessa vez como deputado no recém-inaugurado Parlamento brasileiro. Conquistou verdadeira notoriedade com seu polêmico parecer sobre a abolição do celibato dos padres. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">2. Ministro</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Dom Pedro I abdicou em 7 de abril de 1831, em favor de seu filho, o futuro d. Pedro II. Como este tinha apenas seis anos, foi preciso nomear um governo regencial, como mandava a Constituição em vigor.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Era esse um momento de grande agitação social e política. Nesse clima, Feijó foi nomeado ministro da Justiça, mas não sem antes impor condições por escrito. Tomou posse e reagiu aos motins. Antes esparsos, os motins se transformaram em revoltas permanentes. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Feijó sempre achou que a ordem era a primeira condição para a vida em sociedade e que não podia haver governo sem autoridade. Como ministro da Justiça, enfrentou com destemor, uma revolta atrás da outra. Demitiu incontáveis militares profissionais, nacionalizou as forças de segurança nas vilas, criando a Guarda Nacional. Contou com a competência do major do Exército Luís Alves de Lima e Silva (futuro duque de Caxias) que alcançou para o governo vitória atrás de vitória.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">3. Regente</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Renunciou ao cargo em julho de 1832 e retornou a São Paulo, onde morava. No ano seguinte voltou novamente ao Rio de Janeiro, nomeado senador, por Carta Imperial de 1 de julho de 1833. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em 1834, o Parlamento introduziu uma mudança muito importante na Constituição (hoje seria chamada de PEC): aprovou o Ato Adicional, que promoveu uma certa descentralização do poder, autorizando, por exemplo, a criação de assembleias provinciais. E, o que era mais importante, transformava a Regência Trina em Regência Una. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">E foi na eleição do Regente único que, mais uma vez, a política nacional surpreendeu: em abril de 1835, Feijó foi escolhido para o cargo. Era mais uma prova de que Feijó era visto como um estadista capacitado. Foi o primeiro chefe do Poder Executivo devidamente eleito na história do Brasil. Foi empossado em outubro de 1835. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Entretanto, teve dificuldade para organizar um ministério. Mas, sob a regência de Feijó, os ministérios sempre foram de curta duração. De acordo com o historiador Oswaldo Rodrigues Cabral, "... Os ministros não aturavam o regente - ou este não os suportava por muito tempo - não tendo havido, desde que se estabelecera a regência una, a menor estabilidade nas pastas ...". (1)</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Diogo Antônio Feijó era federalista, defensor intransigente da</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">descentralização de poder. Mesmo assim, sua ação como regente eleito resultou no oposto do que de fato queria, pois a centralização revelou-se o único modo de fazer o governo avançar.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Não era um trabalho fácil. Explodiram revoltas por todo o país, sendo as mais importantes nesse momento (1835): a cabanagem, no norte; a revolta dos Malês, na Bahia; e a Revolução Farroupilha, no sul.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A agitação política levou muitas lideranças políticas, incluindo liberais, a mudarem de opinião. Eles começaram a achar que o poder havia sido por demais descentralizado, e partiram para a formação de um agrupamento político, o autointitulado Regresso (ou seja, regresso ao Brasil de antes do Ato Adicional).</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Esses senhores, chamados "regressistas", em pouco tempo conquistaram a maioria no Parlamento, e retiraram de Feijó as chances de continuar governando.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Feijó entrou em choque com a aristocracia agrária ao propor a substituição gradual do trabalho escravo pelo trabalho assalariado.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Pressionado pelos regressistas, Feijó viu-se obrigado a renunciar em setembro de 1837. Mas deixou um importante legado. Sob sua pressão, o Parlamento aprovou o Código Criminal e o Código de Processo. Essas leis ampliaram os poderes dos juízes locais eleitos, criavam o tribunal do júri, instituíram o instituto do habeas</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">corpus entre outras inovações. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Ao renunciar, Feijó indicou como sucessor Pedro de Araújo Lima, que, apesar de ser seu adversário político, era o mais indicado para garantir a governabilidade.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">4. Revolucionário</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Mesmo fora do governo, Feijó não perdeu seu prestígio. Em abril de 1839, voltou ao Rio para retomar seu cargo de senador e foi eleito presidente do Senado. Tinha então 55 anos e se achava bem adoentado. Retornou a São Paulo. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Sem orgulho, doente e pobre, escreveu ao ministro do Império e pediu uma pensão, que lhe foi concedida em 23 de dezembro de 1840 no valor de 4:000$000 anuais (4 contos de réis).(2)</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Nesse ano </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Nesse momento, final do Período Regencial, que se definiram os dois partidos políticos que iriam dominar a política no Segundo Reinado: os "regressistas" formaram o Partido Conservador; por oposição, Feijó e seus correligionários formaram o Partido Liberal. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Eram partidos muito parecidos, fato evidenciado na frase "nada mais parecido com um conservador que um liberal no poder", muito repetida durante o Segundo Reinado. Porém, alguém poderia apontar uma diferença entre os dois partidos, dizendo que os primeiros eram defensores da centralização do poder, ao contrário dos liberais que eram favoráveis à descentralização. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">No ano seguinte, em 1840, ocorreu o Golpe da Maioridade de d. Pedro, com o qual se encerrou a Regência e iniciou-se o Segundo Reinado. (Vou tratar do Golpe da Maioridade em outra postagem.)</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Esse golpe foi orquestrado pelos liberais para tirar os conservadores do poder. Foram bem sucedidos, pois, num primeiro momento, eles foram convidados pelo imperador a formar o Ministério. Mas o imperador não gostou da maneira como se comportaram no poder e os substituiu pelos conservadores. Descontentes, os liberais pegaram em armas. Explodiram duas revoluções: uma em São Paulo e outra em Minas Gerais.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Feijó tomou parte na revolução em São Paulo. Lutou numa cadeira de rodas, pois havia sofrido um derrame.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Com a derrota dos revolucionários, Feijó foi preso, mesmo com direito a imunidade, por ser senador. Sem julgamento, foi condenado ao degredo, e desterrado em Vitória, no Espírito Santo. Lá ficou cinco meses.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Indultado, reapareceu na tribuna do Senado em janeiro de 1843. Apresentou sua defesa, quando mal se mantinha de pé, na abertura da sessão legislativa em 15 de maio desse mesmo ano. Retornou a São Paulo e aí faleceu aos 59 anos, em 10 de novembro de 1843. Está sepultado na Catedral da Sé, em São Paulo.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">(1) (2) Wikipédia</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-68249365959466760372021-11-15T07:34:00.000-03:002021-11-15T07:34:41.252-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">CAMINHO DO PEABIRU E OUTRAS HISTÓRIAS</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Um tema em que a história se mistura com as lendas de torna uma coisa complicada para o historiador. É esse caso do tal do Caminho do Peabiru. É tão cheio de controvérsias que chega ser difícil escrever sobre ele com alguma certeza. Mas é impossível não aceitar o desafio.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Vou começar dizendo que não era apenas um caminho, mas vários. Deu-se o nome de peabiru (na língua tupi, "pe" – caminho; "abiru" - gramado amassado) aos antigos caminhos utilizados pelos indígenas sul-americanos, que, bem antes da chegada dos europeus, ligavam o litoral ao interior do continente. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Caminho dos Incas</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O principal destes caminhos, e que é o mais conhecido, também é chamado de "caminho dos incas". Constituía-se em uma via que ligava os Andes ao Oceano Atlântico. Mais precisamente, Cusco (capital do império inca), no Peru, até São Vicente (SP). Estendia-se por cerca de 3 000 quilômetros e atravessava os territórios dos atuais Peru, Bolívia, Paraguai e Brasil. Ainda havia outros ramos desse caminho que vinham terminar nas regiões das atuais cidades de Cananéia e Florianópolis, e possivelmente ainda outros locais do litoral Brasileiro. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O padre Montoya, fundador das missões do Guairá, no ano de 1639, dizia ter andado por um caminho que tinha oito palmos de largura, ou seja 1,40 metro. Formava um “leito”, coberto por um tipo de gramínea em toda a sua extensão.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Para que servia</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">"Através do caminho, era realizada uma intensa troca comercial (na base do escambo) entre os índios do litoral e do sertão e os incas: os índios do litoral forneciam sal e conchas ornamentais, os índios do sertão forneciam feijão, milho e penas de aves grandes como ema e tucano para enfeite, e os incas forneciam objetos de cobre, bronze, prata e ouro. Como prova desse comércio, pode ser citada a descoberta de um machado andino pré-colombiano de cobre em Cananéia, no litoral de São Paulo." (Wikipédia)</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Aleixo Garcia</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O primeiro europeu a percorrê-lo foi Aleixo Garcia. Era um marujo português que, viajando a serviço da Espanha, naufragou na altura do litoral catarinense. Teve sorte. Conseguiu salvar-se e viveu oito anos entre os índios. Ouvindo falar das riquezas do incas pelos próprios nativos, organizou uma expedição integrada por uns poucos europeus e algumas centenas de índios, e partiu em busca de metais preciosos. Um ano e meio depois chegou ao território do Império Inca, no Peru. Sete anos antes da invasão espanhola em 1532! </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Uma vez tendo saqueado a região por onde passou, retornou pelo Paraguai, onde a expedição foi atacada por indígenas. Boa parte da expedição foi morta, incluindo Aleixo Garcia. Poucos se salvaram, entre os quais seu próprio filho, que tinha o mesmo nome do pai.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Martim Afonso de Sousa</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em agosto de 1531, chegou a Cananéia a expedição do português Martim Afonso de Souza. De lá, enviou o capitão Pero Lobo e oitenta homens para seguir o caminho desbravado por Aleixo, também com a intenção de chegar aos Andes. Foi um fracasso: nenhum voltou; todos foram mortos pelos indígenas.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Álvar Núñez Cabeza de Vaca</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Outro que trilhou esse caminho foi o experiente explorador espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca. Após ter sido nomeado governador da província do Rio da Prata e do Paraguai, Cabeza de Vaca, em 1540, chegou primeiramente à Ilha de Santa Catarina, onde já viviam alguns espanhóis que haviam fugido de Buenos Aires, tomada e destruída pelos indígenas. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Resolveu então ir a pé até Assunção, cidade que havia sido fundada alguns anos antes. Dispunha de 250 homens e 26 cavalos. Iniciou sua jornada pelo sertão brasileiro, através do Caminho de Peabiru. Nesse caminho, teve a glória de ser o primeiro europeu a avistar as cataratas do Iguaçu.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Outros que andaram por esse caminho foram os jesuítas, que o rebatizaram com o nome de Caminho de São Tomé. Por ele, chegavam aos aldeamentos indígenas, na região do Rio Paraná, ainda em meados do século XVI. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Sem falar nos bandeirantes paulistas que percorreram o Peabiru, em sua andanças em busca de indígenas para escravizar.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O que resta do Peabiru</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Restam ainda, em pontos isolados, protegidas pela mata, reminiscências desse caminho, que em alguns trechos era calçado com pedra, como os que há na cidade de Garuva (SC). Outros pontos estão sendo estudados para serem demarcados como parte do Peabiru. Há projetos para transformar o caminho em um trajeto turístico.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-66707444618994332242021-09-09T11:00:00.004-03:002021-09-09T11:00:44.757-03:00<p> </p><p><span style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">Moisés, de Michelangelo</span></p><p><span style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">Você sabe por que estátua de Moisés, de Michelangelo, tem chifres?</span></p><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">A explicação mais aceita é que Michelangelo seguiu ao pé da letra a Bíblia latina, a famosa VULGATA. Essa foi a tradução oficial feita por São Jerônimo, a pedido do papa, no século IV d.C. A Vulgata continha um erro de tradução, e ela induziu Michelangelo a colocar chifres em Moisés.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">Aconteceu que o texto original em hebraico descreve Moisés como tendo um "karan ohrpanav", o que quer dizer que "sua pele do rosto brilhava com raios de luz". Era o momento em que Moisés retornava para seu povo (após receber os mandamentos) com aparência “reluzente” ou “brilhante”. Ou seja, </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">Moisés teria voltado com uma aparência glorificada após receber os mandamentos.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">São Jerônimo levou ao pé da letra o texto bíblico original e traduziu o termo Karan (baseado no radical karen) como "chifres''. Esse erro de São Jerônimo fez de Moisés um "cornuto"!</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">Conta-se que, ao terminar a obra, Michelangelo achou que seu Moisés ficará tão perfeito que seria capaz de falar, e bateu-lhe com o martelo, ordenando: "parla, parla!' Dizem que os bons observadores conseguem ver a marca do martelo.</div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-14769333478825583702021-09-09T10:58:00.002-03:002021-09-09T10:58:36.266-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">O que você sabe sobre dona Maria Leopoldina, a primeira imperatriz do Brasil? Há muito que dizer sobre essa senhora em virtude de suas muitas qualidades e realizações.</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Primeiro- Nascida em 22 de janeiro de 1797, ela pertencia à família dos Habsburgos, a poderosa dinastia governante do Império Austríaco havia muitos séculos. Sua irmã mais velha havia sido casada com Napoleão Bonaparte. Tinha recebido uma educação refinada, e preparada desde a infância para reinar. Além do alemão, sua língua materna, ela aprendeu inglês, italiano e francês. Era neste idioma que ela viria a conversar com seu marido, o príncipe dom Pedro, com quem se casou, ainda em Viena, por procuração. Seis meses depois do casamento, chegou ao Brasil no dia 5 de novembro de 1817, tendo sido recebida festivamente por dom Pedro e pelo povo do Rio de Janeiro. O casamento definitivo realizou-se no dia seguinte. Ela tinha 20 anos e dom Pedro, 19.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Segundo - Nas palavras do historiador Paulo Rezzutti, autor de uma biografia de Leopoldina, foi em grande parte graças a ela que o Brasil se tornou uma nação. Para ele, a princesa “abraçou o Brasil como seu país, os brasileiros como o seu povo e a Independência como a sua causa”. Foi também conselheira de Pedro em momentos importantes. Um deles foi na decisão do "Fico", em que o dom Pedro optou pela permanência no Brasil, contrariando as ordens que vinham de Lisboa. Outro momento, foi quando ela, presidindo o conselho de ministros, aconselhou dom Pedro, que viajara para São Paulo, a proclamar a Independência do Brasil.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Terceiro - A convivência dela com o marido logo se tornou muito ruim. Dom Pedro era muito mulherengo. Desde 1823, dom Pedro assumiu publicamente sua relação com a amante, a Marquesa de Santos. Leopoldina foi constantemente humilhada pelo marido, tendo de engolir a Marquesa de Santos (e outras mulheres) tendo filhos de dom Pedro! A continuidade dessa situação fez com que Leopoldina sofresse de depressão, e sua saúde foi de mal a pior. Em 11 de dezembro de 1826, após ter sofrido um aborto espontâneo, ela acabou falecendo, um mês antes de completar 30 anos de idade! Era muito querida pela população, até mais do que o próprio imperador.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Quarto - Dona Leopoldina teve quatro filhas mulheres, sendo que a mais velha delas se tornou rainha de Portugal, com o nome de Maria II. Teve também três filhos homens, dos quais dois morreram logo depois de nascer, e o último viria a ser imperador do Brasil, com o nome de dom Pedro II.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-35757665306321417772021-09-09T10:56:00.002-03:002021-09-09T10:56:27.499-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">HISTÓRIA DA CALÇA JEANS</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em 1848, o ouro foi descoberto na Califórnia. Começou, então, a intensa Corrida do Ouro que atraiu dezenas de milhares de pessoas do leste dos EUA e de diversas partes do mundo.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O ouro era encontrado no leito dos rios, e era só chegar e pegar. Nem todos enriqueceram, mas muitos milionários surgiram do dia para a noite. A exploração do ouro criou muitas oportunidades de negócios. Vários mercadores lucraram com os trabalhos nas minas, para vendas de ferramentas, mantimentos, roupas e lonas. Com o excesso de oferta, o mercado ficou saturado. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O comerciante Levi Strauss tinha um grande estoque de lonas parado e observou que os mineradores precisavam de uma calça mais resistentes. Foi então que teve uma ideia genial. Ele se associou ao alfaiate Jacob Davis e criou uma calça de tecido grosso com rebites, perfeita para aqueles que se dedicavam ao pesado trabalho de mineração, e juntos acabaram batizando sua invenção de calça jeans, em 1853. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Pouco depois, foram adicionados à calça botões de metal e os bolsos traseiros. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Mas o jeans de coloração azul, como conhecemos hoje, surgiu por volta de 1890, quando Levi Strauss começou a tingir as peças com o corante extraído de uma planta chamada Indigus.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Foi somente no século 20 que o jeans passou a ser utilizado como roupa de uso diário. Seu uso foi popularizado pelos filmes de cowboys e por astros do cinema, como James Dean, Marlon Brando e outros</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-15434731863039304352021-09-09T10:55:00.002-03:002021-09-09T10:55:19.977-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">HUGO GROTIUS, pai do direito internacional</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">"Conhecido até hoje nas comunidades jurídicas como o pai do Direito</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Internacional, Grotius nasceu em Delft, no domingo de Páscoa de 1583. Era o primeiro filho de pais com posição social medíocre, mas de grande instrução. Sua família estendida incluía advogados, homens de negócios, funcionários públicos e professores</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">universitários. O tio de Grotius era professor de direito na Universidade de Leiden quando o jovem se matriculou ali, para estudar artes liberais, filosofia, línguas e retórica, aos onze anos. Prodígio celebrado em sua cidade natal, Grotius publicou poesias em grego e latim e traduziu e publicou textos nessas línguas. Depois de estudar</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">com inúmeros dos principais intelectuais humanistas, foi-lhe concedido um doutorado</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">honorário em direito pela Universidade de Orleans, na França, em 1598, aos quinze anos. O rei Henrique iv deu-lhe um medalhão de ouro comemorando essa realização pouco comum e o proclamou “o milagre da Holanda”.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em 1599, Grotius tornou-se advogado do tribunal e alto conselho da Holanda,</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">iniciando uma carreira meteórica. Dois anos mais tarde foi nomeado historiógrafo latino oficial dos Estados da Holanda e, graças à sua associação com Johan van Oldenbarnevelt, primeiro-ministro dos Países Baixos Unidos, serviu como promotor</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">público em 1607. Outros postos prodigiosos seguiram-se, incluindo o de advogado-geral das províncias da Holanda, da Frísia e da Zelândia. Antes dos trinta anos, era um dos advogados mais bem pagos e respeitados nas Províncias Unidas e mais tarde</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">tornou-se funcionário público sênior, membro do Parlamento e conselheiro político do mais alto nível.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Além disso, casou-se bem, com uma jovem politicamente bem relacionada, Marie van Reigersbergh, e fez bons investimentos. Escreveu poesia, peças teatrais e tratados jurídicos aclamados, diversos dos quais tiveram enorme influência durante sua vida e, depois, no desenvolvimento e na evolução do pensamento jurídico europeu. Grotius era o modelo de prudência e respeitabilidade calvinista. Mas, se a sua ascensão foi rápida, ela obedeceu a uma trajetória que despencou com igual velocidade. Em 1618, ele viu-se em meio à disputa entre Maurício de Nassau, príncipe de Orange, que era governador da província homônima, e seu amigo e benfeitor, Johan van Oldenbarnevelt, a respeito das diferenças de doutrina entre seitas religiosas protestantes. Grotius e Oldenbarnevelt foram presos em 1618. Quando se recusaram a pedir desculpas pela suposta conspiração, Oldenbarnevelt foi decapitado, e Grotius condenado à prisão perpétua no</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">castelo de Loevestein depois de ter seus bens confiscados. Durante o período de prisão, ele lia vorazmente e continuou a escrever um de seus famosos tratados, "De Jure Belli ac</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Pacis" (Sobre a lei da guerra e da paz).</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Fugiu da prisão depois de quase dois anos, com a ajuda da mulher, que se fez</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">passar por Grotius, enquanto ele se evadia do castelo dentro de um baú de livros. Fugiu para Paris, seguido pela mulher e pelos filhos, onde supervisionou a publicação de sua</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">obra monumental, que esperava poder serenar as guerras religiosas (ou mesmo cessá-las de todo) que estavam devastando a Europa. Recusando-se, por princípio, a converter-se ao catolicismo, era inelegível para um posto na corte francesa, mas acabou servindo como embaixador da Suécia na França durante muitos anos. Em diversas ocasiões, tentou voltar à sua terra natal, mas foi expulso, porque se recusou a admitir que tinha feito alguma coisa errada em 1618, de modo que permaneceu no exílio. Na derradeira</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">viagem à Suécia, em 1645, o navio onde seguia naufragou devido a uma tempestade, e ele morreu de exaustão depois de chegar à praia. Sua mulher e quatro de seus filhos sobreviveram a ele. Tanto durante a vida quanto depois de morto, Grotius foi respeitado como um dos principais pensadores humanistas da Europa." [Bown, Stephen R. "1494". São Paulo : Globo, 2013, p. 166-7]</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-84290900942066491132021-09-09T10:54:00.002-03:002021-09-09T10:54:21.064-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">GUERNICA, a obra-prima do cubismo</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Tenho uma relação difícil com a obra Guernica, do pintor espanhol Pablo Picasso. Não aprecio o estilo, o cubismo; aliás não me agrada nada que veio com a chamada "arte moderna". Mas tenho de convir que se trata de uma grande obra, na verdade a obra-prima desse grande pintor espanhol. Para além de seu mérito artístico, está seu significado histórico. Vamos aos fatos.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em 1937, quando o quadro foi pintado, a Espanha estava sendo dilacerada pela guerra civil (1936-39). De um lado, estavam os republicanos - as forças leais ao governo da II República. De outro estavam os nacionalistas - as forças do general Francisco Franco, que tentavam derrubar justamente o governo republicano. Franco recebeu apoio dos regimes fascistas da Alemanha e da Itália, liderados respectivamente por Hitler e Mussolini. Esses governos estavam ansiosos para experimentar as novas armas que estavam aperfeiçoando, que depois seriam usadas na Segunda Guerra Mundial. E a aliança com o Franco veio em boa hora.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">No dia 26 de abril de 1937, o bombardeio se abateu sobre a pequena cidade de Guernica, no norte da Espanha. Era um dia de feira e muita gente estava nas ruas da cidade. Aviões da Luftwaffe (força aérea alemã) despejaram bombas sobre a cidade e metralharam sua população indefesa. Além da destruição, houve centenas de mortes. Sessenta anos mais tarde, o presidente da Alemanha pediu perdão aos habitantes da cidade.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Nessa época, Picasso vivia na França e o governo republicano espanhol lhe havia encomendado uma pintura para representar o país numa exposição internacional que aconteceria em Paris. Quando Picasso leu num jornal a notícia do massacre, ele imediatamente decidiu fazer da tragédia o tema de sua tela. "O quadro tem implícita uma mensagem de resistência contra o autoritarismo e também contra a ascensão dos governos fascistas na Europa. [...] Ao mesmo tempo, representa as terríveis consequências da guerra sob a luz de uma lâmpada elétrica, símbolo da modernidade e do progresso técnico." (Wikipedia) </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A obra criada por Picasso é enorme: mede 7,7 metros de comprimento por 3,4 metros de altura. Ele usou apenas preto, branco e cinza, com um toque de bege e de azul. Chamam atenção, ao lado de corpos despedaçados, o cavalo e o touro. Para alguns estudiosos, o cavalo e o touro representam a mortal batalha entre os combatentes republicanos (cavalo) e o exército fascista de Franco (touro).</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O quadro permaneceu na França até 1981. Foi uma exigência do pintor, segundo a qual a obra só iria para a Espanha após a morte de Franco (o que se deu em 1975) e a consequente redemocratização do país. Após os trâmites legais, ele foi enviado à Espanha, e hoje se encontra no Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-19693146860196406602021-09-09T10:53:00.000-03:002021-09-09T10:53:16.512-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">DAFNE E APOLO, por </span><span style="background-color: white; color: #4d5156; font-family: arial, sans-serif; font-size: 14px;">Gian Lorenzo Bernini</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Essa obra de Bernini é pra lá de impressionante. Esculpida em mármore, ela retrata o momento em que Dafne se transforma em árvore - conforme o mito pagão de Apolo e Dafne. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Esse mito "conta que Apolo, o mais belo deus do Olimpo, autoconfiante com seu arco de ouro, irrita o Cupido com sua arrogância. Assim, o Cupido teria lançado duas flechas, uma de ouro em Apolo, que atrai o amor, e outra de chumbo na ninfa Dafne, filha do rio-deus Peneu, que afasta o amor.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Doente de amor, Apolo começou o assédio sobre Dafne, que recusando todos os pretendentes, não deixou de recusar o belo deus. Apolo então começou uma perseguição a Dafne, que corria desesperada pela floresta tentando evitá-lo. Ele estava cada vez mais próximo de seu objetivo quando Dafne suplica ao seu pai, ao vê-lo entre as árvores, que parasse com o sofrimento. Peneu, então, vendo que Apolo já tocava os cabelos da filha, a enfeitiça. Dafne sente seu corpo adormecer, sua pele se transformando em casca, os cabelos em folhas, os braços enrijeceram e viraram galhos, os pés fincaram-se no chão virando raízes. Ela então se transformou em um loureiro." (Vikipedia)</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Bernini, o maior artista do Barroco, recebeu a encomenda dessa obra quando tinha apenas 24 anos, e nela trabalhou entre 1622 e 1625, contando com a ajuda de Giuliano Finelli, um membro de sua oficina.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Essa escultura foi a última de uma série de obras encomendadas pelo cardeal Scipione Caffarelli-Borghese.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-80893493766615454862021-09-09T10:49:00.002-03:002021-09-09T10:49:18.922-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">PETRA, a "cidade rosa"</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Todo aquele que gosta de história e de lugares históricos vai concordar que Petra é um desses lugares que a gente tem de visitar antes de morrer. Pois é, Petra tem milênios de história. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Chamada de "cidade rosa'', Petra é a atração turística mais visitada da Jordânia. É considerada Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1985. E foi nomeada uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo em 2007.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Desde pelo menos 1 200 a.C., a região onde se encontra Petra era ocupada pela tribo dos edomitas. Posteriormente, foi lar dos nabateus, uma tribo árabe responsável pela fundação da cidade. Localizada na passagem de rotas comerciais, a cidade se tornou um próspero centro comercial. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Atribui-se aos nabateus o trabalho de talhar a cidade na pedra. A alta qualidade dos trabalhos revela a extraordinária perícia dos artesãos nabateus. Não existe cidade sem água. Então, os nabateus construíram uma rede de canais para coletar e armazenar a água das escassas chuvas do deserto para o consumo de uma população que pode ter chegado a 30 mil pessoas . </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em grego, o nome da cidade significa “pedra”. Ao longo do tempo, várias expressões foram associadas a Petra: “cidade rosa”, “rochosa”, “perdida”, “das pedras” e “dos mortos”.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Na passagem da Antiguidade para a Idade Média, a cidade entrou em decadência. Um forte terremoto, no ano 551, destruiu grande parte da cidade. Mas não foram só as construções que sofreram com os abalos; também o comércio decaiu. Petra acabou sendo abandonada e caiu no esquecimento. Só os nômades beduínos sabiam como encontrá-la no deserto. O local era mantido em segredo. Eles não queriam que mais ninguém soubesse da existência de Petra, porque temiam que as pessoas fossem para lá em busca de tesouros e destruíssem o resto das construções.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Esse isolamento somente terminou no começo do século 19. O autor da proeza foi Johann Ludwig Burckhardt, um viajante e explorador suíço. Ele era um admirador da cultura muçulmana e falava a língua árabe com fluência. Viajando por diversas partes do Oriente Médio, ele ouviu notícias de ruínas que imaginou ser Petra. Após conquistar a confiança dos beduínos, ele conseguiu um guia para levá-lo ao local. Chegou à cidade perdida no dia 22 de agosto de 1812. Posteriormente, Petra despertou a atenção de visitantes e arqueólogos.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-28840491381522786522021-09-09T10:46:00.002-03:002021-09-09T10:46:49.181-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">ISABEL, A CATÓLICA, RAINHA DE CASTELA</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Isabel de Castela nasceu no dia 22 de abril de 1451, uma Quinta-Feira Santa, e, não por acaso, foi apelidada de "Isabel, a Católica".</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Apesar de ser uma princesa, as coisas nunca foram fáceis para Isabel. Sua mãe passou a ter crises de loucura. E o rei, seu meio-irmão, Henrique IV, tudo fez para complicar-lhe a vida. Primeiro, quis casá-la e a apresentou a vários pretendentes, e a todos ela rejeitou com firmeza. Depois, quis excluí-la da sucessão em favor da própria filha, Joana (que uma parte da nobreza não aceitava por considerá-la filha de Beltrán de la Cueva, suposto amante da rainha; daí o apelido de "Beltraneja" com que ficou conhecida).</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Casamento </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Enquanto Henrique IV tentava conseguir um acordo matrimonial que lhe trouxesse benefícios, o rei de Aragão tratava de negociar, em segredo, o casamento de Isabel com seu filho Fernando. Aliás, era a ele que Isabel queria para marido. Havia, entretanto, um impedimento legal, uma vez que os dois eram primos em segundo grau. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Apesar do parentesco, o Papa era a favor dessa união por gostar da princesa Isabel, por ser uma mulher profundamente religiosa. Para facilitar o casamento, enviou à Espanha nada menos que o cardeal Rodrigo Borgia (futuro papa Alexandre VI).</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Finalmente, o casamento dos dois príncipes se realizou em 19 de outubro de 1469, no Palácio de los Vivero, em Valladolid. A união de Isabel, de Castela, e Fernando, de Aragão, deu início à unificação da Espanha.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Isabel rainha</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Após a morte de Henrique IV, Isabel foi proclamada rainha de Castela no dia 13 de dezembro de 1474. Mas as dificuldades não haviam terminado. Teve de travar e vencer a Guerra de Sucessão Castelhana, ocorrida entre 1475 e 1479, enfrentando os partidários de Joana, a "Beltraneja". Seu reinado foi marcado por acontecimentos que mudaram a história da Espanha e do mundo. O primeiro se deu em 1492: ela e seu marido Fernando, rei de Aragão, comandaram a conquista de Granada,em 1492, último reduto dos árabes na Península Ibérica, concluindo a Luta de Reconquista.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Parceria com Cristóvão Colombo</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O segundo, nesse mesmo ano, foi a parceria com Cristóvão Colombo, em seu plano de chegar às Índias navegando para Oeste. Colombo havia chegado a Castela em 1485, em busca de apoio da rainha Isabel e lá permaneceu por sete anos. Como é sabido, Isabel acreditou nos projetos do navegante genovês, apesar da oposição da Corte e dos especialistas. Uma lenda diz que financiou a viagem com a venda de suas jóias. Isso é falso. Na verdade, o financiamento foi obtido graças ao empenho de Luiz Sant'angel, encarregado das finanças reais. Colombo realizou a Viagem do Descobrimento, e retornou à Espanha em março de 1493. No ano seguinte, foi celebrado o Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo não-cristão entre Espanha e Portugal.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O título de Reis Católicos</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Outros acontecimentos do reinado de Isabel foram o estabelecimento da Inquisição (1480), a conversão obrigatória dos judeus sob pena de expulsão e mais tarde também dos muçulmanos. Seu marido, Fernando, se </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">empenhou em libertar os Estados Pontifícios da invasão francesa.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Por essas ações em defesa da fé católica e da Igreja, Isabel e Fernando receberam do papa Alexandre VI, em 1496, o título de Reis Católicos (título herdado pelos descendentes do trono, inclusive pelo atual rei espanhol, Felipe VI).</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O fim</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">No final dos seus dias, as desgraças familiares começaram a atingi-la. A morte do seu único filho homem e o aborto da esposa dele, a morte da sua filha mais velha e do seu neto Miguel, a loucura da sua filha Joana - tudo isso levou-a a uma depressão profunda, que fez com que se vestisse sempre de luto. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Como se isso não bastasse, Isabel foi acometida de câncer no útero, doença que a mataria. Faleceu pouco antes do meio-dia de 26 de novembro de 1504, no Palácio Real de Medina del Campo. Tinha 51 anos de idade. Seus restos mortais, juntamente com os do seu esposo Fernando (morto em 1516) encontram-se na Capela Real de Granada.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Legado</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Seu neto Carlos I (filho de sua filha Joana, a Louca) herdou o trono espanhol em 1516 e mais tarde assumiu o trono do Sacro Império Romano, tornando-se o mais importante líder europeu de sua época. Isabel foi uma rainha poderosa e passou à história como a primeira rainha despótica da Europa. Graças a ela, a Espanha entrou no século XVI como o mais importante império do mundo, sobre o qual o sol nunca se punha. </div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-34129368313924424542021-09-09T10:45:00.002-03:002021-09-09T10:45:26.348-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">HELENA E A GUERRA DE TROIA</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Era uma vez uma moça chamada Helena. Ela vivia em Esparta, na Grécia Antiga. Era filha de ninguém menos que Zeus, o mais importante dos deuses gregos. Bem, é o que diz a mitologia grega. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Helena era considerada a mulher mais bela do mundo. Foi descrita pelo poeta Homero como de "faces rosadas". Outras fontes se referem a ela como "loira". Essa linda moça teria sido a causa de uma longa guerra, a Guerra de Troia, que durou 10 anos. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Quando ela tinha doze anos, seu pai adotivo, Tíndaro, resolveu que era chegado o momento de casá-la. Apareceram diversos pretendentes, incluindo alguns dos maiores líderes da Grécia. Por isso, Tíndaro hesitava em escolher um deles temendo enfurecer os outros. Finalmente, um dos pretendentes ajudou na decisão. Era Ulisses - cujo nome grego era Odisseu, de onde vem a palavra "odisseia"; ele era o rei de Ítaca. Ulisses sugeriu que todos os pretendentes jurassem proteger Helena e o marido que ela escolhesse, qualquer que fosse. Helena escolheu Menelau, que se tornou rei de Esparta. Ele era irmão de Agamenon, rei de Micenas. Quanto a Ulisses, casou-se com Penélope, igualmente filha de deuses. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Sobre Penélope, existe uma história bastante curiosa. Essa história conta que Ulisses, tendo ido para a guerra, ficou dez anos fora de Ítaca sem dar notícias. O pai de Penélope sugeriu que ela se casasse novamente. Ela, porém, fiel ao seu marido, recusou, dizendo que esperaria a sua volta.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Diante da insistência do pai e para não desagradá-lo, ela resolveu aceitar a corte dos pretendentes. Mas impôs uma condição: a de que somente escolheria um novo marido depois que terminasse de tecer um tapete. Com isso, ela esperava adiar o casamento o máximo possível. Então, ela adotou o seguinte estratagema: durante o dia, aos olhos de todos, Penélope tecia, e à noite, secretamente, ela desmanchava todo o trabalho. E foi assim que ela aguardou a volta de Ulisses.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Mas voltemos a Helena. Ela estava casada e tinha uma filha de nove anos.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Um belo dia, Esparta recebeu a visita de Páris, príncipe de Troia. No décimo dia da presença de Páris na cidade, Menelau teve de ausentar-se, viajando para longe. Ficando sozinho com a bela Helena, Páris se apaixonou por ela e ambos fugiram para Troia. Isso era inaceitável. Então, ao voltar, Menelau invocou o compromisso que Ulisses e os outros haviam feito de proteger Menelau e Helena. Foi assim que os reis uniram suas forças para fazer guerra contra Troia. A eles se juntaram heróis gregos, entre eles Aquiles - cujo único ponto vulnerável era o calcanhar; daí a conhecida expressão "calcanhar de Aquiles". </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A intenção declarada era a de vingar a ofensa cometida por Páris a Menelau e resgatar Helena. A principal fonte literária para o conhecimento dessa guerra é "Ilíada" - do grego "Ilion", antigo nome de Troia. Esse é um dos livros do lendário poeta grego chamado Homero; o outro é "Odisseia", de que falarei mais adiante.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Os gregos impuseram a Troia um cerco que durou dez anos, sem que tivesse um vencedor. Mas num certo dia, os troianos perceberam que o acampamento dos gregos estava vazio. "Oba!" pensaram eles. "Os gregos abandonaram a guerra!" E até festejaram ao encontrar um enorme cavalo de madeira estacionado na porta da cidade. Acreditaram tratar-se um presente - daí a expressão "presente de grego". E o carregaram para dentro de suas muralhas. Porém, mal sabiam eles que tudo não passava de um truque dos gregos para conseguir entrar no território inimigo; na verdade, o "cavalo" estava cheio de soldados. À noite, quando os troianos estavam dormindo e a cidade indefesa, os soldados saíram de dentro do "cavalo" e atacaram a cidade. Graças a esse truque, os gregos venceram a guerra, e Menelau trouxe de volta para Esparta sua bela Helena.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Ulisses, por sua vez, fez a viagem de retorno para seu reino de Ítaca. Esse é o tema de "Odisseia", o outro livro que se atribui a Homero. A viagem foi tão complicada que Ulisses demorou 20 anos para chegar a sua casa! E, ao chegar, matou todos que estavam assediando sua fiel esposa, Penélope.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-69810366660386097312021-09-09T10:44:00.001-03:002021-09-09T10:44:10.262-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">CRISTIANISMO, PRIMEIROS TEMPOS</span></p><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Por volta do ano 50, o cristianismo começou a ser divulgado em Roma, e de lá se disseminou por todas as regiões do Império Romano, e entre todos os grupos sociais,</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Os pobres, os oprimidos e os escravos foram, em particular, atraídos pela vida e pelo exemplo de Jesus Cristo. A nova fé ensinava que o valor das pessoas não dependia de seu nascimento, talento ou posição social.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">As autoridades romanas sempre haviam sido tolerantes com as religiões dos outros povos. Mas o cristianismo apresentava características que pareciam suspeitas e ameaçadoras para o Império. Os cristãos faziam reuniões secretas, desprezavam a hierarquia social, rompiam radicalmente com a tradicional religião romana, recusavam-se a prestar o serviço militar e negavam-se a cultuar os imperadores.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Isso inquietava os responsáveis pela manutenção do Estado e tradições de Roma. Com o imperador Nero, tiveram início as perseguições. Os cristãos passaram a ser detidos, queimados vivos ou usados para proporcionar diversão nas arenas dos anfiteatros, onde eram estraçalhados por animais ferozes. Segundo a tradição cristã, um dos primeiros martirizados foi o apóstolo Pedro, morto em Roma, possivelmente em 65 d.C.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A firmeza com que os seguidores de Cristo enfrentavam o sofrimento, porém, dava mais força aos que permaneciam fiéis, além de atrair novos seguidores.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A propagação do cristianismo se acentuou no século III, quando teve início o enfraquecimento do Estado romano, particularmente afetado pela crise do escravismo. As perseguições se encerraram quando o imperador Constantino assinou, em 313, o Edito de Milão, concedendo liberdade religiosa aos cristãos.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A IGREJA CATÓLICA</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Ao mesmo tempo em que se difundia, a nova religião consolidava sua doutrina. Simultaneamente, estruturava-se como Igreja, palavra derivada do grego ekklesia, o mesmo que assembleia. Denominou-se também católica, que quer dizer universal. Como disse Santo Inácio de Antioquia, um dos primeiros bispos, que viveu entre 35 e 107 d.C. : "onde está Jesus Cristo está a Igreja Católica".</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">No princípio, havia muitas divergências sobre as "verdades" que norteariam a crença dos fiéis. Foi o próprio imperador Constantino quem tomou a iniciativa de convocar uma reunião (ou concílio) com os bispos da Igreja para definir seus preceitos. Essa reunião foi o Concílio de Nicéia, de 325, que definiu o Credo cristão. A partir desse momento, as opiniões divergentes dentro do cristianismo passaram a ser consideradas heresias, e foram duramente combatidas. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Finalmente, entre 380 e 392, o imperador Teodósio reconheceu a Igreja Católica como a igreja oficial do Império Romano. O culto aos antigos deuses romanos permaneceu mais tempo entre os camponeses, chamados "paganus", em latim; daí veio a palavra "pagão" para designar aqueles que ainda não haviam sido batizados.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-29784499893785940582021-09-09T10:42:00.002-03:002021-09-09T10:42:56.646-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">CATARINA, A GRANDE</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Catarina II, imperatriz da Rússia de 1762 até sua morte em 1796. Por suas realizações, foi cognominada Catarina, a Grande, e seu período de governo foi considerado a Era Dourada do Império Russo. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Ela nasceu em 21 de abril de 1729 e recebeu o nome de Sofia Augusta Frederica. O nome Catarina foi adotado depois. Seu pai, Cristiano Augusto, não pertencia à alta nobreza, mas ostentava o título de príncipe – príncipe do pequeno estado Anhalt-Zerbst, pertencente ao reino da Prússia (que veio a ser a Alemanha um século e meio mais tarde).</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Enquanto crescia, Sofia recebia uma educação esmerada, como era comum entre príncipes e princesas. Sofia tinha ama, tutor, governanta, professores de música, dança, equitação, religião, etiqueta e idiomas. Aprendeu a falar e escrever corretamente em francês, que era o idioma das pessoas cultas na época. Curiosidade: nas famílias nobres germânicas, a língua nativa, o alemão, era considerada uma língua vulgar.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Ela era prima em segundo grau de Carlos Pedro Ulrich, único neto vivo de Pedro, o Grande, que havia sido Czar da Rússia. Era, portanto, herdeiro do trono russo, ocupado naquele momento por sua tia, a imperatriz Elizabeth, cujo reinado se estendeu de 1741 a 1761.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Quando tinha 14 anos, Sofia foi para a Rússia, convidada por sua tia, que pretendia casá-la com Carlos Pedro Ulrich (mais tarde, imperador Pedro III). A viagem de trenó, em pleno inverno, demorou 23 dias. Uma vez em Moscou, para habilitar-se à nova posição, Sofia converteu-se à Igreja Ortodoxa. [Explicação: Igreja Ortodoxa é como passou a chamar-se um dos ramos em que se dividiu a Igreja Cristã em 1054. Desde esse fato, passaram a existir a Igreja Católica, no ocidente, e a Igreja Ortodoxa, no oriente.] E após a celebração do noivado com Pedro, Sofia recebeu o nome de Catarina que lhe foi dado pela imperatriz.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O casamento se realizou em 1745. Os noivos receberam os títulos de grão-duque e grã-duquesa, e ambos eram tratados por Sua Alteza Imperial. Ele foi declarado herdeiro do império, sucessor de Elisabeth. De Catarina esperava-se, apenas, que desse um herdeiro para o trono.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Era grande a pressão para o jovem casal gerar um herdeiro, mas a relação entre Catarina e Pedro, entretanto, não era boa. As diferenças entre eles eram enormes. Pedro não se preocupava em preparar-se para um dia exercer as altas funções de imperador; era displicente, pouco inteligente e não levava nada a sério, a não ser brincar de soldado. E, para piorar, nunca assumiu efetivamente a condição de marido.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Além disso, marido e mulher tinham preferências muito distintas. Pedro não era dado à leitura, nunca se converteu verdadeiramente à Igreja Ortodoxa, e nem fez questão de aprender o idioma nacional. Em vez disso, manteve sua convicção luterana e continuou a cultivar simpatia pela cultura e pela monarquia da Prússia, sua terra natal.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Catarina, por sua vez, encarava suas responsabilidades com seriedade, Interessando-se pela política e pela diplomacia. Gostava de dançar e fazia questão de exibir sua beleza nos salões. Também gostava de ler: entre suas leituras se incluem os autores iluministas. Dois deles, Diderot e Voltaire, se tornaram grandes amigos. E, desde o começo de sua vida em seu novo país, Catarina percebeu que para ser bem sucedida devia aprender a língua e incorporar os valores da cultura russa.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Assim, em virtude das muitas diferenças, aconteceu algo comum nos casais reais da época: tanto Pedro quanto Catarina tiveram amantes, com o consentimento recíproco.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">E foi de seus amantes (chamados “favoritos”) que Catarina teve seus três filhos. O primeiro deles nasceu em setembro de 1754. Recebeu o nome de Paulo e se tornou o primeiro na linha de sucessão do trono.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em dezembro de 1761, a imperatriz Elizabeth morreu. Ela tinha 53 anos de idade e tinha governado por 20 anos. Imediatamente, o grão-duque foi proclamado Pedro III, imperador da Rússia. Porém, o reinado de Pedro durou pouco. Estabanado, ele fez tudo o que podia para perder o apoio dos pilares do Estado russo: a Igreja Ortodoxa e o Exército. Como se isso não bastasse, abandonou os aliados da Rússia, ao celebrar a paz em separado com a Prússia, com quem os russos travavam uma guerra havia vários anos. E, para piorar, provocou uma guerra contra a Dinamarca.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Ao mesmo tempo em que Pedro perdia a simpatia dos russos, sua mulher, Catarina, se tornava cada dia mais popular. Tinha aliados fiéis no governo e no Exército. Esses amigos começaram a trabalhar para tirar Pedro do poder e colocar Catarina. A oportunidade apareceu no final de junho de 1762, quando Pedro se afastou da capital para treinar os soldados que iriam para a guerra contra a Dinamarca.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Quando seus amigos deram o sinal, Catarina se pôs à frente das tropas sublevadas e marchou na direção do local onde estava Pedro. Ele foi preso antes mesmo da chegada dela. Foi enviado para uma prisão domiciliar e, sete dias depois, acabou sendo morto por alguns dos mais leais amigos da nova imperatriz.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Catarina sabia que não tinha nenhum direito à coroa. E, por maior que fosse a aceitação de seu nome, ela era, em resumo, uma usurpadora. Por isso, tratou de consolidar apoios por meio da distribuição de condecorações, promoções, dinheiro e propriedades. Presenteou até mesmo os poucos adversários. Em setembro, ela foi coroada numa cerimônia grandiosa realizada em Moscou. Durante a cerimônia, Catarina ouviu o sacerdote descrever sua ascensão como obra de Deus e dizer a ela que “o Senhor colocou a coroa em sua cabeça”. Isso legitimava seu reinado.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Nos anos seguintes, ela iria governar o império russo de forma exemplar e conduzi-lo à posição de maior potência da Europa. Catarina exerceu o poder de forma absolutista. Sua assinatura num decreto era lei e, se essa fosse sua vontade, poderia significar vida ou morte para qualquer um de seus súditos. Uma demonstração de seu poder ocorreu logo após sua ascensão ao trono. Até então, sua pensão como imperatriz equivalia a 1/13 da receita da nação. Ela decretou que daí em diante não haveria mais distinção entre suas finanças pessoais e as da nação. Ou seja, ela poderia gastar quanto quisesse!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Apesar da imensa concentração de poder em suas mãos, porém, Catarina não podia tudo. Um exemplo dessa limitação foi sua incapacidade para acabar com a servidão. [O servo é uma situação intermediária entre o homem livre e o escravo. Existe servidão quando existem servos; assim como existe escravidão quando existem escravos.] Os servos eram camponeses, e na época constituíam a metade dos 20 milhões de habitantes da Rússia. A maior parte dos servos não eram livres. Também não eram escravos, mas eram tratados como se o fossem; até para viver, dependiam da vontade de seus senhores. Catarina era pessoalmente contra a servidão, mas nada pôde fazer diante da resistência dos senhores de terra e proprietários dos servos – a nobreza. (A servidão somente seria extinta na Rússia em 1861, apenas dezessete anos antes de a escravidão ser abolida no Brasil.)</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Uma das medidas mais importantes de Catarina só foi possível por causa do seu poder absoluto. Foi um decreto que transferia todas as terras e propriedades da Igreja Ortodoxa para as mãos do Estado. A partir de então todos os membros do clero se tornaram assalariados pagos pelo Estado. Essa medida diminuía o poder da Igreja Ortodoxa e aumentava a riqueza do Estado governado por Catarina. O clero, obviamente, protestou, mas teve de aceitar.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Outra iniciativa importante da imperatriz foi convocar uma comissão legislativa, que reuniu 564 delegados, para discutir queixas e sugestões, e revelar as necessidades de todas as classes e regiões do império. No final de seu trabalho, a comissão devia elaborar um código de leis para o império russo. Mas isso não aconteceu. Após haver se reunido durante 18 meses, sem ter chegado a resultados práticos, a comissão foi dissolvida pela imperatriz.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A relativa tranquilidade do reinado de Catarina foi perturbada por uma revolta popular de grandes proporções, iniciada em 1773. Seu líder era um soldado desertor, analfabeto, chamado Iemelian Pugachev. Dizendo-se o imperador Pedro III, ele prometia prender a imperatriz Catarina, acabar com a servidão e exterminar os nobres. Atraiu uma grande massa de descontentes de regiões remotas da Rússia e chegou a ameaçar a capital, Moscou. Em 1775, Pugachev foi preso, torturado e morto.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Durante o reinado de Catarina, a Rússia enfrentou e venceu, duas vezes, o Império Otomano (Turquia). As vitórias lhe permitiram anexar a Crimeia e outros territórios no Mar Negro. Essas conquistas possibilitaram aos russos realizar um velho sonho: a livre passagem de seus navios para o mar Mediterrâneo.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A oeste da Rússia, estava o reino da Polônia, que possuía territórios que interessavam à Rússia. Catarina, aos poucos, foi tomando esses territórios, e em 1795 acabou por abocanhar cerca da metade do país. O restante foi dividido entre a Prússia e Áustria. A Polônia foi riscada do mapa. (A Polônia somente voltaria a existir 123 anos depois, em 1918, no final da Primeira Guerra Mundial.)</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Catarina era amante das artes e da cultura. Uma de suas iniciativas mais duradouras foi a criação do Museu Hermitage, apenas um ano após sua subida ao trono. Nos séculos seguintes, o Hermitage não parou de crescer, e se tornou um dos maiores museus de arte do mundo: possui mais de três milhões de peças. Se um visitante dedicar 8 horas diariamente para visitar o museu e gastar um segundo para ver cada peça, ele vai precisar de nada menos do que 104 dias para ver todo acervo!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A simpatia de Catarina pelo iluminismo sofreu uma reviravolta total a partir do início da Revolução Francesa, em 1789. Os revolucionários franceses se inspiravam nas ideias dos escritores iluministas que Catarina admirava. Mas, temerosa de que as mesmas ideias se voltassem contra ela, Catarina não hesitou em introduzir a censura na Rússia. Primeiramente, proibiu a importação de jornais e livros franceses. Posteriormente, em 1796, pouco antes de sua morte, a imperatriz decretou o fechamento de todas as gráficas privadas e a obrigação de que todos os livros fossem apresentados a um censor do Estado antes de sua publicação. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Catarina governou por 34 anos e </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">transformou a Rússia na maior potência da Europa na época e foi cognominada “Catarina, a Grande”. Faleceu em setembro de 1796, vítima de um derrame cerebral (AVC) e foi sucedida por seu filho Paulo I.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-53618234046001944462021-09-09T10:41:00.001-03:002021-09-09T10:41:06.937-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">ALBERT SCHWEITZER</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Existiram (e ainda existem) pessoas extraordinárias. Não temos como não deixar de admirá-las. E por mais que a gente elogie, ainda é pouco. Vou dedicar essa postagem a uma pessoa que se encaixa nessa categoria. Confira.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Trata-se de Albert Schweitzer, que dedicou seus talentos e a própria vida à ação humanitária. Nascido em 1875, em território da Alemanha, hoje pertencente à França; ele próprio se considerava francês. Diplomou-se simultaneamente em Teologia e Filosofia, e tornou-se professor da própria universidade em que estudara. Paralelamente, dedicava-se à música erudita, destacando-se como organista e exímio intérprete de Bach, e à religião, sendo pastor de igreja.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Não satisfeito com tudo isso, aos trinta anos, em 1905, começou a estudar medicina, motivado pela situação de penúria dos habitantes das colônias europeias na África, particularmente carentes de assistência médica.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Seis anos depois, já formado, partiu para Lambaréné, no Gabão, que era então uma colônia francesa. Pretendia trabalhar numa missão evangélica, que havia aberto um posto de saúde e necessitava de médicos.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Ali, deparou-se com absoluta falta de recursos, mas não desanimou – improvisou um consultório num antigo galinheiro! Apesar do clima, da falta de higiene, das dificuldades com o idioma dos nativos, da carência de remédios e de instrumentos de trabalho, ele continuou atendendo seus clientes, numa média de 40 por dia. E ainda sobrava tempo para ensinar o Evangelho para os habitantes locais!</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Durante a Primeira Guerra Mundial, Albert Schweitzer e sua família foram levados para a França, como prisioneiros de guerra (França e Alemanha estavam em campos opostos), e foram mantidos em um campo de prisioneiros. Com o final da guerra, Schweitzer circulou por diversos países da Europa, realizando palestras e dando concertos, com o objetivo de angariar fundos para retomar sua obra na África. Tornou-se conhecido em muitos círculos intelectuais do continente europeu.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">E após sete anos de permanência na Europa, em 1924, partiu novamente para Lambaréné. Dessa vez, levava consigo médicos e enfermeiras, uma das quais era sua própria esposa. Construíram um hospital. Contando, agora, com a colaboração de uma equipe de profissionais, Schweitzer pôde dedicar parte de seu tempo a escrever livros, fazer palestras e dar concertos, cuja renda servia para manter o hospital.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em 1952, recebeu o Prêmio Nobel da Paz, como homenagem a uma intensa vida inteiramente dedicada ao propósito de servir ao bem comum. Faleceu em Lambarené, no Gabão, aos 90 anos de idade.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-16138145438753700912021-09-09T10:40:00.002-03:002021-09-09T10:40:16.510-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">MARIA ANTONIETA, rainha da França </span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Seu nome de batismo era Maria Antônia. Era arquiduquesa e filha dos imperadores do grande Império Austríaco. E foi usada por sua mãe (quando já viúva) como moeda para expandir ou construir novas alianças para o império. A jovem princesa deu o grande azar de ser oferecida em casamento a Luís Augusto, Delfim de França e futuro rei Luís XVI.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em abril de 1770, foi celebrado o casamento por procuração. A partir desse momento Antônia foi oficialmente chamada de "Marie Antoniette, Dauphine de France". Para nós, ficou sendo Maria Antonieta.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em 21 de abril de 1770, seguida por um suntuoso cortejo de cinquenta e sete carruagens, Maria Antonieta despediu-se de sua família e deixou Viena para nunca mais voltar. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">No mês seguinte, ela já estava na França e o casamento oficial foi celebrado com grande pompa numa cerimônia solene no Salão dos Espelhos, no palácio de Versalhes.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Quatro anos depois, como resultado da morte de seu avô, Luís XV, o Delfim foi coroado rei; Maria Antonieta se tornou, então, rainha da França. Tinha apenas 18 anos. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Naquele tempo, as princesas eram educadas para um dia se tornarem rainhas. Apesar disso, Maria Antonieta, além de muito jovem, não estava preparada para lidar com a Corte de Versalhes. Eram centenas de pessoas, talvez milhares, com regras próprias de convívio e intrigas de todo tipo. Pode-se dizer que a Corte formava um "Estado dentro do Estado".</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A vida de Maria Antonieta não era nada fácil. Por ser da Áustria, um inimigo histórico da França, ela nunca foi bem aceita pela Corte. Mesmo o marido se mantinha distante. A história registra que ela permaneceu virgem por sete anos! Foi somente em 1778, que ela deu à luz uma filha, e ainda demorou outros três anos para ela ter um filho homem, o tão desejado sucessor ao trono. (Ela e Luís XVI tiveram quatro filhos, dos quais apenas a primogênita chegou à idade adulta.)</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Durante todo o tempo, não paravam de circular boatos que prejudicavam sua imagem junto ao povo: acusavam-na de gostar de luxo, de promover festas, de gastar rios de dinheiro no jogo, de ter amantes e até de coisas piores. Ela poderia ter sobrevivido a isso se a situação financeira do reino fosse boa. Mas não: depois de 1778, a economia só fez piorar. Começaram a ocorrer motins por todo o país. Certa dia, os manifestantes foram até Versalhes reclamar que não tinham pão. A rainha teria então dito a frase que se tornou famosa: "Se não tem pão, que comam brioches!" A frase pode não ser verdadeira, mas refletia uma situação real, ou seja, a de que o governo estava distante do povo.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Como resultado da crise, em 1789, teve início a grande Revolução Francesa. A violência se espalhou pelo país. O povo cansado de séculos de exploração atacava os castelos e matava os odiados nobres. Muitos fugiram da França por temerem pela vida. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em 1791, o próprio Luís XVI, disfarçado de criado, tentou fugir do país, levando a família. Porém, a poucos quilômetros da fronteira, foi reconhecido e preso, e levado de volta. O rei e a família foram mantidos em prisão domiciliar em Paris. Luís XVI foi acusado de traição e condenado à morte. Foi guilhotinado, em 21 de janeiro de 1793.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Maria Antonieta continuou presa, aguardando o julgamento. Foi acusada de conspiração, assassinato, falsificação de assinaturas e revelação de segredos aos inimigos da França. Defendeu-se com vigor. O julgamento, entretanto, era apenas uma farsa, pois o resultado já estava definido desde o início. Na manhã de 16 de outubro de 1793, uma quarta-feira, foi levada para a execução, para a alegria do povo reunido na Praça da Revolução (hoje, Praça da Concórdia). Sem vacilar, subiu serenamente os degraus do cadafalso. Era mais ou menos meio-dia quando a lâmina caiu sobre seu pescoço. Tinha 38 anos.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-39601338134262054092021-09-09T10:39:00.002-03:002021-09-09T10:39:30.071-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">MAOMÉ E A FUNDAÇÃO DO ISLAMISMO</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Os árabes eram praticantes do politeísmo (embora também houvesse comunidades cristãs e judaicas). E a cidade de Meca era o centro religioso mais importante, além de ser um polo comercial. Estava situada num estreito vale em meio a uma região árida. E para lá confluíam as peregrinações religiosas dos beduínos. Era lá também que ficava a Caaba, santuário que abrigava inúmeros ídolos, além da Pedra Preta — provavelmente um pedaço de meteorito —, considerada sagrada. Além desse, existiam outros locais na cidade considerados importantes para os cultos politeístas dos povos árabes antigos.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A vida dos árabes passou por uma completa transformação com o advento de uma nova religião, o islamismo. Seu fundador foi </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Abu al-Qasim Muhammad ibn ‘Abd Allah ibn ‘Abd al-Muttalib ibn Hashim, mais conhecido como Maomé. Havia nascido justamente em Meca, provavelmente em 570. Órfão desde pequeno, Maomé foi adotado por um tio e se integrou às atividades comerciais da família. Durante grande parte da vida, foi condutor de caravanas, o que lhe permitiu entrar em contato com outros povos e conhecer outras culturas e religiões.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Maomé se casou várias vezes. A primeira foi com a jovem viúva Khadija, com quem teve seis filhos. Ficaram juntos por 25 anos, até a morte dela. Posteriormente, o profeta casou-se 13 vezes, para concretizar alianças políticas e expandir a religião,</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Segundo a tradição, quando Maomé tinha cerca de 40 anos, começou a ter revelações. Em uma delas, o anjo Gabriel teria lhe dito: “Há um só Deus, Alá, e Maomé é seu profeta”. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Ele havia sido escolhido para ser o último profeta na Terra. A partir dessas revelações, ele passou a pregar uma nova religião, o islã, que significa submissão a Deus. Seus principais fundamentos incorporavam crenças árabes tradicionais, judaicas e cristãs.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Após converter a própria família, Maomé passou a pregar o islã aos beduínos, em Meca. Os comerciantes da cidade, entretanto, receavam que o monoteísmo pregado pelo islã afastasse os peregrinos e prejudicasse seus negócios. Hostilizado e perseguido, Maomé fugiu de Meca, refugiando-se na cidade de Yatreb (hoje conhecida como Medina, isto é, cidade do profeta). O ano da fuga de Maomé (Hégira, em árabe), ocorrida em 622, é considerado o primeiro do calendário muçulmano.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em Medina, Maomé continuou pregando a nova religião, transformando-se em líder religioso, mas também político. Conseguiu reunir muitos aliados entre os comerciantes e os beduínos convertidos e, em pouco tempo, o islamismo conquistou muitos seguidores, impondo-se por toda a Arábia por meio da pregação e da força.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em 630, Maomé retornou vitorioso à cidade sagrada. Retirou da Caaba todas as imagens de deuses do culto politeísta, dedicando o templo unicamente à adoração de Alá.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Maomé faleceu pouco depois. Tinha então fundado uma religião - a que mais cresce em todo o mundo. Tinha também organizado um Estado teocrático e lançado os fundamentos ideológicos do império que iria se formar em seguida. Foi sucedido por califas (palavra que significa “substituto”). Os quatro primeiros foram escolhidos entre os familiares do profeta, começando por um de seus sogros, Abu Beker.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-7286413260295191362021-09-09T10:38:00.001-03:002021-09-09T10:38:05.139-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">GUERRA DE SECESSÃO NOS EUA </span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A Guerra de Secessão foi travada entre o Norte e o Sul dos EUA. É também chamada de Guerra Civil Americana, porque foi travada entre cidadãos do mesmo país, no caso, os EUA.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Teve início em 1861 e custou a vida de mais de 600 mil pessoas, um número que pode ter chegado a 750 mil. Um conflito dessas proporções só pode ter sido provocado por rivalidades muito sérias. Vejamos os fatos principais:</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">1. A região Norte dos Estados Unidos era a parte industrial do país e se apoiava no trabalho assalariado; o Sul, ao contrário, era predominantemente agrícola. Produzia algodão para exportação e dependia do trabalho escravo. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">2. A burguesia do Norte criticava o trabalho escravo e defendia o protecionismo alfandegário, isto é, o aumento das taxas de importação, para que seus produtos pudessem competir no mercado interno com os produtos vindos da Europa.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">3) Os sulistas, ao contrário, além da defesa da escravidão, eram favoráveis ao livre-cambismo, ou seja, uma política de liberdade comercial sem taxas protecionistas.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">3. A essas diferenças de ordem econômica se somavam as razões ideológicas. No Norte, a campanha abolicionista se intensificava e surgiam movimentos em favor da emancipação dos escravos. A campanha abolicionista crescia a cada dia e, em 1852, ganhou importante reforço com a publicação do livro A cabana do pai Tomás, de Harriet Beecher Stowe, que narrava a dolorosa existência dos escravos nas fazendas do Sul. Imediatamente, o livro se tornou um best-seller.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">4) Ainda havia a questão da expansão do trabalho escravo para novas regiões que estavam sendo incorporadas aos Estados Unidos. O Sul defendia a extensão da escravidão para esses novos territórios; o Norte obviamente era contra.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">5. Em meio a esses embates, em 1860 foi eleito presidente dos Estados Unidos o nortista Abraham Lincoln, membro do Partido Republicano. Ele era favorável a uma política protecionista e opunha- -se à escravidão</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">6) Assim que a vitória de Lincoln foi confirmada, a Carolina do Sul proclamou a separação da União, sendo seguida por outros dez estados sulistas. Juntos, eles formaram uma nova estrutura política nacional, os Estados Confederados da América. O novo país tinha sua capital em Richmond, na Virgínia. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O conflito teve início em 12 de abril de 1861, quando tropas confederadas tomaram de assalto o forte Sumter, na Carolina do Sul, que pertencia à União. Três dias depois, Lincoln declarou guerra à Confederação. O conflito durou quatro anos e culminou com a vitória do Norte. A abolição da escravidão foi decretada em 1º de janeiro de 1863 e reafirmada com a promulgação da 13ª Emenda Constitucional em 1865. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Há muitos filmes que tem a Guerra de Secessão como tema. O mais conhecido é "...E o vento levou", de 1939. O filme tem quatro horas de duração!</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-27989241015035271662021-09-09T10:37:00.001-03:002021-09-09T10:37:05.754-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">SOCIALISMO/COMUNISMO</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">As palavras socialismo e comunismo são muito mal compreendidas. Este texto vai colocá-las numa perspectiva histórica para facilitar sua compreensão. Espero que você leia e fique por dentro do assunto.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O começo</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Tudo tem um começo. Para o socialismo, essa história começa em meados do século XVIII, já lá se vão 270 anos! </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Foi quando se iniciaram as transformações provocadas pela Revolução Industrial que consolidou o sistema capitalista. Esse sistema deu origem a duas classes sociais bem diferenciadas: a burguesia (donos das fábricas) e o proletariado (trabalhadores das fábricas)</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O começo da industrialização foi cruel para os trabalhadores. Nada os protegia. Nem lei, nem partido, nem sindicato. Vítimas da exploração desenfreada, os trabalhadores foram lançados numa miséria crescente, em completo contraste com a riqueza que o trabalho deles criava. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Logo essa situação viu surgir um pequeno grupo de escritores, políticos e pensadores, dotado de um desejo de reforma da sociedade. Foram justamente as doutrinas e os princípios que eles defendiam que constituíram o socialismo, uma ideologia favorável aos trabalhadores.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O ponto de partida do socialismo era a crítica às desigualdades sociais criadas ou acentuadas pelo sistema capitalista. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Os primeiros socialistas achavam que a implantação do sistema socialista ocorreria de forma lenta e gradual, de forma pacífica, contando com a boa vontade da própria burguesia.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Eles foram chamados de socialistas utópicos. [A palavra “utópico” deriva de Utopia, título de um livro famoso que o inglês Thomas Morus escreveu no século XVI. Nessa obra, o autor descreve uma sociedade perfeita.]</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Marx e Engels</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Os autores da expressão “socialistas utópicos” foram Karl Marx e Friedrich Engels. Esses dois pensadores de origem germânica criticaram os primeiros socialistas por pretenderem alcançar uma sociedade socialista de uma forma que não era possível na prática – por isso, “utópica” -, pois dependia do consentimento e da ajuda da burguesia.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Marx e Engels fizeram uma crítica radical do capitalismo. Desenvolveram uma doutrina à qual deram o nome de socialismo científico ou comunismo. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em 1848, lançaram o Manifesto do Partido Comunista, que teve profundas e duradouras repercussões no movimento operário e socialista internacional.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Em resumo</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Para Marx e Engels, o capitalismo estava condenado à extinção, assim como haviam desaparecido também o feudalismo e o escravismo. O agente dessa extinção seria o proletariado.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Para a vitória do proletariado, era necessário organizar os trabalhadores em um partido revolucionário - o Partido Comunista. Em seguida, promover uma insurreição armada que levasse o Partido Comunista ao controle do Estado. O papel desse novo Estado era destruir a principal estrutura da sociedade burguesa: a propriedade privada dos meios de produção. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">E, no seu lugar, instituir a propriedade coletiva de todos os meios de produção. Esse Estado, controlado pelos trabalhadores, seria a ditadura do proletariado. Essa fase constituiria a fase socialista, e seria o primeiro estágio para a formação de uma sociedade sem classes e sem Estado. Quando, e somente quando, isso tivesse acontecido (ou seja o fim das classes e do Estado) teríamos, então, a tal sociedade comunista, entendida como uma sociedade da liberdade e da abundância.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Na prática... bem na prática a teoria resultou em algo completamente diferente. Os países que adotaram o socialismo se transformaram em ditaduras opressivas. Mas ainda é preciso acreditar numa utopia, ou seja, num mundo melhor, mesmo que demore 200 ou 300 anos.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-81051071547415995112021-09-09T10:36:00.001-03:002021-09-09T10:36:10.611-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">Cabanagem (1835-1840)</span></p><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A história brasileira não tem nada de pacífica, nem o povo brasileiro é passivo, como às vezes se diz. Tome-se como exemplo a Cabanagem, a mais violenta das revoltas brasileiras. [Atenção: não confundir com a Cabanada, que ocorreu em Pernambuco quase na mesma época.]</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Contexto histórico</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O palco da Cabanagem foi a antiga província do Grão-Pará, formada pelos atuais estados de Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Rondônia. Sua capital era a cidade de Belém.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Essa província era um foco de tensões desde a época da independência. Vamos lembrar que, desde 1831, o Brasil era governado pela Regência, que substituía D. Pedro II, ainda criança. E também que, no tempo do Império, os presidentes de províncias (hoje chamados governadores de estado) eram nomeados pelo governo central, sediado no Rio de Janeiro.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A província do Grão-Pará tinha cerca de 100 mil habitantes. Grande parte dela era composta de negros (escravos ou não), mestiços e índios. Viviam da extração de produtos da floresta. Tinham como moradias cabanas de pau-a-pique, erguidas nas margens dos rios e igapós da Amazônia; daí veio termo cabanos. E, por constituírem a maioria dos revoltosos, a revolta ficou conhecida com o nome de Cabanagem. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Por conta da situação de miséria a que grande parte da população estava submetida, volta e meia ocorriam pequenas revoltas. Os problemas se agravaram quando o presidente da província, Bernardo Lobo de Sousa, em 1834, tentou colocar em vigor algumas medidas repressivas. Uma delas determinava que os suspeitos de participarem de agitações e revoltas seriam recrutados à força para servir nas tropas governamentais. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Início da revolta</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A Cabanagem começou na noite de 6 para 7 de janeiro de 1835. Um grupo de rebeldes ocupou Belém, depois de muitos tiroteios. O governador foi preso e executado, e o poder passou para as mãos dos cabanos. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Entre seus líderes estavam Eduardo Angelim, os irmãos Francisco Pedro e Antônio Vinagre (ambos lavradores), o fazendeiro Clemente Malcher, o jornalista Vicente Ferreira Lavor e o padre Batista Campos.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A tomada do poder não foi a parte mais difícil. A maior dificuldade era manter o poder e estabelecer um governo estável. Não havia projetos e sobravam enormes divergências entre os próprios líderes do movimento. E essa foi a principal causa do fracasso da rebelião. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Clemente Malcher, que assumiu a chefia do governo cabano, jurou fidelidade ao imperador e declarou que permaneceria no poder até a maioridade do herdeiro do trono. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Outros líderes, como Eduardo Angelim e Antônio Vinagre, porém, mais ligados às camadas populares, discordavam de Malcher, e pregavam a ruptura de todos os laços com o poder imperial.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Malcher tentou um golpe, mandando prender os opositores. Estes reagiram, prenderam Malcher, que foi executado. Foi substituído por Francisco Vinagre. Porém, Vinagre insistiu no erro de se declarar fiel ao governo imperial. Negociou uma anistia com o novo governador nomeado pela Regência e entregou o poder. O novo governador, porém, não cumpriu a promessa de anistia, e mandou prender os rebeldes, que tiveram de abandonar Belém e buscar refúgio no interior. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">República dos Cabanos</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">No mês seguinte, em agosto de 1835, cerca de 3 mil cabanos retomaram a capital. Desta vez, proclamaram a República, desligada do Império. O governo republicano chegou a tomar medidas importantes, tais como a introdução de uma moeda, a legalização do porte de armas e o confisco de terras. Mas traições e conflitos entre os líderes enfraqueceram a República dos Cabanos no momento em que precisou lutar para sobreviver.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Isso aconteceu em março de 1836, quando chegaram forças enviadas pelo governo imperial para tomar controle da província. Quatro navios de guerra se posicionaram diante de Belém e bombardearam a cidade. O governo dos cabanos não resistiu. O comandante das forças imperiais, brigadeiro Francisco José de Sousa Soares, assumiu como novo presidente do Grão-Pará, com poderes para exterminar a revolta.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Os rebeldes fugiram e esconderam-se no interior da província. Eduardo Angelim, o último presidente da República cabana, foi preso e enviado para julgamento no Rio de Janeiro.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Apesar de perseguidos, os cabanos continuaram a resistir até 1840, quando os últimos focos foram definitivamente eliminados. Os livros de História registram que, durante todo o conflito, morreram cerca de 40 mil pessoas, ou seja, 40% de uma população de cerca de 100 mil habitantes!</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Como lembrança resta, agora, o Memorial da Cabanagem, uma tardia homenagem ao movimento. Em 1985, foi inaugurado, em Belém, um monumento projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-66615950317585190722021-09-09T10:34:00.002-03:002021-09-09T10:34:30.722-03:00<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: inherit; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">CHARLIE CHAPLIN (1889-1977)</span></p><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Uma pequena biografia do maior gênio do cinema</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Charles Spencer Chaplin nasceu no dia 16 de abril de 1889, em Londres. Seus pais também eram artistas. Seu pai, Charles Spencer Chaplin, era vocalista e ator, e sua mãe, Hannah Chaplin, era cantora e atriz. Ambos se separaram antes de o pequeno Charlie completar três anos de idade. Por causa disso, Chaplin viveu por algum tempo num asilo e depois numa escola para órfãos e meninos pobres.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Ainda criança, por volta dos dez anos, começou a se apresentar no Music Hall (casa de espetáculos), dando início a sua carreira de artista.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Entre os anos de 1910 e 1912, viajou para os Estados Unidos, acompanhando o grupo de Fred Karno. Após um breve retorno à Inglaterra, Chaplin se transferiu definitivamente para os EUA.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">No final de 1913, foi contratado pelo estúdio Keystone. Ele fazia curta-metragens. Foi nessa época que nasceu Carlitos, o Vagabundo, seu famoso personagem que fez sua estreia em fevereiro de 1914.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Carlitos</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Carlitos é um andarilho pobretão, mas possui a dignidade e as maneiras refinadas de um príncipe. Usava uma bengala e trajava sempre um paletó apertado, calças esfarrapadas e sapatos maiores do que o seu número. Na cabeça, um chapéu-coco. Ah, não podemos esquecer o seu inconfundível bigode-de-broxa. O bigode de broxa foi popular até os anos 20. Mas então entrou em cena um tal de Hitler usando o dito bigode, e ele se desmoralizou para sempre.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O público amou o Carlitos, e lotava os cinemas para rir e se emocionar com aquele pobretão engraçado. Era o tempo do "cinema mudo", mas isso não era problema para Carlitos; na verdade, era uma vantagem. Os EUA eram um país de imigrantes, que falavam idiomas os mais diversos. Bastavam a mímica e os gestos para que todos entendessem o que Carlitos queria dizer.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Longas-megragens</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Chaplin ficou rico e construiu o seu próprio estúdio em Hollywood. Em 1919, Chaplin, junto com alguns sócios, fundou a distribuidora United Artists. Com isso, ele tinha além do estúdio, também a distribuidora, e assegurou sua independência como cineasta.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Além dos curta-metragens, ele começou a trabalhar com longas-metragens. Entre outros "Armas aos ombros" (1918) e o clássico "O garoto" (The Kid, 1921). E também as clássicas comédias "A corrida do ouro" (1925) e "O Circo" (1928).</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O "cinema falado" surgiu em 1927, mas Chaplin permaneceu no "cinema mudo" por toda a década seguinte. Foi então que ele produziu os superclássicos: "Luzes da Cidade" (1931) e "Tempos Modernos" (1936). Ele só se rendeu ao "cinema falado" em "O Grande Ditador", lançado em 1940, porque precisava fazer seu Vagabundo discursar. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O Grande Ditador</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O filme foi uma crítica contundente ao ditador alemão Adolf Hitler e o nazismo. Quando ele anunciou o projeto do filme, os governos alemão e políticos conservadores norte-americanos pressionaram para que desistisse. Mas Chaplin teve o apoio de ninguém menos que o presidente Franklin D. Roosevelt. Com isso, ele seguiu em frente, e já estava fazendo o filme quando a Segunda Guerra começou. Em "O Grande Ditador", Chaplin faz dois papéis: no principal, ele interpreta Adenoid Hynkel, ditador da "Tomânia", claramente calcado em Hitler. Secundariamente, fez o papel de um barbeiro judeu, fisicamente semelhante ao Vagabundo, sempre perseguido pelos nazistas.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">"O Grande Ditador" foi indicado ao Oscar em cinco categorias, mas não conseguiu nenhuma estatueta.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Técnicas de filmagem </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Chaplin demorava muito tempo para concluir seus filmes, bem mais do que outros diretores de sua época. Uma explicação para isso é que ele era extremamente perfeccionista. Mostrava a seus atores exatamente como eles deveriam atuar e se enfurecia quando as coisas não davam certo. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Segundo o ator Marlon Brando, que trabalhou com Chaplin, o comediante chegava a ser terrivelmente cruel com os atores.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Filmava dezenas de tomadas até conseguir a cena que ele queria. Conta-se que chegou a filmar uma mesma cena mais de cem vezes!</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Além de ator e cineasta</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Charlie Chaplin atuou, dirigiu, escreveu, produziu e financiou seus próprios filmes. Sua carreira no ramo do entretenimento durou mais de 75 anos. Começou com suas primeiras atuações, quando ainda era criança, nos teatros londrinos, e continuou quase até sua morte aos 88 anos de idade. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Algumas das músicas de seus filmes, como as de "O Garoto", "Luzes da Cidade", "Tempos Modernos" e "Luzes da Ribalta", permaneceram como obras inesquecíveis. Era um gênio de múltiplos talentos. Muitos o consideram o maior artista cinematográfico de todos os tempos. Era ao mesmo tempo ator, músico, cineasta, produtor, empresário, escritor, poeta, dançarino, coreógrafo, comediante, mímico e regente de orquestra. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Por sua enorme contribuição ao cinema, Chaplin recebeu inúmeros prêmios, culminando com o Oscar especial pelo conjunto da obra, concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos, em 1972.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Chaplin exilado</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Chaplin não era bem visto pelos setores políticos conservadores dos EUA, tanto por seus escândalos amorosos, como por sua crítica à exploração capitalista, que ficou clara no filme "Tempos Modernos". Isso piorou durante a Segunda Guerra Mundial. Chaplin fez campanha a favor da abertura de uma segunda frente contra a Alemanha. Convém lembrar que até aquele momento, 1942, todo o peso da luta contra os nazistas estava recaindo sobre a URSS. Por esse posicionamento em favor da URSS, Chaplin foi boicotado em cinemas dos EUA. Chegou mesmo a ser acusado de comunista, e foi incluído na Lista Negra de Hollywood.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Ao realizar uma turnê pela Europa, em 1952, Chaplin se viu na impossibilidade de regressar aos Estados Unidos. Era a época do macarthismo: de feroz perseguição a todos os suspeitos de simpatia pelo comunismo. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Foi esse clima que intolerância que o FBI aproveitou para revogar o visto de Chaplin. Sem poder voltar para os EUA, ele se exilou na Suiça com sua mulher. Tinha então 63 anos. E só voltaria aos EUA vinte anos depois para receber o Oscar. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Os casamentos</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Chaplin teve uma vida amorosa conturbada e repleta de escândalos, os quais faziam a alegria dos jornais. Chegou a ser processado e chamado de pedófilo! Isso acontecia porque ele gostava de receber candidatas jovens para seus filmes, muitas vezes como dublês das atrizes principais. </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Chaplin casou-se quatro vezes. O primeiro foi Mildred Harris. O cineasta a tomou como amante quando ela tinha 16 anos. Mas quando ela revelou que estava grávida, a mãe da moça ameaçou Chaplin com um processo. Temendo as repercussões, ele aceitou o casamento, que ocorreu em 1918. Entretanto, separaram-se dois anos depois quando ele descobriu que Mildred havia mentido sobre a gravidez.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A esposa seguinte foi Lillita MacMurray, que ele conhecia desde criança. Tornaram-se amantes quando ela tinha apenas 12 anos! Aos 16, ela engravidou e ele aceitou casar-se. O casamento durou até 1928 quando Lilita, então com dois filhos de Chaplin, pediu divórcio.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">A terceira mulher de Chaplin foi a atriz Paulette Goddard. Conheceram-se em 1932, quando ela tinha 20 anos. Estiveram casados por quatro anos, entre 1936 e 1940. Paulette foi a atriz principal em dois grandes filmes de Chaplin: "Tempos Modernos" e "O Grande Ditador". </div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">O quarto e último casamento foi com Oona O'Neill, filha do dramaturgo irlandês Eugene O'Neill. Ele mesmo havia recomendado a filha ao cineasta para um teste como atriz. Mas em vez de atriz, ela se tornou esposa de Chaplin. À época, Oona tinha 18 anos e Chaplin era já um "idoso" de 54. Ao descobrir o relacionamento, Eugene, que tinha a mesma idade do comediante, ficou tão furioso que deserdou a própria filha! Chaplin viveu com Oona até o fim da vida. </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; margin: 0.5em 0px 0px; overflow-wrap: break-word; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;"><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Morte</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; font-family: inherit; transition-property: none !important;">Seu último filme foi "A Condessa de Hong Kong", filmado na Inglaterra e lançado em 1967. Pouco depois, a saúde de Chaplin começou a declinar. Em 1977, ele já tinha dificuldade para falar, e começou a usar uma cadeira de rodas. Morreu de morte natural, no Natal desse mesmo ano, aos 88 anos de idade, em sua casa na Suíça. Sua esposa, Oona O'Neill, que lhe deu oito dos onze filhos que o cineasta teve, faleceu em 1991 e foi sepultada ao lado do marido.</div></div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-86785903066868941152020-09-06T15:51:00.002-03:002020-09-06T15:51:54.290-03:00UM AVISO AOS INGÊNUOS: A revolução dos bichos<p> <span style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; white-space: pre-wrap;">UM AVISO AOS INGÊNUOS.</span></p><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">George Orwell foi um escritor inglês falecido em 1950, aos 46 anos de idade. Na juventude, foi um ardoroso militante socialista, que chegou a lutar na Guerra Civil espanhola contra os fascistas do general Franco.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">Na maturidade, desiludido com os rumos que o socialismo havia tomado, tornou-se um crítico de todas as formas de ditadura, fosse de direita ou de esquerda. Em 1945, publicou o livro "A revolução dos bichos", uma sátira ao regime socialista então em vigor na extinta União Soviética.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">Nesse livro, Orwell imagina que os bichos de uma granja na Inglaterra se revoltam, expulsam seu dono e assumem o controle da propriedade. Escreveram, então, uma lista com os 7 mandamentos da nova sociedade socialista do bichos, cujo primeiro mandamento dizia</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">- “Todos os animais são iguais”.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">Também distribuíram as tarefas. Aos porcos, reconhecidamente os mais capazes, coube a administração da granja e aos cachorros a manutenção da ordem. Aos demais, o trabalho e a produção. Aconteceu que, com o passar dos tempos, os porcos se atribuíram vários privilégios e os demais bichos não se atreviam a protestar com medo dos cachorros.</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">Um dia, porém, uma cena inusitada surpreendeu a todos os bichos: um porco caminhava sobre as duas patas traseiras e, o que era mais surpreendente, trazia nas mãos um chicote!</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">Os bichos cochicharam entre si, achando aquela cena muito errada. Então, resolveram consultar a velha lista dos 7 mandamentos que ficara afixada numa parede do celeiro. E só então se se deram conta de que os mandamentos haviam sido reduzidos para apenas um, que dizia:</div><div dir="auto" style="animation-name: none !important; background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 15px; transition-property: none !important; white-space: pre-wrap;">- “Todos os bichos são iguais, mas alguns são mais iguais do que os outros”.</div>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-61614548948782063402020-09-06T15:35:00.001-03:002020-09-06T15:35:12.801-03:00RÉQUIEM PARA OS PASSAGEIROS DO VOO 4U9525<p> </p><p style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><br /></p>
<p style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="color: #666666; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 9.0pt;">O alemão Andreas Lubitz era ainda jovem, bonito, com apenas 28
anos de idade. Vivia confortavelmente, com</span><span class="textexposedshow"><span style="color: #666666; font-family: "inherit","serif"; font-size: 9.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;"> um bom emprego, que ele havia batalhado muito para
conseguir. Tinha tudo para ser uma pessoa feliz.</span></span><span style="color: #666666; font-family: "Helvetica","sans-serif"; font-size: 9.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="color: #666666; font-family: "inherit","serif"; font-size: 9.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Para os que o conheciam, parecia
ser uma pessoa normal, saudável. Parecia, mas não era. Sofria de um mal mais
terrível, desses que uma pessoa, querendo, pode disfarçar muito bem e, até,
enganar os testes clínicos. Era depressivo, e por causa da doença vinha fazendo
um tratamento médico. Nas últimas semanas, a depressão talvez tenha se agravado
por causa do rompimento de um namoro. Para quem sofre de uma forte depressão, a
vida torna-se um fardo muito pesado, difícil de carregar, e tudo o que a pessoa
deseja é um alívio imediato. Quem passou por isso, sabe do que estou falando.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="color: #666666; font-family: "inherit","serif"; font-size: 9.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">No último dia 24, uma
terça-feira, Andreas tinha um atestado médico dispensando-o do trabalho, mas
ele não fez uso dele. Ao contrário: sentou-se no seu posto de copiloto do
Airbus A320 e se preparou iniciar o voo 4U9525 para Dusseldorf, na Alemanha. É
provável que, já nesse momento, ele devia estar flertando com a morte, coisa
normal para um depressivo crônico. Com pouco mais de uma hora de voo, o piloto
se ausentou da cabine, e Andreas sentiu que a hora do seu destino havia
chegado.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="color: #666666; font-family: "inherit","serif"; font-size: 9.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Voando sobre as nuvens, ele via
um céu azul à sua frente e podia ter pensando, não na morte, mas no belo
passeio que faria, depois do pouso, pelas belas estradas de seu país, desde o
aeroporto até a casa de seus pais, com quem vivia, a cerca de 130 km de
distância. Mas para um depressivo, a cabeça não pensa assim. Pensa de forma
diferente. Torna-se uma inimiga.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="color: #666666; font-family: "inherit","serif"; font-size: 9.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">Vendo-se sozinho, ele trancou a
porta e apertou o botão de descida. Durante alguns minutos, que devem ter-lhe
parecido uma eternidade, o avião baixou de uma altitude de mais 10 mil metros
de altura para algo como 2 mil metros. Ao se aproximar das altas montanhas da
cordilheira dos Alpes, Andreas manteve fixo seu objetivo: livrar-se do pesadelo
que o atormentava. Para ele, os demais ocupantes do avião haviam deixado de
existir. Tinham desaparecido de seu universo mental.<o:p></o:p></span></p>
<p style="background: white; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="color: #666666; font-family: "inherit","serif"; font-size: 9.0pt; mso-bidi-font-family: Helvetica;">A uma velocidade de setecentos
quilômetros por hora, ele mirou a montanha e mergulhou na eternidade, e levou
com ele mais 149 pessoas. <o:p></o:p></span></p>divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3084784023832372986.post-45883819156043871672018-04-25T18:55:00.000-03:002018-04-25T18:55:08.368-03:00<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">CONHECIMENTO
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>TRADICIONAL: CONCEITOS <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>E <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>DEFINIÇÕES<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<i><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tony
Marcos Porto Braga<b>1<o:p></o:p></b></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">INTRODUÇÃO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A região amazônica está sendo atualmente explorada pela imposição
de vários sistemas de utilização desenvolvidos em outros locais e frequentemente
inapropriados às suas características. Diante disso, surgem alguns
questionamentos que podem nos levar a uma melhor clareza e reflexão do tema em
questão. Morán (1994) afirma que nos últimos anos do século XX já vivíamos com
uma grande preocupação: será que a imensa floresta amazônica sobreviverá às
recentes depredações?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Poderá a medicina e a farmacologia descobrir na floresta novas substâncias
químicas para a cura de doenças até agora incuráveis? Serão as populações
indígenas arrasadas e dizimadas cultural e biologicamente? Diante desses
questionamentos, chegamos à outra questão proposta por Albuquerque (2006):
podem os cientistas, hoje, trabalhar a serviço da terra, se estamos mergulhados
em um referencial etnocêntrico? O mesmo autor afirma que esse etnocentrismo2
não nos permite reconhecer que outras culturas3 (ou pessoas), diferentes da
nossa, podem possuir um sistema de conhecimento igualmente válido, o qual possa
responder, orientar e organizar as relações dessas culturas com o seu ambiente.
Mais do que isso: trata-se de indagar como esse corpo de conhecimento pode
interferir na nossa própria percepção de realidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Sem sombra de dúvida é preciso discutir essas questões, sobretudo
as questões ambientais decorrentes das atividades humanas sobre o meio ambiente,
pois estão entre os temas modernos que exigem uma abordagem interdisciplinar.
Discutir esses conceitos em um período de nossa história científica caracterizado
pela intolerância e pelas ideias de superioridade étnica foi e continua sendo
uma tarefa árdua. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Diegues (2001) afirma que os especialistas de várias disciplinas
se veem forçados a cooperar entre si em razão do surgimento de problemas
complexos inerentes à vida social moderna, como demonstram estudos sobre o
desenvolvimento, a paz e o meio ambiente. No entanto, essa cooperação entre as várias
disciplinas do campo científico pode tornar-se falaciosa (4) quando ocorre em
situações como as existentes na elaboração da maioria dos Estudos de Impactos
Ambientais (EIA). Em grande parte desses estudos, existe uma “<i>pseudo-interdisciplinaridade</i>”,
na medida em que seu objetivo está pré-determinado: a aprovação de projetos de
desenvolvimento que apresentam impactos sobre o meio ambiente. O mesmo autor
esclarece que, no geral, trata-se de uma justaposição de diagnósticos
realizados por técnicos ou pesquisadores de várias disciplinas nas áreas de
biologia, geologia, geomorfologia, geografia, sociologia, economia e outras,
sem que haja a menor interação entre eles. O relatório final consiste na
justaposição de dados por um chefe de equipe que conhece de antemão qual deva
ser a conclusão final.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">O estudo dos impactos da ação humana sobre o meio ambiente se
localiza, no entanto, na interface entre as diversas ciências naturais e
sociais, demandando a contribuição e a ação das diversas disciplinas e dos <b>diversos
tipos de conhecimentos</b>. Dito de outra forma, na atual questão da
conservação da biodiversidade é preciso a participação ativa e o engajamento de
diferentes profissionais em um esforço articulado envolvendo as <b>populações
locais </b>(e seus <b>conhecimentos tradicionais</b>) nesse empreendimento.
Diversos estudos já documentaram que populações locais podem apresentar um
conhecimento refinado do ambiente em que vivem. Dessa forma, excluí-las de
processos que envolvam garantir a conservação da biodiversidade existente
parece ser uma fórmula ineficiente e danosa. Mas não se confunda essa
participação com educação ambiental, a ideia de que “<i>essas pessoas precisam
ser instruídas sobre as questões ambientais</i>”. Não se trata aqui de “<i>educar</i>”
essas populações, mas de estabelecer parcerias que possam assegurar a sua
sobrevivência biológica e cultural e que podem subsidiar alternativas viáveis e
politicamente sérias de desenvolvimento sustentável (Diegues, 2001;
Albuquerque, 2006).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">1
CONHECIMENTO TRADICIONAL: HISTÓRIA E A RELAÇÃO DO HOMEM COM O AMBIENTE<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Internacionalmente, o termo “tradicional” é utilizado como
adjetivo, referindo-se a tipo de manejo, tipo de sociedade, forma de utilização
de recursos, de território, modo de vida, grupos específicos e tipos culturais.
Diegues & Arruda (2001) definem <b>conhecimento tradicional </b>como o
conjunto de saberes e saber-fazer a respeito do mundo natural e sobrenatural, transmitido
oralmente, de geração em geração.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Precisamos, portanto, conhecer os caminhos percorridos historicamente
por diferentes gerações e suas ideias próprias sobre suas relações com o meio
ambiente, com o mundo natural. Este conhecimento, além disso, se faz necessário
para entendermos as polêmicas causadas por imprecisões de definição e pela
utilização de certos conceitos (muitos deles ecológicos) por áreas como
sociologia, antropologia e outras. Begossi (1993), ao estudar a “relação do
homem com o ambiente”, inclui tantos outros fatores (como econômicos, sociais,
psicológicos), que transcende a ecologia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Sociedades relativamente autônomas, como, por exemplo, algumas
populações isoladas da Amazônia, terão relações íntimas e de profunda
familiaridade com o meio ambiente do qual dependem para suprir suas
necessidades, enquanto uma sociedade na qual as comunidades são interdependentes
e especializadas, como, por exemplo, as urbanas, dependerão tanto ou mais das
suas relações institucionais com outras comunidades do que do ambiente físico
para sua sobrevivência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Portanto, quando falamos das relações entre o homem e o ambiente,
temos que observar com precisão o grau de relacionamento entre a população
humana e seu ambiente. Em alguns casos, o ambiente com o qual interage a
população é um ambiente físico (a natureza), enquanto em outros casos tal
ambiente serão principalmente as instituições sociais (isto é, a sociedade).
Contudo, com a possível exceção dos bandos primitivos da mais remota
pré-história, as comunidades humanas dependem da mediação social tanto ou mais
do que dependem do ambiente físico. Portanto, as relações ambientais do <i>Homo
sapiens </i>só podem ser compreendidas se nessa reflexão incluímos o papel da
cultura e das instituições sociais que, por milhares de anos, intervêm entre
nós e o ambiente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A diversidade de interações que as culturas humanas têm com o
ambiente vem sendo tema de trabalhos com enfoques variados. Essas relações de
conhecimento e ação entre populações e seu ambiente podem ser estudadas tanto
do ponto de vista das ciências biológicas como das ciências sociais. Para se ter
uma ideia, vejamos a interação da Ecologia com várias outras disciplinas, a
qual possibilitou, de forma extraordinariamente rica, analisar o comportamento
humano em interação com a natureza, representando o que se denomina <b>Ecologia
Humana</b>, como é bem exposto por Saldanha (2005) (5).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A história das teorias homem/natureza no mundo ocidental tem
criado certos temas persistentes e contraditórios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">É possível observar a influência de tais temas nas contradições e
nas atitudes relativas ao ambiente natural da Amazônia. De um lado, há a
tendência a considerar a Amazônia um “Inferno Verde”, uma região na qual só
populações com técnicas de subsistência simples podem sobreviver, devido às
limitações do ambiente quente e úmido, de solos pobres e chuvas torrenciais, como
afirmou Betty Meggers (1977). Morán (1994) afirma que esse enfoque justificou a
falta de atuação da sociedade brasileira na Amazônia, bem como a falta de
“progresso” por parte das comunidades no interior da região. De outro lado,
temos a tradição intelectual que vê a Amazônia como o “paraíso”, o “celeiro e o
pulmão do mundo” ou o “El Dorado”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Morán (1994) faz uma revisão das teorias sobre a interação homem/natureza
formuladas desde a Antiguidade e afirma que as mesmas refletem aspirações de grupos
dominantes nas sociedades hierarquizadas em que foram apresentadas. Essas teorias,
que serão mencionadas mais adiante, tiveram alguns de seus elementos
constituintes perpetuados por culturas tradicionais em diversas partes do
mundo. Antes de abordarmos o tema, porém, vale a pena apontar quais eram as
relações dos primeiros habitantes da América com os “descobridores”, cotejando
essas informações com as teorias que serão expostas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Os livros de História têm registrado que a América foi <i>descoberta
</i>por Cristóvão Colombo no dia 12 de outubro de 1492, quando aportou na ilha
que denominou de São Salvador (hoje Watling), no arquipélago das Bahamas, e que
o Brasil foi <i>descoberto </i>por Pedro Álvares Cabral no dia 22 de abril de
1500.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Tais registros, entretanto, são frutos do etnocentrismo europeu, pois
os “descobridores”, ao encontrarem a América, ou melhor, o Novo Mundo, habitado
por populações em graus diferentes de desenvolvimento cultural, às quais
chamaram de <i>índios </i>(porque Colombo pensou ter chegado às Índias), viram
nelas seres inferiores, exóticos, que precisavam ser “civilizados”, colonizados
e cristianizados. Por outro lado, as pesquisas arqueológicas, botânicas,
genéticas, linguísticas e outras têm levado a evidências que demonstram ser o
homem americano originário da Ásia. Assim, se ele não é autóctone, foi,
portanto o descobridor real desse Novo Mundo que os europeus revelaram ao Velho
Mundo. Eram, provavelmente, grupos de caçadores, os quais possuíam maneiras
peculiares de pensar, agir e sentir, maneiras estas que representavam a sua
adaptação diante da vida. Eles, provavelmente chegaram ao novo mundo com a finalidade
de sobreviver e aí viveram sem a preocupação de colonizar seus semelhantes, se
quisermos contrastar seu modo de vida com o processo de colonização que se
iniciou com a chegada dos espanhóis e portugueses (Oliveira, 1983, p. 144).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">As mais antigas teorias conhecidas sobre as interações homem/natureza
foram produzidas sob o estímulo do contato entre a <b>civilização grega </b>e
outras culturas. Os gregos no período pré-helênico penetraram no Egeu como
figuras dominantes do Mediterrâneo, criando colônias desde o Norte da África
até o Mar Negro. O <b>conhecimento tradicional </b>acumulado pelos babilônios,
persas, egípcios e hindus encontrou um ambiente acolhedor na Grécia, e ali
novos elementos foram incorporados no dia-a-dia da população e também em
diversas teorias. A <b>“teoria dos humores”</b>, que chegou a um alto grau de
elaboração na Índia, entre as culturas védicas, sofreu desenvolvimento ainda
maior na Grécia. <b>Empédocles </b>(504-443 a.C.) considerou o mundo como
composto por quatro elementos: fogo, terra, água e ar. A união desses elementos
criava tudo o que é vivo, enquanto que a falta de harmonia entre os elementos
seria responsável pela doença e morte. As teorias de Empédocles eram dinâmicas,
destacando equilíbrio e mudança como as duas forças responsáveis pelo fluxo dos
humores. De acordo com essas teorias, se uma mudança ocorria, o sangue mudava
em espessura e o sistema tentava voltar ao equilíbrio pelo uso de substâncias
que diluíam ou esfriavam o sangue. As teorias de Empédocles influenciaram o
pensamento cientifico por vários séculos e suas ideias sobre equilíbrio
dinâmico enquadravam-se bem com ideias contemporâneas sobre o processo
adaptativo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">O pensamento biológico dos gregos foi ainda mais influente através
da obra de <b>Hipócrates</b>. As teorias de Hipócrates incorporaram os quatro
elementos de Empédocles adicionando quatro qualidades que estariam presente em
todas as coisas: o frio, o calor, o seco e o molhado. Junto aos quatro humores
(isto é, sangue, fleuma, bile amarela e bile negra), esses fatores (agora se
tornam oito) serviam para diagnosticar todos os estados de saúde, doença e
personalidade. O sangue representava um humor que era quente e úmido; a fleuma
um humor frio e úmido; a bile amarela um humor quente e seco, e a bile negra um
humor frio e seco. Os órgãos do corpo produziam humores que tinham que se
manter em equilíbrio de forma a evitar doenças. Da produção equilibrada dos
humores vinha saúde, bom caráter e inteligência. Do desequilíbrio resultavam a
doença e a morte. Essas ideias persistem até hoje na medicina popular do
Brasil, e em partes da América Latina, para onde vieram trazidas pelos
espanhóis e portugueses.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Hipócrates é responsável pelo começo de uma tradição que continuou
até o século XX, que tentava explicar as diferenças entre as etnias a partir de
diferenças climáticas. Por exemplo, Hipócrates considerava que os asiáticos
eram estoicos em consequência do clima estável que levava a uma atitude tranquila
e serena.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">As teorias gregas surgiram tanto de <b>observações do homem e da
natureza </b>como da <b>herança de tradições antigas</b>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">De acordo com tais teorias, climas quentes e secos reduziam a
vitalidade, populações de climas mais brandos tinham uma natureza apaixonada, e
povos de climas frios possuíam fortaleza física. Implícito nessas teorias
estava o reconhecimento de que a posição estratégica dos gregos no Mediterrâneo
em grande parte era responsável pelo seu poderio. Por sua localização, os gregos
consideravam-se o povo mais bem governado e com um equilíbrio que lhes dava o
direito de serem os dirigentes de outras civilizações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A ascendência de Roma deu continuidade à tradição que apresentava
a posição geoclimática como justificativa para exercer o domínio político de
uma área. O autor romano <b>Vitrício </b>associou o sucesso romano à
localização ideal de Roma e o perfeito equilíbrio dos romanos graças ao efeito
salutar das latitudes médias. Para ele, os povos das latitudes nórdicas eram
fisicamente capazes e até corajosos, mas sem inteligência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Enquanto que os povos das regiões quentes eram capazes de aguentar
febre e sofrimentos, porém faltavam-lhes sangue e coragem. Os romanos, ao
contrário, achavam-se numa posição intermediária em relação aos extremos
climáticos, possuindo tanto coragem como inteligência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">O fim da dominação romana trouxe uma mudança no epicentro do
“perfeito ambiente” – das áreas mornas do Mediterrâneo para as áreas mais frias
da Europa. O domínio passou para regiões ocupadas por povos considerados anteriormente
corajosos, mas de pouca inteligência e com baixa capacidade de organização
política. Da mesma maneira, os árabes, que foram a civilização dominante por
vários séculos após a queda do império romano, acharam que seu controle era consequência
das condições geográficas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Uma das grandes tradições nos estudos das relações homem/ambiente
é tentar desenvolver classificações tipológicas que os relacionem. Uma das mais
antigas contribuições ao desenvolvimento de tipologias vem do grande
historiador e geógrafo árabe <b>Ibn Khaldum</b>. Ele dividiu o mundo e seus habitantes
em zonas climáticas e tentou analisar a contribuição do clima sobre aspectos
sócio-culturais. Khaldum considerou os habitantes de climas frios lacônicos e
com falta de vivacidade, em contraste com habitantes de climas quentes que eram
apaixonados e dados a prazeres físicos intensos. Povos das latitudes médias e
temperadas reuniam em suas personalidades o melhor das duas zonas, ou seja,
vivacidade e inteligência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Como seu próprio país não ficava dentro de nenhuma dessas zonas,
Khaldum argumentou que uma corrente fria ao largo da costa tinha um efeito
amenizador sobre o clima e que na realidade seu país possuía um clima ideal e
temperado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Os estudiosos árabes preservaram, traduziram e adicionaram suas
ideias aos clássicos greco-romanos. Assim, quando esses textos recomeçaram a
ser lidos na Europa, continham comentários dos intelectuais árabes e judeus de Córdoba,
Sevilha, Toledo, Bagdá e Damasco. <b>Santo Tomás de Aquino</b>, por exemplo,
aceitou as ideias de Aristóteles e de outros sobre a influência do clima nas
civilizações, acrescentando que uma área urbana deve ser bem ventilada e
drenada, além de possuir fontes de água. Assim, Santo Tomás de Aquino fez uma importante
conexão entre saúde de uma população e seu padrão de desenvolvimento. Como
Hipócrates, Aquino observou que os desequilíbrios ecológicos traduzem-se em
problemas sanitários, uma vez que a saúde resulta de um equilíbrio homeostático
entre um organismo e o meio físico e biótico em que normalmente vive.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">O século XVIII foi produtivo no que se refere às tipologias sobre
a evolução humana. <b>Turgot</b>, na sua <i>História Universal </i>(1750),
fundamentou-se em bases ecológicas: sociedades de caçadores desenvolveram uma
organização social no nível de bandos em função da necessidade de se deslocarem
para seguir a caça, resultando numa forma de organização dispersa que contribuiu
para a difusão dos povos pelo planeta. Observou também que a presença de
animais facilmente domesticados conduzia à formação de sociedades pastoris e à
concentração populacional, aumentando a possibilidade do surgimento de civilizações.
De acordo com Turgot, quanto maior a abundância de recursos naturais, maior
seria a população e mais provável o surgimento de sistemas políticos estáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">As ideias evolucionistas são muito antigas, mas no século XIX
começaram a receber mais atenção. Podemos considerar <b>Lamarck </b>o primeiro
grande evolucionista. Ele sugeriu uma teoria baseada no gradualismo evolutivo
por meio de herança de características adquiridas. Essencialmente, Lamarck
propunha modificações físicas para adaptar-se às mudanças ambientais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Até este ponto, Lamarck estava certo. Ele errou ao acrescentar que
tais mudanças que ocorrem na vida do indivíduo poderiam ser transmitidas às
gerações seguintes. Como sabemos hoje, as teorias de Lamarck aplicam-se ao
processo de <b>adaptação e evolução cultural</b>, mas não ao processo de
evolução das espécies.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">O caminho para uma síntese de teoria evolutiva foi facilitada pelas
contribuições da geologia. <b>Lyell</b>, em sua obra <i>Princípios de Geologia </i>(1830),
utilizou, pela primeira vez, registros geológicos com o objetivo de documentar
mudanças evolutivas de plantas e animais, relacionando as entidades biológicas
extintas com as ainda vivas. Lyell enfatizou o papel das mudanças ambientais e temporais
sobre as formas das comunidades bióticas. <b>Darwin </b>leu a obra de Lyell na
sua famosa viagem ao redor do mundo e reconheceu que sua leitura alterou sua
percepção sobre os processos de evolução biológica. <b>Lamarck </b>e <b>Lyell </b>também
influenciaram <b>Herbert Spencer </b>que, por sua vez influenciou <b>Darwin</b>.
Spencer enfatizou o papel da competição entre indivíduos, em vez do papel da
adaptação populacional. Spencer foi o primeiro a utilizar o termo “<i>a luta
pela sobrevivência</i>”, tentando explicar como o progresso resulta da
competição. Infelizmente, suas teorias foram utilizadas na construção de
teorias racistas na Europa do século XIX, justificando o colonialismo europeu
na África e na Ásia, assim como o comportamento dos colonizadores. A luta pela sobrevivência
como justificação das exigências do progresso reinou suprema tanto nas ciências
biológicas como nas ciências sociais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A posição de Charles Darwin nesse cenário representava uma sutil e
importante diferença. De acordo com o pensamento darwiniano, a evolução é um
processo oportunístico e imprevisível que não necessariamente avança para um
ponto melhor, para o progresso, ao contrário do que insistia a maioria dos intelectuais
da sua época. Em oposição a Lamarck, sua noção de competição não enfocava o
sucesso do indivíduo, mas o sucesso reprodutivo da espécie. Contrastando com os
argumentos contendo preconceitos raciais de seus contemporâneos, Darwin apresentou
dados biológicos detalhados para apoiar suas ideias sobre a “seleção natural”
na obra <i>A origem das espécies </i>(1859). As teorias de Darwin foram
simultaneamente sugeridas por Alfred R. <b>Wallace. </b>Darwin enfatizava que a
variação genética resulta de processos aleatórios e não-direcionais, sem objetivos
particulares. As forças seletivas atuam sobre essa variabilidade e promovem o
sucesso reprodutivo diferencial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A teoria de Darwin não tem o atrativo da teoria de Lamarck, porque
apresenta um universo sem significado algum.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Outros cientistas e filósofos propuseram ideias até hoje influentes
nesta época fértil do evolucionismo. <b>Karl Marx </b>propôs um esquema
evolutivo baseado na luta, não entre as espécies, mas entre classes sociais.
Marx sugeriu uma metodologia para estudar o processo de evolução social,
baseada na compreensão das formas de organização para a produção, das
alternativas econômicas da população, da competição entre grupos sociais pelo
controle dos meios de produção e da relação entre trabalho, produção e consumo.
Tal como Darwin, Marx via o processo evolutivo como fora do controle dos
indivíduos. Para ele, mudanças nas relações de classe, mudanças na tecnologia
de produção e lutas de classe eram resultado de uma dinâmica fora de controle
dos participantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Outra tendência do fim do século XIX que visava compreender a variabilidade
humana utilizou um método simples de análise: <b>o agrupamento de artefatos e
costumes por localidade geográfica</b>. Geógrafos e mais tarde etnólogos usaram
tal metodologia para explicar a presença ou a ausência de artefatos e costumes.
O mais influente estudioso da Escola de Antropogeografia foi <b>Friedrich
Ratzel</b>. Suas ideias foram influentes no desenvolvimento da Escola
Difusionista Alemã e nas várias formas de determinismo ecológico do século XX. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Ratzel concebia o ambiente, em vez da invenção particular ou do
esforço do indivíduo, como a causa principal da diversidade e da <b>distribuição
das culturas</b>. Para ele a sociedade respondia à natureza do mesmo modo que
um animal a seu meio. Sua tese enfatizava o papel das migrações dos povos na
difusão cultural e reintroduziu o conceito da posição “geoclimática” no
surgimento de sistemas políticos. De acordo com essa perspectiva, montanhas
promoviam isolamento e estabilidade cultural, enquanto que áreas niveladas
favoreciam migrações e instabilidade cultural.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Verifica-se que o determinismo cultural coexistiu com um
renascente determinismo ecológico no fim do século XIX e começo do século XX. A
maioria dos cientistas nesta época aderiu a uma ou outra das formas de
determinismo anteriormente descritas, especialmente em suas versões racistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Em tal cenário surgiu <b>Frans Boas</b>, participando
primeiramente da linha antropogeográfica, para então rejeitá-la posteriormente pela
falta de evidência científica apresentada. Boas e seus seguidores introduziram
novos e rígidos padrões de <b>pesquisa etnográfica </b>mantidos até os dias
atuais. Em sua primeira obra, <i>The Central Eskimo </i>(publicada
originalmente em 1888), Boas (1964) apresentou um enfoque das inter-relações
entre o ambiente físico e fatores culturais que lembra a estratégia de Ratzel.
Já no final dessa obra, porém, Boas passou a duvidar da sua análise
antropogeográfica e do papel do ambiente sobre a cultura esquimó. A partir de
então, não deu mais peso ao papel do ambiente, enfatizando em seu lugar o papel
da <i>história </i>no desenvolvimento cultural. Para Boas, o ambiente não é um
fator determinante, mas um fator que o homem <i>utiliza </i>de acordo com sua
herança cultural. A cultura seleciona o que será utilizado do ambiente. Para
Boas, o comportamento humano só é compreensível no contexto cultural, um
enfoque que substitui o determinismo ecológico pelo <b>determinismo cultural.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Goldenweisser </span></b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">(1937), um seguidor de Boas, interpretava que
o homem criava seu ambiente e não era determinado por ele – um argumento que
será mais tarde utilizado por <b>Ferdon </b>(1959) na sua resposta crítica a <b>Meggers
</b>sobre as limitações ambientais ao desenvolvimento cultural (1954). Boas e
seus estudantes enfatizaram que fatores históricos particulares eram tão
significativos na explicação de mudanças sociais como o eram os fatores
geográficos e ambientais. <b>Lowie</b>, por exemplo, na sua obra <i>Cultura e
Etnologia </i>(1917) tentou demonstrar que o determinismo geográfico da época
estava errado, mostrando que nas mesmas condições geográficas se desenvolvem
culturas muito diferentes. Lowie demonstrou que a presença de recursos naturais
não predispõe uma população a utilizá-los e que fatores históricos, geralmente
imprevisíveis, são os que explicam o uso particular dos recursos pelas
populações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">2.
CONHECIMENTO TRADICIONAL E O SURGIMENTO DA ETNOCIÊNCIA<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Nas suas origens, a Etnociência e as etno-x (onde x é uma
disciplina da academia) enfatizaram em suas pesquisas os aspectos linguísticos
e taxonômicos, relegando a um segundo plano a diversidade e a dinâmica das
relações entre “ser humano de uma dada cultura” e “natureza”. O termo “<i>ethnobotany</i>”
foi um dos primeiros que surgiram na literatura cientifica, associando o
prefixo “etno” a uma das subáreas da biologia, tendo sido cunhado por
Harshberger (1896) para trabalhos que tinham como objetivo o estudo do uso de
plantas por populações aborígenes. A partir da segunda metade do século XX,
muitas pesquisas passaram a utilizar explicitamente termos precedidos pelo
prefixo “etno”: Etnobotânica, Etnoecologia, Etnoictiologia, entre outros. O termo
Etnociência aparece pela primeira vez no livro <i>Outline of cultural materials
</i>de autoria do pesquisador Murdock e colaboradores, editado em 1950.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Em 1954, Kenneth Pike cunhou os termos “êmico” e “ético” para
explicar as aproximações que existiam entre idioma e cultura, com a intenção de
estabelecer um parâmetro mais resumido às explicações sobre o entendimento que
o outro (entrevistado, informante ou mesmo observado) possui a respeito do
mundo exterior a partir de sua formulação própria, independentemente dos dados
científicos e da provação científica. Para tal explicação Kenneth Pike usou o
termo “êmico”, referindo-se ao que o pesquisador obtinha do entendimento do seu
pesquisado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Quanto à abordagem “ética”, ela se compõe de categorias e valores
“do observador”, pré-estabelecidos pela ciência, utilizados na descrição e
análise por ele realizadas, os quais não correspondem, necessariamente, àqueles
que vigoram na sociedade ou cultura em estudo. Enquanto a abordagem ética é conceitualmente
lapidada antes do conhecimento, podendo ser considerada a mais convencional,
que o pesquisador conhece previamente, independentemente do universo da etnia
que será estudada, a abordagem “êmica” baseia-se no entendimento dos valores
daquela cultura em especial no “desarmamento” do pesquisador, permitindo-se à
abertura para novos conceitos, os quais, para a sua existência, não dependem
dos conceitos científicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">D’Olne Campos (2002) faz um interessante comentário quanto o uso
do “ético” e “êmico”, termos inspirados em fonética e fonêmica. Nos primórdios
da Sociolinguística, alguns pesquisadores acreditavam que, apenas a partir de
transcrições fonéticas, poder-se-ia estudar uma língua estranha. Como em geral,
isso se referia a sociedades ágrafas, nelas, por mais forte razão, muito se
perderia da entonação (fonêmica) no contexto da fala. Ético e êmico são usados
em alguns casos como o que anglo-saxônicos chamam, por um lado, de situação de observador
“outsider” (de fora), <i>a partir </i>e <i>com </i>as “ferramentas” da sua
ciência, vendo o outro como um “insider” (de dentro), emicamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Pesquisas com populações tradicionais revelaram modelos cognitivos
complexos, tais como sistemas de classificações de animais e plantas,
estratégias de coleta/captura de espécimes, medicina e farmacologia, astronomia,
além de uso e manejo de recursos. Esses trabalhos ajudaram a revelar a existência
de conhecimentos sofisticados, sob domínio intelectual de populações
tradicionais. É permissível assumir, portanto, que foi durante o século XX,
marcado pela emergência de novos paradigmas (principalmente o da
interdisciplinaridade) e do abandono de velhos preconceitos (principalmente o
do etnocentrismo), que a Etnociência se consolidou. Segundo Marques (2002), o
que hoje chamamos de Etnociência já emergiu no panorama científico não como um
conjunto de disciplinas, mas sim como um campo interdisciplinar, de cruzamentos
de saberes, que geraram novos campos. Estes saberes foram oriundos do diálogo
entre as ciências naturais e as ciências humanas e sociais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A Etnociência trata do estudo das percepções culturais do mundo e
de como os indivíduos organizam essas percepções por meio de linguagem. Esta
ciência, que parte da linguística para estudar o conhecimento das populações
humanas sobre os processos naturais, tentando descobrir a lógica subjacente ao
conhecimento humano do mundo natural, as taxonomias e classificações
totalizadoras, está entre os enfoques que têm contribuído para os estudos das
relações entre o homem e o meio ambiente. Os resultados desses estudos, que envolvem
o conhecimento tradicional, podem facilitar a concepção de novos modelos de
sustentabilidade do uso e manejo dos recursos naturais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Segundo Berlin (1992), há três áreas básicas de estudo na
etnociência: a da classificação, que se preocupa em estudar os princípios de
organização de organismos em classes; a da nomenclatura, em que são estudados
os princípios linguísticos para nomear as classes folk; e a da identificação,
que estuda a relação entre os caracteres dos organismos e a sua classificação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A grande atração que a Etnociência exerce vem de sua promessa de
encontrar as representações paradigmáticas precisas e altamente elucidativas
dos fenômenos culturais que estariam associados às descrições linguísticas da
fonologia e da gramática.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Costa Neto <i>et al. </i>(2002) discorrem sobre as dificuldades encontradas
para que se realize um estudo nas etnociências.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Afirmam que há pelo menos três dificuldades quando se pretende
realizar um estudo “etno” e que elas são intrínsecas e extrínsecas ao
pesquisador. A primeira se apresenta como um preconceito da ciência ocidental
que, de um modo geral, cria diversas barreiras para aceitar as etnociências.
Tradicionalmente, os cientistas foram treinados para se considerarem os únicos capazes
de descrever o universo e de dar a ele um sentido lógico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Essa é a perspectiva que aponta para que a ciência ocidental julgue
qualquer hipótese ou interpretação elaboradas fora de suas próprias regras de
preceitos, as quais fujam de sua estrita objetividade, como muito duvidosas, e
para que estas sejam quase que totalmente banidas dos meios acadêmicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A segunda dificuldade, notadamente importante, é a questão que
trata da excessiva especialização dos biólogos e cientistas sociais.
Normalmente os cientistas sociais não recebem o devido treinamento que os
capacite para trabalhar com informações das ciências biológicas. O inverso
também é constatado, sendo que muitos biólogos consideram os dados das ciências
sociais como de pouca ou nenhuma importância para os seus estudos e raramente
levam em consideração os fatores culturais, entre os quais os costumes, a
cosmogonia e a cosmologia de uma dada comunidade, não se preocupando com dados
históricos – ou mesmo atuais –, não estritamente relacionados à biologia, dos
sistemas ecológicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A terceira dificuldade diz respeito ao etnocentrismo, que, como se
sabe, conceitualmente é uma visão de mundo em que um grupo se considera o
centro de todos os outros e em que a tendência é considerar as categorias,
normas e valores da própria sociedade, neste caso da ciência ocidental, os
únicos parâmetros verdadeiros e testáveis, enquanto os outros não são
verdadeiros e, tradicionalmente, são considerados errados, falsos ou de menor
valor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Essa dicotomia dos saberes leva a caminhos conflituosos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Muitas vezes as comunidades dotadas de um saber-fazer que as
acompanha por várias gerações dificilmente são levadas em conta quando se
planejam formas de uso sustentáveis de recursos naturais. Configura-se, nesse
caso, o confronto de dois saberes: o tradicional e o científico-moderno. A esse
respeito, Diegues (2001) afirma que, de um lado, está o saber acumulado sobre
os ciclos naturais, a reprodução e migração da fauna, a influência da lua nas
atividades de corte de madeira e de pesca ou sobre sistemas de manejo e, de
outro lado, está o conhecimento científico, que não apenas desconhece, como
também, na maioria das vezes, despreza o conhecimento tradicional acumulado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">3.
CONHECIMENTO TRADICIONAL E CONHECIMENTO CIENTÍFICO: O DIÁLOGO DOS SABERES<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Muitos pesquisadores em manejo de recursos naturais têm discutido
as razões para tantos exemplos de insucesso no manejo de recursos naturais ao
redor do mundo. A crença de que os especialistas têm toda a informação
necessária para saber como utilizar de forma sustentável os recursos está relacionada
ao etnocentrismo intrínseco a algumas ciências, das quais seus respectivos
especialistas acreditam ter as habilidades necessárias a uma autosuficiência
para manejar os recursos naturais, mantendo-se céticos com relação a algum
outro tipo de conhecimento, principalmente aquele que nem sempre permite verificação
cientifica, como o conhecimento tradicional possuído por comunidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Na perspectiva de resolver esta carência de um conhecimento mais
dinâmico e integrador sobre os ecossistemas, muitos especialistas em manejo têm
procurado esta possibilidade no conhecimento tradicional, ou conhecimento
ecológico tradicional (CET) como alguns preferem chamar. Berkes (1999) define
esse conhecimento como um [...] corpo acumulativo de conhecimento, práticas e
crenças das comunidades tradicionais sobre a relação entre os seres vivos
(inclusive o homem) e o seu ambiente, que se desenvolve ao longo do tempo
através de um processo adaptativo e é repassado através de gerações por
transmissão cultural.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Através dessa perspectiva é possível reconhecer diferentes
relações e as suas implicações ecológicas e culturais, como sugere a Ecologia
Humana. Posey (1987) nos mostra que essa relação compreende ao mesmo tempo uma
interação e uma modificação constantes. Isso significa que, do ponto de vista ecológico
humano, a definição de biodiversidade não se limita a um aspecto unicamente
biológico. Mais do que uma diversidade genética de indivíduos e de espécies, a
biodiversidade representa o resultado de práticas milenares dessas comunidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A prática dessas comunidades pode estar relacionada à ideologia
conservacionista, mas não necessariamente. Essa ideologia pode levar a uma
exploração limitada dos recursos, no entanto, podem-se ter práticas culturais
que naturalmente sejam conservacionistas sem que necessitem de qualquer tipo de
ideologia ou de rotulação. Isso significa dizer que existem populações que
simplesmente seguem regras culturais locais para o uso e apropriação dos
recursos naturais, e estas, por sua vez, é que se definem como sustentáveis.
Trata-se de uma relação que ultrapassa a consciência conservacionista e se
expressa como uma forma de vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">As comunidades tradicionais aprendem de forma cumulativa, no
decorrer dos tempos, em um processo contínuo de aprimoramento e revalidação de
suas práticas. Faz parte de sua cultura a “atividade inventiva”. Não existem
regras para o sucesso de uma prática sem que esta se submeta a tentativa de
acerto e de erro. É dessa forma que essas comunidades acompanham os padrões
oferecidos pela natureza e é assim que respondem progressivamente aos
obstáculos encontrados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A cada geração o conhecimento se renova e novos valores são incorporados;
apesar de se constatar mudanças e conflitos, muitas práticas permanecem, assim
como os traços tradicionais característicos de cada cultura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Para se manejar um recurso ou para se ordenar um espaço é preciso
conhecer profundamente cada elemento físico, biológico, ecológico, simbólico,
mitológico, etc., que compõe o ambiente. Essa complexidade, no entanto, só é
apreendida por aqueles que de alguma forma reconhecem esses elementos como
parte de sua dinâmica de vida, incorporando-os de forma natural – o que
caracteriza a identidade do grupo com o meio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Nas últimas décadas têm-se retratado evidências da habilidade que
os grupos desenvolvem para utilizar e alocar os direitos de uso entre seus
membros, evidências essas relevantes sobre o manejo de recursos comum. Vale
destacar, para a região amazônica, os acordos de pesca que vêm sendo firmados
nos últimos anos e que estão se proliferando, na medida em que as comunidades
ribeirinhas buscam proteger os lagos da pressão da pesca comercial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Os acordos de pesca representam formas participativas de gestão,
de regulamentação dos recursos pesqueiros das regiões de várzea da Amazônia
Central desde os anos 1960 e 1970. Este novo paradigma da pesca na Amazônia
parte do princípio de que a sustentabilidade é possível manejando o recurso
como um bem comum e não como recurso de uso exclusivo ou restrito. Fatos como
esses contradizem a teoria de Hardin (1968) em a <i>Tragédia dos comuns</i>,
obra na qual o autor nega a possibilidade de arranjos institucionais ou de
qualquer outra forma de interação e de ligação entre os indivíduos envolvidos.
No entanto, destituídas de qualquer burocracia oficial, as instituições
informais mantêm sistemas tradicionais de acesso ao recurso, nos quais residem
as grandes forças de manejo e do direito consuetudinário (direito de uso
fundamentado em costumes locais).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Muitos estudos têm sido desenvolvidos nesta área temática,
enfocando as relações entre as comunidades tradicionais e os recursos naturais
do ambiente, e alguns destes têm proposto que a incorporação do conhecimento
dessas comunidades é fundamental no desenvolvimento de planos de manejo
sustentável. No entanto, o respeito às diferentes culturas deve ser levado em
consideração. Viertler (2001) afirma que cada cultura induz os seus portadores
a desenvolver vivências peculiares a partir do entre-jogo de certas modalidades
privilegiadas de percepção do mundo natural. Tais modalidades privilegiadas de
percepção ou primazias de percepção variam de uma para outra cultura.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Uma tribo indígena Kashinawa, por exemplo, não confere primazia
aos aspectos visuais do mundo físico tal como nós o fazemos. No mundo Kashinawa,
o mundo visível constitui um mero reflexo de um mundo mais real e importante, não
visível, que se manifesta por meio de experiências tais como os sonhos, as
visões tidas durante os transes, os cheiros e os sons emanados dos cantos e das
danças religiosas. Neste contexto, Viertler (2001) nos faz o seguinte
questionamento: como dialogar com um Kashinawa sem recair em monólogos ou
imposições? Além desta dificuldade, lembremo-nos que, enquanto o pesquisador
tenta desenvolver o seu trabalho de pesquisa, também o informante Kashinawa não
desistirá de tentar se comunicar. Isto porque o informante tentará tirar alguma
vantagem material ou, quando for mais generoso, educar ou socializar o
pesquisador para que este aprenda a fazer perguntas que tenham um mínimo de
sentido. Esta é uma situação possível de ocorrer em outras comunidades, como os
ribeirinhos amazônicos, por exemplo, já que é constatada uma intrincada teia de
dificuldades e armadilhas que nos impedem a comunicação mais espontânea e
habitual com representantes de sociedades culturalmente diferentes da nossa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Entre os índios Bororo do Mato Grosso, por exemplo, o “não falar”
associado ao ficar de “rosto sério” e ao “cruzar de braços” significa
reprovação ou crítica muda. Este padrão de comunicação social ou “etiqueta” é
bastante disfuncional no contexto das relações destes índios com os não índios
e outras tribos indígenas brasileiras. Isto porque, ao se apegarem a esta
etiqueta, os Bororo não chegam a contestar abertamente as autoridades, etiqueta
esta interpretada como “passividade” ou “desinteresse” pelos não índios. Já os
índios Xavante, cujo padrão social permite que gritem, “falem duro” e discordem
abertamente, acabam alcançando vantagens econômicas e políticas junto a órgãos
do governo, a missionários e a outras forças políticas de não índios. Portanto,
do ponto de vista da etiqueta ligada à comunidade social e intercultural, os
Xavante possuem maior “afinidade” ou “comunicabilidade” com os não índios do
que os Bororo, estes últimos mais fechados, apesar de terem sido obrigados a
conviver com o dominador branco há mais tempo do que os primeiros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">A fim de alcançar uma real comunicação com os portadores de outras
culturas, é preciso descobrir tais etiquetas de comunicação intercultural. Se o
“falar” é importante à comunicação, o “não falar” pode ter vários significados,
desde a timidez e humildade até a discordância ou a reprovação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Antes de finalizarmos esta temática queremos ressaltar que a
partir da Etnociência, vista anteriormente, originaram-se vários campos de
domínios específicos, entre estes a Etnobiologia (com suas sub-áreas),
recebendo contribuições basicamente da sociolinguística, da antropologia
estrutural e da antropologia cognitiva. A etnobiologia, na esfera da produção do
conhecimento científico, caracteriza-se como uma ponte entre as ciências
humanas e as ciências biológicas e vice-versa, fornecendo ferramentas
essenciais para a interdisciplinaridade entre ambas e proporcionando ao
pesquisador desenvolver um trabalho mais profundo e abrangente, testando
hipóteses que dificilmente seriam elaboradas sem uma metodologia interdisciplinar.
A conceituação epistemológica, neste caso, resulta da recusa de interpretação
reducionista. Para se estudar um assunto por meio das etnociências, como a
Etnobiologia, é indispensável o reconhecimento de que não há divergências entre
as diversas linhas de pesquisa, mas sim que existe uma complementaridade entre
elas e que a ciência não é “monolítica” e acabada, bem como o conhecimento e o
saber não são estanques, ou exclusivos de um determinado grupo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Abaixo, trecho de um trabalho sobre a cognição comparada entre o
conhecimento tradicional dos pescadores de pirarucu (<i>Arapaima gigas</i>), no
estado do Amazonas, sobre a reprodução da espécie e a literatura científica disponível,
o qual nos mostra a congruência entre esses tipos de conhecimentos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">“<i>Quem cuida dos filhotes é o macho, que fica boiando manso com
queixo e o rabo vermelho</i>” (citação dos pescadores). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">“...<i>Somente no período de reprodução é possível a identificação
do sexo dos pirarucus, uma vez que o macho adquire acentuada coloração escura na
parte superior da cabeça e na região dorsal, que se prolonga até quase a
inserção da nadadeira dorsal, enquanto os flancos, ventre e parte caudal adquirem
coloração vermelha.</i>” (Braga, 2009) (citação da literatura).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">CONCLUSÃO<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">No decorrer do texto verificamos que o conhecimento tradicional,
de senso comum, ou conhecimento popular, como também se ouve falar, durante
muito tempo vem, de alguma forma, sendo utilizado e transmitido por várias
gerações, mesmo sendo visto por muitos como um conhecimento de menor
importância e desprovido de razão. Nas últimas décadas já se observa uma
tendência em curso que é a distinção entre as diversas formas de conhecimento.
Nesta linha, Santos (2006) afirma que a ciência moderna construiu-se contra
esse conhecimento por considerá-lo superficial e ilusório, ou até mesmo falso.
Já a ciência pós-moderna procura dar maior crédito ao senso comum por
reconhecer virtualidades nesta forma de conhecimento que ajudarão a enriquecer
a nossa relação com o mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Do estudo científico sobre o conhecimento tradicional verificamos
a emergência de um novo campo de pesquisa, denominado por alguns autores de
“Etnociência”. No entanto, é preciso, antes de tudo, se reconhecer a existência
nas comunidades tradicionais de outras formas de se perceber, representar e
manejar a biodiversidade, igualmente válidas e além daquelas oferecidas pela
ciência reducionista. E isso já vem ocorrendo, pois se percebe que nunca houve
tantos cientistas interessados no estudo do conhecimento produzido do lado de
fora do mundo acadêmico e usado por comunidades para compreender o mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Concordamos com o Prof. Antonio Carlos Diegues (2009) de que não é
tarefa fácil romper com os padrões clássicos dessa ciência reducionista, pois
nossas instituições de pesquisa e ensino são, em geral, unidisciplinares,
discriminadoras dos saberes tradicionais, marcadas por “correias de
transmissão” que nos ligam aos grandes centros, dentro e fora do país, onde são
gerados modelos científicos reducionistas que, transformados em práticas (ou
ideologias), levam a uma forma de conservação autoritária e pouco eficaz,
subordinada a interesses não locais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">É preciso, portanto romper com essas “correias”, superar esses
modelo e práticas e dar a devida importância a esse tipo de conhecimento, seja
como ferramenta local para compreender o mundo, seja como um atalho para se
produzir conhecimento científico a partir de “dicas” populares. Isto deve ser
feito principalmente nas análises de problemas ambientais, onde a constituição
de equipes interdisciplinares compostas de pesquisadores das áreas das ciências
naturais e humanas já se mostrou não ser suficiente. As comunidades devem
participar do processo, e os resultados dos trabalhos também devem ser <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>submetidos à critica da sociedade, dentro de
processos de consultas democráticas, para que as opiniões dos comunitários estejam
incluídas e façam parte da pesquisa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">............................................<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">NOTAS<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="color: #0d0d0d; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">1)
Mestre em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo INPA (Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazônia) e professor do ICTA (Instituto de Ciências e
Tecnologia das Águas) da UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="color: #0d0d0d; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">2) O
autor usa o termo <i>etnocentrismo </i>no sentido em que habitualmente é
empregado e entendido entre alguns cientistas, mas ressalta: é preciso admitir
que o etnocentrismo é uma atitude universal e inerente aos indivíduos e difere
do racismo, que é uma atitude própria do Ocidente moderno e que melhor
representa a ideia esboçada acima.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="color: #0d0d0d; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">3)
Cultura: é um dos principais conceitos necessários para o entendimento do
comportamento de populações humanas. De forma prática, cultura é o conhecimento
adquirido; é passada através de gerações por processos de socialização, a qual
inclui um conjunto de regras para a convivência, relacionados a comportamento
em grupo, valores, linguagem e tecnologia (Kormondy & Brow, 2002, p. 41).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="color: #0d0d0d; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">4) As
falácias são discutidas no texto 2 deste livro (<i>Introdução à Filosofia</i>),
quando se discute “lógica”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<span style="color: #0d0d0d; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">5) “Em
ecologia humana focalizamos as interações entre dois sistemas. Um é o Homem, sistema
bem mais complexo que aqueles encontrados entre os mamíferos superiores, onde a
inteligência, a criatividade, o livre-arbítrio e o domínio de artes e ciências
geram desempenhos que excedem o condicionado pelo binômio genes-ambiente. O
outro é o meio ambiente do Homem, também mais complexo que qualquer outro, uma
vez que é constituído não só do universo abiótico e do universo biótico, mas
também do ambiente construído pelo Homem, suas religiões, suas doutrinas e
teorias, sua economia, suas máquinas, seus governos, sua sociedade, seus mitos,
etc.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">............................................<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none;">
<b><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">ALBUQUERQUE,
U. P. <i>Atualidades em Etnobiologia e Etnoecologia</i>. V. 1. ALBUQUERQUE,
Ulysses Paulino de et al. (orgs.). 2. ed. Recife: Nupeea/Sociedade Brasileira
de Etnobiologia e Etnoecologia, 2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">BEGOSSI,
A. Ecologia Humana: um enfoque das relações homem-ambiente. <i>Interciencia</i>,
may-june, vol. 18, n. 3, p. 121-132, </span><span lang="EN-US" style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">1993.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">BERKES, F. Context of traditional ecological
knowledge. In: <i>Sacred Ecology: </i>traditional ecological knowledge and
resource management. Fikret Berkes. Taylor and Francis, Philadelphia. P. 4-15,
1999.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">BERLIN, B. <i>Ethnobiological Classification</i>:
principles of categorization of plants and animals in traditional societies. </span><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Princeton
University Press, 1992.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">BRAGA, T.
M. P. Etnoictiologia do pirarucu (Arapaima gigas) segundo pescadores
ribeirinhos de Carauari, Tapauá e Manacapuru. In: SANTOS PEREIRA, Enrique <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>os et al. (orgs.). Pesquisa interdisciplinar
em ciências do meio ambiente. Manaus: Edua, 2009.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">COSTA
NETO, E.; DIAS, C. V.; MELO, M. N. <i>O conhecimento ictiológico tradicional
dos pescadores da cidade de Barra, região do médio São Francisco, Estado da
Bahia, Brasil</i>. Acta Scietiarium <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Maringá</i>,
v. 24, n. 2, p. 561-572, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">COSTA
NETO, E. M. <i>A cultura pesqueira do litoral norte da Bahia: etnoictiologia,
desenvolvimento e sustentabilidade</i>. Salvador: Edufba; Maceió: Edufal, 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">D’OLNE
CAMPOS, M. <i>Etnociência ou Etnografia de saberes, técnicas e práticas</i>?
In: Amoroso, M. C. L.; Ming, L. C.; Silva, S. P. (edits.). Métodos de coleta e
análise de dados em Etnobiologia, Etnoecologia e disciplinas correlatas. <i>Anais
do I Encontro de Etnobiologia e Etnoecologia do Sudeste</i>. UNESP: São Paulo.
2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">DIEGUES,
A. C.; ARRUDA, R. S. V. (orgs.). <i>Saberes tradicionais e biodiversidade do
Brasil. </i>Ministério do Meio Ambiente/Universidade de São Paulo/Núcleo de
Pesquisa sobre Populações Humanas e Áreas Úmidas Brasileiras - NUPAUB, 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">DIEGUES,
A. C. A construção da etnoconservação no Brasil: o desafio de novos
conhecimentos e novas práticas para a conservação. In: SANTOS PEREIRA, Enrique
dos et al. <i>Pesquisa interdisciplinar em ciências do meio ambiente</i>.
Manaus: Edua, 2009.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">DIEGUES,
A. C. <i>Ecologia Humana e planejamento costeiro</i>. </span><span lang="EN-US" style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">São Paulo: NUPAUB, 2001.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span lang="EN-US" style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">HARDIN, G. <i>The tragedy of the commons</i>. </span><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Science,
n.162, 1968.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">KORMONDY,
E. J.; BROW, D. E. <i>Ecologia Humana</i>. São Paulo: Atheneu, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">MARQUES,
J. G. W. O olhar (des)multiplicado. O papel do interdisciplinar e do
qualitativo na pesquisa etnobiológica e etnoecológica. In: Amoroso, M. C. L.;
Ming, L. C.; Silva, S. P. (edits.). Métodos de coleta e análise de dados em
Etnobiologia, Etnoecologia e disciplinas correlatas. Anais do I Encontro de Etnobiologia
e Etnoecologia do Sudeste. São Paulo: UNESP, 2002.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">MEGGERS,
B. <i>Amazônia: </i>a ilusão de um paraíso. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1977.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">MORÁN, E.
<i>Adaptabilidade Humana – </i>uma introdução para Ecologia Antropológica<i>. </i>São
Paulo: EDUSP, 1994.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">OLIVEIRA,
A. E. Ocupação Humana. </span><span lang="EN-US" style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt; mso-ansi-language: EN-US;">In:
Salati, Eneas et al. </span><i><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">Amazônia: </span></i><span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">desenvolvimento, integração e ecologia. São
Paulo: Brasiliense; Brasília: CNPq, 1983.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">POSEY, D.
A. Introdução à Etnobiologia: Teoria e prática. In: Ribeiro, D. (edit.) Suma
Etnológica Brasileira. v.1, Etnobiologia. Petrópolis: Vozes. 1987.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">SALDANHA,
I. R. R. <i>Espaços, recursos e conhecimento tradicional dos pescadores de
manjuba (Anchoviella lepidentostole) em Iguape</i>/SP. Dissertação (Mestrado em
Ciência Ambiental) Procam – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">SANTOS,
B. S. <i>Um discurso sobre as ciências. </i>4. Ed. São Paulo: Cortez, 2006.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 35.45pt; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; mso-layout-grid-align: none; text-align: justify; text-autospace: none; text-indent: -35.45pt;">
<span style="color: black; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;">VIERTLER,
R. B. <i>Métodos antropológicos como ferramenta para estudos em Etnobiologia e
Etnoecologia</i>. In: Amoroso, M. C. L.; Ming, L. C.; Silva, S. P. (edits.).
Métodos de coleta e análise de dados em Etnobiologia, Etnoecologia e
disciplinas correlatas. Anais do I Encontro de Etnobiologia e Etnoecologia do
Sudeste. São Paulo: UNESP, 2002.</span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 16.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<br />divalte garcia figueirahttp://www.blogger.com/profile/11061365191809236309noreply@blogger.com0