O VOTO NA REPÚBLICA VELHA
Os coronéis dominam a cena
O coronelismo tem sido
entendido como uma forma específica de poder político brasileiro, que floresceu
durante a Primeira República, e cujas raízes remontam ao Império; já então os
municípios eram feudos políticos que se transmitiam por herança – herança não
configurada legalmente, mas que existia de maneira informal. Uma das grandes
surpresas dos republicanos históricos, quase imediatamente após a proclamação
da República, foi a persistência desse sistema, que acreditavam ter anulado com
a modificação do processo eleitoral.
A Constituição
Brasileira de 1891 outorgou o direito de voto a todo cidadão brasileiro ou
naturalizado que fosse alfabetizado; assim, pareciam extintas as antigas
barreiras econômicas e políticas, e um amplo eleitorado poderia teoricamente
exprimir livremente sua escolha. Todavia, verificou-se desde logo que a
extensão do direito de voto a todo cidadão alfabetizado não fez mais do que
aumentar o número de eleitores rurais e citadinos, que continuaram obedecendo
aos mandões já existentes.
A base da antiga
estrutura eleitoral se alargara, porém os chefes políticos locais e regionais
se mantiveram praticamente os mesmos, e continuaram elegendo para as Câmaras,
para as presidências dos Estados, para o Senado, seus parentes, seus aliados,
seus apaniguados, seus protegidos. De onde a exclamação desiludida de muito
republicano histórico: “Esta não é a República dos meus sonhos!”.
Queiroz, Maria
Isaura P. de. O coronelismo numa interpretação ociológica.
In: Holanda, Sérgio B. de; Fausto,
Boris (Orgs.). História geral da
civilização brasileira. 5.
ed. São Paulo: Difel, III, vol. 1, 1989. p. 155.
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