quinta-feira, 14 de agosto de 2014

CAÇA  ÀS  BRUXAS  EM  SALEM

Uma  cidade sob  histeria  coletiva

Em 1692, um grupo de adolescentes da cidade de Salem, em Massachusetts, 
acusou várias pessoas de enfeitiçá-las. Árvores frutíferas secavam
e animais morriam. Histeria coletiva? Vingança? Como explicar
o que ocorreu em Salem?

A colônia de Massachusetts recebera puritanos descontentes com a Igreja inglesa. Sua disposição era contrária à tolerância religiosa que caracterizava outros grupos protestantes. Na colônia, esses puritanos de influência calvinista acreditavam numa Igreja forte que tivesse poderes civis.
Para a construção dessa Igreja--Estado tomaram-se várias providências. Primeiro estabeleceu-se que somente os membros da Igreja Puritana poderiam votar e ter cargos públicos. Depois, tornou-se obrigatória a presença na Igreja para as cerimônias, fato que não acontecia no resto das Igrejas protestantes. Todos os novos credos deveriam ser aprovados pela Igreja e pelo Estado. Por fim, estabeleceu-se que Igreja e Estado atuariam juntos para punir as desobediências a essas e outras normas. Essa colônia aproximava-se, dessa forma, dos ideais católicos da teocracia.
Um dos fatos mais significativos derivado do ideal de Igreja-Estado foi a perseguição às bruxas. O autoritarismo de uma religião que se pretendia única desencadearia, naturalmente, a perseguição de todas as formas de contestação – fossem reais ou imaginárias.
As acusações de bruxaria, uma constante em todo o mundo cristão da época, existiam desde o início da colonização. No entanto, um surto de feitiçaria como o de Salem, em 1692, assumia proporções inéditas. Nesse ano, um grupo de adolescentes acusou várias pessoas de enfeitiçá-las. O processo acabou envolvendo muitos membros da comunidade, entre homens e mulheres.

Imagem que retrata o julgamento de uma mulher
acusada de bruxaria em Salem

A cidade de Salem viveu uma histeria coletiva. Havia surtos frequentes, mo­ças rolavam gritando, caíam doentes sem causa aparente, não conseguiam acordar pela manhã, animais morriam, árvores cheias de frutos secavam. As razões, no entender dos habitantes de Salem, só poderiam ter ligação com uma ação demoníaca. [...]
Os Processos de Salem já receberam várias explicações. Algumas, de caráter mais psicológico, lembram as tensões entre mães e filhas, estas fazendo coisas que não poderiam normalmente fazer e alegando estarem enfeitiçadas. Em outras palavras, alegando o poder do demônio, uma jovem poderia gritar com sua mãe ou mesmo ficar nua! Afinal, era tudo obra do demônio... A moral puritana de oração e trabalho era tão forte que os jovens não podiam, por exemplo, praticar esportes de inverno como patinar, pois isso era considerado imoral. Assim, diante dessa vida dura, a possessão passou a ser uma boa saída.
Outras explicações remetem às tensões internas da colônia – entre as principais famílias – em que acusar o membro de uma família rival de bruxo ou bruxa tinha um grande peso político.
Karnal, Leandro. A formação da Nação. In: Karnal, Leandro et al.
História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI.
São Paulo: Contexto, 2008. p. 92-3.


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