sábado, 23 de agosto de 2014

ECONOMIA  BRASILEIRA  NA  REPÚBLICA  VELHA



 Industrialistas versus agraristas

Apesar das dificuldades, o parque industrial brasileiro apresentou razoável crescimento nas primeiras décadas do século XX. Segundo estimativas, entre 1900 e 1929, a indústria cresceu a taxas de 5,6% ao ano.  Os primeiros setores industriais a se desenvolver foram os ramos têxtil, de alimentação e de vestuário, cujos produtos eram largamente consumidos e sua fabricação não dependia de tecnologia sofisticada. Em 1920, esses bens representavam 68,1% da produção industrial brasileira.
 
Operários posam para fotografia, São Paulo,
final do século XIX
O Rio de Janeiro, capital da República, era, no começo do século XX, o maior centro industrial do país, o principal porto e a cidade mais populosa. Mas à medida que o café se expandiu pelo interior de São Paulo, a capital paulista passou a atrair investimentos cada vez maiores.
Mas o desenvolvimento industrial no Brasil esbarrava em muitas dificuldades.

1. Os importadores, por exemplo, temiam que uma política protecionista estimulasse a produção interna de artigos que eles compravam no exterior para revender no mercado, arruinando assim os seus negócios.
Operários de uma tecelagem paulistana no começo do século XX

2. Da mesma forma, grande parte dos fazendeiros não via com bons olhos a política industrialista incentivada pelo poder público, já que, como consequência, acabaria desviando recursos da atividade agrícola. Os consumidores de produtos importados também reagiam mal às propostas de aumento nas taxas alfandegárias, pois os artigos que costumavam comprar ficariam mais caros. De todo modo, a nascente indústria brasileira precisava de medidas protecionistas para concorrer com os produtos importados, como as que Alves Branco estabelecera durante o Segundo Reinado.
 
Operários tomam parte na greve geral de 1917, que
paralisou a capital paulista por vários dias.
3. A falta de capitais, de energia e de matérias-primas básicas também dificultava nosso desenvolvimento industrial, já que dependíamos da importação para satisfazer necessidades internas. Esse tipo de dificuldade se estendia às máquinas empregadas na indústria, pois não tínhamos capacidade de produzi-las internamente.

Resumindo, o país carecia das chamadas indústrias de base, ou seja, aquelas que produziam máquinas, matérias-primas e insumos para alimentar os demais setores industriais. Esses problemas seriam resolvidos apenas depois da Revolução de 1930 com a adoção, pelo governo brasileiro, de uma política de desenvolvimento industrial.
No entanto, mesmo antes, muitos homens públicos defenderam, na imprensa e no Congresso Nacional, uma política de desenvolvimento industrial para o país. Segundo eles, a industrialização criaria empregos, reduziria os gastos com as importações e garantiria a independência econômica da nação. As medidas propostas para viabilizar essa política incluíam a criação de linhas de crédito para os empreendimentos industriais, o desenvolvimento dos transportes, isenções de impostos, tarifas alfandegárias protecionistas e desvalorização cambial da nossa moeda (o mil-réis) para dificultar as importações.
Entre os que defendiam a política industrialista estavam os empresários Serzedelo Correia e Alcindo Guanabara, que fundaram, em 1882, a Associação Industrial do Rio de Janeiro. Contra seus argumentos se levantava a voz dos agraristas, que acreditavam na “vocação essencialmente agrícola do Brasil”, que ainda tem seus defensores nos dias de hoje.

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