ECONOMIA BRASILEIRA NA REPÚBLICA VELHA
Industrialistas versus
agraristas
Apesar das dificuldades, o parque
industrial brasileiro apresentou razoável crescimento nas primeiras décadas do
século XX. Segundo estimativas, entre 1900 e 1929, a indústria cresceu a taxas
de 5,6% ao ano. Os primeiros setores industriais a se desenvolver foram os
ramos têxtil, de alimentação e de vestuário, cujos produtos eram largamente
consumidos e sua fabricação não dependia de tecnologia sofisticada. Em 1920,
esses bens representavam 68,1% da produção industrial brasileira.
O Rio de Janeiro, capital da República, era,
no começo do século XX, o maior centro industrial do país, o principal porto e
a cidade mais populosa. Mas à medida que o café se expandiu pelo interior de
São Paulo, a capital paulista passou a atrair investimentos cada vez maiores.
Mas o
desenvolvimento industrial no Brasil esbarrava em muitas dificuldades.
1. Os importadores, por exemplo, temiam que uma política
protecionista estimulasse a produção interna de artigos que eles compravam no
exterior para revender no mercado, arruinando assim os seus negócios.
Operários de uma tecelagem paulistana no começo do século XX |
2. Da mesma forma, grande parte dos fazendeiros não via com
bons olhos a política industrialista incentivada pelo poder público, já que,
como consequência, acabaria desviando recursos da atividade agrícola. Os
consumidores de produtos importados também reagiam mal às propostas de aumento
nas taxas alfandegárias, pois os artigos que costumavam comprar ficariam mais
caros. De todo modo, a nascente indústria brasileira precisava de medidas
protecionistas para concorrer com os produtos importados, como as que Alves
Branco estabelecera durante o Segundo
Reinado.
3. A falta de capitais, de energia e de
matérias-primas básicas também dificultava nosso desenvolvimento industrial, já
que dependíamos da importação para satisfazer necessidades internas. Esse tipo
de dificuldade se estendia às máquinas empregadas na indústria, pois não
tínhamos capacidade de produzi-las internamente.
Resumindo, o país carecia das chamadas indústrias de base, ou
seja, aquelas que produziam máquinas, matérias-primas e insumos para alimentar
os demais setores industriais. Esses problemas seriam resolvidos apenas depois
da Revolução de 1930 com a adoção, pelo governo brasileiro, de uma política de
desenvolvimento industrial.
No entanto, mesmo antes, muitos homens
públicos defenderam, na imprensa e no Congresso Nacional, uma política de
desenvolvimento industrial para o país. Segundo eles, a industrialização
criaria empregos, reduziria os gastos com as importações e garantiria a
independência econômica da nação. As medidas propostas para viabilizar essa
política incluíam a criação de linhas de crédito para os empreendimentos
industriais, o desenvolvimento dos transportes, isenções de impostos, tarifas
alfandegárias protecionistas e desvalorização cambial da nossa moeda (o
mil-réis) para dificultar as importações.
Entre os que defendiam a política industrialista estavam os
empresários Serzedelo Correia e Alcindo Guanabara, que fundaram, em 1882, a Associação
Industrial do Rio de Janeiro. Contra seus argumentos se levantava a voz dos
agraristas, que acreditavam na “vocação essencialmente agrícola do Brasil”, que
ainda tem seus defensores nos dias de hoje.
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