A DIALÉTICA DO IMPERIALISMO
Extermínio da população e organização da infraestrutura
O texto discute
algumas das contradições do complexo fenômeno chamado de imperialismo. Os
países imperialistas exterminaram populações e ocidentalizaram regiões inteiras
das colônias; organizaram redes de infraestrutura e trocaram os benefícios de curto prazo pelo cálculo estratégico.
A conquista dos imensos territórios coloniais foi
possível graças à superioridade militar, econômica e tecnológica dos europeus,
e foi obtida pela guerra e pela exploração das rivalidades existentes entre os
povos destas regiões. Civilizações inteiras foram destruídas, com suas
populações sendo reduzidas à apatia, e alguns grupos foram praticamente
exterminados. Em muitos lugares houve intensa resistência, raramente
bem-sucedida a longo prazo. Do ponto de vista macro-histórico é importante
considerar que este fenômeno produzia uma espécie de ocidentalização do
mundo, às vezes superficial, outras vezes profunda. Também convém salientar
que a dinâmica do desenvolvimento social e nacional dessas regiões ficava
abafada, pelo menos momentaneamente. Contudo, as administrações coloniais
criaram redes de infraestrutura, saneamento e introduziram modernas estruturas
econômicas em algumas áreas conquistadas, obviamente na tentativa de maximizar
a exploração econômica destas.
Caricatura satiriza a partilha da China. |
Há também outro problema importante a destacar. A
dinâmica imperialista poucas vezes obedecia a um cálculo de custo-benefício de
curto prazo. A maioria das colônias era deficitária inicialmente, o que levou
grupos conservadores metropolitanos a opor-se ao imperialismo, com a finalidade
de equilibrar o orçamento doméstico. Contudo, isto não significa que a expansão
das potências da época tenha constituído um fenômeno irracional ou apenas
motivado por uma política de prestígio. A concorrência entre os polos desenvolvidos
havia adquirido tal intensidade, que era necessário preparar o futuro. Não
ocupar uma região por ser relativamente pobre era deixar espaço para outra
potência, que posteriormente poderia aí descobrir recursos importantes.
Visentini, Paulo G. Fagundes; Pereira, Analúcia Danielevicz. História
do mundo contemporâneo: da Pax Britânica do século XVIII ao Choque das Civilizações do século XXI.
Petrópolis: Vozes, 2008.
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