NA AMAZÔNIA, A BORRACHA
Uma riqueza efêmera
No final do século XIX, quando os
negócios iam de mal a pior para o café, nossa balança
comercial foi salva por um produto primário da Amazônia, capaz de criar
importantes riquezas: a borracha. Encontrado na seringueira, planta nativa da
região, o látex com que se faz a borracha já era exportado pelo Brasil desde
1827, ano em que 31 toneladas seguiram para o exterior. Mas foi só com a
invenção do pneumático e sua aplicação ao automóvel, em 1895, que nossas
exportações de borracha se tornaram significativas.
Entre 1891 e 1900, o Brasil era
praticamente o único produtor mundial de borracha, e exportou nesse período
cerca de 214 mil toneladas. De 1889 a 1918, o produto seria o nosso segundo
item na pauta de exportações, superado apenas pelo café.
Seringueiros, durante o ciclo da borracha |
No fim do século XIX, os
ingleses conseguiram contrabandear sementes da seringueira e fazê-la germinar
usando estufas, sendo posteriormente levadas para a Ásia. Lá, deram origem a
grandes plantações em colônias inglesas (Ceilão, Malásia
e Birmânia) e holandesa (Indonésia).
Em pouco tempo, a borracha produzida na Ásia concorreria no mercado
internacional em condições extremamente vantajosas em relação ao produto de
origem brasileira..
A crise da borracha brasileira
Por
volta de 1913, a produção asiática superou a brasileira. É interessante notar
que na Ásia as seringueiras eram plantadas em série, o que permitia uma
produtividade muito maior do que no Brasil, porque aqui as seringueiras se
encontravam distantes umas das outras, espalhadas na floresta. Em 1927, o
empresário Henry Ford tentou fazer, na Amazônia, um plantio em grande escala, semelhante
ao que se fazia no Oriente, mas a iniciativa fracassou. Plantadas umas próximas
das outras, as seringueiras foram atacadas e dizimadas por uma praga, o que não
ocorria no Oriente.
Seringueiro extraindo o látex. |
A
entrada no mercado da produção asiática provocou enorme queda nos preços. Pouco
depois, em 1919, nossa borracha já não tinha mais a importância econômica
alcançada nas décadas anteriores. Além do ciclo que se caracterizou no final do
século XIX, um outro ocorreu nas décadas de 1940 e 1950, quando, devido à
guerra, o produto foi novamente solicitado. Surgiram os “soldados da borracha”
deslocados do nordeste, cujos descendentes ainda hoje esperam alguma justiça e
recompensa, como ocorreu com os militares que foram convocados para as lutas na
Europa.
É
bom lembrar que, mesmo no auge do “ciclo da borracha”, os recursos gerados pela
atividade extrativa não conseguiram promover o desenvolvimento da região
amazônica. Foram empregados de maneira improdutiva, e o melhor que dele restou
foi o suntuoso teatro de Manaus.
Salão Nobre do Teatro Amazonas |
A compra do Acre
O Acre era território
boliviano, mas começou a ser ocupado por seringueiros brasileiros no final do
século XIX, justamente por causa da extração da borracha. O governo da Bolívia
reagiu à invasão, e cedeu a exploração do território a uma empresa formada por
capitais estadunidenses, ingleses e alemães, The Bolivian Syndicate.
Sentindo-se
prejudicada, a população brasileira da região, liderada pelo gaúcho Plácido de
Castro, promoveu um levante armado. A revolta, iniciada em 1902, terminou no
ano seguinte, com algumas vitórias dos rebeldes brasileiros. Os resultados
desfavoráveis ao exército boliviano levaram o país a concordar em vender o território
do Acre ao Brasil, em 1903, por 2 milhões de libras esterlinas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário