quinta-feira, 14 de agosto de 2014

INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA


A expulsão dos holandeses


A Holanda dominou uma parte do nordeste brasileiro a partir de 1630. Entre 1637 e 1644, os domínios holandeses foram governados pelo conde Maurício de Nassau. Muito habilidoso, ele promoveu muitos benefícios para os moradores da região e, com isso, conseguiu aproximar holandeses e a população luso-brasileira. 

Depois de 1644, a situação mudou completamente. Os holandeses tomaram diversas medidas que causaram insatisfação geral entre os pernambucanos: o afastamento de Maurício de Nassau do governo da colônia holandesa e a cobrança de dívidas atrasadas que haviam sido contraídas por senhores de engenho na Companhia das Índias Ocidentais. Isso levou à revolta da população de Pernambuco, que, sob a liderança de João Fernandes Vieira, comerciante e senhor de engenho, se lançou à luta armada contra o domínio holandês.

João Fernandes Vieira

A luta, conhecida como Insurreição Pernambucana, teve início em 1645 e se estendeu por nove anos. Quase toda a população luso-brasileira da região foi mobilizada: grupos de indígenas comandados por Filipe Camarão, batalhões de escravizados sob a liderança de Henrique Dias e colonos de origem europeia, chefiados por Vidal de Negreiros e outros líderes. Pela primeira vez na história da colônia, ameríndios, escravizados e colonos, unidos por forte sentimento nativista — de apego à terra natal —, formaram um só grupo de resistência para defender um objetivo comum: expulsar o invasor holandês. As armas luso-brasileiras venceram vários confrontos, sendo os mais importantes as batalhas de Guararapes de 1648 e de 1649.

"A Batalha dos Guararapes" (1879), de Vítor Meireles, representando o
momento crucial da luta contra os holandeses em 1648-49
.
Somente em 1651 Portugal tomou a decisão de enviar ajuda aos combatentes luso-brasileiros em Pernambuco. Enquanto isso, a Holanda se envolvia em um conflito com a Inglaterra pela hegemonia do comércio marítimo internacional, o que dificultou seu apoio às autoridades holandesas em terras americanas.
Com a conjuntura internacional a seu favor, os combatentes luso-brasileiros sitiaram Recife. Em janeiro de 1654, os holandeses assinaram sua rendição e se retiraram de Pernambuco. Mas a guerra ainda não havia acabado. Ela somente se encerrou em 1661, pelo Tratado de Paz de Haia. Por esse tratado, Portugal reconheceu o domínio da Holanda sobre o Ceilão (atual Sri Lanka) e sobre as ilhas Molucas, além de concordar em pagar uma indenização equivalente a 63 toneladas de ouro, que Portugal pagou em prestações.


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