INSURREIÇÃO PERNAMBUCANA
A expulsão dos holandeses
A Holanda dominou uma parte do nordeste brasileiro
a partir de 1630. Entre 1637 e 1644, os domínios holandeses foram governados
pelo conde Maurício de Nassau. Muito habilidoso, ele promoveu muitos benefícios
para os moradores da região e, com isso, conseguiu aproximar holandeses e a população
luso-brasileira.
Depois de 1644, a situação mudou completamente. Os
holandeses tomaram diversas medidas que causaram insatisfação geral entre os pernambucanos: o
afastamento de Maurício de Nassau do governo da colônia holandesa e a cobrança
de dívidas atrasadas que haviam sido contraídas por senhores de engenho na
Companhia das Índias Ocidentais. Isso levou à revolta da população de
Pernambuco, que, sob a liderança de João Fernandes Vieira, comerciante e senhor
de engenho, se lançou à luta armada contra o domínio holandês.
João Fernandes Vieira |
A luta, conhecida como Insurreição Pernambucana, teve início em
1645 e se estendeu por nove anos. Quase toda a população luso-brasileira da
região foi mobilizada: grupos de indígenas comandados por Filipe Camarão,
batalhões de escravizados sob a liderança de Henrique Dias e colonos de origem
europeia, chefiados por Vidal de Negreiros e outros líderes. Pela primeira vez
na história da colônia, ameríndios, escravizados e colonos, unidos por forte
sentimento nativista — de apego à terra natal —, formaram um só grupo de
resistência para defender um objetivo comum: expulsar o invasor holandês. As
armas luso-brasileiras venceram vários confrontos, sendo os mais importantes as
batalhas de Guararapes de 1648 e de 1649.
"A Batalha dos Guararapes" (1879), de Vítor Meireles, representando o momento crucial da luta contra os holandeses em 1648-49. |
Somente em 1651 Portugal tomou a decisão de enviar ajuda aos combatentes
luso-brasileiros em Pernambuco. Enquanto isso, a Holanda se envolvia em um
conflito com a Inglaterra pela hegemonia do comércio marítimo internacional, o
que dificultou seu apoio às autoridades holandesas em terras americanas.
Com a conjuntura internacional a seu favor, os combatentes
luso-brasileiros sitiaram Recife. Em janeiro de 1654, os holandeses assinaram
sua rendição e se retiraram de Pernambuco.
Mas a guerra ainda não havia acabado. Ela somente se encerrou em 1661, pelo
Tratado de Paz de Haia. Por esse tratado, Portugal reconheceu o domínio da
Holanda sobre o Ceilão (atual Sri Lanka) e sobre as ilhas Molucas, além de
concordar em pagar uma indenização equivalente a 63 toneladas de ouro, que
Portugal pagou em prestações.
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