quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A   ERA  MEIJI

  O início da modernização do  Japão,


Hoje,  a terceira maior economia do mundo, o Japão já foi uma “semicolônia” dos Estados Unidos no século XIX. O projeto de modernização desenvolvido durante a Era Meiji, porém, permitiu uma abertura para o Ocidente
que fortaleceu o Japão, ao invés de enfraquecê-lo, como
ocorreu com o Império Otomano, o Egito e a China.

Império Otomano, Egito, China são três exemplos dessa forma de penetração que amplia a colonização [europeia], obtendo todas as suas vantagens, isentas de riscos e encargos.
Idêntico processo havia sido iniciado no Japão, com a diferença de que a iniciativa, ao invés de vir da Europa, vem dos Estados Unidos. Mas a diferença é pequena em relação ao Extremo-Oriente, porque sempre se trata de ocidentais, de brancos. Os Estados Unidos exigem que o Japão abra alguns portos a seu comércio.
Esquadra norte-americana chega ao Japão para exigir
a abertura comercial do país.

A operação se desenrola em dois tempos: em 1854, os navios americanos se apresentam, exigem a abertura; pede-se-lhes paciência. No ano seguinte, o Japão cede. É a abertura do Japão, mas o processo não chegará a termo. A aproximação entre China e Japão é, a esse respeito, muito esclarecedora, revelando uma divergência que põe a descoberto a originalidade da história do Japão.


Súditos se ajoelham à passagem do imperador, tido como uma
divindade pelos japoneses
A partir de 1868, a revolução japonesa, a chamada revolução Meiji ou das Luzes, irá dar um rumo diferente às relações entre o Japão e o Ocidente. Um jovem imperador, que se comporta como um déspota esclarecido, mais ou menos como Pedro, o Grande, ou os soberanos do século XVIII, compreendeu que a superioridade da Europa estava ligada a causas técnicas, econômicas, políticas. E que, se o Japão não assegurasse para si a disposição desse apoio, ele seria reduzido ao papel de colônia da Europa, e que convinha, portanto, reformar-se.
Imperador japonês recebendo as homenagens do 
representante  inglês  por  ocasião  da  assinatura  de  
um tratado de comércio, em 1906.

Entre o nacionalismo ligado ao culto do passado, reduzido à impotência e a explosões de xenofobia, e o nacionalismo voltado para o futuro e o progresso, o Japão escolheu o segundo caminho: a independência pela reforma. 

Ele é o único país, no século XIX, que o fez claramente, deliberadamente, e com espírito de continuidade. Se na Turquia, por diversas vezes, uma elite liberal teve intenções semelhantes, ela nunca conseguiu fazer com que o sultão adotasse seu ponto de vista, enquanto que no Japão é o imperador quem toma a iniciativa do movimento, vencendo forças reacionárias: empreendendo a modernização do país, ele pode livrá-lo da tutela da Europa ou dos Estados Unidos.
Rémond, René. O século XIX: 1815-1914.
 São Paulo: Cultrix, 1989. p. 196.



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