A ERA MEIJI
O início da modernização do Japão,
Hoje, a terceira maior economia do mundo, o Japão já foi uma “semicolônia” dos
Estados Unidos no século XIX. O projeto de modernização desenvolvido durante a
Era Meiji, porém, permitiu uma abertura para o Ocidente
que
fortaleceu o Japão, ao invés de enfraquecê-lo, como
ocorreu
com o Império Otomano, o Egito e a China.
Império Otomano, Egito, China são três
exemplos dessa forma de penetração que amplia a colonização [europeia], obtendo
todas as suas vantagens, isentas de riscos e encargos.
Idêntico processo havia sido iniciado no
Japão, com a diferença de que a iniciativa, ao invés de vir da Europa, vem dos
Estados Unidos. Mas a diferença é pequena em relação ao Extremo-Oriente, porque
sempre se trata de ocidentais, de brancos. Os Estados Unidos exigem que o Japão
abra alguns portos a seu comércio.
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Esquadra norte-americana chega ao Japão para exigir a abertura comercial do país. |
A operação se desenrola em dois tempos: em
1854, os navios americanos se apresentam, exigem a abertura; pede-se-lhes
paciência. No ano seguinte, o Japão cede. É a abertura do Japão, mas o processo
não chegará a termo. A aproximação entre China e Japão é, a esse respeito,
muito esclarecedora, revelando uma divergência que põe a descoberto a
originalidade da história do Japão.
Súditos se ajoelham à passagem do imperador, tido como uma
divindade pelos japoneses
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A partir de 1868, a revolução japonesa,
a chamada revolução Meiji ou das Luzes, irá dar um rumo diferente às relações
entre o Japão e o Ocidente. Um jovem imperador, que se comporta como um déspota
esclarecido, mais ou menos como Pedro, o Grande, ou os soberanos do século
XVIII, compreendeu que a superioridade da Europa estava ligada a causas
técnicas, econômicas, políticas. E que, se o Japão não assegurasse para si a disposição
desse apoio, ele seria reduzido ao papel de colônia da Europa, e que convinha,
portanto, reformar-se.
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Imperador japonês recebendo as homenagens do
representante inglês por ocasião da assinatura de
um
tratado de comércio, em 1906.
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Entre o nacionalismo ligado ao culto do
passado, reduzido à impotência e a explosões de xenofobia, e o nacionalismo
voltado para o futuro e o progresso, o Japão escolheu o segundo caminho: a
independência pela reforma.
Ele é o único país, no século XIX, que o fez claramente, deliberadamente, e com espírito de continuidade. Se na Turquia, por diversas vezes, uma elite liberal teve intenções semelhantes, ela nunca conseguiu fazer com que o sultão adotasse seu ponto de vista, enquanto que no Japão é o imperador quem toma a iniciativa do movimento, vencendo forças reacionárias: empreendendo a modernização do país, ele pode livrá-lo da tutela da Europa ou dos Estados Unidos.
Ele é o único país, no século XIX, que o fez claramente, deliberadamente, e com espírito de continuidade. Se na Turquia, por diversas vezes, uma elite liberal teve intenções semelhantes, ela nunca conseguiu fazer com que o sultão adotasse seu ponto de vista, enquanto que no Japão é o imperador quem toma a iniciativa do movimento, vencendo forças reacionárias: empreendendo a modernização do país, ele pode livrá-lo da tutela da Europa ou dos Estados Unidos.
Rémond, René. O século XIX: 1815-1914.
São Paulo: Cultrix, 1989. p. 196.
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