SABER MAIS PARA ENSINAR MELHOR.
Vou
começar com uma frase do historiador francês Marc Bloch: “Todas as ciências são interessantes. Mas cada sábio
quase só encontra uma cuja prática o diverte. Descobri-la, para a ela se
consagrar, é o que se chama propriamente de vocação.”
Gosto
dessa frase porque, mesmo não sendo um sábio, eu também encontrei no estudo e
no ensino da História a minha vocação.
Até
onde minha lembrança alcança, sempre gostei de História. No início, eu ouvia as
histórias contadas por minha mãe; depois, no Ginásio, eu me encantava com as
aulas da dona Neuzinha.
Todos
nós, professores, estamos convencidos da importância do estudo da História.
Mas
que motivos têm os mais jovens para querer saber o que veio “antes”?
Certa
vez, uma aluna da primeira série do Ensino Médio justificou o desinteresse pela
História, dizendo algo assim: Ah, professor, eu só tenho quinze anos e não
sei por que tenho de aprender essas coisas que aconteceram há tanto tempo!
É provável que alguns de vocês já tenha ouvido algo semelhante. É verdade que
os jovens têm dificuldade para perceber a importância do conhecimento do
passado, mas também pode ser verdadeiro que o conteúdo que eu estava ensinando, e/ou a forma como eu estava ensinando, não estavam motivando aquela jovem.
No último livro que Marc Bloch escreveu, pouco
antes de morrer num campo de concentração nazista, durante a 2ª. G. Mundial,
ele se propõe responder à questão “para que serve a História”, que seu próprio
filho, ainda criança, lhe havia feito.
Mesmo que julgássemos a história incapaz de outros
serviços, seria certamente possível alegar em seu favor que ela distrai (...)
Pessoalmente (..) a história sempre me divertiu muito (BLOCH, 1997: 77)
O
francês Georges Snyders, autor do livro Alunos
felizes, conta que certa vez um aluno da 6ª. série questionou a validade do
ensino de História, dizendo que
entendia ser necessário
aprender gramática para não cometer erros de gramática quando datilografava as
cartas do patrão. Também entendia ser preciso aprender matemática para não cometer
erros nas contas do patrão. Mas não entendia por que era preciso aprender História.
O professor, então, lhe
explicou que era preciso aprender História para entender porque seu patrão
tinha se tornado patrão.
(Snyders, Georges. Alunos
felizes. 2. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993, p. 192.)
Não
há dúvida de que a História pode ser útil para diversas finalidades. Mas, em si
mesma, a História não necessita de nenhuma justificativa para existir.
Construir narrativas ou explicações sobre o passado é uma necessidade do ser
humano. E tem sido sentida desde tampos muito recuados, possivelmente por todas
as culturas. IMAGEM
Com esses grandes historiadores me alinho. Estudei e estudo
História porque sempre amei a História, amei e amo o conhecimento e a
compreensão do passado humano, como e porque as pessoas fizeram o que fizeram,
foram o que foram, pensaram o que pensaram. Esse conhecimento não
tem nenhuma utilidade prática ou funcional para o nosso dia-a-dia.
Esse conhecimento é simplesmente bom em si, porque é bom conhecer as coisas, é
bom conhecer o que aconteceu, o passado, independente de sua utilização prática
atual. (Ricardo da Costa, UFES)
De
uma forma ou de outra, em muitos momentos, nos damos conta de que aquilo que
queremos ensinar nem sempre faz sentido para os alunos, pelo menos não faz para
todos. A verdade é que nós colocamos para o aluno respostas para perguntas que
ele ainda não se fez.
Então,
o maior desafio do professor talvez seja esse:
- Convencer o aluno da importância daquilo que está ensinando.
Para convencer o aluno, o professor
deve estar convencido, ele mesmo, da validade daquilo que ensina. É importante
fazer com que o aluno perceba com clareza o porquê das tarefas e dos conteúdos
propostos. Isso é importante para o sucesso do professor.
1. CONDIÇÕES PARA O SUCESSO DO PROFESSOR
- Ter humildade para reconhecer que tem muito aprender; daí a
necessidade de estudar mais, de ler, de pesquisar, para
saber sempre mais;
- Ter disposição para enfrentar
desafios;
- Preocupar-se menos com o conteúdo e mais
com qualidade da aula.
- Um minuto de meditação
Uma
dica muito importante: Antes de entrar na classe, faça um minuto de meditação:
tire da cabeça os aborrecimentos e se fixe na ideia de que você vai fazer uma
atividade importante e que ela deve ser prazerosa. Lembre-se de que você vai
ser tomado como modelo pelo aluno. Pense na imagem que vc quer que os alunos
guardem de você – uma imagem que vai ficar para sempre. Vejam que agora há
pouco eu falei da professora Neuzinha.
- Se a sala estiver bagunçada, primeiro
restabeleça a ordem, peça para os alunos colocarem as carteiras no lugar,
recolherem o lixo que estiver espalhado pela classe...
- Fique sempre atento ao relógio. Não se
deixe surpreender pelo sinal; encerre a aula alguns minutos antes, tendo o
cuidado de deixar a classe arrumada para o próximo professor.
2. SAIR DA ROTINA:
A chance de o professor ser bem sucedido é
sair da rotina e ir além da aula expositiva.
Sabemos
que a aula expositiva é a base das aulas do professor. Mas é importante ter em
conta que a aula expositiva não deve ser a única forma de aula; ela deve ser
alternadas com atividades diferenciadas.
A
mais frequente é o Seminário, em que
os próprios alunos dão a aula. Mas, atenção: para o seminário funcionar, é
preciso que o professor dê as instruções, como ele quer que seja feito e como
será a avaliação.
Para sair da rotina, programe no seu
planejamento algumas atividades diferenciadas, tais como:
- Dramatização (o mesmo que representação
de papéis)
- Dinâmica de grupo
- Jornalzinho preparado pelos alunos
- Histórias em quadrinhos
- Uso de filmes (atenção: os filmes exigem
certos cuidados)
- Saídas para visitas, estudos do meio
(projetos pedagógicos, atividades interdisciplinares).
3. IMPORTÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE
Todas
essas atividades podem e devem envolver a interdisciplinaridade.
·
A interdisciplinaridade favorece o
entendimento do significado do conteúdo escolar,
e traz ganhos para o professor e para os alunos.
·
O ideal é que a interdisciplinaridade
envolva diversas disciplinas, mas pode ser desenvolvida por apenas duas
disciplinas. Se o professor de História precisa explicar um tema que não
conhece bem, por exemplo, a arte barroca, ele pode pedir a ajuda do professor
de Artes. Não é conveniente que um professor se imiscua na disciplina do colega.
Ele pode dizer besteira.
·
Para envolver diversas disciplinas, é
preciso um tema amplo e que pode facilmente despertar o interesse dos alunos.
Imaginemos, por exemplo, temas como: a poluição do rio da cidade, a dengue, as
tragédias nas áreas de risco, a conservação do patrimônio histórico da cidade, etc.
·
Não esquecer que o sucesso da atividade
depende do bom planejamento.
4. A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO
O
planejamento costuma ser considerado uma exigência burocrática e, portanto,
pouco valorizado pelo professor.
- No entanto, o planejamento é
importante porque é momento de decidir
as atividades do professor e do aluno. Ele é o guia condutor do curso e
deve, inclusive, ser dado a conhecer aos alunos.
- O planejamento da aula dá segurança ao
professor e contribui para a boa disciplina da classe.
- Importância de planejar ao mesmo tempo a aula e a avaliação.
Para
encerrar, lembro aquela frase do Einstein:
“O único lugar em que o sucesso vem antes do trabalho é no
dicionário.”
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