sábado, 26 de julho de 2014

O ASSASSINATO DO PRESIDENTE ABRAHAM LINCOLN

Condenação dos envolvidos na conspiração 

No final de 1864, poucos meses antes do encerramento da Guerra Civil, Abraham Lincoln foi reeleito presidente dos Estados Unidos por uma maioria expressiva. Mas o provável desfecho do conflito tornou-se previsível a partir do dia 8 de abril, quando se deu a rendição do general sulista Robert E. Lee (o encerramento oficial do conflito, porém, somente ocorreria em 28 de junho de 1865).

Poucos dias após a rendição do general Lee, o presidente Lincoln foi assassinado por John Wilkes Booth, enquanto assistia à encenação da peça Our American Cousin, no Teatro Ford. Esse é um fato bastante sabido. Mas o que muitos ignoram é que, na verdade, houve uma conspiração para cometer esse crime, e eram muitos os envolvidos.

Booth era um ator teatral de grande prestígio na época e era um sulista fanático. Percebendo que a causa dos estados sulistas estava perdida, ele reuniu um grupo de conspiradores. A ideia inicial era sequestrar Lincoln para trocá-lo por prisioneiros sulistas. Mas a rendição do general Lee, comandante da maior força armada dos estados do Sul, em 1865, fez os conspiradores mudarem de ideia: o objetivo não seria mais o sequestro de Lincoln, mas sua morte, dele e de outros líderes do governo. Booth e seus amigos achavam que, se isso acontecesse, a guerra, que ainda não estava encerrada, poderia mudar de curso em favor do Sul.

O dia escolhido foi 14 de abril de 1865. Na véspera, liderados por Booth, alguns dos conspiradores se reuniram no Hotel Kirkwood, para a divisão das tarefas. A George Atzerodt coube a tarefa de assassinar o vice-presidente, Andrew Johnson. Enquanto isso, Lewis Powell, com o auxílio de David Herold, devia ir à casa do secretário de Estado, William H. Seward, e matá-lo. Seward era o segundo na linha de sucessão presidencial (o primeiro, obviamente, era o vice-presidente). John Wilkes Booth atribuiu a si mesmo a tarefa de maior responsabilidade, a qual, se bem sucedida, renderia o maior prestígio: assassinar o presidente Abraham Lincoln.

Dos três, George Atzerodt foi o único que fracassou completamente. Ele havia entrado em um bar, e, depois de tomar uns tragos, desistiu de cometer o assassinato do vice-presidente, ou porque perdeu a coragem ou porque ficou bêbado ou por outro motivo.

Em 14 de abril de 1865, Lewis Powell e David Herold foram até a residência Seward. Powell entrou na casa, alegando que trazia remédios enviados pelo Dr. Verdi para Seward. (No início do mês, em 5 de abril de 1865, Seward tinha sido ferido em um acidente de carro, e quebrou a mandíbula e o braço direito, além de outras contusões graves. Ele estava em casa em convalescença.)

Powell entrou no quarto e tentou matar William Seward, esfaqueando-o repetidas vezes. Powell também feriu os dois filhos mais velhos de Seward e o sargento George F. Robinson, que estava ali como enfermeiro. Na saída, ainda agrediu Emerick Hansell, mensageiro, que chegava na hora em que Powell estava escapando.

A pintura mostra  o assassinato de Abraham Lincoln, 
dentro do Teatro Ford. Da esquerda para a direita: 
Henry Rathbone, Clara Harris, Mary Todd Lincoln
Abraham Lincoln e o assassino,  John Wilkes Booth
Ao sair à rua, notou que seu comparsa David Herold o havia abandonado, e sem ele Powell ficou perdido, pois não conhecia as rotas de fuga. Depois de vagar pela cidade durante três dias, chegou à pensão da senhora Mary Surratt, que ele costumava frequentar. A polícia sabia dessa ligação e ficou à espera. Ao chegar, foi preso. A senhora Surratt negou conhecer Powell, mas mesmo assim também foi levada pelos policiais para se juntar a outros conspiradores presos. Entre estes estava George Atzerodt, que havia fugido para uma fazenda em Germantown, a cerca de 40 km a noroeste de Washington, e ali foi localizado e preso no dia 20 de abril.

Ao abandonar Lewis Powell na casa de Seward, David Herold saiu de Washington e foi ao encontro de John Wilkes Booth, que já havia cometido o crime contra Lincoln. Encontraram-se nas imediações de Washington e juntos seguiram para o sul, em direção à Virgínia. No caminho, passaram pela casa do Dr. Samuel Mudd, um velho conhecido, para que ele examinasse a perna de Booth, que havia se quebrado quando da fuga do teatro.

Seguindo para o sul, já na Virgínia, se refugiaram na fazenda de Richard H. Garrett, onde Booth se apresentou como um soldado confederado que tinha sido ferido na batalha de Petersburg e estava voltando para casa. Os Garretts ainda não tinham conhecimento do assassinato de Lincoln.

Os fugitivos  permaneceram na fazenda até que as autoridades os encontraram, no dia 26 de abril. Herold se rendeu às tropas, mas Booth, recusando-se a se render, foi baleado e morreu poucas horas depois.
Todos os envolvidos que sobreviveram foram presos. Alguns foram logo liberados, e a lista de suspeitos se reduziu a oito conspiradores: Samuel Arnold, George Atzerodt, David Herold, Samuel Mudd, Michael O'Laughlen, Lewis Powell, Edmund Spangler  e Mary Surratt – sete homens e uma mulher.

Os oito suspeitos foram julgados por um tribunal militar, cuja criação fora ordenada por Andrew Johnson, então presidente. O julgamento durou cerca de sete semanas. Edmund Spangler foi condenado a seis anos de prisão. Dr. Samuel Mudd, Samuel Arnold e Michael O'Laughlen foram condenados à prisão perpétua. Todos esses, porém, foram anistiados alguns anos depois. Os outros – Mary Surratt, Lewis Powell, David Herold e George Atzerodt – foram condenados à morte e enforcados em 7 de julho de 1865.

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