A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Segundo Eric Hobsbawm
Para o historiador
Eric Hobsbawm a Revolução Industrial ainda não teve o seu desfecho, pois ainda
prossegue nos dias atuais. E a Grã- Bretanha não teve o pioneirismo na
Revolução devido aos seus avanços científicos ou tecnológicos, pois outros
países europeus encontravam-se afronte da Grã – Bretanha neste quesito. O que
fez então com que a Grã – Bretanha detivesse o pioneirismo da Revolução? Para o
historiador isto é simples de analisar, pois as condições pré-existentes para o
surgimento dela já se encontravam presente na Grã-Bretanha um século antes de
outros países, para darmos exemplo, é muito duvidoso que em 1750 ainda
existisse um campesinato dono de terras em grandes partes da Inglaterra e é
seguro que não podemos falar de uma agricultura de subsistência.
O país já dispunha de
capitais e homens dispostos a investir no progresso econômico, além de possuir
um setor manufatureiro e comércio bastante desenvolvido, transporte e
comunicação eram bastante baratos e os problemas tecnológicos do começo da
Revolução eram bastante simples necessitando apenas de homens com escolaridade
comum e alguma familiaridade com dispositivos mecânicos simples. Fazendo com
que as barreiras fossem de fácil superação. Mas o estopim para a Revolução
Industrial foi a expansão dos mercados consumidores, senão realmente a criação
destes visto que é o mercado que define aquilo que um homem de negócios
produzirá. Essa expansão de mercados se deu através do mercado interno ou
mercado externo além do governo.
O mercado interno por
maior que fosse não significa um grande escoadouro para produtos
industrializados. A diferença está não somente no aumento da população, mas
principalmente no poder de compra desta na primeira metade do século XVIII. É
provável que a renda inglesa tenha aumentado, as pessoas estavam em melhores
condições de vida e podiam comprar mais; a crescente procura de alimentos e
combustível fez com que investimentos fossem realizados em transportes,
facilitando e barateando o transporte de produtos. Além do que o mercado
interno com um maior poder de compra acabou por torna-se um grande escoadouro
para produtos que mais tarde se tornariam em bens de capital como carvão
vegetal que cresceu com o aumento das lareiras urbanas. O mercado interno tinha
como principal vantagem o seu tamanho e consistência protegendo o país contra
as oscilações do mercado externo.
O mercado externo
desenvolveu-se em grande parte devido à grande marinha inglesa que com o aval
do governo realizavam a destruição dos concorrentes além da conquista de novos
mercados consumidores, fazendo desenvolver um comércio internacional onde a
Grã-Bretanha exportava produtos industrializados e importava matérias-primas e
alimentos. Desenvolvendo uma relação de interdependência de outros países com a
Grã-Bretanha.
No início de sua
produção industrial a Grã-Bretanha destacou-se na produção da indústria têxtil
sendo esta o seu maior expoente, principalmente a indústria algodoeira que foi
criada e alimentada pelo comércio colonial. As Índias Ocidentais forneciam os
insumos para a indústria britânica e recebiam em troca tecidos de algodão com
preços acima do mercado. Entre 1750 e 1769, a exportação de tecidos da
Grã-Bretanha para o mundo aumentou mais de dez vezes. Por volta de 1840 as
áreas consideradas “subdesenvolvidas” representavam o maior mercado consumidor
para a exportação de tecidos de algodão, destacando-se a América Latina e as
Índias Orientais. O algodão foi, portanto o combustível para que empresários e
investidores se lançassem na Revolução Industrial que estava surgindo naquele
momento.
Assim no início da
Revolução Industrial a Grã-Bretanha criou um sistema de interdependência de
outras regiões do mundo com ela. Onde ela fornecia os produtos manufaturados e
recebia as matérias-primas vindas de áreas subdesenvolvidas, principalmente
colônias, criando um capitalismo difícil de ser sustentado. Seu principal
rival, já então, eram os Estados Unidos, vindo a seguir a França, a
Confederação Germânica e a Bélgica. Embora essas economias adiantadas fossem
parceiras comerciais da Grã-Bretanha e no início de sua industrialização
dependessem de maquinário e mão de obra inglesa, estes não abriam mão do
protecionismo, começando pelos Estados Unidos em 1816 e a maioria dos demais
países adiantados a partir da década de 1880. As exportações britânicas para o
“mundo adiantado” continuou a ser grande, mas começou a dar mostras de
estacionar ou declinar.
Após 1873 a situação
do mundo “avançado” foi de rivalidade entre os países desenvolvidos; e, além
disso, entre países com relação aos quais somente a Grã-Bretanha tinha
interesse essencial em total liberdade de comércio. Nem os Estados Unidos, nem
a Alemanha, nem a França dependiam em grau substancial de volumosas importações
de alimentos e matérias-primas.
Assim todos os países
adiantados com exceção, em parte, da pequena Bélgica, achavam-se retardados no
tocante a industrialização, mas já se fazia claro que se estes países e outros
continuassem a se industrializar, a vantagem britânica diminuiria
inevitavelmente. E assim aconteceu. No início da década de 1890, tanto os
Estados Unidos como a Alemanha ultrapassaram a Grã-Bretanha na produção da
mercadoria crucial da industrialização – o aço. A partir de então, a
Grã-Bretanha passou a integrar um grupo de potências industriais, mas deixou de
ter a liderança da industrialização. Na verdade, entre as nações
industrializadas era a mais lenta e aquela que revelava sinais mais óbvios de
declínio relativo.
Com o aumento da
participação de outros países no comercio internacional e a perda de fôlego da
indústria britânica devido ao seu declínio técnico e científico a Grã-Bretanha
deixou ao longo dos anos de ser o protagonista da economia mundial para ser
apenas um dos seus coadjuvantes.
HOBSBAWM, Eric. Da Revolução Inglesa ao Imperialismo, Forense Universitária, Rio de Janeiro.1969. Em: http://economes-ufam.blogspot.com.br/2012/11/a-revolucao-industrial-segundo-eric.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário