domingo, 20 de julho de 2014

A GUERRA ENTRE ISRAEL E ÁRABES.

Desde a segunda metade do século XIX, era cada vez maior a imigração de judeus para a Palestina, estimulada pela Sociedade dos Amigos de Sion (Sion é o nome de uma das colinas de Jerusalém). O objetivo dessa entidade era a formação de um Estado judeu (ou judaico).

Sionismo

O sionismo era um movimento nacionalista, como tantos outros que atuavam na Europa naquela época – final do século XIX. Os judeus não tinham um Estado próprio nem um território. E esta passou a ser a principal meta do sionismo desde a realização de seu primeiro congresso, na Suíça, em 1897.
O jornalista e sociólogo Cláudio Camargo relata que, após o Congresso sionista, alguns rabinos de Viena enviaram dois mensageiros à Palestina para verificar a viabilidade da fundação de um Estado judeu. Lá chegando, os emissários teriam remetido um telegrama com a mensagem: A noiva é bela, mas está casada com outro homem (Camargo, Cláudio. Guerras árabe-israelenses. In: Magnoli, Demétrio (Org.). História das guerras. São Paulo: Contexto, 2008. p. 427.), referindo-se à presença da população árabe.

A imigração, porém, continuou, com a instalação de cerca de mil pessoas por ano na Palestina. O movimento sionista intensificou a ida de judeus que compravam terras pobres e não rentáveis, o que era favorecido pelos próprios árabes que viam nisso um bom negócio. Em 1909, foi fundada a cidade de Tel Aviv, que se tornaria capital após a independência de Israel.
Durante a Primeira Guerra, Londres tornou-se o principal centro do Sionismo. Em 1917, James Balfour, ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, associou seu nome àquela que ficaria conhecida como “DeclaraçãoBalfour”, segundo a qual o governo britânico estava disposto a apoiar o estabelecimento de um Estado judeu na Palestina.
Durante a década de 1930, com a ascensão do nazismo na Alemanha e a perseguição aos judeus, a imigração para a Palestina cresceu muito. Começaram a ocorrer, então, rebeliões árabes reivindicando a limitação da entrada dos judeus e a interdição da venda de terras árabes.

A partilha da Palestina

No final da Segunda Guerra, a Grã-Bretanha transferiu o problema da Palestina para a ONU. Em 1947, a Comissão Especial da ONU para a Palestina recomendou, em seu relatório final, a partilha do território em dois Estados: um judeu e um palestino, ficando a cidade de Jerusalém e seus arredores sob controle internacional. O Estado judeu ficaria com 53,5% do território, sendo que sua população correspondia a 30% do total, enquanto ao Estado palestino caberia 45,4% das terras para acomodar 70% da população da região. A proposta foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU, em 29 de novembro de 1947, presidida pelo brasileiro Oswaldo Aranha. A proposta transformou-se na Resolução 181, que foi aceita pela Organização Sionista Mundial, mas rejeitada pelos árabes.


A primeira guerra árabe-israelense

Tão logo a resolução foi aprovada, os judeus fundaram o Estado de Israel, em maio de 1948, o que foi imediatamente reconhecido pelos EUA e pela URSS. Os árabes, que haviam rejeitado a decisão da ONU, reagiram de forma bem diferente: no dia seguinte à proclamação do Estado judeu, os exércitos da Síria, da Jordânia, do Iraque e do Egito invadiram a Palestina para apoiar as populações árabes. Começava a primeira guerra árabe-israelense.
Os judeus vinham organizando suas milícias, e a principal delas, a Haganá (Defesa, em hebraico), contava com 30 mil combatentes no começo da guerra, efetivos que subiram para 94 mil no final de 1948. Os israelenses conseguiram resistir aos ataques árabes. Em junho de 1948 ocorreu um cessar-fogo, mas foi de curta duração. A luta prosseguiu até janeiro de 1949, quando os dois lados aceitaram os apelos da ONU em favor de um cessar-fogo. A guerra terminou formalmente em 20 de julho de 1949, com a vitória de Israel, que aproveitou para ampliar seu próprio território.

Essa guerra foi desastrosa para o povo palestino. Mais de 400 vilarejos foram evacuados e destruídos. O número de palestinos (no que passou a ser o território de Israel) caiu drasticamente: de 750 mil para 165 mil. Grande parte buscou refúgio nos países vizinhos: Jordânia, Síria, Líbano e na Faixa de Gaza (território então sob o controle do Egito). Hoje, os palestinos compõem o maior grupo de refugiados do mundo: mais de 4 milhões oficialmente registrados na Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados.
Desde então, houve várias guerras entre Israel e seus vizinhos, sempre vencidas pelos israelenses. As relações entre israelenses e palestios têm sido uma constante até os nossos dias. 


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