O NASCIMENTO DO SISTEMA FABRIL
O pioneirismo inglês
A Revolução Industrial foi o resultado de um longo processo
que teve início na Baixa Idade Média, com o renascimento das cidades e do
comércio na Europa ocidental. A partir desse momento, ganharam importância cada
vez maior as noções de lucro e de produtividade, fundamentais para o
desenvolvimento de uma mentalidade voltada para o enriquecimento e para a
acumulação: a mentalidade empresarial capitalista.
Com as Grandes Navegações, entre os séculos XV e XVI, as
atividades econômicas se expandiram. Controlando vastos territórios em quase
todo o mundo, os europeus passaram a explorar o comércio em proporções
mundiais, levando para o seu continente riquezas que seriam aplicadas na fabricação
de produtos destinados a alimentar um mercado cada vez maior.
O sistema doméstico
As próprias formas de produção
de mercadorias na Europa acabaram por se transformar. Para atender à demanda
crescente, surgiram métodos mais eficientes de produzir. Com isso, as antigas
corporações de ofício se enfraqueceram e perderam importância. Elas foram,
gradativamente, substituídas pela produção
manufatureira. Os artesãos trabalhavam
em suas próprias casas por encomenda. Por isso essa forma de produção é também chamada
de sistema doméstica. Essa nova forma
de produção era dirigida por um comerciante que controlava o trabalho de vários
artesão, fornecendo a matéria-prima e as ferramentas necessárias e, como forma
de pagamento, recebiam um salário.
A partir de meados do século XVIII, alguns comerciantes
perceberam que podiam aumentar ainda mais a produção e os lucros. E, em vez de
espalhar ferramentas e matérias-primas entre os artesãos do sistema doméstico, passaram a reuni-los
num mesmo local para trabalhar: assim surgiram as fábricas, ou o sistema
fabril, com a substituição das ferramentas artesanais pelas máquinas.
Surge o sistema fabril
As fábricas trouxeram muitas vantagens aos empresários.
Ficou mais fácil controlar a produção, pois era possível reduzir a perda de
matérias-primas, por exemplo, e ao mesmo tempo fiscalizar de perto a qualidade
do produto. A fábrica possibilitou ainda incrementar a produtividade, ao tornar
mais eficaz o controle sobre a velocidade e o ritmo do trabalhador. Além disso,
a produção foi reorganizada. A fabricação de cada mercadoria passou a ser
dividida em várias etapas, num processo conhecido como produção
em série. Concentrado em uma única atividade, o trabalhador
especializava-se e aumentava a produção.
Essas características acabaram influindo no custo final
do produto. Com mercadorias produzidas por meios mais baratos, era possível
aumentar a margem de lucro e o mercado consumidor.
As fábricas mudaram a paisagem da Inglaterra.
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Mudanças causadas pelas fábricas
As fábricas são um dos
símbolos mais visíveis da Revolução Industrial. Elas modificaram as sociedades
de forma definitiva: além de introduzir a produção em série de mercadorias —
uma inovação no sistema produtivo —, alteraram as relações de trabalho e a
paisagem.
Foram as fábricas as
principais responsáveis pelo desenvolvimento das grandes cidades, um novo
cenário dominado por chaminés e por multidões de trabalhadores, marcado também
por sério desequilíbrio ambiental.
A transformação mais importante no modo de produção,
porém, foi causada pelo emprego de máquinas movidas a vapor nas unidades
fabris, o que assinalou a passagem da
produção artesanal domiciliar para a produção em grande escala. Multiplicando o
trabalho humano, as máquinas ampliaram ainda mais a produção de mercadorias.
Assim, surgiram as indústrias modernas, reunindo centenas de trabalhadores, incluindo mulheres e crianças.
O trabalho de mulheres e crianças ganhou espaço nas novas
fábricas.
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A Revolução Industrial e o trabalhador
Para o trabalhador, esse processo significou a perda gradual
do controle de suas atividades. Na época das corporações de ofício, ele era
dono de suas ferramentas e senhor de seu ritmo de trabalho. Na manufatura, sem
suas ferramentas e matérias-primas, tornou-se dependente do comerciante, mas
ainda exercia o controle sobre seu trabalho.
No sistema fabril, esse controle passou a ser feito por
técnicos, sob o comando dos empresários. A atividade do trabalhador tornou-se
apenas uma parcela da produção geral, e ele perdeu o domínio sobre o produto
final de seu trabalho.
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