JAPÃO
DA PROSPERIDADE À RECESSÃO
DA PROSPERIDADE À RECESSÃO
A Segunda Guerra Mundial deixou em ruínas a economia
japonesa: em 1946, por exemplo, a produção industrial do país caiu para um
sétimo do que fora em 1941. Mas o auxílio estadunidense (incluindo os gastos
durante a ocupação militar), aliado ao esforço dos próprios japoneses, garantiu
a recuperação econômica. O início da Guerra da Coreia (1950-1953) também ajudou
nesse processo, pois foram crescentes as encomendas às indústrias japonesas no
período. Conhecida como “milagre japonês”, a recuperação da economia se apoiou
principalmente no rápido desenvolvimento de setores industriais, como a
construção naval e a produção de equipamentos eletrônicos e fotográficos. Mas
setores tradicionais, como a indústria têxtil e a siderúrgica, também
cresceram.
Em menos de vinte anos, o Japão não só conseguiu alcançar
os mais adiantados países ocidentais, como também chegou a ultrapassá-los. Na
década de 1960, superou os suíços na produção de relógios e os alemães na
produção de aparelhos fotográficos. Na década de 1980, deixou para trás os
Estados Unidos na produção de aço, robôs e automóveis. Em 1997, seu PIB se tornou
o dobro do PIB da Alemanha e o segundo maior do mundo - atrás apenas dos
Estados Unidos. (Em 2010, o PIB do Japão foi superado pelo da China, que se
tornou, portanto, a segunda maior economia do mundo.)
Uma das características do modelo econômico japonês foi a
intervenção do Estado na coordenação e na implementação de projetos nacionais
de desenvolvimento. As autoridades estatais passaram a orientar e coordenar as
empresas, ajudando-as com políticas de comércio, tecnologia e crédito. Com esse
apoio, as empresas se capacitaram para competir com sucesso no mercado mundial.
Ao mesmo tempo, o país
deixou de ter gastos militares, já que os termos da rendição de 1945 para os
estadunidenses proibiam a reorganização das forças armadas. Isso permitiu ao
Estado japonês canalizar os saldos favoráveis de sua balança comercial tanto
para investimentos produtivos quanto para o aumento dos salários reais,
melhorando o padrão de vida da população. Esse processo foi acompanhado de
elevados investimentos em pesquisas tecnológicas. Em consequência, o Japão
conseguiu assumir uma posição de liderança nos setores de tecnologia da
informação, no momento em que estes se tornavam essenciais na economia
globalizada.
Mas nenhuma explicação do “milagre japonês” estará
completa se não se levarem em conta as características peculiares do seu
sistema de trabalho. Eis algumas delas:
·
o trabalhador
japonês é solidário com a empresa onde trabalha, com a qual tem um pacto: ele
se compromete a permanecer fiel à empresa durante toda sua vida ativa e a
empresa se compromete a não demiti-lo;
·
o salário se
compõe de duas partes — uma fixa, outra variável. Esta última depende dos
resultados econômicos obtidos pela empresa. Os sindicatos acompanham com atenção
os índices de aumento da produtividade e dos lucros e negociam com os patrões o
montante adicional do salário a ser pago;
·
quando decidem pressionar os patrões, os
trabalhadores japoneses primeiramente recorrem a um ato simbólico, que pode
consistir, por exemplo, na colocação de uma faixa em torno da cabeça. Apenas
nos casos mais graves eles entram efetivamente em greve, com a paralisação do
trabalho.
Essas características
das relações de trabalho no Japão levam o trabalhador a se sentir uma espécie
de “sócio menor” da empresa, comprometido com seu sucesso. Para isso, ele é
capaz de fazer sacrifícios, que chegam ao extremo da redução voluntária dos
dias de descanso.
Depois de mais de trinta anos de crescimento quase ininterrupto, no fim da década de 1980 a
economia japonesa começou a apresentar sinais de esgotamento e rapidamente caminhou
para a recessão, quer dizer, uma redução acentuada das atividades
econômicas.
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