MERCANTILISMO
Um dos traços mais significativos do quadro
econômico do Antigo Regime foi o mercantilismo, que consistiu em uma
série de medidas e práticas econômicas adotadas por diversos chefes de Estado.
Seu principal objetivo era obter a maior quantidade possível de metais
preciosos (ouro e prata) para o Tesouro Nacional. Essa tendência ficou
conhecida com o nome de metalismo, às vezes chamada também de bulionismo.
Acreditava-se
que, através da acumulação de metais preciosos, seria possível fortalecer o
Estado diante das outras nações.
Essa
crença tinha por base o exemplo da Espanha, em que o metalismo foi particularmente
forte. A Espanha era a maior potência europeia no século XVI, e seu poderio
vinha justamente do ouro e da prata extraídos da América. Mas nem todos os
Estados tinham colônias fornecedoras de metais preciosos.
Esses
Estados adotaram então outros caminhos para conseguir riqueza: mantendo a balança
de comércio favorável, ou seja, fazendo com que o valor das exportações
fosse sempre maior do que o das importações. Em outras palavras, exportar mais
do que importar. Como naquele tempo as compras eram pagas em ouro e prata, os
países que vendessem mais receberiam mais metais preciosos.
Uma
das medidas tomadas para garantir que a balança comercial se mantivesse
favorável foi o protecionismo alfandegário. Por meio dele, o Estado
cobrava altas taxas alfandegárias sobre os produtos importados, diminuindo as
importações. Isso tinha consequências favoráveis: estimulava a produção
interna, favorecia as exportações e reduzia as importações, possibilitando alcançar
um saldo favorável no comércio exterior.
Certos
governantes perceberam também que, em vez de matérias-primas, era mais
vantajoso exportar produtos manufaturados: além dos preços mais elevados, a
elaboração desses produtos gerava empregos e possibilitava a cobrança de
impostos pelo governo. Por isso, alguns Estados estimularam a produção
manufatureira, iniciando assim uma política que ficou conhecida como industrialismo.
Isso aconteceu principalmente na Inglaterra, na Holanda e na França.
Tipos de
mercantilismo
Enriquecer
o Estado e fortalecer o poder real. Esses objetivos gerais eram compartilhados
por todas as potências europeias entre os séculos XVI e XVIII, quaisquer que
fossem as diferenças entre elas. Todas praticaram, em maior ou menor grau, o
intervencionismo do Estado na economia. Desse modo, os governantes procuravam
desenvolver os setores que mais lhes interessavam, oferecendo a concessão de
monopólios, privilégios, tarifas protecionistas ou mesmo ajudando a montar
empresas privadas.
Havia,
contudo, variações no modo de aplicar o mercantilismo e de definir objetivos
específicos.
Dessas
variações resultaram diferentes tipos de mercantilismo. O comercialismo,
por exemplo, foi a forma de mercantilismo adotada nos Países Baixos. Ali, os
negociantes voltaram-se para o comércio marítimo e se tornaram intermediários
nas relações comerciais entre diversos Estados. Para isso, estabeleceram uma
parceria com o Estado holandês, por meio da qual constituíram grandes
Companhias de Comércio, protegidas por privilégios concedidos pelo governo.
Outra
forma de mercantilismo foi a praticada por Jean-Baptiste Colbert, ministro do
rei francês Luís XIV, no período de 1661 a 1683. Nessa modalidade, o próprio
Estado passou a agir como empresário, criando diversas manufaturas reais. Daí
se originou o nome colbertismo dado ao mercantilismo industrial francês
dessa época.
A
Inglaterra, por sua vez, a partir do reinado de Elizabeth I (de 1558 a 1603),
praticou um tipo de mercantilismo que combinou, com sucesso, o incentivo à
produção de bens e ao comércio. Para tanto, foram criadas leis que fixavam
preços, regulamentavam as horas de trabalho e obrigavam todo homem capaz a
trabalhar em alguma atividade produtiva. Na Inglaterra, o protecionismo era
levado tão a sério que a exportação de carneiros vivos ou de lã crua eram
crimes punidos com castigos tão severos que podiam chegar à pena de morte.
Ao
mesmo tempo, o comércio foi favorecido com a criação de companhias
privilegiadas (detentoras de direitos exclusivos). A Companhia Inglesa das
Índias Orientais, por exemplo, fundada em 1600, detinha o monopólio do comércio
inglês com o Oriente. Beneficiada com o protecionismo do Estado, a burguesia
aceitou de bom grado o intervencionismo do governo. Por isso, apoiou a ação dos
monarcas, vendo nela uma forma de expandir e garantir a lucratividade de seus
negócios.
No
século XVIII, sem acesso aos monopólios, setores da burguesia europeia passaram
a fazer oposição à política mercantilista e ao absolutismo dos reis. De suas críticas
ao intervencionismo do Estado na economia e de sua luta contra os monopólios
surgiria uma nova doutrina política e econômica: o liberalismo.
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