CICLO DA MINERAÇÃO
NO BRASIL
Depois de muito procurar, os sertanistas de
São Paulo finalmente descobriram ouro no interior da colônia portuguesa. Em
1694, Bartolomeu Bueno de Siqueira encontrou amostras do precioso metal na
Serra de Itaberaba, no atual estado de Minas Gerais. Os primeiros achados de
ouro ocorreram no início da década de 1690, sendo 1693 a data mais provável.
Não se sabe ao certo quem primeiro colocou a mão no procurado metal. Há dois
fortes candidatos: Antônio Rodrigues Arzão, um bandeirante de Taubaté, e Borba
Gato, genro de Fernão Dias. Entretanto, o achado mais importante iria ocorrer
na fria manhã de 24 de junho de 1698, dia de São João: nesse dia, uma bandeira
comandada por Antônio Dias encontrou as formidáveis minas de Ouro Preto.
A notícia
da descoberta logo se espalhou pelo território da colônia, transpôs o oceano e
chegou à Europa. A partir de então, colônia e reino foram tomados por uma febre
incontrolável, que conduziu milhares de pessoas em direção às minas, em busca
da riqueza instantânea a quem encontrasse o metal.
Como
consequência, em menos de um século – entre 1690 e 1780 –, a população da
colônia deu um salto espantoso: de 300 mil habitantes passou para 2 500 000. O
mesmo aconteceu nas Gerais (antiga denominação da região), onde as
primeiras amostras de ouro foram colhidas. De área modestamente povoada no final
do século XVII, em 1780 cerca de 400 mil pessoas já haviam se instalado na
região.
1. Paulistas
e emboabas
Quanto mais
a notícia da existência de ouro na colônia se difundia, mais a população da
região das minas aumentava. Com isso, acirravam-se as disputas por lotes de
terra (ou datas) que a Coroa portuguesa concedia para a prospecção e a
lavra do metal. Era evidente o agravamento da situação devido à ausência de
órgãos do Estado capazes de arbitrar as disputas. Nesse clima de instabilidade,
os conflitos pareciam iminentes. E o mais grave deles acabou eclodindo entre
1708 e 1709: a Guerra dos Emboabas.
Desde que
começara a extração do ouro e com a descoberta anunciada por Bartolomeu Bueno de
Siqueira em 1694, os paulistas eram maioria na região das minas. Foram eles que
criaram os primeiros núcleos de exploração do ouro e, por isso mesmo, julgavam
ter direitos especiais sobre o território. Em 1700, a Câmara de São Paulo
chegou mesmo a reivindicar o direito exclusivo de fazer as concessões aos
mineradores.
Por essa
razão, os exploradores vindos de outras capitanias da colônia e do reino eram
considerados intrusos e não tinham os mesmos direitos dos paulistas. Os
aventureiros que chegavam à região enfrentavam a intolerância dos paulistas,
que, com a intenção de ridicularizá-los, os chamavam emboabas, palavra
de origem tupi que significa “ave com penas até os pés”, em alusão às botas de
cano alto usadas por muitos deles.
Explode o conflito
A
rivalidade entre os dois grupos agravou-se, mas a cada dia os paulistas perdiam
espaço, por causa da chegada de mais emboabas. O conflito explodiu em 1708,
quando o principal líder dos emboabas, Manuel Nunes Viana, colocou-se à frente
de uma tropa fortemente armada e conseguiu expulsar os paulistas da região de
Sabará. O ato representou uma declaração de guerra. Os paulistas revidaram promovendo
sucessivos ataques a acampamentos emboabas, mas não tiveram êxito. Em um dos
confrontos, os paulistas, em desvantagem, aceitaram se render em troca da
liberdade proposta pelos emboabas. Mas era uma emboscada: trezentos homens
foram mortos e seus corpos atirados ao rio, que ficaria conhecido como Rio das
Mortes. Em razão do episódio, o local em que se deu o cerco passaria para a
história com o nome de Capão da traição.
O confronto
só teve fim em 1709, graças à intervenção do então governador do Rio de Janeiro,
Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho. Derrotados e sem os privilégios
desejados, muitos paulistas se retiraram da região. Muitos deles decidiram ir
para o oeste, onde mais tarde descobririam novas jazidas de ouro nos atuais
territórios de Goiás e de Mato Grosso.
Como
consolo para os paulistas, o rei Dom João V assinou, em Lisboa, um decreto
dando à vila de São Paulo o título de cidade. Nessa nova condição, São Paulo
podia servir de residência para o governador e capitão-mor da capitania de São
Paulo e Minas do Ouro, e ser sede de um bispado. Não importava que naquele
momento São Paulo não passasse de um punhado de 210 casas de taipa, com ruas de
terra batida, sete igrejas e quatro bicas-d’água.
2. A administração
das minas
Para
contornar as constantes hostilidades e administrar as zonas de mineração, o
governo português criou, em 1709, a capitania de São Paulo e Minas do Ouro, que
seria desmembrada em 1720, dando origem às capitanias de Minas Gerais e de São
Paulo.
Outra
providência tomada pelo governo de Lisboa foi a criação, em 1702, da Intendência
das Minas, órgão encarregado da administração da zona mineradora e
subordinado diretamente à Coroa.
Ao mesmo
tempo, instituiu-se o regimento das Minas do ouro, que passou a
regulamentar a atividade. De acordo com esse regimento, os depósitos auríferos
deviam ser divididos em várias datas (lotes). O descobridor da jazida tinha o
direito de ser o primeiro a escolher dois lotes, deixando um terceiro reservado
à Coroa, que o revenderia em leilão. Os lotes restantes eram distribuídos entre
os mineradores que demonstrassem interesse em explorá-los. O tamanho e o número
dos lotes variavam segundo a quantidade de escravos que cada minerador possuía.
Para ser
minerador, bastavam poucos equipamentos, já que a maior parte do ouro da região
era de aluvião, ou seja, encontrado no leito dos rios, nas encostas ou
nas camadas superficiais da terra. Por sua vez, os mineradores com mais
recursos, equipamentos e escravos podiam explorar as lavras, unidades de maior
produção de ouro.
3. Impostos
e mais impostos
Ao longo do
século XVIII, a Coroa portuguesa buscou sistematicamente aumentar suas receitas
por meio da arrecadação de impostos na região mineradora. Os principais
impostos foram o quinto e a capitação. O quinto foi o tributo que
mais desagradou à população, pois cada minerador era obrigado a pagar ao
governo de Portugal a quinta parte do ouro extraído. A capitação, por sua vez, vigorou
entre 1735 e 1750 e não se aplicava apenas ao ouro extraído. Era calculada
sobre a quantidade de escravos a serviço do minerador. Com todas essas
imposições, a sonegação de impostos e o contrabando de ouro tornaram-se práticas
comuns. Para controlar a situação, em 1719 a Coroa proibiu a circulação do ouro
em pó, fácil de ser contrabandeado, e determinou a instalação de Casas de
Fundição em toda a região das lavras. Nesses estabelecimentos, o ouro era
transformado em barras e recebia o selo real, ao mesmo tempo que se cobrava o
quinto.
Os impostos
cobrados sobre a produção do ouro contribuíam para cobrir as enormes despesas
da Corte portuguesa. Mas Portugal exigia cada vez mais, pois boa parte da
riqueza extraída da colônia era utilizada para pagar os déficits de sua balança
comercial, principalmente com a Inglaterra. Assim, a partir de 1734, a Coroa portuguesa
passou a exigir que a soma de impostos da região das minas atingisse a quantidade
mínima de 100 arrobas anuais (1500 quilos).
No entanto,
depois da década de 1750-1770, a produção de ouro começou a declinar (como se
pode verificar na tabela a seguir). Com isso, os mineradores encontravam cada
vez mais dificuldade em cumprir a exigência dos portugueses. Diante do impasse,
a Coroa instituiu a derrama.
Brasil: produção de
ouro no século XVIII
Ano
|
Total (kg)
|
Ano
|
Total (kg)
|
1700-1710
|
29 400
|
17501759
|
141
880
|
1711-1720
|
65 000
|
17601769
|
101
290
|
1721-1729
|
80 500
|
17701779
|
84 485
|
1730-1739
|
115
670
|
17801789
|
55 975
|
1740-1749
|
144
795
|
17901799
|
44 545
|
Fonte:
PINTO, Virgílio Noya. O ouro brasileiro e
o comércio anglo-português.
São
Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979. p. 114.
REVOLTA EM VILA RICA
A criação das Casas de Fundição provocou enorme
descontentamento entre os habitantes da região das minas. Para os mineradores,
a medida dificultava a sonegação de impostos e diminuía suas margens de lucro.
A insatisfação aumentou ainda mais quando se soube que a
Coroa pretendia extinguir as Ordenanças, forças policiais formadas por homens
da própria região, e manter apenas os regimentos dos Dragões, tropas comandadas
por oficiais portugueses.
Indignados com as medidas, os habitantes de Vila Rica se
sublevaram na noite de 28 de junho de 1720, sob a liderança de Filipe dos
Santos, um tropeiro português. Os revoltosos exigiam a suspensão das medidas
anunciadas e a redução dos impostos. Para ganhar tempo, o governador, conde de
Assumar, fingiu aceitar as reivindicações. Quando menos os envolvidos no conflito
esperavam, desencadeou-se a repressão. À frente de um exército de 1 500 homens,
Assumar ocupou Vila Rica na madrugada de 14 de julho de 1720. Preso e
enforcado, o corpo de Filipe dos Santos foi arrastado por cavalos pelas ruas e
sua cabeça exposta no pelourinho da cidade, punição usual que servia de
demonstração de autoridade e sinal de alerta a quem pretendesse desacatar as
ordens da Coroa.
4. Mineração
e mestiçagem
A grande
maioria dos trabalhadores que extraíam ouro e diamantes nas áreas das minas era
formada por escravos. O trabalho, extremamente penoso, devia ser realizado nos
leitos de rios e no interior de galerias profundas. As péssimas condições de
trabalho provocavam doenças frequentes, o que fazia com que a vida útil de um
escravo fosse muito curta. Por isso, a importação de africanos cresceu muito no
século XVIII. Considerando-se as características da atividade, os mineradores
davam preferência aos escravos do sexo masculino, o que provocou forte
desequilíbrio entre o número de homens e mulheres na região das minas.
Em alguns
aspectos, a sorte da população escravizada era melhor nas minas do que nos
engenhos. Nas zonas de mineração, por exemplo, podia-se obter a alforria (liberdade)
com mais facilidade do que na rígida sociedade açucareira. Segundo o
historiador galês Russell-Wood, “enquanto nos anos 1735-1749 os escravos
alforriados eram responsáveis por menos de 1,4% da população de origem
africana, em 1786 representavam 41,4% dessas pessoas e 34% da população total
da região das minas”. Para muitos historiadores, a mineração criava
oportunidades de o escravo reunir quantidade de dinheiro suficiente para comprar
a própria liberdade.
Outra causa
também tem sido apontada para o aumento do número de escravos alforriados no final
do século XVIII: é que nessa época, com o declínio da extração do ouro, os
proprietários não conseguiam mais manter os escravos e preferiam conceder-lhes
a alforria.
É
interessante notar outro aspecto em que a mineração acabou favorecendo a
população mais pobre: a atividade artística desenvolvida nas vilas mineiras criou
um canal de ascensão social para essas pessoas. A construção de igrejas – com
todas as obras adicionais – empregava entalhadores, escultores e pintores,
geralmente de origem humilde e mestiça. Não por acaso, o mais conhecido artista
da época foi o mestiço Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. No campo da
música, a maioria dos compositores e instrumentistas também era proveniente das
camadas mais pobres da população.
5. A
sociedade na região mineradora
A mineração
de ouro e, mais tarde, a de diamantes, provocaram profundas transformações no
perfil econômico, político, social e cultural da colônia. Com a atividade
mineradora, a economia passou a contar com um novo polo dinâmico, organizado em
função da prospecção, extração e comercialização dos metais preciosos. O
comércio cresceu e a circulação de riquezas e de mercadorias aumentou.
Intensificou-se também o tráfico de escravos. Pouco a pouco, a sociedade
tornou-se mais complexa e diversificada, com a formação de novos grupos
sociais.
Outro
aspecto que marcou essa época foi a integração das capitanias, que acabaram
formando uma rede de abastecimento para servir a região mineradora. As
capitanias do nordeste e do sul, por exemplo, forneciam carne para alimentar a
população das Gerais. O sul também vendia muares (mulas de carga) aos
mineradores, que os empregavam como meio de transporte. De São Paulo, as Gerais
compravam diversos gêneros alimentícios. O comércio intenso que se estabeleceu entre
as capitanias e a zona de mineração acabou favorecendo a abertura de diversas
estradas, que cortavam o território de norte a sul para o escoamento das
mercadorias.
Ao mesmo
tempo, surgiram novas cidades, como a Vila de Nossa Senhora do Ribeirão do
Carmo, (atual Mariana); a Vila Rica de Albuquerque, ou simplesmente Vila Rica
(atual Ouro Preto); a Vila Real de Nossa Senhora da Conceição de Sabará (atual
Sabará); São José del-Rei (atual Tiradentes); e várias outras. As cidades
mineiras possibilitavam mais mobilidade social que a sociedade rural das áreas açucareiras.
O intercâmbio cultural também era intenso, resultado da constituição de grupos
de intelectuais formados por poetas, escritores, advogados e profissionais
liberais. Muitos deles se tornariam depois severos opositores do sistema
colonial.
6. Apogeu
e crise da mineração
O auge da
produção aurífera ocorreu entre 1730 e 1760. A partir dessa data, a produção de
ouro começou a decrescer. A população mineira voltou-se então para as
atividades complementares que haviam se desenvolvido em pequena escala na
região, notadamente a agricultura e a pecuária.
Para a
colônia como um todo, a diminuição das atividades mineradoras levou ao
“renascimento agrícola”, com a valorização das atividades tradicionais, que,
durante a febre da exploração de ouro e de diamantes, ficaram relegadas a segundo
plano.
Para
Portugal, entretanto, começava outro período de dificuldades, particularmente
nas décadas de 1760 e 1770. Mais uma vez, a saída encontrada pela Coroa foi
aumentar a exploração da colônia. Na verdade, o ouro e os diamantes levados da
América portuguesa não garantiram o desenvolvimento da economia portuguesa.
Em
Portugal, o ouro se esvaía rapidamente, pois era utilizado em obras suntuosas,
como a construção de palácios e o embelezamento de igrejas, assim como na
promoção de festas da nobreza. Além disso, a maior parte do metal acabava
transferida para outros países, sobretudo a Inglaterra, para o pagamento do
déficit da balança comercial portuguesa.
A ARTE MINEIRA
A professora Myriam Andrade Ribeiro de Lima é uma das
principais estudiosas da arte colonial brasileira, especializada no Barroco e
no Rococó. No texto a seguir, ela apresenta as características da produção
artística mineira do século XVIII.
“A produção cultural da região das minas foi marcada pela
diversidade. A distância da região em relação ao litoral, a multiplicação de
pequenos núcleos urbanos e o desenvolvimento do comércio explicam em parte essa
característica. Nos arraiais e vilas mineradoras surgiu um artesanato voltado
para a produção de artigos de necessidade imediata feitos por um número
crescente de oficiais organizados em inúmeras categorias profissionais.
Entre esses artigos de primeira necessidade estavam as
imagens religiosas, de características marcadamente populares. Observe-se que,
ao contrário das regiões litorâneas, onde o catolicismo foi implantado por
pregadores e missionários das ordens religiosas, em Minas ele se desenvolveu
naturalmente, como uma rotina da vida cotidiana dos próprios povoadores.
A produção era comandada por santeiros locais que atendiam
às necessidades imediatas da demanda. São conhecidos os nomes de pelo menos
quinze desses artistas. Entre eles, destaca-se o de Antônio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho. Ele nasceu em Vila Rica por volta de 1738 e morreu na mesma cidade
em 1814, tendo se ausentado uma única vez da capitania para uma viagem ao Rio
de Janeiro. Sua formação artística, de cunho inteiramente regional, foi feita
nas oficinas locais de artistas portugueses, inclusive na do próprio pai,
Manoel Francisco Lisboa, arquiteto de renome na época.
No campo da escultura religiosa, sua obra de maior
importância é o conjunto dos Passos da Paixão, do Santuário de
Congonhas, com 64 imagens em tamanho natural. As imagens foram executadas entre
1796 e 1799, com o auxílio de uma série de ´oficiais` colaboradores. É curioso
notar que a tipologia fisionômica das estátuas, inspirada em gravuras
germânicas, nada tem a ver com o tradicional protótipo português ou com o fácies
da população mestiça local, ao contrário do que seria de se esperar. As
expressões têm um poderoso efeito emocional, abrangendo uma variada gama de
sentimentos, das sublimes feições de Cristo, em que o sofrimento aflora de
forma contida e espiritualizada, às grotescas caricaturas dos soldados romanos,
segundo a tradição medieval de identificação do bem à beleza ideal e do mal à
feiura deformadora.” LIMA, Myriam Andrade Ribeiro de. A imagem religiosa no
Brasil. In: AGUILAR, Nelson (Org.). Mostra do redescobrimento: arte
barroca. São Paulo: Associação Brasil 500 anos artes visuais/Fundação Bienal de
São Paulo, 2000. p. 64-66.
7. Em
busca de ouro no Centro-Oeste
Iniciada na
região do atual estado de Minas Gerais no final do século XVII, a atividade mineradora
também proporcionou a ocupação de territórios situados além do Meridiano de
Tordesilhas, no atual Centro-Oeste brasileiro. A exemplo do que ocorreu nas
Gerais, os pioneiros dessa ocupação foram os paulistas, que depois da Guerra
dos Emboabas penetraram no interior à procura de ouro. Em 1719, Pascoal Moreira
Cabral descobriu amostras do precioso metal na região do atual estado de Mato
Grosso do Sul.
Seis anos
depois, Bartolomeu Bueno da Silva também encontrou indícios da existência de
ouro em terras do futuro estado de Goiás.
Essas
descobertas provocaram o afluxo de muitas pessoas para a região e a formação de
núcleos populacionais que dariam origem às cidades de Cuiabá (1727), Vila Boa
(1739) e Vila Bela da Santíssima Trindade do Mato Grosso (1752).
Em 1744,
foi criada a capitania de Goiás, desmembrada de São Paulo, com sede em Vila Boa
(atual Cidade de Goiás) e, quatro anos mais tarde, a capitania de Mato Grosso.
Nessa mesma época, descobriram-se diamantes nas duas capitanias.
Com o
início da exploração de minerais preciosos no centro-oeste, logo se organizaram
em São Paulo expedições para transportar pessoas e mantimentos até a região.
Conhecidas por monções, a principal característica dessas expedições era
a utilização do transporte fluvial. Seu ponto de partida era normalmente a vila
de Porto Feliz, no interior de São Paulo. Navegando os rios Tietê, Paraná e
seus afluentes, as monções estabeleciam a ligação entre São Paulo e Cuiabá.
Extremamente
difícil, a viagem demorava cerca de cinco meses e era realizada, em geral, uma vez
por ano.
O ciclo da
mineração durou menos de um século, e ao finalizar deu lugar ao predomínio da
economia açucareira, que novamente voltou a atividade mais importante do
Brasil.
Não
obstante, contribuiu poderosamente para aumentar a população do Brasil e para a
formação de vilas e cidades; deslocou o eixo econômico do Nordeste para o
Sudeste, com a cidade do Rio de Janeiro substituindo Salvador como capital do
Brasil.
Outro
desdobramento da mineração foi expandir o domínio português bem para dentro do
território, ultrapassando em muito a divisória de Tordesilhas, contribuindo,
portanto, para a expansão territorial da colônia portuguesa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário