SOCIALISMO NA CHINA
Até o final da
Segunda Guerra Mundial,
havia apenas um país socialista, a União Soviética. Depois da guerra, vários
outros países adotaram o socialismo. Um desses foi a China, um dos maiores
países do mundo. Seu território de 9,6 milhões de km², é pouco maior que o do
Brasil, mas sua população, de mais de 1,3 bilhão de habitantes em 2015, é quase
sete vezes maior que a população do Brasil.
Com uma civilização milenar, a monarquia
imperial da China foi incapaz de impedir o domínio dos países imperialistas europeus
desde as guerras do ópio, entre 1840 e 1860. Uma situação que causava enorme
descontentamento.
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Mao Tsé-tung, líder da revolução comunista na China |
1. Proclamação da República
Isso levou
ao surgimento de um partido nacionalista e republicano, o Kuomintang. Liderado
por Sun Yat-sen, em 1911, Kuomintang o derrubou a monarquia e proclamou a
República. Sun Yat-sen, entretanto, permaneceu pouco tempo no poder, e o
governo central não conseguiu se firmar. O poder de fato continuou a ser
exercido pelos chefes provinciais, que governavam como soberanos independentes.
A China participou da Primeira Guerra Mundial ao lado dos aliados, mas isso não impediu que, depois da guerra, a China continuasse sob domínio de potências estrangeiras.
A China participou da Primeira Guerra Mundial ao lado dos aliados, mas isso não impediu que, depois da guerra, a China continuasse sob domínio de potências estrangeiras.
A situação fez com que surgisse o movimento “4 de maio” (1919), promovido por
estudantes contra os tratados de paz assinados em Paris. O episódio marcou o
início de uma revolução nacionalista, com amplo apoio popular.
Nessa nova
conjuntura, Sun Yat-sen retornou ao poder e tomou medidas decisivas para o
país: estabeleceu sólida aliança com os comunistas e celebrou acordos com a
URSS, dando início, com a ajuda de Moscou, a uma vitoriosa campanha contra os
chefes provinciais, considerados um obstáculo à construção de um Estado
nacional chinês.
2. A “Longa Marcha”
O rumo da
política chinesa, porém, mudou com a morte de Sun Yat-sen em 1925. Seu
substituto, Chang Kai-chek, decretou a ilegalidade do Partido Comunista e
reprimiu com violência as organizações operárias. Nessa época, os comunistas
foram duramente perseguidos nas cidades e se transferiram para o campo.
Distantes do foco da repressão política, receberam o apoio de camponeses e militares
contrários ao regime. Sob a liderança de Mao Tse-tung, esse grupo constituiu o Exército
Vermelho.
Em 1931, os
comunistas proclamaram, na área sob seu controle, a República do Jiangxi, no
sul da China. Mas, em 1934, para escapar dos constantes ataques que sofriam das
forças de Chang Kai-chek, 100 mil deles abandonaram a região e iniciaram uma
jornada de 10 mil quilômetros, que passaria à história como a Longa Marcha.
Primeiro, eles foram para o oeste e, em seguida, tomaram a direção norte, para
chegar, um ano depois, a Ienan, onde já existia uma base comunista.
Um fato,
entretanto, seria determinante para a mudança do cenário político na China: a
invasão do país pelos japoneses, que desde 1931 ocupavam a Manchúria. Os
comunistas chineses logo perceberam que era grande a oportunidade de converter
a luta contra o invasor em uma luta pela revolucionária, com a ajuda sobretudo
da população camponesa.
Apesar de
suas diferenças, os comunistas e Chang Kai-chek se uniram e concordaram em
lutar contra os japoneses que haviam invadido o país em 1937. Após a expulsão dos
japoneses, em 1945, a China voltou a
ficar politicamente dividido: de um lado os adeptos do Partido Comunista Chinês
(PCCh), liderado por Mao Tse-tung, e de outro o governo, dirigido por Chang
Kai-chek.
3. A
guerra civil (1946-1949)
Chang
Kai-chek contava com a ajuda econômica e militar dos EUA, mas, mesmo assim, não
conseguia evitar os problemas em sua administração. Dominado pela corrupção,
pela violência interna e pelos altos índices de inflação, o governo chinês se
tornou cada vez mais impopular.
Os
problemas internos facilitavam a luta pelo controle do país por parte dos
comunistas, que, desde 1946, organizados no Exército de Libertação Nacional
(ELP), conclamavam a população a derrubar o governo.
Bem
comandadas e disciplinadas, armadas com o equipamento bélico tomado dos
japoneses e do próprio exército do governo, as tropas comunistas empreenderam
grandes operações, apesar de lutar contra um exército que as superava em número
e em armamentos.
Em junho de
1949, os comunistas já reuniam um exército de três milhões de soldados.
Avançando rapidamente do norte para o sul, conquistaram sucessivamente Pequim,
Nanquim, Xangai e Cantão. Em outubro, os comunistas proclamaram a República
Popular da China. A Chang Kai-chek restou apenas o governo na ilha de Formosa
(Taiwan), sob a proteção dos EUA.
4. O
grande salto da China
O país que
Mao Tse-tung iria governar contava com cerca de 600 milhões de habitantes,
aproximadamente um quarto da população mundial. Nove em cada dez chineses
viviam no campo.
Nessa
conjuntura, a reforma agrária era vital e já vinha sendo feita pelos comunistas
mesmo antes da tomada do poder. Dessa forma, cerca de 47 milhões de hectares de
terras agricultáveis foram expropriados e distribuídos entre 70 milhões de
famílias camponesas. Pouco depois, teria início o processo de coletivização da
agricultura, reunindo os camponeses em cooperativas.
Para
impedir um boicote ao governo, adotaram-se várias medidas contra as antigas
elites. Muitos dos grandes proprietários de terras, por exemplo, foram a
julgamento e acabaram executados ou condenados a trabalhos forçados.
Realizou-se intensa campanha para combater a corrupção, a ação das missões
religiosas estrangeiras e o imperialismo estadunidense.
A
recuperação econômica do país, devastado por anos de guerra, era outro objetivo
dos comunistas.
Em busca de
ajuda, eles assinaram vários tratados de cooperação com o bloco soviético, que forneceu
empréstimos e técnicos ao país. Em 1953, entrou em vigor o primeiro plano
quinquenal, com o objetivo grandioso de transformar um país de características
rurais em uma nação industrializada.
O plano, chamado
de Grande Salto para a Frente, chegou a bons resultados, com aumento dos
índices de produtividade. Apesar disso, os salários dos operários continuavam
baixos, havia resistência à coletivização da terra e os estudantes criticavam
os privilégios da crescente burocracia estatal. Nesse período, as críticas eram
reprimidas pelo governo com violência.
5. A
Revolução Cultural
Em 1958,
começou a vigorar o segundo plano quinquenal, que fracassou completamente. Desorganizou
a economia e milhões de pessoas morreram de fome. Mao Tse-tung perdeu o comando
do Partido Comunista chinês.
Para
recuperar o poder, Mao iniciou uma guerra aberta contra seus adversários, a
quem chamou de “agentes da burguesia” infiltrados no Partido Comunista. O
movimento, iniciado em 1966, ficou conhecido por Revolução Cultural.
O ponto de
partida consistiu na reforma do ensino. Propondo uma Campanha de Educação
Socialista, Mao conclamou os estudantes a lutarem contra “os velhos hábitos, as
velhas ideias e a velha cultura”.
A resposta
foi imediata: inspirados em um livro que reunia os pensamentos de Mao, milhões
de jovens espalharam-se pelo país perseguindo os chamados “ocidentalizados”, “reacionários”
ou “contrarrevolucionários”. As principais vítimas foram intelectuais, profissionais
liberais e artistas. Muitos foram ridicularizados e agredidos fisicamente em
público. A consequência mais imediata da Revolução Cultural consistiu no
enfraquecimento do Partido Comunista chinês e no fortalecimento de Mao Tse-tung,
que permaneceu no poder até sua morte em 1976.
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