quinta-feira, 8 de março de 2018


A  SEGUNDA  GUERRA  MUNDIAL


Fazia apenas 21 anos que a “grande guerra” tinha terminado, menos que o tempo de uma geração, quando teve início um conflito ainda maior. No dia 1º. de setembro de 1939, os alemães invadiram a Polônia e dispararam os primeiros tiros da Segunda Guerra Mundial, o conflito mais letal da história da humanidade. A guerra durou seis anos, de 1939 a 1945. Envolveu a maioria das nações do mundo, que juntas mobilizaram mais de 100 milhões de soldados. Vejamos como deram os preparativos dessa guerra.
A foto de Joe Rosenthal mostra soldados norte-americanos levantando a
bandeira dos Estados Unidos na ilha de Iwo Jima, capturada dos japoneses.
Fevereiro de 1945



1. O caminho para a guerra
O principal instrumento criado pela Conferência de Paris de 1919 para garantir a paz mundial foi a Sociedade das Nações, que nasceu de uma proposta original do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson. O principal objetivo da organização consistia em resolver os desentendimentos entre as potências por meio de negociações, de modo a evitar conflitos armados. Entretanto, a Sociedade das Nações não tinha como intervir em caso de confronto ou de agressão militar entre os países, o que era preocupante, pois o clima de tensão não havia desaparecido com o fim da Primeira Guerra Mundial.
Razões para novos conflitos não faltavam. O Tratado de Versalhes, por exemplo, ao ferir o orgulho nacional dos alemães, semeou ressentimentos que acabaram sendo canalizados pelo nazismo para uma nova guerra. Ao mesmo tempo, a Itália e o Japão também estavam insatisfeitos com o tratado, por não conseguirem ampliar seus domínios territoriais. Nessas circunstâncias, os governos ultranacionalistas desses três países pareciam na iminência de se lançar a uma nova guerra mundial.

Os primeiros problemas
Os problemas internacionais começaram já em 1931, ano em que o Japão invadiu e anexou a Manchúria, região pertencente à China. A agressão foi recebida com protestos pela Sociedade das Nações, mas nada se fez de concreto para obrigar o Japão a devolver o território ocupado aos chineses. Isso criou um precedente que logo seria seguido pela Alemanha e pela Itália.
Em 1933, o governo de Hitler rompeu com a Sociedade das Nações. Dois anos depois, ele reiniciou a produção de armamentos e passou a aumentar seus efetivos militares, em um claro desafio ao Tratado de Versalhes. Também em 1935, a Itália de Mussolini invadiu e anexou a Etiópia.
Hitler, por sua vez, deu início ao rearmamento da Renânia (zona de fronteira com a França), em um novo desafio ao acordo de paz de 1919, que havia determinado a desmilitarização da região.
Hitler e Mussolini testavam, assim, a capacidade de reação das grandes potências mundiais.

A guerra civil espanhola
Em 1936, teve início na Espanha uma guerra civil entre as forças republicanas apoiadas pelos comunistas e as tropas do general Francisco Franco, auxiliadas pelos governos da Itália e da Alemanha, que aproveitaram o conflito para experimentar suas novas armas e equipamentos militares.
Mais uma vez, as potências ocidentais se omitiram, declarando-se “neutras”. Apesar da omissão dos governos ocidentais, o conflito acabou se internacionalizando. Com a participação das Brigadas Internacionais em apoio às forças contrárias a Franco, a Guerra Civil Espanhola transformou-se num ensaio da Segunda Guerra Mundial.
A passividade dos governos da Inglaterra, da França e dos Estados Unidos era interpretada pelos alemães como uma espécie de sinal verde a suas ambições expansionistas.
Assim, ainda em 1936, Hitler e Mussolini firmaram um acordo de apoio mútuo, o Pacto Ítalo-Germânico, chamado de Eixo Roma-Berlim. Quatro anos depois, em setembro de 1940, os dois países selariam com o Japão o Pacto Anti-Komintern, visando ao combate ao comunismo.

A Guerra Civil espanhola

A República foi proclamada na Espanha em 1931, depois de longa crise política que levou à abdicação do rei. Em 1936, as forças republicanas de esquerda, reunidas na Frente Popular, ganharam as eleições e adotaram um amplo programa de reforma agrária. Em julho desse mesmo ano, as forças de direita, descontentes com as reformas implementadas pelo novo governo, promoveram um levante militar no Marrocos espanhol, chefiado pelo general Francisco Franco. A rebelião deu início a uma sangrenta guerra civil, que só terminaria em 1939 com a vitória de Franco.
Como essa era uma época de intensa polarização ideológica entre o nazifascismo e o comunismo, o conflito espanhol ganhou rapidamente proporções internacionais. As forças do general Franco receberam ajuda maciça da Alemanha e da Itália, em homens, armas e munições.
Os alemães chegaram a bombardear cidades espanholas com sua Divisão Condor, como ocorreu em 1937 na cidade de Guernica.
As forças republicanas, em contrapartida, foram apoiadas pela URSS e pelas Brigadas Internacionais, compostas por voluntários do mundo todo. A Inglaterra, a França e os Estados Unidos, porém, preferiram declarar neutralidade e não se envolveram no conflito.

Conferência de Munique
Esse acordo ampliou o Eixo, que agora englobava Roma, Tóquio e Berlim. Em 1937, o Japão lançou-se à guerra contra a China. No ano seguinte, a Alemanha ocupou e anexou a Áustria. Ainda em 1938, os alemães invadiram a região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, a pretexto de que ali viviam populações de origem germânica. Para resolver o impasse, foi realizada a Conferência de Munique, que reuniu a França, a Inglaterra, a Itália e a Alemanha. Na reunião, firmou-se um compromisso, pelo qual as potências democráticas aceitavam a anexação dos Sudetos pelos alemães, desde que Hitler não partisse para novas conquistas territoriais.

2. Invasão da Polônia e o começo da guerra
Hitler, evidentemente, queria apenas ganhar tempo. Em agosto de 1939, a Alemanha e a URSS firmaram o Pacto Germano-Soviético de não agressão, que estabelecia a divisão da Polônia entre as duas potências. No dia 1º. de setembro, os alemães invadiram a Polônia. Foi só então que a França e a Inglaterra reagiram, declarando guerra à Alemanha dois dias depois.
Tinha início a Segunda Guerra Mundial, que reuniria grande parte das nações do mundo divididas em dois blocos. De um lado, os países do Eixo, liderados pela Alemanha, pela Itália e pelo Japão, e do outro, os Aliados, comandados principalmente pelos EUA, pela URSS e pela Inglaterra.

A rendição da França
No dia 17 de setembro, a União Soviética atacou a Polônia pelo leste, ocupando a parte que lhe cabia na partilha estabelecida pelo Pacto Germano-Soviético. Com seu território dividido e ocupado, a Polônia se rendeu. Embora a Inglaterra e a França tivessem declarado guerra à Alemanha, as hostilidades não começaram de imediato. Hitler e Mussolini foram novamente os grandes beneficiários da indecisão das duas nações. Em abril de 1940, o Exército alemão (a Wehrmacht) ocupou a Dinamarca e a Noruega, usando a tática da Blitzkrieg (guerra-relâmpago). No mês seguinte, invadiu Luxemburgo, Holanda e Bélgica, países cuja neutralidade o próprio Hitler se comprometera a respeitar. Pouco depois, as tropas alemãs atravessaram a fronteira da França.
Tomado de surpresa, o Exército francês não conseguiu deter o fulminante avanço dos alemães, que se aproximaram rapidamente de Paris.
A situação forçou o governo da França a se transferir para o interior do país. No dia 14 de junho de 1940, Paris foi ocupada e a bandeira nazista, hasteada na Torre Eiffel. Alguns dias depois, o governo francês se rendeu.
Segundo os termos da rendição, a Alemanha passou a administrar metade do território da França.
A outra metade foi entregue a autoridades francesas dispostas a colaborar com os alemães. Chefiado pelo marechal Henri Pétain, esse governo colaboracionista tinha sua sede em Vichy. Diante da capitulação, o general francês Charles de Gaulle fugiu para Londres, de onde passou a comandar a resistência da população francesa contra a presença dos nazistas no país. Poucos dias antes, a Itália havia entrada no conflito apoiando a Alemanha.
Entre março e abril de 1941, os alemães avançaram para o leste da Europa e ocuparam sucessivamente a Romênia, a Hungria, a Bulgária, a Iugoslávia e a Grécia (país que a Itália havia tentado conquistar sem sucesso). Ao mesmo tempo, os combates se estenderam ao norte da África, onde o marechal alemão Erwin Rommel foi derrotado pelo general inglês Bernard Montgomery, na batalha de El-Alamein, em outubro de 1942. A vitória inglesa abriu caminho para a expulsão dos alemães do continente africano um ano depois.

3. A invasão da União Soviética
Em junho de 1941, sem nenhuma declaração formal de guerra, o Exército alemão deu início à invasão da União Soviética. Durante três meses, os nazistas avançaram, simultaneamente, em três direções: Leningrado (antiga Petrogrado), ao norte; Moscou, ao centro; e Stalingrado, ao sul Stalin sabia do poderio das forças alemãs e adotou a tática do recuo, embora isso custasse muitas perdas materiais e milhares de mortes.
Os alemães, porém, não conseguiram consolidar as vitórias iniciais. Pela primeira vez, a Blitzkrieg não funcionou, e a ofensiva estancou às portas de Moscou e Leningrado. Hitler havia subestimado o poderio militar e a capacidade de luta dos soviéticos e cometeu o erro de dispersar suas forças em uma frente de quase três mil quilômetros. Além do equívoco do líder nazista, o rigoroso inverno russo, a partir de dezembro de 1941, passou a castigar duramente os alemães.
Em Stalingrado, a batalha se deu nas ruas da própria cidade, onde o Exército alemão, composto por 285 mil soldados, foi cercado por forças soviéticas. Em janeiro de 1943, depois de vários meses de intensos combates, os sobreviventes das unidades alemãs – cerca de 91 mil soldados e 24 generais – se renderam às forças soviéticas. A batalha de Stalingrado foi a primeira derrota importante de Hitler no continente europeu.

4. A guerra contra o Japão
Embora fosse um dos países-membro do Eixo, o Japão permaneceu fora da guerra durante os dois primeiros anos. Sua hesitação em entrar no conflito se devia à baixa disponibilidade japonesa de matérias-primas e ao temor de que fossem cortados os suprimentos de petróleo que o país importava da Indochina e de outras regiões. Até 1941, a estratégia japonesa consistiu em pressionar o governo dos EUA para que reconhecesse sua supremacia na Ásia. A recusa dos estadunidenses em atender à exigência, de um lado, e a pressão alemã para que o país entrasse na guerra, de outro, levaram o governo de Tóquio a se decidir pela intervenção.
Assim, em dezembro de 1941, os japoneses desfecharam um arrasador ataque-surpresa à base naval de Pearl Harbor, no Havaí. Era o pretexto que faltava para que os EUA também se envolvessem no conflito.
Nos meses seguintes, os japoneses ocuparam diversas regiões na Ásia, entre as quais as Filipinas e a Indochina, além da Birmânia, da Tailândia e da Nova Guiné, cujo controle era importantíssimo para a indústria japonesa, pois essas regiões constituíam fontes de matérias-primas essenciais, como borracha, petróleo e minérios.

5. A derrota do Eixo
Em 1942, o avanço dos países do Eixo começou a ser detido pelo esforço dos Aliados. Em junho, os japoneses foram derrotados pelos Estados Unidos no Havaí (batalha de Midway). No final do ano, forças inglesas e estadunidenses expulsaram o Exército alemão do norte da África.
A essas derrotas acrescentaram-se o desastre alemão em Stalingrado e uma importante vitória da Marinha dos Estados Unidos contra os japoneses na batalha de Guadalcanal, nas ilhas Salomão, em fevereiro de 1943.
Entre julho e agosto de 1943, as forças aliadas ocuparam a Sicília, no sul da Itália, enquanto o Exército Vermelho (soviético) dava início a sua marcha em direção à Alemanha. Em junho de 1944, os Aliados ocuparam Roma. No ano seguinte, um grupo de guerrilheiros, organizados na Resistência Antifascista, capturou e fuzilou Mussolini.
No dia 6 de junho de 1944 (Dia D), forças aliadas (EUA, Inglaterra e outros), comandadas pelo general americano Dwight Eisenhower, com um total de três milhões de homens, desembarcaram na região da Normandia, no norte da França.
Em 25 de agosto, os Aliados entraram em Paris. O colapso final da Alemanha era agora uma questão de tempo. Em 30 de abril de 1945, Hitler e Eva Braun, sua mulher, se suicidaram em Berlim. Dois dias depois, o Exército Vermelho ocupou a capital alemã. Finalmente, nos dias 7 e 8 de maio, oficiais do alto-comando do Exército alemão assinaram a rendição. Assim terminou a guerra na Europa.
Na Ásia, porém, o Japão continuava resistindo. No dia 6 de agosto de 1945, quando o país já dava sinais de esgotamento com a guerra, os EUA lançaram, desnecessariamente, uma bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima, matando em questão de segundos 80 mil pessoas.
Mas, mesmo com o ataque, o Japão não se rendeu. Três dias depois, uma segunda bomba atômica reduziu a cinzas a cidade de Nagasaki, causando a morte de mais 40 mil pessoas. Depois do episódio, os japoneses finalmente assinaram a rendição.
O lançamento das bombas atômicas sobre o Japão têm sido muito criticado. Os críticos condenam a mortandade causada pelas bombas, alegando que ela não era mais necessária, pois já se previa a derrota japonesa. O governo norte-americano se defende dizendo que o número de mortes seria maior se a guerra convencional continuasse até a rendição do Japão.
Outra razão para o uso da bomba atômica pode ter sido o desejo dos Estados Unidos de intimidar a URSS, dando uma demonstração da sua enorme força militar.

O genocídio

Perseguidos sistematicamente desde a chegada de Hitler ao poder, os judeus estiveram entre as principais vítimas do terror nazista. Contra eles, o governo alemão criou, em 1935, uma legislação especial que os excluía dos direitos de cidadania outorgados pela Constituição de Weimar a todos os alemães.
A partir de então, o terror antissemita assumiu formas cada vez mais assustadoras, com a criação de campos de extermínio na Alemanha e em zonas ocupadas pelo Exército alemão, sobretudo na Polônia. Esses campos faziam parte de um plano denominado pelos nazistas de Solução Final do “problema” judeu, e neles foram massacrados 6 milhões de pessoas.

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