BUDISMO,
Como libertar o homem
de todo sofrimento?
O austríaco Ernest H. Gombrich (1909-2001) foi um dos mais célebres historiadores da arte
no século XX. No texto abaixo, ele apresenta um pouco das reflexões de Buda,
que abandonou sua confortável vida de príncipe e, por muitos anos, viveu
errante, angustiado pelas dúvidas que o atormentavam e diziam respeito ao
sofrimento. Até que um dia a resposta lhe foi revelada...
“Sua
revelação poderia ser resumida assim: se quisermos escapar da dor, devemos
começar por escapar a nós mesmos. Pois de onde vem a dor? Do desejo, ou seja,
do fato de desejarmos possuir. Vou dar um exemplo. Quando você fica triste
porque não lhe deram o livro ou o tênis que queria, você tem duas
possibilidades: ou tenta conseguir o que quer, ou renuncia ao seu desejo. Se de
alguma maneira você consegue não desejar mais nada, já não vai sentir nenhuma
tristeza. Foi isso que se revelou a Buda. De fato, ele achava que, deixando de
desejar todos os tipos de coisas bonitas e agradáveis, deixando de querer felicidade,
bem-estar, gratidão, afeição, nós ficaríamos menos tristes no dia em que
fôssemos privados disso.
Quem não
desejasse mais nada, nunca mais ficaria triste. [...]
Em outras
palavras, seria possível o homem se tornar senhor de seus desejos, como o
cornaca [treinador de elefante] domina seu elefante depois de muito
treinamento. Então o homem chegaria, aqui na Terra, a um ‘mar interior’ que
nada viria perturbar, chegaria a um estado de beatitude e de paz em que não
haveria mais nenhum desejo. Teria a mesma bondade para com todos os homens e não
esperaria nada de ninguém. Buda também ensinou que aquele que conseguisse
dominar todos os seus desejos não voltaria à Terra depois da morte. Só se reencarnariam
as almas que se apegassem à vida. Quem deixa de ter apego à vida já não procura,
depois da morte, voltar ao ‘ciclo dos nascimentos e mortes’. Funde-se no nada, em
que todo desejo e todo sofrimento
desapareceram, Naquilo que os indianos chamam de ‘nirvana’. “
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