ROMA ANTIGA
Antecedentes
O
império de Alexandre, o Grande, representou a primeira tentativa de difundir
uma mesma cultura e reunir em um único Estado Oriente e Ocidente. Mas esse
empreendimento não resistiu à morte de seu criador e desagregou-se rapidamente.
Destino
diferente coube aos romanos. Organizada inicialmente como cidade-Estado, Roma
expandiu- se pela Península Itálica e levou 230 anos para se consolidar. Feito
isso, seu domínio alcançou tanto a Península Ibérica como a Mesopotâmia.
Coliseu, cartão-postal de Roma. |
Nos
dois primeiros períodos de sua história, Roma conheceu a monarquia e a
república. Por essa época, constituiu-se em seu território um Estado forte e
unificado, com uma poderosa burocracia.
Surgiram
também grupos sociais diferenciados, que viviam em permanente conflito. Desse
conflito originaram-se instituições políticas responsáveis por representar as
camadas populares da sociedade, que até então permaneceram à margem das
decisões políticas.
2. Fundação
de Roma
Rodeada
de terras férteis, banhadas pelo Rio Tibre, Roma localiza-se no centro da
Península Itálica. A fertilidade do solo, aliada à ausência de portos naturais,
levou os habitantes da região, nos primeiros tempos, a desenvolver mais a
agricultura e a pecuária do que o comércio de longa distância.
O
relevo montanhoso, por sua vez, favoreceu, assim como na Grécia, a formação de
vários núcleos urbanos independentes.
Embora
a Península Itálica já fosse habitada desde tempos remotos, foi no segundo
milênio a.C. que começaram a chegar os italiotas, povo de origem indo-europeia.
Eles se dividiam em diversos grupos ou tribos, como os sabinos, os latinos e os
samnitas.
Além
dos italiotas, os principais povos que habitavam a península eram os etruscos,
na região centro-norte, chamada Etrúria; os gregos, no sul; e os gauleses,
no norte. A partir do século VII a.C., os italiotas ocuparam a região
centro-sul.
A
versão lendária
A
história da origem de Roma é das mais imprecisas. Muitas informações a respeito
de sua fundação são lendárias ou estão registradas em relatos literários.
Segundo
a lenda, Roma teria sido
fundada em uma época imprecisa por Rômulo e Remo, descendentes de Eneias, -
filho da deusa Vênus e do herói Anquises. Troiano de nascimento, Eneias fugiu
de sua cidade natal quando ela foi tomada pelos gregos no fim da Guerra de
Troia. Teria rumado então para a Península Itálica, onde se casou com a filha
de um rei
A
versão das pesquisas históricas
De
acordo com essa versão, o que se sabe é que a cidade de Roma existia desde o final
do segundo milênio a.C. perto do Rio Tibre, nas proximidades do Mar Tirreno.
Nessa região, protegida por colinas, instalaram-se grupos latinos e sabinos,
que teriam sido os fundadores da cidade. Esse pequeno núcleo urbano originaria
um vasto império, o maior da Antiguidade.
A
trajetória romana, para efeito de estudos, é dividida em três períodos,
caracterizados por diferentes formas de organização política:
• monarquia (753 a
509 a.C.);
• república (509 a
27 a.C.);
• império (27 a.C.
a 476).
3. Roma
no tempo dos reis
Segundo
as lendas sobre a origem de Roma, sete reis governaram a cidade. Os quatro
primeiros foram, alternadamente, latinos e sabinos. Os três últimos eram de
origem etrusca. Podemos concluir, portanto, que Roma teria sido dominada pelos
etruscos, numa época em que esse povo liderava uma federação de cidades na
Península Itálica.
Como
era comum na Antiguidade, o rei romano acumulava as funções de juiz supremo e
chefe religioso e militar. Sua autoridade, contudo, era limitada pelo Senado
(do latim senes, idoso), composto por chefes de clã. Uma terceira
instância de poder era constituída pelas Assembleias.
Sessão do Senado romano; |
Patrícios
e plebeus
Na
época da monarquia, a sociedade se dividia, basicamente, em quatro grupos: patrícios,
plebeus, clientes e escravos. A economia estava
fundamentada na agricultura. A palavra “patrício” (do latim pater, pai)
designava, a princípio, o chefe da grande unidade familiar ou clã. Os patrícios
eram descendentes dos fundadores de Roma. Donos das principais terras,
constituíam a aristocracia, reservando para si as tarefas do governo. No
início, somente eles tinham direitos políticos em Roma.
Os
plebeus eram descendentes das populações que primeiro povoaram a Península
Itálica. Dedicavam-se ao comércio e ao artesanato. Embora livres, não dispunham
de direitos políticos; além de não participarem do governo da cidade, eram
impedidos de se casar com indivíduos pertencentes ao patriciado (grupo dos
patrícios).
Os
clientes, parentes mais pobres dos patrícios, trabalhavam para as famílias
destes em troca de proteção. No início, os escravos eram principalmente aqueles
que não dispunham de meios para pagar suas dívidas. Com as guerras de
conquista, o aprisionamento dos vencidos fez com que o número de escravos
aumentasse, chegando a constituir a maioria da população.
4 Da monarquia
à república
Em
509 a.C., o rei Tarquínio, o Soberbo, tomou uma série de medidas favoráveis aos
plebeus. Os patrícios, vendo seu poder diminuir, revoltaram-se e expulsaram-no
de Roma sob a acusação de tirania. Esse acontecimento marcou o fi m da monarquia
e a instituição da república.
Com
o advento da nova forma de governo, o poder foi descentralizado, passando a ser
exercido por períodos determinados. Entretanto, todas as funções ligadas ao
poder permaneceram reservadas exclusivamente aos patrícios.
O
governo da república
As
instituições básicas do Estado republicano eram:
• senado –
Principal instância de poder em Roma, administrava a cidade e as regiões
conquistadas. No início, era formado por cem senadores; mais tarde esse número
aumentou para trezentos.
• Magistrados –
Exerciam funções administrativas. Os mais importantes eram os cônsules, dois
magistrados cujo poder equivalia ao dos antigos reis. Encarregavam-se de
comandar os exércitos, convocar o Senado e presidir os cultos religiosos.
Nos
momentos de maior perigo, indicavam um ditador, que governava com
poderes absolutos por um prazo máximo de seis meses. Pretores, censores,
questores e edis eram outros magistrados e cumpriam funções
distintas na administração pública.
• assembleias –
Existiam três diferentes assembleias em Roma: as assembleias Centurial, Curial (religiosa) e Tribal (responsável pela
escolha de questores e edis).
5. Começa
a expansão
Desde
a fundação de Roma, sua população teve de disputar as terras da Península
Itálica, defendendo-se dos ataques dos povos vizinhos. Aos poucos, porém, entre
os séculos V e III a.C., Roma passou a empreender guerras de conquista, com o
objetivo de expandir seu território e adquirir escravos, de cujo trabalho
dependia sua economia.
A
conquista se completou entre 272 e 265 a.C., com a ocupação da Etrúria, ao
norte, e da Magna Grécia, ao sul da península.
Soldados romanos em combate |
As
Guerras Púnicas
A
expansão romana não se deteve com o domínio sobre a Península Itálica. Roma
passou a querer a supremacia no Mar Mediterrâneo, despertando a hostilidade dos
cartagineses. Cartago, cidade fundada no norte da África pelos fenícios,
dominava o comércio marítimo nessa região.
No
princípio, as relações entre as duas cidades eram relativamente amistosas, até
que Roma começou a disputar territórios colonizados por Cartago. O conflito
ficou conhecido como Guerras Púnicas, nome derivado de poeni – que
era como os romanos chamavam os fenícios –, e durou de 264 a 146 a.C. No final,
Cartago foi arrasada e seus domínios anexados pelos romanos. Entre esses
domínios, destacava-se o norte da África e, principalmente, a Península Ibérica.
Roma
chega ao Oriente
Antes
de encerrar o confronto com Cartago, Roma já iniciara um movimento de conquista
do antigo império de Alexandre Magno, na região do Mediterrâneo oriental.
Assim, em 149 a.C., a Macedônia tornou-se uma província romana e, dois anos
depois, foi a vez de a Grécia ser incorporada pelos romanos.
Em
seguida, veio a formação da província da Ásia (129 a.C.) e o estabelecimento de
um protetorado no Egito, mais tarde convertido também em província.
Com
essas conquistas, os romanos efetivaram sua hegemonia no Mediterrâneo, que eles
denominaram mare nostrum, ou seja, “nosso mar”.
Império Romano em sua máxima extensão |
6. Consequências
da expansão
A
posse de um extenso território e conflitos sociais constantes acabaram por
alterar profundamente a organização social, política e econômica em Roma.
O
aumento do número de prisioneiros, provenientes das guerras, levou a mão de
obra escravizada a se constituir na principal força de trabalho no território
romano. Ao mesmo tempo, o crescimento das atividades comerciais e da economia
monetária fizeram com que as relações econômicas sofressem grandes
transformações.
Essas
transformações foram acompanhadas de profundas mudanças na estrutura da
sociedade. No campo, ocorreu a concentração das propriedades rurais, com o
surgimento de grandes latifúndios que utilizavam o trabalho escravo. Isso levou
à ruína os pequenos agricultores, que não podiam concorrer com os grandes
proprietários. Muitos deles foram obrigados a abandonar o campo e migrar para
Roma.
Ao
mesmo tempo, a expansão do comércio deu origem aos cavaleiros, ou classe
equestre, grupo social formado por comerciantes, banqueiros e homens de
negócio. Eles faziam parte do patriciado, mas divergiam da aristocracia,
formada por grandes proprietários de terras que controlavam o Senado.
As
inúmeras mudanças provocadas pelas conquistas expansionistas aumentaram as
desigualdades entre ricos e pobres, estimulando os conflitos entre patrícios e
plebeus. Esses dois grupos protagonizaram inúmeras disputas políticas e guerras
civis por mais de cem anos (133-27 a.C.); a partir de então as instituições
republicanas iniciaram um processo de crise, abrindo caminho para um novo tipo
de governo centralizado: o império.
Mudanças
culturais e religiosas
As
conquistas territoriais também transformaram a cultura romana. O contato com as
sociedades orientais trouxe inovações nos costumes, como mudanças nos hábitos
de alimentação e na conduta moral.
A
sociedade tornou-se cosmopolita, isto é, passou a reunir diferentes povos sob
um mesmo Estado e atraiu para a cidade de Roma intelectuais, pensadores e
artistas das mais diversas origens, sobretudo gregos.
Novos
valores foram assimilados dos povos dominados. Dos gregos, a influência se fez
sentir nos hábitos cotidianos, nas artes, na vida intelectual e na religião. Os
deuses gregos foram adotados em Roma, recebendo nomes latinos.
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