PRÉ-HISTÓRIA
1.Nossas
origens
A
origem do ser humano é, antes de mais nada, um tema polêmico, porque mexe com
tradições religiosas e, sobretudo, porque até as mais prováveis hipóteses podem
ser derrubadas por novos achados
arqueológicos ou mesmo pela divulgação do resultado de estudos feitos sobre
material já encontrado.
As ideias formuladas pelo inglês Charles Darwin (1809-1882) em seu livro A origem das espécies, publicado em 1859, inauguram uma nova forma de encarar essa discussão. Segundo Darwin, os seres humanos pertencem à ordem dos primatas e têm a mesma origem dos grandes macacos atuais, por exemplo, gorilas e chimpanzés. Em algum momento, entretanto, por razões desconhecidas, parte de nossos antepassados se distanciou dos outros primatas na cadeia evolutiva e deu origem aos hominídeos. São chamados hominídeos os seres pré-históricos que se assemelhavam ao Homem atual. Entre eles os dos gêneros Australopithecus, o primeiro a ficar em posição vertical para se locomover, e, posteriormente, Homo, do qual a nossa espécie, Homo sapiens moderno (surgida entre 200 mil e 40 mil anos a.C.), faz parte.
As ideias formuladas pelo inglês Charles Darwin (1809-1882) em seu livro A origem das espécies, publicado em 1859, inauguram uma nova forma de encarar essa discussão. Segundo Darwin, os seres humanos pertencem à ordem dos primatas e têm a mesma origem dos grandes macacos atuais, por exemplo, gorilas e chimpanzés. Em algum momento, entretanto, por razões desconhecidas, parte de nossos antepassados se distanciou dos outros primatas na cadeia evolutiva e deu origem aos hominídeos. São chamados hominídeos os seres pré-históricos que se assemelhavam ao Homem atual. Entre eles os dos gêneros Australopithecus, o primeiro a ficar em posição vertical para se locomover, e, posteriormente, Homo, do qual a nossa espécie, Homo sapiens moderno (surgida entre 200 mil e 40 mil anos a.C.), faz parte.
Usando
essas ideias como ponto de partida e com base em novas pesquisas, grande parte
dos estudiosos de hoje aceita a hipótese de que os primeiros ancestrais dos
seres humanos tenham se originado na África, entre o período que se estende de
7 milhões a 100 mil anos a.C. Mas ainda é um grande desafio para os
pesquisadores que se dedicam ao tema saber com precisão como ocorreu essa
história.
2.Periodização
da História
Para
facilitar o estudo da história da humanidade, os historiadores costumam
dividi-la em períodos. Muitos podem ser os critérios estabelecidos para efetuar
essa divisão. Os mais conhecidos, porém, foram elaborados no século XIX por
estudiosos europeus, com base no passado da própria sociedade.
Segundo
os critérios desses estudiosos, os grandes períodos da História são
Pré-História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.
Essa
divisão tem sido criticada por ser uma forma muito simplificada que não engloba
todas as realidades. Apesar disso, ela continua a ser utilizada, na ausência de
outra melhor.
Antes
da escrita
Segundo
essa divisão da história, a origem da humanidade e as primeiras formas de
organização dos grupos humanos constituem o período mais longo de nosso passado,
e é chamado de Pré-História. Para facilitar seu estudo, esse período também foi
dividido. O critério para efetuar a subdivisão apoiou-se nos diferentes
artefatos de pedra e de metal encontrados e nas possíveis técnicas usadas para sua
fabricação. O período então foi dividido em três grandes momentos:
Idade da Pedra Lascada ou Paleolítico: compreende desde a origem da humanidade até
cerca de 10 mil a.C.00 a.C.
Idade da Pedra Polida ou Neolítico: estende-se de 10 mil a.C. até cerca de 6 mil
a.C.
Idade dos Metais: abrange os dois últimos milênios que antecedem o aparecimento da
escrita, por volta de 3500 a.C. Nessa fase, alguns grupos humanos começaram a
substituir a pedra por metais, como o cobre e o bronze.
3.Paleolítico
Os
primeiros antepassados humanos viveram na África há milhões de anos. Sua origem
é a mesma dos grandes macacos que conhecemos atualmente. Em outras palavras,
seres humanos, gorilas, orangotangos e chimpanzés têm antepassados em comum. Esses
primatas apresentam inúmeras características semelhantes; entre as principais
podemos citar as mãos sensíveis, dotadas de cinco dedos e polegares em oposição
aos outros dedos, possibilitando a manipulação de objetos.
Duas
características estão fortemente associadas à origem do gênero Homo: o
aumento perceptível do cérebro, ocorrido há cerca de 2 milhões de anos, e o uso
de ferramentas, identificado no mesmo período. A combinação entre elas fez com
que esses antepassados humanos começassem a usar pedras e madeira como
ferramentas, diferentemente dos outros primatas. Posteriormente, eles passaram
a produzir os próprios instrumentos, feitos de pedra lascada. Daí o nome
Paleolítico que se dá a essa primeira fase da chamada Pré-História.
Provavelmente
esses primeiros hominídeos viviam em grupos, pois isso facilitava a defesa e
favorecia o sucesso nas caçadas. O convívio social, aliado ao crescimento do
cérebro e a uma anatomia propícia, permitiu que nossos antepassados
desenvolvessem a fala, que ampliou a capacidade de comunicação.
Faca do Período Paleolítico
Dinamarca.
O ser
humano moderno
Apesar
de o gênero Homo ter se originado por volta de 2 milhões de anos atrás,
o gênero do qual descendemos, o Homo sapiens moderno (também chamado de Homo
sapiens sapiens), apareceu há aproximadamente 200 mil anos. Assim como seus
ancestrais, ele é originário da África, de onde partiu para os outros
continentes. Por volta de 30 mil anos atrás, encontrava-se espalhado por toda a
Terra. Nessa época, já era a única espécie do gênero a sobreviver.
Lentamente,
o ser humano aprimorou seus instrumentos: além da pedra lascada, empregava ossos
e chifres para fabricar ferramentas (como arpão farpado e anzóis), chegando a
construir o arco, primeiro mecanismo composto concebido pelo cérebro humano.
Em
algumas regiões, a organização dos grupos começou a assumir características
diferentes, com o desenvolvimento de pequenas comunidades unidas por laços de
parentesco e interesses comuns. Nessas comunidades, era pequena a diferenciação
hierárquica entre os membros do grupo. Existia uma divisão do trabalho, baseada
no sexo e na idade. Em geral, dedicavam
à coleta de frutos e raízes, enquanto os homens se encarregavam da caça.
Por
uma série de vestígios encontrados, sabe-se que por essa época começou a haver
maior preocupação com a morte, representada pelos cuidados especiais que
passaram a receber os sepultamentos. As pinturas rupestres e as esculturas são marcas da
necessidade humana de registrar, de se expressar, seja por que razão for.
4.Revolução
Neolítica
Estudos
apontam que, por volta de 10 mil a.C., a Terra passou por uma grande mudança no
clima, que ocasionou uma série de transformações na vegetação e nos hábitos dos
animais. Como consequência, os seres humanos tiveram de se ajustar a um novo
ambiente. A essa nova fase, em que passaram a predominar os instrumentos feitos
de pedra polida, os historiadores deram o nome de neolítico.
O
cultivo de plantas e a domesticação de animais foram duas importantes atividades
que começaram a ser desenvolvidas nesse período.
O
desenvolvimento da agricultura
Nos
três mil anos seguintes às alterações climáticas, a população humana aumentaria
de maneira espantosa. A explicação para esse crescimento relaciona-se à
agricultura. O aprendizado do cultivo de plantas provocou mudanças tão
importantes na vida dos seres humanos que o fato foi denominado por muitos
estudiosos de revolução agrícola, ou revolução neolítica, segundo
a expressão usada pelo historiador Gordon Childe.
Costuma-se
dizer que os grupos humanos que passaram a se dedicar à agricultura abandonaram
o modo de vida nômade, tornando-se sedentários. Entretanto é preciso destacar
que, mesmo antes do desenvolvimento da agricultura, foi possível a alguns
agrupamentos humanos permanecerem no mesmo lugar por longos períodos de tempo.
Bastava que ali existissem fontes duradouras de alimentos.
Note
que, com o fim da Idade do Gelo, por
volta de 10 mil a.C., em alguns locais a mudança climática expandiu a oferta de
cereais silvestres, como aveia, cevada e trigo. Como eles podiam ser colhidos
em grande quantidade em curto período de tempo, a coleta desses cereais
tornou-se uma atividade compensadora. Isso explica o aparecimento de sociedades
sedentárias pré-agrícolas.
Provavelmente,
a agricultura se desenvolveu a partir da conciliação de diversos fatores, entre
eles o desenvolvimento de técnicas de cultivo de cereais e outros vegetais que
durante muito tempo foram coletados. A atividade foi favorecida também pela
escassez de caça em certas regiões. Ao mesmo tempo que aprendia a plantar, o
ser humano conseguiu domesticar animais. Com a domesticação de carneiros,
cabras, bois, cavalos e porcos, ele pôde obter não só alimentos, mas uma
infinidade de recursos, como meios de transporte, força motriz e lã. A
agricultura e a domesticação de animais acentuaram a divisão do trabalho já
existente. As mulheres, que até então se ocupavam da coleta, passaram a
dedicar-se também ao cultivo e à colheita de vegetais. Os homens, por sua vez, construíam
as casas, caçavam, cuidavam do gado e fabricavam as ferramentas e armas
necessárias.
História EM
Sobre o
desenvolvimento da agricultura
Principalmente nas últimas décadas, a
arqueologia tem contribuído consideravelmente para ampliar o conhecimento sobre
o passado humano. Entre elas, descobertas que apontam para o fato de que a
domesticação de animais ocorreu, em algumas regiões, antes do desenvolvimento
da agricultura.
Durante o Período Mesolítico (transição do
Paleolítico para o Neolítico), alguns grupos permaneceram mais tempo em
determinadas regiões e as mulheres ficavam encarregadas de cuidar das crianças
e de pequenos animais.
Por meio da observação da natureza, essas
mulheres começaram a perceber que as sementes de alguns frutos que ficavam na
terra geravam plantas, e delas cresciam os mesmos frutos. Dessa maneira teve
início a atividade agrícola.
Com o passar do tempo, as atividades agrícola
e pastoril começaram a gerar excedentes. Isso significa que se passou a
produzir alimentos em quantidade maior do que eles eram consumidos. A
existência de excedentes permitiu que alguns indivíduos pudessem se desincumbir
da produção de alimentos para se dedicar em tempo integral a outros afazeres.
Havia, por exemplo, aqueles que passaram a se ocupar dos assuntos religiosos (sacerdotes),
dos ofícios (artesãos) etc.
Vilas e cidades
Por
volta de 8 mil a.C., alguns grupos humanos descobriram a técnica de produção de
artefatos de argila cozida (cerâmica). Na mesma época, aprenderam a converter
fibras naturais (linho, lã) em fios e estes, em tecido. Aos poucos começaram a
trabalhar com metais para produzir instrumentos. O primeiro foi o cobre.
Cerca
de 5 mil a.C., graças à experiência com o uso do calor para assar o pão ou para
aquecer a argila, foi possível o desenvolvimento da técnica da fusão dos
metais. Assim, chegou-se ao bronze, resultante da fusão do cobre com o estanho.
Tratava-se de um metal resistente o bastante para ser usado na fabricação de
utensílios, armas e ferramentas.
A
necessidade de aprender técnicas para trabalhar com cerâmica, tecelagem ou
metalurgia acabou gerando a especialização. Os indivíduos que dominavam essas
técnicas tornavam-se artesãos. Eram esses os primeiros sinais de uma nova
organização social e do trabalho. A diversidade na produção, a especialização
do trabalho e as novas funções na sociedade contribuíram para que algumas comunidades
de agricultores se transformassem em vilas e cidades, constituindo o fenômeno
que alguns historiadores chamam de revolução urbana.
O
aumento da produção criou excedentes e, a partir daí, podem ter se intensificado
as relações de troca entre as vilas e mesmo as expedições de saque e conquista.
De qualquer modo, as trocas de excedentes foram os primeiros passos para a
atividade comercial.
O
aumento das populações e a intensificação das relações sociais ocasionaram o
desenvolvimento de sociedades complexas. Aos poucos, foram se
organizando estruturas administrativas permanentes, responsáveis pela
coordenação das atividades produtivas, sociais, culturais, de defesa do
território etc. nascimento do estado. Na mesma época, apareceram os
primeiros rudimentos da escrita. Esses acontecimentos pertencem à Idade dos
Metais e referem-se, em grande parte, aos povos que ocupavam a região conhecida
como crescente Fértil, que engloba o vale do Rio Nilo, uma faixa de
terras junto ao Mar Mediterrâneo e à Mesopotâmia, no atual Oriente Médio.
![]() |
Localização do Crescente Fértil |
Nessa
região, por volta de 4 mil a.C., desenvolveram-se importantes sociedades, como
a dos egípcios e a dos sumérios. Pouco depois, surgiram ali os primeiros rudimentos
da escrita.
A
escrita
Nas
sociedades que passaram pelas transformações apontadas anteriormente (comércio,
urbanização etc.), já não bastava a linguagem oral. Foi necessário desenvolver
símbolos para registrar as informações. Dessa necessidade nasceu a escrita, uma
forma de registro que se originou de um zaçãolongo processo. Uma das manifestações
mais antigas – e também a mais conhecida desse processo – ocorreu na
Mesopotâmia.
Nesse
local, em cerca de 4 mil a.C., teve origem um tipo de escrita conhecida como cuneiforme
(do latim cuneus, que significa “cunha”). Os registros eram feitos com a
ponta de uma espécie de caniço sobre placas de argila mole. A escrita
cuneiforme foi usada, originalmente, para grafar o sumério, língua falada pelos
habitantes da Mesopotâmia. Em diferentes lugares, entre eles o Egito e a China,
surgiram outros sistemas de escrita.
Do
pictograma às letras do alfabeto
No
início, a escrita passou por um primeiro estágio, o pictográfico. O que isso
significa? Vejamos: para escrever a palavra “arco”, por exemplo, desenhava-se
um arco. Assim, para todas as coisas havia um pictograma, ou seja, um desenho
que, convencionalmente, as representava. Os números, por sua vez, eram
representados por riscos ou círculos que se repetiam.
No
entanto, como explicou um historiador da escrita, “convém saber que o desenho
dos pictogramas não era uma criação livre do artista, pois foram encontrados
‘catálogos’, listas, espécies de dicionários
primitivos dos quais se utilizavam os escribas. Cada símbolo podia, de acordo
com o contexto, ter vários significados. O desenho de um pé podia dizer:
‘andar’, ‘pôr-se em pé’, ‘transportar’ etc. No momento em que os sinais passam
a ter uma única significação, a deles mesmos, seu número diminui. Ficaram em
torno de 600, o que implica, para aqueles que sabem escrever, um enorme esforço
de memória”. (JEAN, Georges. A escrita: memória dos homens. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2002. p. 16.)
Por volta
de 3 mil a.C., entre os sumérios, os pictogramas foram sendo simplificados e se
transformaram em caracteres lineares. Inicialmente a escrita cuneiforme era
feita em colunas e, depois, da esquerda para a direita. Nessa época começou a
ser adotada por vários povos, além dos sumérios.
Mas, se
pensarmos bem, veremos que os pictogramas não podem expressar tudo. Como
representar palavras abstratas como “pensamento” ou ações como “procurar”? Para
resolver esse problema, os egípcios começaram a combinar seus hieróglifos pelos
sons de sua pronúncia, ou seja, a usá-los com sentido fonético. Por exemplo: o
ideograma que representa “torre” tanto pode ser usado para representar a
própria torre como pode ser combinado com outros ideogramas para formar a
palavra “torrencial”, aproveitando-se, assim, sua pronúncia.
A escrita
transformou as formas de expressar o mundo e serviu a finalidades
administrativas, de preservação da memória e afirmação do poder, registrando os
feitos e campanhas dos reis.
Porém, ainda
era um sistema complicado, dominado apenas por especialistas, os escribas. Foi
só por volta de 1 500 a.C. que surgiu o alfabeto, um sistema mais simples
inventado pelos fenícios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário