HIPÁTIA DE ALEXANDRIA
Em certo dia muito triste, no distante ano de 415, fanáticos cristãos abordaram uma mulher e, em seguida, a
arrastaram-na até uma igreja, onde a despiram e a golpearam até a morte com
pedaços de telhas. Em seguida, esquartejaram seu corpo e o queimaram. Essa
mulher se chamava Hipátia (ou Hipácia) e foi a primeira mulher a estudar e ensinar matemática, astronomia, filosofia de que se tem notícia na história da humanidade. O que teria causado esse crime tão bárbaro? É o que veremos no texto que se segue.
Hipácia de Alexandria |
Ela viveu
em Alexandria, cidade fundada no Egito por Alexandre Magno. Em pouco tempo, essa
cidade se tornou um dos grandes centros urbanos do Mediterrâneo. Era dotada de parques,
largas avenidas e diversos edifícios públicos, entre os quais se encontrava uma
grande biblioteca - Biblioteca de Alexandria, uma das maiores do mundo antigo.
Reunia o conhecimento acumulado nas diversas línguas faladas numa ampla região
que se estendia da Grécia e do Egito até a Índia.
Integrado à
Biblioteca, existia um centro de estudos, o Museu, assim denominado por ter
sido dedicado às musas, divindades protetoras das artes e ciências
segundo a mitologia grega. Aí trabalharam muitos sábios da Antiguidade.
Nesse
universo, um destaque cabia à nossa personagem, Hipátia, figura marcante na
história do conhecimento que poucos conhecem. Nascida em cerca de 370 depois de
Cristo, foi educada pelo pai, Theon, renomado filósofo, astrônomo, matemático e
autor de diversas obras, professor da Universidade de Alexandria e também
diretor do Museu.
Por sua
sabedoria, Hipátia foi comparada a grandes cientistas da época, tais como
Ptolomeu, Euclides, Apolônio, Diofanto e Hiparco. Ela se dedicou, além da
matemática, a diversas outras áreas do conhecimento, especialmente à astronomia
e à filosofia, tornando-se, aos 30 anos, diretora da Academia de Alexandria.
Hipátia
foi a última grande cientista de Alexandria. Era neoplatônica e ensinava que o Universo era regido por leis matemáticas. Por ser uma defensora intransigente da
liberdade de pensamento, era mal vista por aqueles que pretendiam impor uma verdade absoluta. Foi vítima da intolerância
religiosa. Morreu tragicamente, em 415, executada por fanáticos cristãos.
Pouco tempo
depois, a Biblioteca e o Museu também foram destruídos, pois, como Hipácia,
estavam profundamente ligados às crenças politeístas e pagãs vigentes até
aquele momento no mundo greco-romano. Não sobreviveram aos brutais choques
religiosos que marcaram o triunfo do cristianismo, quando este se tornou a religião
oficial do Império Romano no final do século IV.
A morte de
Hipácia assinalou o fim da tradição de Alexandria como centro de ciência e
cultura do Mundo Antigo.
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