O LEGADO ROMANO
Herança
romana na atualidade
Os
romanos assimilaram muitos aspectos da cultura dos povos vencidos,
principalmente dos gregos. Dotados de notável senso prático, souberam
reelaborar essas influências, nas quais introduziram inovações que levaram à
formação de uma cultura original. Com isso, acabaram por legar às gerações
futuras várias contribuições nas mais diversas áreas.
De
seu idioma, o latim, derivaram diversas línguas modernas, como o português, o
francês, o espanhol e o italiano. Sua criação mais original, entretanto, foi o
Direito, que ainda hoje inspira muitos sistemas jurídicos.
2. Literatura
e filosofia
Herdeira
das formas literárias criadas pelos gregos, a sociedade romana foi um centro de
difusão cultural, reunindo poetas, fi lósofos, juristas, teatrólogos e
historiadores.
Um
de seus mais notáveis escritores foi o poeta Virgílio, autor da Eneida,
poema épico que narra a história de Eneias, herói proveniente da cidade de
Troia, ancestral lendário dos fundadores de Roma.
Além
dele, também Horácio destacou-se na poesia. Era um poeta lírico, que viveu no
tempo de Augusto, cujas realizações enalteceu. Sua poesia está impregnada dos
valores característicos do estoicismo e
do epicurismo, correntes filosóficas de seu tempo. Escreveu Odes, Sátiras,
Epístolas e outras obras, combinando virtuosismo métrico e sobriedade de
expressão.
Na
oratória e no pensamento político, Cícero foi o nome mais importante. Entre os
historiadores distinguiram-se Tito Lívio e, principalmente, Tácito, cuja obra
mais importante são os Anais, que tratam da história romana durante o
período que se estende da morte de Augusto até o governo de Nero. Tácito foi um
dos primeiros escritores não cristãos a registrar a crucificação de Jesus Cristo.
No
âmbito do pensamento filosófico, tornaram-se populares o epicurismo e o
estoicismo, duas correntes já abordadas no Capítulo 8. O estoicismo foi mais
difundido e teve no filósofo, advogado e escritor Sêneca e no imperador Marco
Aurélio seus principais adeptos.
3. Artes
plásticas
Do
mesmo modo que em outros campos do conhecimento, a grande fonte de inspiração e
referência das artes romanas foi a Grécia. Mas, também como nas outras áreas,
os romanos colocaram na escultura, na pintura e na arquitetura seu próprio
temperamento e sua visão de mundo.
Assim,
a escultura romana procurava reproduzir de modo realista a fisionomia dos
indivíduos retratados, sobretudo dos grandes personagens públicos.
A
pintura romana teve seu estilo consolidado no século I, quando se afastou da influência grego-helenística. Seu uso era generalizado e usado tanto para fins decorativos
e privados quanto para fins públicos.
Na
arquitetura, a colunata e o frontão do templo grego foram conservados, mas os
romanos imprimiram a esses elementos proporções grandiosas, que refletiam sua
própria experiência imperialista.
Ao mesmo tempo, introduziram novos elementos arquitetônicos, como o arco redondo e a cúpula.
Com as novas técnicas, edificaram templos, casas de banho, anfiteatros, pontes, arcos de triunfo, aquedutos e monumentos, muitos dos quais sobrevivem até hoje.
![]() |
Aqueduto romano, do século I d.C. Tem 813 m de extensão. Sua função era levar água à cidade de Segóvia, Espanha |
Ao mesmo tempo, introduziram novos elementos arquitetônicos, como o arco redondo e a cúpula.
Com as novas técnicas, edificaram templos, casas de banho, anfiteatros, pontes, arcos de triunfo, aquedutos e monumentos, muitos dos quais sobrevivem até hoje.
4. Direito
romano
A
mais notável contribuição romana à cultura ocidental ocorreu no campo do
Direito. De fato, os Códigos de Leis romanos permanecem até hoje entre os
fundamentos do Direito contemporâneo. Como quase tudo em Roma, as leis surgiram
para dar uma solução prática aos problemas criados pelas lutas entre os grupos
sociais e pelas guerras de conquista. Afinal, Roma dominava um vasto e variado
mosaico de povos, unidos por vínculos econômicos, políticos e culturais. Criar normas
jurídicas que permitissem a coexistência de tão diferentes costumes e tradições
tornou-se uma necessidade.
O
Direito romano desenvolveu-se gradualmente, tendo como ponto de partida a Lei
das Doze Tábuas (450 a.C.). Posteriormente aprimorou-se com as leis votadas
pelas assembleias e com os decretos
do Senado e teve sua completa sistematização no Período do Império. Compunha-se
de três grandes ramos:
• O jus
civile (Direito civil), aplicável apenas aos cidadãos de Roma.
• O jus
gentium (Direito das gentes ou dos estrangeiros), conjunto de normas
comuns ao povo romano e aos povos conquistados.
• O jus
naturale (Direito natural), que representava o aspecto filosófico do
Direito. Baseava-se na ideia de que o ser humano é, por natureza, portador de
direitos que devem ser respeitados.
5. Religião
Durante
quase toda a sua história, os romanos mantiveram a crença numa série de deuses.
Era uma religião sem doutrinas ou dogmas. Entre os deuses e os seres humanos
estabelecia-se um único compromisso: aqueles davam proteção e estes retribuíam
com oferendas.
A
princípio, os deuses não tinham formas definidas. A partir do contato com os
gregos, contudo, eles passaram a ser identificados com as divindades do Olimpo
e ganharam fisionomia e paixões humanas. Assim, o deus supremo da mitologia
grega,
![]() |
Arquitetura romana. Panteão, em Roma, dedicado a todas as divindades. |
Zeus,
chamava-se Júpiter entre os romanos; Hermes, protetor do comércio na Grécia,
tinha em Roma o nome de Mercúrio; Ares, deus grego da guerra, era Marte para os
romanos; Afrodite, deusa do amor na Grécia, em Roma era Vênus, entre outros.
Além
da influência grega, os romanos incorporaram influências de cultos orientais,
como os de Ísis e Osíris, do Egito, e o de Mitra, proveniente da Pérsia. Todos
esses deuses foram admitidos no Panteão romano – templo dedicado ao culto de
diversas divindades.
6. A
vitória do cristianismo
De
acordo com as narrativas do Novo Testamento, Jesus teria nascido em
Belém, na Judeia, província do Império Romano. Profetas hebreus haviam
anunciado a vinda de um messias (ou cristo, em grego), que libertaria esse
povo da dominação do inimigo e reinaria em seu lugar.
Aos
30 anos, Jesus iniciou suas pregações, afirmando ser o Messias (o mesmo que
Cristo, na língua grega). Despertou com isso a desconfiança das autoridades
locais e, também, romanas: tanto o Grande Conselho dos hebreus como os romanos
viam nele uma ameaça ao poder constituído. Jesus acabou preso, condenado e
crucificado. Após sua morte, os ensinamentos de Jesus passaram a ser divulgados
por seus seguidores. Surgia assim o cristianismo. A nova crença se
difundiu principalmente entre as camadas pobres da população. Como os cristãos
se recusavam a reconhecer o caráter divino do imperador romano, foram duramente
perseguidos pelo governo de Roma.
Cristianismo, uma fé para os oprimidos
A propagação do cristianismo se acentuou no século III, quando teve início o enfraquecimento do Estado romano, particularmente afetado pela crise do escravismo. Foi nesse contexto que o imperador Constantino assinou, em 313, o Edito de Milão, concedendo liberdade religiosa aos cristãos. Finalmente, entre 380 e 392, o imperador Teodósio reconheceu o cristianismo como religião oficial do Império Romano e proibiu o culto aos antigos deuses romanos.
Cristianismo, uma fé para os oprimidos
Os pobres,
os oprimidos e os escravos foram, em particular, atraídos pela vida e pelo exemplo
de Jesus Cristo. A nova fé ensinava que o valor das pessoas não dependia de seu
nascimento, talento ou posição social.
As
autoridades romanas sempre haviam sido tolerantes com as religiões dos outros
povos. Mas o cristianismo apresentava características que pareciam suspeitas e
ameaçadoras para o Império. Os cristãos faziam reuniões secretas, desprezavam a
hierarquia social, rompiam radicalmente com a tradicional religião romana,
recusavam-se a prestar o serviço militar e negavam-se a cultuar os imperadores.
![]() |
Local de culto dos primeiros cristãos. |
Isso
inquietava os responsáveis pela manutenção do Estado e das tradições de Roma.
Com o imperador Nero, tiveram início as perseguições. Os cristãos passaram a
ser detidos, queimados vivos ou usados para proporcionar diversão nas arenas
dos anfiteatros, onde eram estraçalhados por animais.
A firmeza
com que os seguidores de Cristo enfrentavam o sofrimento, porém, dava mais força
aos que permaneciam fiéis, além de atrair novos seguidores.
A propagação do cristianismo se acentuou no século III, quando teve início o enfraquecimento do Estado romano, particularmente afetado pela crise do escravismo. Foi nesse contexto que o imperador Constantino assinou, em 313, o Edito de Milão, concedendo liberdade religiosa aos cristãos. Finalmente, entre 380 e 392, o imperador Teodósio reconheceu o cristianismo como religião oficial do Império Romano e proibiu o culto aos antigos deuses romanos.
Vista
noturna da Via di
Coli
Nenhum comentário:
Postar um comentário