GRÉCIA ANTIGA
Há consenso entre os especialistas de que o legado da Grécia antiga para a moderna
cultura ocidental tem um valor inestimável.
Com
a criação da democracia e da filosofia, os gregos estabeleceram os fundamentos
do moderno conceito de cidadania e lançaram as bases do pensamento científico e
da arte ocidental. O mesmo se pode dizer da criação literária e do teatro
grego, cujos modelos ainda hoje são seguidos.
O
território ocupado pela Grécia antiga pode ser dividido em três partes: a continental,
chamada pelos gregos de Hélade, correspondente ao sul da Península
Balcânica; a insular, formada pelas ilhas do Mar Egeu; e a asiática,
ou Jônia, localizada na costa ocidental da Ásia Menor (na atual
Turquia).
Partenon, templo construído na colina da Acrópole, centro cívico e religioso de Atenas |
Ao
contrário do que temos hoje no Brasil, a Grécia antiga não chegou a formar um
Estado unificado. Seu território era de fato ocupado por várias cidades
autônomas, cada qual com sua própria organização social, religiosa, política e
econômica. Por tais características, essas cidades, chamadas pólis pelos
gregos, são denominadas cidades-Estado. As principais cidades-Estado gregas
foram Esparta, Atenas, Tebas e Corinto.
A pólis era
constituída por um núcleo principal, algumas vilas e áreas agrícolas. No núcleo
principal ficavam a acrópole (centro religioso que também servia de
fortaleza militar), a ágora (praça central) e o asti (espécie de
mercado).
A
história da Grécia antiga estende-se por quase dois milênios. Os historiadores
costumam dividi-la em períodos distintos, a saber:
PRÉ-HOMÉRICO: séculos XX-XII a.C.
HOMÉRICO:
séculos XII-VIII a.C.
ARCAICO:
SÉCULOS VIII-VI a.C.
CLÁSSICO:
séculos V-IV a.C.
Em
meados do século IV a.C., o território grego foi dominado pelos macedônios, que
assimilaram e difundiram a cultura grega por todo o Oriente. A esse período
deu-se o nome de Helenístico. Mais tarde, a Grécia seria incorporada ao
Império Romano.
1. Período
Pré-Homérico
A
população da Grécia antiga formou-se do encontro de quatro povos de origem indo-
europeia: aqueus, jônios, eólios e dórios.
Os
primeiros a chegar à Península Balcânica, no início do segundo milênio a.C.,
foram os aqueus. Depois, vieram os jônios e os eólios, que se espalharam por
diferentes regiões da península, pelas ilhas do Mar Egeu e pelo litoral da Ásia
Menor.
Os
aqueus instalaram-se no sul, numa região com terras férteis, chamada
Peloponeso. Sua principal cidade era Micenas, que estabeleceu um intenso
intercâmbio com os cretenses, povo que habitava a Ilha de Creta, no Mar Egeu,
desde o terceiro milênio a.C.
A
sociedade cretense, conhecida também como egeia ou minoica,
concentrava grande poder e riqueza, adquiridos graças às atividades marítimas e
comerciais. Seus navios percorriam todo o Mar Mediterrâneo, mantendo contato com
vários povos, entre eles os egípcios e os fenícios.
Do
convívio com os cretenses, os aqueus puderam assimilar, entre outras coisas, a
metalurgia do bronze, o uso da escrita e a arte de navegar.
Partindo de
Micenas, por volta de 1400 a.C., os aqueus iniciaram um processo de expansão,
conquistando Creta e dominando em pouco tempo toda a região do Mar Egeu e do
Mar Negro.
O
predomínio dos aqueus perdurou até 1100 a.C., quando ocorreu a invasão dos
dórios, último povo de origem indo-europeia a alcançar a região. Atacando as
cidades com suas armas de ferro, os dórios provocaram a fuga das populações
locais, principalmente em direção ao interior do continente, processo que se
tornou conhecido como Primeira Diáspora Grega.
Tendo
subjugado os aqueus, parte dos dórios fixou-se no Peloponeso, onde mais tarde
se formaria a cidade de Esparta. Outra parte ocupou várias ilhas do Mar Egeu. Protegidos
pelas condições geográficas, os territórios povoados por eólios e por jônios
pouco sofreram com a invasão. A chegada e o domínio dos dórios marcam o início
do Período Homérico, uma nova fase na história da Grécia antiga.
2. Tempos
homéricos
Durante
muito tempo, as únicas informações sobre o período posterior à invasão dos
dórios na Grécia antiga provinham dos poemas épicos Ilíada e Odisseia,
atribuídos a Homero. Daí a denominação Período Homérico.
Homero, personagem cuja existência está envolta em polêmicas, é geralmente considerado autor dos poemas Ilíada e Odisseia. |
A
invasão dória provocou significativa transformação no modo de vida dos gregos.
A dispersão populacional resultou na diminuição e no enfraquecimento das
atividades urbanas, como o comércio e o artesanato. A produção artística perdeu
importância e a própria escrita deixou de ser utilizada.
A
base da organização social passou a ser o genos, uma espécie de clã ou
grande família. Cada genos cultuava um antepassado comum, considerado herói ou
descendente dos deuses. No genos, a propriedade da terra era comunal. Quase
todos os seus membros estavam envolvidos nas atividades produtivas, que eram
predominantemente agrícolas. O líder era o homem mais velho do clã; o poder,
transmitido do pai para o filho primogênito (mais velho).
Passados
três séculos, a estrutura social baseada no genos acabou entrando em colapso.
Houve escassez de alimentos, provocada, entre outras razões, pelo aumento
populacional e por causa da pequena extensão de terras férteis para o cultivo,
levando em conta a tecnologia utilizada na época. Essas dificuldades deram
origem a uma série de conflitos e disputas pelos direitos de exploração das
terras cultiváveis.
Com
a desintegração do genos, a terra passou a ser apropriada de forma privada.
Então as famílias mais próximas do chefe do clã ficaram com as melhores terras,
e houve aqueles que ficaram sem terra nenhuma. Isso gerou desigualdades
sociais, pois as áreas maiores e mais férteis ficavam com os chamados eupátridas,
“os bem-nascidos”, parentes mais próximos dos líderes dos genos. Desse modo, o
grupo dos eupátridas formou uma espécie de aristocracia da terra.
No fim do
Período Homérico, por volta do século VIII a.C., a economia da região voltou a
crescer.
Lentamente,
a utilização da moeda, a difusão da metalurgia do ferro e o desenvolvimento da escrita
− a partir do alfabeto fenício – colaboraram para consolidar as mudanças. As
cidades ressurgiram e o desenvolvimento da navegação permitiu a colonização de
terras distantes.
Colonos
gregos estabeleceram-se, assim, no Mar Negro, no Egito, na Líbia, no sul da
Península Itálica e até na Península Ibérica. Era a Segunda Diáspora Grega,
motivada em grande parte pelo crescimento populacional e pelas transformações
nos genos, que obrigavam muitas pessoas a procurar novas alternativas de
sobrevivência. Essa expansão ajudou a incrementar as atividades comerciais,
dando origem a uma intensa rede de comércio.
Com o
tempo, nas áreas colonizadas surgiram cidades semelhantes à pólis. Na Península
Itálica, as colônias gregas ficaram conhecidas como Magna Grécia.
Área ocupada pelos gregos na Antiguidade, constituindo a Magna Grécia. |
3.
Período Arcaico
A
intensificação das atividades econômicas possibilitou o fortalecimento de
alguns grupos sociais ligados às atividades urbanas, como comerciantes e
artesãos. Por sua vez, um grande número de camponeses empobreceu em virtude da
concorrência dos produtos vindos das colônias.
Alguns
deles perderam suas terras e muitos chegaram a se tornar escravos por causa de
dívidas. A Grécia passou então por um período de conflitos sociais que
provocaram enormes mudanças na organização da sociedade.
Muitas
das cidades gregas, governadas até então por soberanos, aboliram a monarquia
(palavra grega que significa “governo de um”), substituindo-os por uma
pequena elite governante, a aristocracia (“governo de alguns”).
Em
algumas cidades, a continuidade das tensões, ocasionadas pelo aumento do poder
econômico dos grupos privilegiados, conduziria a uma completa reformulação nas
relações sociais. Em Atenas, por exemplo, surgiu a democracia, que
significa “governo da maioria.
4. O
domínio das cidades-Estado
Diferenças
profundas afastavam as duas principais cidades-Estado da Grécia antiga. Esparta
se destacava pelo espírito guerreiro e por ser uma sociedade rigidamente
estratificada. Em Atenas, ao contrário, desenvolveu-se uma sociedade marcada
pela participação dos cidadãos nos negócios públicos.
Esparta
e Atenas, cada uma em seu momento, conquistaram a hegemonia no mundo grego. A rivalidade
entre elas, e mesmo entre outras cidades da Grécia antiga, as levaria ao mútuo
enfraquecimento e consequente declínio diante das investidas expansionistas de
outros povos.
Assim,
depois de se unirem e vencerem o poderoso Império Persa, Esparta, Atenas e as
demais cidades gregas envolveram-se em diversos conflitos e acabaram
incorporadas ao Império da Macedônia.
Assimilada
pelos macedônios, a cultura grega se espalharia por várias regiões do mundo antigo,
ao mesmo tempo em que sofreria influências de outros povos. Dessa mescla de
valores surgiria o helenismo.
5. A
força de Esparta
Encravada
na Península do Peloponeso, Esparta foi erguida pelos dórios, no século IX
a.C., numa região chamada Lacônia. Ali, a dominação dória sobre os povos
conquistados deu origem a uma rígida organização social, econômica e política.
Um
conjunto de leis, atribuídas a um lendário legislador chamado Licurgo, garantia
o poder a um pequeno grupo de descendentes dos invasores dórios. A sociedade
espartana dividia-se em três estratos sociais: os esparciatas, os periecos
e os hilotas.
Os
esparciatas eram descendentes dos conquistadores dórios e constituíam um
grupo relativamente pequeno. Tinham a posse das terras mais férteis e
reservavam para si as funções de governantes. Dedicavam todo o tempo aos
exercícios e a atividades guerreiras, fazendo de Esparta um acampamento
militar.
Os
periecos eram descendentes dos aqueus e constituíam um grupo social
quatro vezes maior que o dos esparciatas. Embora fossem livres, não tinham
direitos políticos. Para manter a posse de terras, tinham de pagar impostos;
dedicavam-se ao comércio e ao artesanato.
Os
hilotas descendiam dos messênios, povo dominado pelos dórios. Eram
escravos e pertenciam à cidade de Esparta. Obrigados a trabalhar a terra,
tinham de entregar grande parte da produção à família esparciata, que controlava
a propriedade rural. Viviam em condições miseráveis e estavam expostos a todo tipo
de violência.
O
Estado espartano
O
governo da cidade de Esparta era exercido por dois reis (diarquia), que
cumpriam funções militares e religiosas. Seus poderes eram limitados pela Gerúsia,
pela Apela e pelos éforos.
A
Gerúsia exercia o poder supremo e elaborava os projetos das leis. Era composta
pelos dois reis e mais 28 esparciatas, com idade superior a 60 anos, chamados gerontes.
Os
gerontes tinham função vitalícia e eram escolhidos pela Apela, uma espécie de
assembleia que aprovava os projetos de leis enviados pela Gerúsia. Era
integrada pelos esparciatas com mais de 30 anos. Esses cidadãos votavam na
assembleia, mas não podiam fazer uso da palavra, que era reservada unicamente
aos gerontes.
Os
éforos, em número de cinco, eram escolhidos pela Gerúsia e aprovados
pela Apela. Tinham mandato de um ano e deviam, entre outras funções, fiscalizar
os reis, cuidar da educação das crianças e aplicar a justiça.
Uma
sociedade guerreira
Os
esparciatas deviam seguir uma disciplina extremamente rígida. Desde muito cedo,
os meninos eram submetidos à educação oferecida pelo Estado. Quase todo o tempo
devia ser dedicado aos exercícios físicos e aos preparativos para a guerra.
Entre
os 12 e os 30 anos, os jovens deviam dormir em alojamentos coletivos, com
companheiros da mesma faixa etária. Depois dessa idade, podiam casar-se e
participar das decisões da assembleia.
O
esparciata estava dispensado do serviço das armas após completar 60 anos.
Podia, contudo, ser eleito para tomar parte na Gerúsia.
O
principal dever das mulheres era dar à luz filhos vigorosos. Embora fossem
obrigadas a praticar exercícios físicos, tinham bastante liberdade. Em virtude
da prolongada ausência a que estavam sujeitos os homens, cabia às mulheres a
administração dos interesses da casa. A elas, e não aos homens, era concedido o
direito de praticar o comércio.
6. Atenas,
berço da democracia
Atenas
foi fundada na Ática, península do Mar Egeu, pelos jônios, que ali se
estabeleceram de forma pacífi ca, ao lado de eólios e aqueus, antigos
habitantes da região.
No início, o poder político estava sob o controle dos eupátridas,
donos das terras mais produtivas. Na
cidade, um soberano, chamado basileus, comandava a guerra, a justiça e a
religião. Uma espécie de conselho, o Areópago, limitava seu poder. Com o
tempo, os basileus perderam a supremacia e se transformaram em simples membros
de um órgão denominado Arcontado.
A
partir do século VIII a.C., essa organização política sofreu profundas
mudanças. Após a expansão territorial, ocorrida durante a Segunda Diáspora, os
portos naturais e a privilegiada posição geográfica de Atenas favoreceram o
intercâmbio comercial com as novas colônias.
Como
consequência imediata da diversificação das atividades econômicas, houve uma
considerável mudança no quadro social. Assim, comerciantes e artesãos
enriquecidos passaram a pressionar a aristocracia por maior participação no
poder. Ao mesmo tempo, a população mais pobre protestava cada vez mais contra
as desigualdades sociais.
Diante
da enorme pressão, os eupátridas viram-se obrigados a fazer concessões. Com o
objetivo de conciliar os conflitos, passaram a escolher legisladores entre
os integrantes da aristocracia, homens especialmente indicados para elaborar
leis.
Os legisladores Drácon e Sólon.
Drácon
era um arconte de origem aristocrática. Em 621 a.C., tornou-se legislador com
amplos poderes para introduzir reformas. Umas das mais importantes foi a
introdução do registro por escrito das leis em Atenas, que até então eram
orais. A cidade passou a ser governada com base em uma legislação e não mais
conforme os costumes. Era uma mudança importante, mas não era suficiente. Ela
enfraquecia o poder dos eupátridas, mas não resolveu os problemas sociais, e os
conflitos continuaram.
O
reformador seguinte foi Sólon. Ele também era um aristocrata, conhecido por sua
grande sabedoria. Em 594 a.C., foi escolhido para realizar novas reformas. Suas
reformas tiveram alcance social mais profundo. Perdoou as dívidas e as
hipotecas que pesavam sobre os pequenos agricultores e aboliu a escravidão por
motivo de dívida. Criou a Bulé, um conselho formado de quatrocentos membros,
responsável pelas funções administrativas e pela preparação das leis. Tais leis
tinham de ser submetidas à apreciação da Eclésia, ou Assembleia, formada
por indivíduos livres do sexo masculino.
Além
de votar as propostas de leis, a Eclésia deliberava sobre assuntos de interesse
geral. No âmbito político, Sólon limitou o poder da aristocracia e ampliou o
número de participantes na vida pública da cidade. Sua reforma representou um
passo decisivo para o desenvolvimento da democracia, consolidada posteriormente
na legislação de Clístenes.
Os
conflitos sociais entre aristocratas, comerciantes, artesãos e pequenos
proprietários de terras, entretanto, não acabaram. Depois do governo de Sólon,
a cidade foi palco de grandes agitações sociais.
Em
meio a essas agitações, surgiu um novo tipo de líder político, o demagogo, que
mobilizava a massa popular em oposição aos aristocratas. Ao chegarem ao poder,
esses líderes governavam de forma ditatorial, adotando medidas de apelo
popular. Foram chamados de tiranos pelos gregos. O mais conhecido deles
foi Psístrato, que, com alguns intervalos, exerceu o poder entre 560 e 527 a.C.
Clístenes
e a democracia ateniense
Em
507 a.C., Clístenes assumiu o comando de Atenas e realizou um vasto programa de
reformas, no qual estendeu os direitos de participação política a todos os
homens livres nascidos em Atenas: os cidadãos. Desse modo,
consolidava-se a democracia ateniense.
A
participação política, contudo, era restrita a 10% dos habitantes da cidade.
Ficavam excluídos da vida pública, entre outros, estrangeiros residentes em
Atenas (os chamados metecos), escravos e mulheres, ou seja, a maior
parte da população.
Apesar
desses limites, a democracia ateniense foi a forma de governo que, no mundo
antigo, mais direitos políticos estendeu ao indivíduo.
Com
as reformas de Clístenes, as funções administrativas ficaram a cargo da Bulé,
cujo número de conselheiros aumentou para quinhentos. Seus integrantes eram
sorteados entre os cidadãos.
Clístenes
fortaleceu ainda a Eclésia, que passou a se reunir uma vez por mês para discutir
e votar leis, além de outros temas de interesse geral dos cidadãos. Os assuntos
militares ficaram sob a responsabilidade dos estrategos.
Atribui-se
a Clístenes ainda a instituição do ostracismo, que consistia na
suspensão dos direitos políticos e no exílio por dez anos dos cidadãos
considerados perigosos para o Estado.
Esses cacos de cerâmica eram as “cédulas” em que se votava o ostracismo (da palavra grega óstrakon, que significa fragmento de cerâmica”) |
7. Período
Clássico
No
século V a.C., as cidades gregas atingiram seu momento de maior esplendor e
riqueza. Nesse período, as áreas de colonização na Ásia Menor foram, por um
curto espaço de tempo, anexadas pelo Império Persa.
A
tentativa persa de controlar politicamente esses territórios ocasionou uma
guerra que durou quase trinta anos. Atenas e Esparta se uniram para enfrentar o
inimigo. Vencidos os persas, começaram os conflitos internos, que provocariam o
enfraquecimento das cidades e a decadência do mundo grego.
As
Guerras Greco-Pérsicas (ou Guerras Médicas)
Conforme
vimos no Capítulo 5, o Império Persa expandiu-se até a Ásia Menor, às margens do
Mar Egeu. Em seguida, avançou em direção ao Mar Negro e cortou as ligações das
cidades gregas com suas colônias. O confronto entre os dois povos tornou-se
então inevitável, pois o expansionismo persa era incompatível com os interesses
comerciais das cidades gregas.
Ao
anexarem territórios na Ásia Menor, os persas passaram a oprimir antigas
colônias gregas situadas na região, obrigando-as a pagar impostos. As colônias
se revoltaram, mas acabaram derrotadas. Mileto, cidade líder do movimento, foi
destruída e seus habitantes, escravizados.
Em
490 a.C., alegando que Atenas teria enviado ajuda às cidades da Jônia – região
onde ocorreu a revolta –, Dario I, imperador persa, ordenou o ataque às cidades
gregas na que foi a primeira invasão persa. Diante da ofensiva, algumas delas
se renderam. Coube ao exército ateniense enfrentar o inimigo, vencendo-o na
Batalha de Maratona.
Em
480 a.C., nova invasão persa foi ordenada por Xerxes, sucessor de Dario I. O
ataque deu-se em duas frentes: por terra avançavam os exércitos, enquanto uma
frota marítima oferecia suporte, levando suprimentos. Uma primeira resistência
foi oferecida por trezentos espartanos, no desfiladeiro das Termópilas.
Comandado pelo rei Leônidas, esse exército acabou derrotado.
Com
o avanço do inimigo, os atenienses abandonaram a cidade, que foi tomada,
saqueada e incendiada. Os atenienses, contudo, impingiram uma derrota decisiva
à frota naval persa na Batalha de Salamina. Sem a cobertura dos barcos, o
exército persa foi obrigado a se retirar.
Para
derrotá-lo definitivamente, algumas cidades gregas, sob a liderança de Atenas,
criaram uma liga denominada confederação de Delos. Esparta, porém,
preferiu manter-se fora dessa aliança.
Nos trinta
anos seguintes, os gregos garantiriam a segurança de seu território.
Em 448
a.C., impuseram ao inimigo um acordo de paz, pelo qual os persas reconheciam o domínio
grego no Mar Egeu e se comprometiam a não mais atacar a região. Em troca, os
gregos renunciariam a toda atividade no Oriente, particularmente no Egito, que
nessa época fazia parte do Império Persa.
O
imperialismo ateniense
Com
o fim dos conflitos, Atenas pôde expandir sua atividade comercial. Por sua
liderança na Confederação de Delos, cobrava pesadas contribuições das cidades
aliadas. Isso beneficiou Atenas, sobretudo no governo de Péricles, que
permaneceu no poder por quinze anos (444-429 a.C.) no cargo de estratego.
Péricles
realizou obras de reconstrução e modernização da cidade, além de melhorar suas
condições de segurança. Ampliou a participação política dos cidadãos,
aperfeiçoando o regime democrático. Construiu templos e teatros e estimulou a
literatura e as artes. Entre esses templos está o Partenon, dedicado à
deusa Palas Atena.
Antes
de Péricles, os cargos públicos não eram remunerados. Por isso, os cidadãos de
baixa renda que dependiam do trabalho manual para viver não podiam exercê-los.
Péricles criou uma remuneração para esses cargos, possibilitando seu exercício
pelos atenienses livres mas relativamente pobres.
Para
pagar os gastos de sua administração, Péricles praticou uma política
espoliatória sobre as demais cidades da Confederação de Delos. Houve
descontentamento geral. Esses fatos acabaram por acirrar as divergências entre
Atenas e Esparta, culminando na Guerra do Peloponeso.
Guerra
do Peloponeso
Desde
o fim das Guerras Greco-Pérsicas, as cidades gregas se dividiram em dois
blocos, comandados respectivamente por Atenas e por Esparta.
Para
contrapor-se à rival, Esparta formou a Liga do Peloponeso, alegando que
Atenas sufocava os interesses comerciais de outras cidades, como Corinto, Tebas
e Megara. Esse argumento escondia, contudo, o interesse pela hegemonia do mundo
grego.
A
Guerra do Peloponeso foi um conflito longo e desgastante para as cidades
envolvidas. Durante certo tempo, as forças entre Esparta e Atenas se equilibraram.
Atenas era superior no mar. Esparta levava vantagem nas batalhas terrestres.
Apoiados
pelos persas, os espartanos construíram uma poderosa frota e derrotaram os
atenienses em 404 a.C., na Batalha de Egos-Pótamos. A hegemonia do mundo grego
passava, assim, para Esparta.
Essa
supremacia durou até 371 a.C. Nesse ano, a cidade de Tebas venceu Esparta na
Batalha de Leuctras. Onze anos depois, Tebas foi derrotada por uma aliança
entre Atenas e Esparta. Enfraquecidas pela sucessão de guerras, as cidades gregas
cairiam sob domínio macedônio poucos anos mais tarde.
8. Sob
a espada de Alexandre
Localizada
ao norte da Grécia, a Macedônia era governada pelo rei Filipe II desde 356 a.C.
Do ponto de vista econômico e cultural, o reino macedônico não tinha os mesmos
recursos de suas vizinhas, as cidades gregas. Mas Filipe percebia o
enfraquecimento dos gregos e nutria ambições expansionistas. Assim, depois de
organizar um poderoso exército, Filipe planejou a conquista dos territórios da
Grécia. Começou lentamente a intervir nos assuntos internos das cidades gregas.
Quando Atenas e Tebas
tentaram reagir contra a ação dos macedônios, foram derrotadas em 338 a.C., na Batalha
de Queroneia.
Garantida a
hegemonia sobre a Grécia, Filipe II decidiu declarar guerra ao Império Persa,
que estava enfraquecido por revoltas internas. Para isso, formou com as cidades
gregas a Liga de corinto, mas foi assassinado em 336 a.C., antes de
efetuar qualquer ataque. Seu plano seria executado pelo filho e sucessor,
Alexandre, então com 20 anos de idade.
A partir de
334 a.C., Alexandre ocupou a Ásia Menor e, sucessivamente, derrotou os persas, invadiu
a Fenícia, dominou o Egito. Por fi m, esmagou novamente o exército persa em 331
a.C., na Batalha de Arbelas. Proclamou-se, então, sucessor de Dario III e
lançou seu exército na conquista da Índia. Depois dessa campanha, retornou à
Babilônia, onde morreu de malária em 323 a.C. Tinha 33 anos de idade e havia
construído um império que se estendia da Macedônia até o Egito e do Egito até o
Rio Indo.
Império de Alexandre Magno em sua máxima extensão. |
A
morte de Alexandre desencadeou uma grave crise no Império. A inexistência de um
sucessor provocou uma disputa entre seus generais pelo controle do poder. Após
cerca de quarenta anos de combates, intrigas e assassinatos, formaram-se três
reinos: o da Macedônia (incluindo a Grécia antiga), o do Egito e o da Ásia. Por
ser muito grande e reunir culturas diversas, o reino da Ásia acabou se
dividindo posteriormente.
Esses reinos
foram chamados reinos helenísticos. Aos poucos, cada um deles foi
conquistado pelos romanos no decorrer dos séculos II e I a.C.
9. O
helenismo
Alexandre
Magno ou Alexandre, o Grande, como também é conhecido, conquistou um vasto território
em poucos anos. Mas seus objetivos não eram estritamente militares. Revelavam a
intenção de integrar diversas culturas num único império.
Suas
conquistas ampliaram o intercâmbio cultural e econômico entre os vários povos
da Antiguidade e, sobretudo, estimularam a integração entre as culturas grega,
egípcia e persa, sob a hegemonia da cultura grega. Dessa integração, denominada
helenismo, desenvolveram-se novas expressões culturais, econômicas e
políticas nas regiões conquistadas.
Uma das mais representativas obras da arte helenística. Esculpida em mármore, mostra Laocoonte e seus filhos sendo estrangulados por uma serpente. Encontra-se no Museu Vaticano, Roma. |
Alexandre
trouxe prosperidade econômica ao seu império ao recuperar canais de irrigação, efetuar
melhorias nos portos, estimular o comércio e o artesanato. Fundou também muitas
cidades, que acabaram por se destacar como centros culturais.
As
conquistas de Alexandre tiveram várias consequências, entre as quais:
•
Deslocamento do centro econômico e político do mundo antigo, situado até então
na Grécia, para o Oriente.
• Fundação
e crescimento de muitas cidades, como Alexandria, Pérgamo e Antioquia, que se
tornaram grandes centros comerciais e de produção artesanal.
• Colocação
em circulação dos enormes tesouros dos reis persas, provocando a diminuição do
valor dos metais preciosos e, como consequência, a elevação nos preços das
mercadorias.
•
Desenvolvimento de muitas áreas do conhecimento, principalmente da matemática.
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