quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

GRÉCIA  ANTIGA


Há  consenso  entre  os  especialistas de que o legado da Grécia antiga para a moderna cultura ocidental tem um valor inestimável.
Com a criação da democracia e da filosofia, os gregos estabeleceram os fundamentos do moderno conceito de cidadania e lançaram as bases do pensamento científico e da arte ocidental. O mesmo se pode dizer da criação literária e do teatro grego, cujos modelos ainda hoje são seguidos.
O território ocupado pela Grécia antiga pode ser dividido em três partes: a continental, chamada pelos gregos de Hélade, correspondente ao sul da Península Balcânica; a insular, formada pelas ilhas do Mar Egeu; e a asiática, ou Jônia, localizada na costa ocidental da Ásia Menor (na atual Turquia).

Partenon, templo  construído na colina da Acrópole,
centro cívico e religioso de Atenas
Ao contrário do que temos hoje no Brasil, a Grécia antiga não chegou a formar um Estado unificado. Seu território era de fato ocupado por várias cidades autônomas, cada qual com sua própria organização social, religiosa, política e econômica. Por tais características, essas cidades, chamadas pólis pelos gregos, são denominadas cidades-Estado. As principais cidades-Estado gregas foram Esparta, Atenas, Tebas e Corinto.
A pólis era constituída por um núcleo principal, algumas vilas e áreas agrícolas. No núcleo principal ficavam a acrópole (centro religioso que também servia de fortaleza militar), a ágora (praça central) e o asti (espécie de mercado).
A história da Grécia antiga estende-se por quase dois milênios. Os historiadores costumam dividi-la em períodos distintos, a saber:

PRÉ-HOMÉRICO: séculos XX-XII a.C.

  HOMÉRICO: séculos XII-VIII a.C.

   ARCAICO: SÉCULOS VIII-VI a.C.

    CLÁSSICO: séculos V-IV a.C.

Em meados do século IV a.C., o território grego foi dominado pelos macedônios, que assimilaram e difundiram a cultura grega por todo o Oriente. A esse período deu-se o nome de Helenístico. Mais tarde, a Grécia seria incorporada ao Império Romano.

1. Período Pré-Homérico
A população da Grécia antiga formou-se do encontro de quatro povos de origem indo- europeia: aqueus, jônios, eólios e dórios.
Os primeiros a chegar à Península Balcânica, no início do segundo milênio a.C., foram os aqueus. Depois, vieram os jônios e os eólios, que se espalharam por diferentes regiões da península, pelas ilhas do Mar Egeu e pelo litoral da Ásia Menor.
Os aqueus instalaram-se no sul, numa região com terras férteis, chamada Peloponeso. Sua principal cidade era Micenas, que estabeleceu um intenso intercâmbio com os cretenses, povo que habitava a Ilha de Creta, no Mar Egeu, desde o terceiro milênio a.C.
A sociedade cretense, conhecida também como egeia ou minoica, concentrava grande poder e riqueza, adquiridos graças às atividades marítimas e comerciais. Seus navios percorriam todo o Mar Mediterrâneo, mantendo contato com vários povos, entre eles os egípcios e os fenícios.
Do convívio com os cretenses, os aqueus puderam assimilar, entre outras coisas, a metalurgia do bronze, o uso da escrita e a arte de navegar.
Partindo de Micenas, por volta de 1400 a.C., os aqueus iniciaram um processo de expansão, conquistando Creta e dominando em pouco tempo toda a região do Mar Egeu e do Mar Negro.
O predomínio dos aqueus perdurou até 1100 a.C., quando ocorreu a invasão dos dórios, último povo de origem indo-europeia a alcançar a região. Atacando as cidades com suas armas de ferro, os dórios provocaram a fuga das populações locais, principalmente em direção ao interior do continente, processo que se tornou conhecido como Primeira Diáspora Grega.
Tendo subjugado os aqueus, parte dos dórios fixou-se no Peloponeso, onde mais tarde se formaria a cidade de Esparta. Outra parte ocupou várias ilhas do Mar Egeu. Protegidos pelas condições geográficas, os territórios povoados por eólios e por jônios pouco sofreram com a invasão. A chegada e o domínio dos dórios marcam o início do Período Homérico, uma nova fase na história da Grécia antiga.

2. Tempos homéricos
Durante muito tempo, as únicas informações sobre o período posterior à invasão dos dórios na Grécia antiga provinham dos poemas épicos Ilíada e Odisseia, atribuídos a Homero. Daí a denominação Período Homérico.


Homero, personagem cuja existência está envolta em
polêmicas, é geralmente considerado autor dos
poemas Ilíada e Odisseia.
A invasão dória provocou significativa transformação no modo de vida dos gregos. A dispersão populacional resultou na diminuição e no enfraquecimento das atividades urbanas, como o comércio e o artesanato. A produção artística perdeu importância e a própria escrita deixou de ser utilizada.
A base da organização social passou a ser o genos, uma espécie de clã ou grande família. Cada genos cultuava um antepassado comum, considerado herói ou descendente dos deuses. No genos, a propriedade da terra era comunal. Quase todos os seus membros estavam envolvidos nas atividades produtivas, que eram predominantemente agrícolas. O líder era o homem mais velho do clã; o poder, transmitido do pai para o filho primogênito (mais velho).
Passados três séculos, a estrutura social baseada no genos acabou entrando em colapso. Houve escassez de alimentos, provocada, entre outras razões, pelo aumento populacional e por causa da pequena extensão de terras férteis para o cultivo, levando em conta a tecnologia utilizada na época. Essas dificuldades deram origem a uma série de conflitos e disputas pelos direitos de exploração das terras cultiváveis.
Com a desintegração do genos, a terra passou a ser apropriada de forma privada. Então as famílias mais próximas do chefe do clã ficaram com as melhores terras, e houve aqueles que ficaram sem terra nenhuma. Isso gerou desigualdades sociais, pois as áreas maiores e mais férteis ficavam com os chamados eupátridas, “os bem-nascidos”, parentes mais próximos dos líderes dos genos. Desse modo, o grupo dos eupátridas formou uma espécie de aristocracia da terra.
No fim do Período Homérico, por volta do século VIII a.C., a economia da região voltou a crescer.
Lentamente, a utilização da moeda, a difusão da metalurgia do ferro e o desenvolvimento da escrita − a partir do alfabeto fenício – colaboraram para consolidar as mudanças. As cidades ressurgiram e o desenvolvimento da navegação permitiu a colonização de terras distantes.
Colonos gregos estabeleceram-se, assim, no Mar Negro, no Egito, na Líbia, no sul da Península Itálica e até na Península Ibérica. Era a Segunda Diáspora Grega, motivada em grande parte pelo crescimento populacional e pelas transformações nos genos, que obrigavam muitas pessoas a procurar novas alternativas de sobrevivência. Essa expansão ajudou a incrementar as atividades comerciais, dando origem a uma intensa rede de comércio.
Com o tempo, nas áreas colonizadas surgiram cidades semelhantes à pólis. Na Península Itálica, as colônias gregas ficaram conhecidas como Magna Grécia.

Área ocupada pelos gregos na Antiguidade, constituindo
a Magna Grécia.


 3. Período Arcaico
A intensificação das atividades econômicas possibilitou o fortalecimento de alguns grupos sociais ligados às atividades urbanas, como comerciantes e artesãos. Por sua vez, um grande número de camponeses empobreceu em virtude da concorrência dos produtos vindos das colônias.
Alguns deles perderam suas terras e muitos chegaram a se tornar escravos por causa de dívidas. A Grécia passou então por um período de conflitos sociais que provocaram enormes mudanças na organização da sociedade.
Muitas das cidades gregas, governadas até então por soberanos, aboliram a monarquia (palavra grega que significa “governo de um”), substituindo-os por uma pequena elite governante, a aristocracia (“governo de alguns”).
Em algumas cidades, a continuidade das tensões, ocasionadas pelo aumento do poder econômico dos grupos privilegiados, conduziria a uma completa reformulação nas relações sociais. Em Atenas, por exemplo, surgiu a democracia, que significa “governo da maioria.

4. O domínio das cidades-Estado
Diferenças profundas afastavam as duas principais cidades-Estado da Grécia antiga. Esparta se destacava pelo espírito guerreiro e por ser uma sociedade rigidamente estratificada. Em Atenas, ao contrário, desenvolveu-se uma sociedade marcada pela participação dos cidadãos nos negócios públicos.
Esparta e Atenas, cada uma em seu momento, conquistaram a hegemonia no mundo grego. A rivalidade entre elas, e mesmo entre outras cidades da Grécia antiga, as levaria ao mútuo enfraquecimento e consequente declínio diante das investidas expansionistas de outros povos.
Assim, depois de se unirem e vencerem o poderoso Império Persa, Esparta, Atenas e as demais cidades gregas envolveram-se em diversos conflitos e acabaram incorporadas ao Império da Macedônia.
Assimilada pelos macedônios, a cultura grega se espalharia por várias regiões do mundo antigo, ao mesmo tempo em que sofreria influências de outros povos. Dessa mescla de valores surgiria o helenismo.

5. A força de Esparta
Encravada na Península do Peloponeso, Esparta foi erguida pelos dórios, no século IX a.C., numa região chamada Lacônia. Ali, a dominação dória sobre os povos conquistados deu origem a uma rígida organização social, econômica e política.
Um conjunto de leis, atribuídas a um lendário legislador chamado Licurgo, garantia o poder a um pequeno grupo de descendentes dos invasores dórios. A sociedade espartana dividia-se em três estratos sociais: os esparciatas, os periecos e os hilotas.
Os esparciatas eram descendentes dos conquistadores dórios e constituíam um grupo relativamente pequeno. Tinham a posse das terras mais férteis e reservavam para si as funções de governantes. Dedicavam todo o tempo aos exercícios e a atividades guerreiras, fazendo de Esparta um acampamento militar.
Os periecos eram descendentes dos aqueus e constituíam um grupo social quatro vezes maior que o dos esparciatas. Embora fossem livres, não tinham direitos políticos. Para manter a posse de terras, tinham de pagar impostos; dedicavam-se ao comércio e ao artesanato.
Os hilotas descendiam dos messênios, povo dominado pelos dórios. Eram escravos e pertenciam à cidade de Esparta. Obrigados a trabalhar a terra, tinham de entregar grande parte da produção à família esparciata, que controlava a propriedade rural. Viviam em condições miseráveis e estavam expostos a todo tipo de violência.

O Estado espartano
O governo da cidade de Esparta era exercido por dois reis (diarquia), que cumpriam funções militares e religiosas. Seus poderes eram limitados pela Gerúsia, pela Apela e pelos éforos.
A Gerúsia exercia o poder supremo e elaborava os projetos das leis. Era composta pelos dois reis e mais 28 esparciatas, com idade superior a 60 anos, chamados gerontes.
Os gerontes tinham função vitalícia e eram escolhidos pela Apela, uma espécie de assembleia que aprovava os projetos de leis enviados pela Gerúsia. Era integrada pelos esparciatas com mais de 30 anos. Esses cidadãos votavam na assembleia, mas não podiam fazer uso da palavra, que era reservada unicamente aos gerontes.
Os éforos, em número de cinco, eram escolhidos pela Gerúsia e aprovados pela Apela. Tinham mandato de um ano e deviam, entre outras funções, fiscalizar os reis, cuidar da educação das crianças e aplicar a justiça.

Uma sociedade guerreira
Os esparciatas deviam seguir uma disciplina extremamente rígida. Desde muito cedo, os meninos eram submetidos à educação oferecida pelo Estado. Quase todo o tempo devia ser dedicado aos exercícios físicos e aos preparativos para a guerra.
Entre os 12 e os 30 anos, os jovens deviam dormir em alojamentos coletivos, com companheiros da mesma faixa etária. Depois dessa idade, podiam casar-se e participar das decisões da assembleia.
O esparciata estava dispensado do serviço das armas após completar 60 anos. Podia, contudo, ser eleito para tomar parte na Gerúsia.
O principal dever das mulheres era dar à luz filhos vigorosos. Embora fossem obrigadas a praticar exercícios físicos, tinham bastante liberdade. Em virtude da prolongada ausência a que estavam sujeitos os homens, cabia às mulheres a administração dos interesses da casa. A elas, e não aos homens, era concedido o direito de praticar o comércio.

6. Atenas, berço da democracia
Atenas foi fundada na Ática, península do Mar Egeu, pelos jônios, que ali se estabeleceram de forma pacífi ca, ao lado de eólios e aqueus, antigos habitantes da região.
No início, o poder político estava sob o controle dos eupátridas, donos das terras mais produtivas. Na cidade, um soberano, chamado basileus, comandava a guerra, a justiça e a religião. Uma espécie de conselho, o Areópago, limitava seu poder. Com o tempo, os basileus perderam a supremacia e se transformaram em simples membros de um órgão denominado Arcontado.
A partir do século VIII a.C., essa organização política sofreu profundas mudanças. Após a expansão territorial, ocorrida durante a Segunda Diáspora, os portos naturais e a privilegiada posição geográfica de Atenas favoreceram o intercâmbio comercial com as novas colônias.
Como consequência imediata da diversificação das atividades econômicas, houve uma considerável mudança no quadro social. Assim, comerciantes e artesãos enriquecidos passaram a pressionar a aristocracia por maior participação no poder. Ao mesmo tempo, a população mais pobre protestava cada vez mais contra as desigualdades sociais.
Diante da enorme pressão, os eupátridas viram-se obrigados a fazer concessões. Com o objetivo de conciliar os conflitos, passaram a escolher legisladores entre os integrantes da aristocracia, homens especialmente indicados para elaborar leis.

Os  legisladores Drácon e Sólon.

Drácon era um arconte de origem aristocrática. Em 621 a.C., tornou-se legislador com amplos poderes para introduzir reformas. Umas das mais importantes foi a introdução do registro por escrito das leis em Atenas, que até então eram orais. A cidade passou a ser governada com base em uma legislação e não mais conforme os costumes. Era uma mudança importante, mas não era suficiente. Ela enfraquecia o poder dos eupátridas, mas não resolveu os problemas sociais, e os conflitos continuaram.
O reformador seguinte foi Sólon. Ele também era um aristocrata, conhecido por sua grande sabedoria. Em 594 a.C., foi escolhido para realizar novas reformas. Suas reformas tiveram alcance social mais profundo. Perdoou as dívidas e as hipotecas que pesavam sobre os pequenos agricultores e aboliu a escravidão por motivo de dívida. Criou a Bulé, um conselho formado de quatrocentos membros, responsável pelas funções administrativas e pela preparação das leis. Tais leis tinham de ser submetidas à apreciação da Eclésia, ou Assembleia, formada por indivíduos livres do sexo masculino.
Além de votar as propostas de leis, a Eclésia deliberava sobre assuntos de interesse geral. No âmbito político, Sólon limitou o poder da aristocracia e ampliou o número de participantes na vida pública da cidade. Sua reforma representou um passo decisivo para o desenvolvimento da democracia, consolidada posteriormente na legislação de Clístenes.
Os conflitos sociais entre aristocratas, comerciantes, artesãos e pequenos proprietários de terras, entretanto, não acabaram. Depois do governo de Sólon, a cidade foi palco de grandes agitações sociais.
Em meio a essas agitações, surgiu um novo tipo de líder político, o demagogo, que mobilizava a massa popular em oposição aos aristocratas. Ao chegarem ao poder, esses líderes governavam de forma ditatorial, adotando medidas de apelo popular. Foram chamados de tiranos pelos gregos. O mais conhecido deles foi Psístrato, que, com alguns intervalos, exerceu o poder entre 560 e 527 a.C.

Clístenes e a democracia ateniense
Em 507 a.C., Clístenes assumiu o comando de Atenas e realizou um vasto programa de reformas, no qual estendeu os direitos de participação política a todos os homens livres nascidos em Atenas: os cidadãos. Desse modo, consolidava-se a democracia ateniense.
A participação política, contudo, era restrita a 10% dos habitantes da cidade. Ficavam excluídos da vida pública, entre outros, estrangeiros residentes em Atenas (os chamados metecos), escravos e mulheres, ou seja, a maior parte da população.
Apesar desses limites, a democracia ateniense foi a forma de governo que, no mundo antigo, mais direitos políticos estendeu ao indivíduo.
Com as reformas de Clístenes, as funções administrativas ficaram a cargo da Bulé, cujo número de conselheiros aumentou para quinhentos. Seus integrantes eram sorteados entre os cidadãos.
Clístenes fortaleceu ainda a Eclésia, que passou a se reunir uma vez por mês para discutir e votar leis, além de outros temas de interesse geral dos cidadãos. Os assuntos militares ficaram sob a responsabilidade dos estrategos.
Atribui-se a Clístenes ainda a instituição do ostracismo, que consistia na suspensão dos direitos políticos e no exílio por dez anos dos cidadãos considerados perigosos para o Estado.

Esses cacos de cerâmica eram as “cédulas” em que
se votava o ostracismo (da palavra grega  
óstrakon,
que significa fragmento de cerâmica”)

 7. Período Clássico
No século V a.C., as cidades gregas atingiram seu momento de maior esplendor e riqueza. Nesse período, as áreas de colonização na Ásia Menor foram, por um curto espaço de tempo, anexadas pelo Império Persa.
A tentativa persa de controlar politicamente esses territórios ocasionou uma guerra que durou quase trinta anos. Atenas e Esparta se uniram para enfrentar o inimigo. Vencidos os persas, começaram os conflitos internos, que provocariam o enfraquecimento das cidades e a decadência do mundo grego.

As Guerras Greco-Pérsicas (ou Guerras Médicas)
Conforme vimos no Capítulo 5, o Império Persa expandiu-se até a Ásia Menor, às margens do Mar Egeu. Em seguida, avançou em direção ao Mar Negro e cortou as ligações das cidades gregas com suas colônias. O confronto entre os dois povos tornou-se então inevitável, pois o expansionismo persa era incompatível com os interesses comerciais das cidades gregas.
Ao anexarem territórios na Ásia Menor, os persas passaram a oprimir antigas colônias gregas situadas na região, obrigando-as a pagar impostos. As colônias se revoltaram, mas acabaram derrotadas. Mileto, cidade líder do movimento, foi destruída e seus habitantes, escravizados.
Em 490 a.C., alegando que Atenas teria enviado ajuda às cidades da Jônia – região onde ocorreu a revolta –, Dario I, imperador persa, ordenou o ataque às cidades gregas na que foi a primeira invasão persa. Diante da ofensiva, algumas delas se renderam. Coube ao exército ateniense enfrentar o inimigo, vencendo-o na Batalha de Maratona.
Em 480 a.C., nova invasão persa foi ordenada por Xerxes, sucessor de Dario I. O ataque deu-se em duas frentes: por terra avançavam os exércitos, enquanto uma frota marítima oferecia suporte, levando suprimentos. Uma primeira resistência foi oferecida por trezentos espartanos, no desfiladeiro das Termópilas. Comandado pelo rei Leônidas, esse exército acabou derrotado.
Com o avanço do inimigo, os atenienses abandonaram a cidade, que foi tomada, saqueada e incendiada. Os atenienses, contudo, impingiram uma derrota decisiva à frota naval persa na Batalha de Salamina. Sem a cobertura dos barcos, o exército persa foi obrigado a se retirar.
Para derrotá-lo definitivamente, algumas cidades gregas, sob a liderança de Atenas, criaram uma liga denominada confederação de Delos. Esparta, porém, preferiu manter-se fora dessa aliança.
Nos trinta anos seguintes, os gregos garantiriam a segurança de seu território.
Em 448 a.C., impuseram ao inimigo um acordo de paz, pelo qual os persas reconheciam o domínio grego no Mar Egeu e se comprometiam a não mais atacar a região. Em troca, os gregos renunciariam a toda atividade no Oriente, particularmente no Egito, que nessa época fazia parte do Império Persa.

O imperialismo ateniense
Com o fim dos conflitos, Atenas pôde expandir sua atividade comercial. Por sua liderança na Confederação de Delos, cobrava pesadas contribuições das cidades aliadas. Isso beneficiou Atenas, sobretudo no governo de Péricles, que permaneceu no poder por quinze anos (444-429 a.C.) no cargo de estratego.
Péricles realizou obras de reconstrução e modernização da cidade, além de melhorar suas condições de segurança. Ampliou a participação política dos cidadãos, aperfeiçoando o regime democrático. Construiu templos e teatros e estimulou a literatura e as artes. Entre esses templos está o Partenon, dedicado à deusa Palas Atena.
Antes de Péricles, os cargos públicos não eram remunerados. Por isso, os cidadãos de baixa renda que dependiam do trabalho manual para viver não podiam exercê-los. Péricles criou uma remuneração para esses cargos, possibilitando seu exercício pelos atenienses livres mas relativamente pobres.
Para pagar os gastos de sua administração, Péricles praticou uma política espoliatória sobre as demais cidades da Confederação de Delos. Houve descontentamento geral. Esses fatos acabaram por acirrar as divergências entre Atenas e Esparta, culminando na Guerra do Peloponeso.


Guerra do Peloponeso
Desde o fim das Guerras Greco-Pérsicas, as cidades gregas se dividiram em dois blocos, comandados respectivamente por Atenas e por Esparta.
Para contrapor-se à rival, Esparta formou a Liga do Peloponeso, alegando que Atenas sufocava os interesses comerciais de outras cidades, como Corinto, Tebas e Megara. Esse argumento escondia, contudo, o interesse pela hegemonia do mundo grego.
A Guerra do Peloponeso foi um conflito longo e desgastante para as cidades envolvidas. Durante certo tempo, as forças entre Esparta e Atenas se equilibraram. Atenas era superior no mar. Esparta levava vantagem nas batalhas terrestres.
Apoiados pelos persas, os espartanos construíram uma poderosa frota e derrotaram os atenienses em 404 a.C., na Batalha de Egos-Pótamos. A hegemonia do mundo grego passava, assim, para Esparta.
Essa supremacia durou até 371 a.C. Nesse ano, a cidade de Tebas venceu Esparta na Batalha de Leuctras. Onze anos depois, Tebas foi derrotada por uma aliança entre Atenas e Esparta. Enfraquecidas pela sucessão de guerras, as cidades gregas cairiam sob domínio macedônio poucos anos mais tarde.

8. Sob a espada de Alexandre
Localizada ao norte da Grécia, a Macedônia era governada pelo rei Filipe II desde 356 a.C. Do ponto de vista econômico e cultural, o reino macedônico não tinha os mesmos recursos de suas vizinhas, as cidades gregas. Mas Filipe percebia o enfraquecimento dos gregos e nutria ambições expansionistas. Assim, depois de organizar um poderoso exército, Filipe planejou a conquista dos territórios da Grécia. Começou lentamente a intervir nos assuntos internos das cidades gregas. Quando Atenas e Tebas tentaram reagir contra a ação dos macedônios, foram derrotadas em 338 a.C., na Batalha de Queroneia.
Garantida a hegemonia sobre a Grécia, Filipe II decidiu declarar guerra ao Império Persa, que estava enfraquecido por revoltas internas. Para isso, formou com as cidades gregas a Liga de corinto, mas foi assassinado em 336 a.C., antes de efetuar qualquer ataque. Seu plano seria executado pelo filho e sucessor, Alexandre, então com 20 anos de idade.
A partir de 334 a.C., Alexandre ocupou a Ásia Menor e, sucessivamente, derrotou os persas, invadiu a Fenícia, dominou o Egito. Por fi m, esmagou novamente o exército persa em 331 a.C., na Batalha de Arbelas. Proclamou-se, então, sucessor de Dario III e lançou seu exército na conquista da Índia. Depois dessa campanha, retornou à Babilônia, onde morreu de malária em 323 a.C. Tinha 33 anos de idade e havia construído um império que se estendia da Macedônia até o Egito e do Egito até o Rio Indo.
Império de Alexandre Magno em sua máxima extensão.

A morte de Alexandre desencadeou uma grave crise no Império. A inexistência de um sucessor provocou uma disputa entre seus generais pelo controle do poder. Após cerca de quarenta anos de combates, intrigas e assassinatos, formaram-se três reinos: o da Macedônia (incluindo a Grécia antiga), o do Egito e o da Ásia. Por ser muito grande e reunir culturas diversas, o reino da Ásia acabou se dividindo posteriormente.
Esses reinos foram chamados reinos helenísticos. Aos poucos, cada um deles foi conquistado pelos romanos no decorrer dos séculos II e I a.C.


9. O helenismo
Alexandre Magno ou Alexandre, o Grande, como também é conhecido, conquistou um vasto território em poucos anos. Mas seus objetivos não eram estritamente militares. Revelavam a intenção de integrar diversas culturas num único império.
Suas conquistas ampliaram o intercâmbio cultural e econômico entre os vários povos da Antiguidade e, sobretudo, estimularam a integração entre as culturas grega, egípcia e persa, sob a hegemonia da cultura grega. Dessa integração, denominada helenismo, desenvolveram-se novas expressões culturais, econômicas e políticas nas regiões conquistadas.
Uma das mais representativas obras da arte helenística. Esculpida em
mármore, mostra Laocoonte e seus filhos sendo estrangulados por
uma serpente. Encontra-se no Museu Vaticano, Roma.

Alexandre trouxe prosperidade econômica ao seu império ao recuperar canais de irrigação, efetuar melhorias nos portos, estimular o comércio e o artesanato. Fundou também muitas cidades, que acabaram por se destacar como centros culturais.
As conquistas de Alexandre tiveram várias consequências, entre as quais:
• Deslocamento do centro econômico e político do mundo antigo, situado até então na Grécia, para o Oriente.
• Fundação e crescimento de muitas cidades, como Alexandria, Pérgamo e Antioquia, que se tornaram grandes centros comerciais e de produção artesanal.
• Colocação em circulação dos enormes tesouros dos reis persas, provocando a diminuição do valor dos metais preciosos e, como consequência, a elevação nos preços das mercadorias.
• Desenvolvimento de muitas áreas do conhecimento, principalmente da matemática.


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