SEGUNDO REINADO
O segundo reinado teve início com a ascensão
de dom Pedro como imperador do Brasil, em 1840. Ele nem sequer tinha quinze
anos completos, mas o Parlamento aprovou uma lei declarando sua maioridade,
para que ele pudesse assumir o trono.
A ascensão
de dom Pedro representava uma esperança de estabilidade, num momento, em que o
Brasil passava por grandes dificuldades políticas e econômicas.
D. Pedro II, em trajes majestáticos, aos 47 anos. |
Efetivamente,
a sagração antecipada do jovem imperador contribuiu de forma decisiva para a pacificação
do país, convulsionado pelas rebeliões do período regencial, e para a
consolidação das instituições do Império. Os grupos dominantes puderam, então,
construir uma ordem política e social estável, baseada no trabalho escravo e na
supremacia do imperador em relação a todos os outros poderes do Estado.
No campo
político, uma importante iniciativa foi a criação, em 1847, da figura do
presidente do Conselho de Ministros. A medida representava uma tentativa de
introduzir no Brasil o sistema político de inspiração britânica, pelo qual o
Parlamento indicava para o cargo de primeiro-ministro o líder do partido que
tinha a maioria parlamentar, e o monarca simplesmente acatava a indicação. Só
que no Brasil, ao contrário da Inglaterra, a supremacia do Parlamento não existia,
pois a indicação do presidente do Conselho de Ministros partia do imperador dom
Pedro II.
Mas para o
que importava, a criação do cargo de presidente do Conselho de Ministros
funcionou efetivamente como elemento estabilizador do sistema político. A existência
de dois partidos, em que se dividia a elite do país, facilitou o funcionamento
do sistema. Enquanto isso, as camadas mais pobres da população continuavam à
margem dos processos de tomada de decisões.
1. A reforma alfandegária
No
campo da economia, o destaque foi a reforma alfandegária de 1844.
Até
essa data, valia uma tarifa alfandegária máxima de apenas quinze por cento
sobre as mercadorias importadas. É fácil perceber o problema financeiro que
isso criava para o governo brasileiro, já que, naquele tempo, os impostos
alfandegários eram sua principal fonte de recursos.
A
possibilidade de mudar esse estado de coisas surgiu em 1844 quando expirou o
tratado de comércio com a Inglaterra. Apesar das pressões inglesas pela
renovação desse tratado, o governo brasileiro fez justamente o contrário:
aumentou as tarifas. O mérito da medida coube a Manoel Alves Branco, que
ocupava o cargo de ministro da Fazenda, num governo do Partido Liberal. Em
agosto de 1844, foi decretada a elevação geral das tarifas alfandegárias —
conhecidas como Tarifas Alves Branco — para quase três mil artigos provenientes
do estrangeiro. A taxa média passou a ser de trinta por cento, mas, para
algumas mercadorias com similares nacionais, a taxa podia chegar a sessenta por
cento.
Imposto alfandegário
Explicando: o imposto
alfandegário (ou aduaneiro) é cobrado pelo governo, na alfândega (ou aduana),
sobre as mercadorias que entram no país (ou mais raramente sobre as mercadorias
que saem do país).
Exemplificando: um
comerciante compra uma determinada mercadoria em um país estrangeiro e a traz
para vender no Brasil. Suponhamos que seu preço seja $ 100,00. Se ela estiver
sujeita a um imposto alfandegário de trinta por cento, o importador deve
recolher $ 30,00 ao governo e, portanto, a mercadoria entra no mercado
brasileiro custando $ 130,00.
Dessa forma, o imposto
alfandegário tanto contribui para aumentar a arrecadação do governo quanto
influi no preço das mercadorias importadas (ou, se for o caso, exportadas).
O efeito dessa medida
não se fez esperar. Entre 1838 e 1850, a receita do governo duplicou,
alcançando 40 mil contos de réis, enquanto o comércio exterior (importação mais
exportação) cresceu de 108 mil contos, em 1846, para 144 mil contos, cinco anos
depois. Essa melhora nas contas do país permitiu que se firmasse o crédito
nacional no exterior, facilitando a obtenção, a um custo menor, de novos
empréstimos externos.
É preciso registrar que era na Inglaterra que o governo
brasileiro obtinha empréstimos. A casa bancária Rothschild & Sons foi,
desde 1855, agente brasileiro financeiro exclusivo do Brasil em Londres e
monopolizou o financiamento externo do governo imperial.
Uma novidade importante do período foi a inauguração, em 1850,
da primeira linha de navios a vapor ligando Brasil e Inglaterra. A partir de
então, a duração dessa viagem se reduzia de dois meses para menos de trinta
dias: os navios partiam de Liverpool no dia 24 de cada mês e chegavam,
pontualmente, ao Rio de Janeiro no dia 21 do mês seguinte.
O telégrafo elétrico fez sua estreia, em 1852, com apenas oito
anos de atraso em relação aos Estados Unidos, o país pioneiro. Nesse momento,
ainda estava limitado à cidade do Rio de Janeiro e arredores. Dois anos depois,
em 1854, começava a operar, no Rio de Janeiro, a primeira ferrovia do Brasil.
2. Fim do tráfico
Seis anos
após a introdução das tarifas Alves branco, foi a vez da lei extinguindo o
tráfico negreiro, fato de enorme repercussões na economia e na sociedade do
país.
Vejamos
como isso se deu. Em 1831, dando cumprimento a um acordo com a Inglaterra, o
Parlamento brasileiro tinha aprovado uma lei proibindo o tráfico de africanos
escravizados. Entretanto, a lei não só não foi cumprida, como a importação de
escravos aumentou. Em represália, os ingleses decidiram jogar pesado contra
Brasil: em 1845, o Parlamento britânico aprovou uma lei que autorizava a
marinha britânica a capturar qualquer navio negreiro e julgar seus tripulantes.
Essa lei
recebeu o nome de “Bill Aberdeen”. Finalmente, depois de sofrer muitas humilhações,
o Parlamento brasileiro aprovou um projeto de lei do então ministro da Justiça,
Eusébio de Queirós (1850), que proibiu definitivamente o tráfico de africanos
escravizados para o Brasil. Três anos depois, de fato, o tráfico, que durara
mais de três séculos, estava completamente extinto.
3. Lavoura cafeeira
É preciso
registrar que a principal garantia da estabilidade política do país era a
prosperidade econômica, e esta estava sendo assegurada pela expansão de um novo
campeão nas exportações brasileiras: o café.
A cultura
desse produto teve início entre nós em 1727, quando Francisco de Melo Palheta,
retornando de uma missão à Guiana Francesa, trouxe mudas e sementes de café e
as plantou na então província do Pará. Levado para outras regiões do país, o
café foi plantado nas primeiras décadas do século XIX nos arredores do Rio de
Janeiro. O café ocupou rapidamente toda a região da atual Floresta da Tijuca e
se espraiou mais tarde pelo Vale do Paraíba. Na década de 1820, o Brasil
produzia cerca de 90 mil sacas de café por ano. Por volta de 1840, a produção
já era de cerca de um milhão de sacas e representava quase 48% das vendas do país
no exterior.
Do Vale do
Paraíba, os cafezais logo alcançaram São Paulo e o sul de Minas. A partir de
1870, as plantações chegaram ao Oeste paulista, a cidades como Campinas,
Ribeirão Preto, Campos Novos Paulistas e São José do Rio Preto. Dez anos
depois, por volta de 1880, o Brasil já produzia mais da metade de todo o café
cultivado no mundo.
As
atividades ligadas a essa expansão provocaram profundas mudanças na sociedade,
deslocando o eixo da economia do Nordeste açucareiro e das regiões mineradoras,
esgotadas na época, para o Centro-Sul do país, onde o café encontrou melhores
condições de clima e solo para seu desenvolvimento.
Surgia
assim uma nova camada de prósperos senhores de terra: os cafeicultores.
4. Chegada dos
primeiros imigrantes
O novo
cafeicultor utilizava em sua fazenda métodos mais racionais e modernos de
produção agrícola. Admitia também a substituição da mão de obra escrava por
trabalhadores imigrantes vindos da Europa.
Já na
década de 1840, o senador liberal, Nicolau Vergueiro empregou como
trabalhadores livres em sua fazenda na região de Campinas, em São Paulo, um
grupo de 177 famílias alemãs, suíças, belgas e portuguesas. Mas foi só a partir
de 1850, quando a Lei Eusébio de Queirós proibiu o tráfico de africanos
escravizados, que a imigração começou a ser encarada como solução viável para o
problema da mão de obra.
Os imigrantes teriam de vir para serem trabalhadores. Pensando nisso, também em 1850, foi aprovada a Lei de Terras, que em seu artigo primeiro dizia: "Ficam proibidas as aquisições de terras devolutas por outro titulo que não seja o de compra". Isso queria dizer que se o imigrante quisesse um pedaço de terra, teria que ter dinheiro e, para isso, teria que trabalhar.
Em 1871, fazendeiros paulistas criaram, com o apoio do Ministério da Agricultura, a Sociedade Auxiliadora da Colonização e Imigração, destinada a promover a vinda para o Brasil de trabalhadores agrícolas europeus.
Os imigrantes teriam de vir para serem trabalhadores. Pensando nisso, também em 1850, foi aprovada a Lei de Terras, que em seu artigo primeiro dizia: "Ficam proibidas as aquisições de terras devolutas por outro titulo que não seja o de compra". Isso queria dizer que se o imigrante quisesse um pedaço de terra, teria que ter dinheiro e, para isso, teria que trabalhar.
Em 1871, fazendeiros paulistas criaram, com o apoio do Ministério da Agricultura, a Sociedade Auxiliadora da Colonização e Imigração, destinada a promover a vinda para o Brasil de trabalhadores agrícolas europeus.
5. A ferrovia
Santos-Jundiaí
A expansão
da cafeicultura tornou possível a implantação de ferrovias na província de São Paulo
para facilitar o transporte do produto entre as áreas de cultivo e o porto de
Santos, por onde se dava o escoamento do café.
Data dessa época a construção da estrada de ferro que ligava o
porto de Santos à cidade de Jundiaí no interior paulista – que destinada a ser
a mais importante de todas as ferrovias brasileiras.
Vejamos como se deu a implantação dessa ferrovia. Sua exploração
comercial foi concedida pelo governo imperial, por um prazo de noventa anos, a
um grupo do qual fazia parte o Barão de Mauá.
Segundo o decreto, datado de 1856, a ferrovia deveria partir das
imediações de Santos, vencer a serra e alcançar a vila de Jundiaí, passando por
São Paulo. A distância era pequena, apenas 139 quilômetros. Sua importância,
porém, não estava na extensão, mas no fato de se tornar um funil por onde iria
escoar toda a produção do interior da província.
Em 1855, calculava-se que a ferrovia conduziria para o porto de
Santos 2,5 milhões de arrobas de mercadorias (principalmente café e açúcar) e,
no sentido inverso, conduziria um milhão de arrobas de bens importados, sem
contar os passageiros.
Mauá e seus sócios organizaram, em Londres, com capital inglês,
a São Paulo Railway Company, para construir a ferrovia, cujas obras
tiveram início em 1860. A nova empresa podia agora contar com sete por cento de
garantia de juro sobre o capital investido, sendo dois por cento oferecidos
pelo governo da província de São Paulo e o restante pelo governo central. Mauá
e seus sócios nacionais ficaram com menos de dez por cento das ações da
empresa, cabendo o restante a capitalistas ingleses.
O problema maior era subir a Serra do Mar, uma altitude de cerca
de 850 metros em relação ao nível do mar - numa distância de apenas oito
quilômetros!
E vencer esse desafio exigiria o melhor da tecnologia do século
XIX. A solução consistiu na adoção do sistema funicular, complementado por
túneis e viadutos.
Em 1866, os trilhos alcançaram a cidade de São Paulo e, um ano
depois, a ferrovia foi inaugurada. Era a quinta a entrar em operação no Brasil.
Havia custado 2,5 milhões de libras esterlinas, aproximadamente 25 mil contos
de réis. Mas os acionistas da São Paulo Railway, a “Inglesa”, como o
povo a apelidou, não tinham do que reclamar: os lucros superaram as previsões
mais otimistas.
As ferrovias contribuíram enormemente para o processo de
modernização do Brasil. Além de aposentar as tropas de mula, elas impulsionaram
o crescimento do comércio, a difusão do trabalho livre, a redução dos fretes
dos transportes, a valorização das terras, a diminuição das despesas públicas
com a conservação das estradas, a melhoria das comunicações e o desenvolvimento
industrial.
6. As primeiras
indústrias
O fim do
tráfico negreiro e a expansão do café colocaram nas mãos dos fazendeiros e do
comércio de exportação grande soma de capitais ociosos, antes destinados à
compra de mão de obra escrava.
Parte
desses capitais acabaria impulsionando um primeiro surto industrial no país.
Esse surto também foi estimulado pela reforma alfandegária do governo imperial,
realizada, em 1844, pelo ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco. Como vimos
anteriormente, foram estabelecidos novos impostos sobre os produtos importados
pelo Brasil. As taxas mais pesadas (de 40% a 60%) recaíam sobre artigos com
similar nacional, como chá, vidros, tecidos de cânhamo e outros. As mais baixas
(20%) incidiam sobre produtos como ferro, folha de flandres, cobre etc.,
necessários à produção industrial.
As
novas tarifas, entretanto, não duraram muito tempo, pois foram derrubadas pela
reforma de 1860. Mas enquanto estiveram em vigor tiveram importantes
consequências para o Brasil da época. Por exemplo, elas tiveram um caráter
protecionista, pois as mercadorias importadas passaram a custar mais caro,
criando condições para o surgimento de fábricas dentro do próprio país. Outro
efeito foi contribuir para a pacificação do Brasil. De fato, à medida que
aumentaram os recursos à disposição do governo, este se aparelhou melhor,
conseguindo reprimir as revoltas e impor sua autoridade sobre todo o país.
A decisão
era um incentivo à indústria brasileira, que pôde então contar com o
investimento de capitais provenientes da cafeicultura e do tráfico negreiro.
Como resultado, na década de 1850 foram fundadas 62 empresas industriais,
catorze bancos, três caixas econômicas, vinte companhias de navegação a vapor,
23 companhias de seguros, oito estradas de ferro, além de empresas de
mineração, transporte urbano e serviço de gás, entre outras.
7. As relações entre Brasil e Inglaterra
Ao iniciar-se o Segundo Reinado, a Inglaterra, que começava a
dar os primeiros passos como potência imperialista, era o principal parceiro
econômico do Brasil. Com efeito, o comércio exterior brasileiro era feito por
companhias inglesas, em navios ingleses e com capital inglês. Dessa forma,
grande parte dos ganhos do negócio, sob diversas formas (lucros, juros,
seguros, comissões etc.), ia parar no bolso dos comerciantes da Inglaterra.
Não foi apenas no comércio que os ingleses estiveram presentes
na economia brasileira. Foram eles que construíram a maior parte do sistema
ferroviário e forneceram grande parte da maquinaria industrial e dos
suprimentos utilizados nas indústrias do Brasil. Além disso, era de origem
inglesa o dinheiro que financiou muitas realizações, bem como os técnicos que
instalaram e fizeram funcionar os equipamentos, dirigiram a construção de
ferrovias e ensinaram os operários brasileiros.
Os ingleses naturalmente dirigiram seus investimentos no Brasil
para aquilo que lhes dava mais lucro, que era o que lhes interessava. Deve-se
notar que esses melhoramentos, indiretamente, podiam ser úteis a empresários
que quisessem estabelecer uma indústria, como de fato aconteceu.
Acrescente-se ainda que as fábricas brasileiras, em geral, dependiam
dos ingleses para o fornecimento de maquinaria e material industrial. Isso
acontecia, em particular, nas indústrias têxteis, em que os britânicos eram os
pioneiros, mas também em outros setores da atividade industrial.
Veja-se, por exemplo, o carvão utilizado nas máquinas a vapor
empregadas nas indústrias ou nas fundições, como era o caso do Estaleiro da
Ponta da Areia. Era quase todo importado da Inglaterra. O mesmo acontecia com o
ferro. Essa constatação levou o diretor da Fábrica de Ferro de São João de
Ipanema a lamentar, num relatório de 1870, que nenhuma das fundições do Império
empregasse “como matéria-prima o mais insignificante pedaço de ferro ou aço
fabricado no país”.
Finalmente, é preciso registrar que era na Inglaterra que o
governo brasileiro obtinha empréstimos. A casa bancária Rothschild & Sons
foi, desde 1855, agente brasileiro financeiro exclusivo do Brasil em Londres e
monopolizou o financiamento externo do governo imperial. Até 1865, nosso país
recebeu dez empréstimos, em um valor total aproximado de vinte e um milhões de
libras esterlinas. Além de empréstimos, o Brasil recebia também investimentos
diretos, chegando a concentrar a quarta parte de todos os investimentos
britânicos na América Latina.
8. Conflitos no Prata
Entre 1850
e 1870, o Brasil se envolveu em diversos conflitos na região do Rio da Prata
(Uruguai, Argentina e Paraguai). Na verdade, a região era foco de tensões desde
o período colonial. Entretanto, depois da independência dos países platinos, a
rivalidade se acirrou. Vejamos como isso se deu.
Nas décadas
de 1810 e 1820, o governo brasileiro procurou a todo custo evitar a formação de
uma única nação platina, que teria como base o antigo Vice-Reinado do Prata. Na
eventualidade de esse país ser criado, os interesses do Brasil de assegurar a
livre navegação no Rio da Prata e o comércio com o interior do continente
seriam inviabilizados.
Em 1825,
rebeldes uruguaios proclamaram a independência da Província Cisplatina –
anexada ao Brasil por dom João VI – e sua unificação com as Províncias Unidas
do Prata (atual Argentina). Esse fato foi encarado como uma ameaça ao Brasil e
levou dom Pedro I a se empenhar em um longo e desgastante conflito, a Guerra da
Cisplatina, que só terminou em 1828.
Graças à
mediação da Grã-Bretanha no acordo de paz, o Uruguai foi declarado Estado
independente e ficou garantida a livre navegação no Rio da Prata. Dessa forma,
as duas decisões foram favoráveis ao Brasil.
Blancos × Colorados, Brasil ×
Argentina
A partir de
então, os governos brasileiro e argentino passaram a intervir nos assuntos
internos do Uruguai, apoiando grupos rivais em constante disputa pelo poder.
Em 1834,
foi eleito para a presidência do Uruguai Manuel Oribe, do Partido Blanco,
aliado ao governo argentino de Juan Manuel Rosas. Contra ele, rebelou-se José
Frutuoso Rivera, chefe do Partido
Colorado, apoiado pelo Brasil. Em 1838, Rivera derrubou Oribe, que fugiu
para a Argentina.
A reação do
governo argentino foi bloquear o porto de Montevidéu. Mesmo com esses
contratempos, Rivera conseguiu manter-se no poder até 1843. Mas uma coisa era
certa: a possibilidade de integrantes do Partido
Blanco assumirem o poder no Uruguai alterava o equilíbrio de forças na
região, favorecendo a Argentina. Como o governo de Buenos Aires não queria reconhecer
a independência do Paraguai, o Brasil aliou-se a este país e declarou guerra à
Argentina em 1851.
Na própria
Argentina, o governo brasileiro obteve o apoio de dois poderosos líderes
políticos, inimigos de Rosas: Justo José de Urquiza e Bartolomeu Mitre. Assim,
em 1852, o Brasil e seus aliados derrotaram e depuseram Rosas. Urquiza assumiu
então a presidência da Argentina e reconheceu a independência do Paraguai.
Pouco tempo
depois, as alianças construídas durante a guerra contra Rosas foram desfeitas.
Na
Argentina, Urquiza rompeu com Bartolomeu Mitre e aproximou-se do Partido
Blanco, do Uruguai. Em 1862, Mitre foi eleito presidente da Argentina. Enquanto
isso, o Brasil passava por uma série de atritos com o Paraguai por questões de
fronteira e pelo direito de navegação no Rio Paraguai, que atravessa o
território daquele país.
Em 1864, as
forças da região estavam assim distribuídas: no Uruguai, o governo blanco do presidente Atanásio Cruz
Aguirre era apoiado por Solano López, presidente do Paraguai, e pelo argentino
Urquiza. Em contrapartida, os colorados uruguaios recebiam ajuda do governo
brasileiro e do presidente argentino Bartolomeu Mitre.
Em novembro
de 1864, uma esquadra de guerra brasileira, comandada pelo almirante Joaquim Marques
Lisboa, barão de Tamandaré, bloqueou Montevidéu a pretexto de punir o governo
uruguaio contra “maus-tratos” a cidadãos brasileiros. Como a intervenção
alterava o equilíbrio da região a favor do Brasil, em resposta, o governo de
Solano López aprisionou um navio brasileiro que navegava por águas do Rio
Paraguai e rompeu relações com o governo do Brasil.
A guerra
entre os dois países era iminente. De fato, ela teve início em dezembro de
1864, quando forças paraguaias atacaram o sul do Mato Grosso. Enquanto isso,
tropas brasileiras, apoiadas por forças uruguaias coloradas, invadiram o
território uruguaio, tomaram a cidade de Paissandu em janeiro de 1865 e
colocaram no poder o colorado Venâncio Flores. Em abril, forças paraguaias
reagiram e invadiram a província argentina de Corrientes, com o objetivo de
chegar ao Uruguai e recolocar no poder o partido blanco.
Em junho, a
guerra estendeu-se por toda a região, e se converteu num longo conflito que
durou até março de 1870.
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