segunda-feira, 16 de abril de 2018


HISTÓRIA E FILOSOFIA DA CIÊNCIA
  Marisa  Bittar e Amarilio Ferreira Jr. 


Introdução
 O conhecimento é um fato inerente à própria existência da humanidade, pois, desde que a sociedade humana existe, a produção de conhecimento constitui um aspecto dessa própria existência. Inicialmente, para sobreviver, os seres humanos tiveram de empregar a sua inteligência e criatividade para vencer os perigos e obstáculos que a natureza lhes apresentava. No curso de nossa existência social, deparamo-nos com problemas, os quais nos levam à reflexão, à busca de explicações e de soluções. Esse desafio gera conhecimento, e foi assim que o homem descobriu como produzir o fogo, inventou a roda, construiu maravilhas, mas também construiu armas capazes de destruir a própria humanidade. Fundamentado no conhecimento, o homem chegou na Lua e planeja chegar em Marte. Em toda essa longa trajetória, observar e pensar se constituíram em duas atitudes metódicas sempre presentes na produção de conhecimento.
Vivemos em uma época caracterizada pela revolução técnico-científica, que facilitou enormemente o acesso à informação. Em nosso cotidiano nos deparamos com notícias e acontecimentos que nos chegam em tempo real, mas precisamos nos indagar se informação é o mesmo que conhecimento. Baseando-nos na classificação de Peter Burke, podemos afirmar que informação diz respeito ao que é relativamente “cru”, específico e prático, e conhecimento, ao que foi “cozido”, isto é, processado ou sistematizado pelo pensamento.
Quando falamos em conhecimento, é necessário recuarmos no tempo para compreendermos que ele foi concebido historicamente, ou seja, em cada contexto histórico prevaleceu uma determinada concepção filosófica sobre ele.
Filosofia, ciência e tecnologia constituem um trinômio que guarda relação orgânica com a sociedade dos homens desde o início da Antiguidade Clássica greco-romana. Desde então, as organizações societárias estiveram organizadas com base na propriedade privada dos meios de produção (terra, grande comércio, indústria, bancos), na divisão do povo entre proprietários e não-proprietários dos meios de produção (estrutura de classes sociais antagônicas) e na existência do Estado (sociedade civil e sociedade política). Os meios de produção são o locus em que se materializam as relações que os homens travam entre si (os trabalhadores, por exemplo, numa fábrica) e com a natureza (matérias-primas) no processo de produção que garante a existência material da sociedade.
Os trabalhadores, as máquinas-ferramentas e as matérias-primas (produtos extraídos da natureza por meio do trabalho humano), inseridos no processo produtivo material, dependem do desenvolvimento dos conhecimentos filosóficos, científicos e tecnológicos acumulados historicamente pelas sociedades.
Dito de outra forma: a força de trabalho, os instrumentos de produção (um robô, por exemplo, na linha de montagem de uma fábrica), as matérias-primas e os conhecimentos científicos constituem as chamadas forças produtivas. As forças produtivas, consequentemente, são responsáveis pela riqueza material que subsidia a existência de uma determinada sociedade. Quanto mais desenvolvidas forem as forças produtivas, particularmente do ponto de vista científico e tecnológico, mais rica em termos materiais será a sociedade.
No entanto, por outro lado, as sociedades humanas não vivem exclusivamente de bens materiais que lhes proporcionam bem-estar existencial. As sociedades humanas são muito mais complexas. Elas dependem também do próprio desenvolvimento espiritual das classes sociais que as formam. A subjetividade humana (a espiritualidade no sentido grego clássico) é formada, por sua vez, por uma gama extremamente contraditória e complexa de manifestações ideológicas (concepções de mundo), políticas, pedagógicas, religiosas, estéticas (conceito de belo e de feio, por exemplo), afetivas (amar e odiar) etc. Assim, para explicar o “mundo das ideias” que povoa qualquer sociedade historicamente constituída, é necessária a filosofia. O significado de filosofia é aqui empregado no mesmo sentido formulado por Antonio Gramsci (1999, p. 204), pensador italiano da primeira metade do século XX, ou seja: a filosofia sintetiza, no âmbito do conhecimento produzido pelo espírito humano, a unidade dialética entre a história (sociedade dos homens) e a natureza (sociedade de tudo quanto existe). Assim sendo, a filosofia só pode se materializar por meio de uma concepção de mundo, isto é, da totalidade que configura o mundo circundante no qual os homens estão inseridos historicamente.
Portanto, a ciência e a tecnologia, como elementos teóricos e instrumentais que possibilitam o desenvolvimento material e espiritual dos homens, estão condicionadas, em última instância, à filosofia, ou seja, ambas estão vinculadas, de uma forma ou de outra, a determinada concepção de mundo que orienta o futuro de qualquer sociedade historicamente constituída. Em síntese: nas múltiplas e contraditórias relações que os homens travam entre si e com a natureza no processo de criação das condições materiais (riqueza na forma de mercadorias) e espirituais (valores subjetivos) das suas existências, eles produzem conhecimentos filosóficos e científicos que são aplicados, de maneira sistemática, no desenvolvimento da própria sociedade em que vivem.
Fica estabelecida, desse modo, uma ligação universal entre os fenômenos societários de ordem econômica (crescimento das forças produtivas por meio do trabalho humano), social (condições materiais de vida das pessoas), política (valores morais e intelectuais que regulam os relacionamentos entre os homens), cultural (manifestações psicológicas e ideológicas professadas pelas pessoas) e ecológica (a consciência humana de que o mundo natural é finito). Portanto, é impossível pensar a existência da sociedade humana sem o condicionamento mútuo entre filosofia (por exemplo, ideologia), ciência (por exemplo, química e física) e tecnologia (máquinas e ferramentas).

1. Filosofia e ciência na Antiguidade Clássica
A Grécia da Antiguidade “inventou” a filosofia. Uma hipótese explicativa para justificar tal feito pode ser amparada na grande transformação estrutural que aconteceu durante a transição entre a pré-história e a chamada civilização dos povos bálticos (hoje constituída pelos seguintes países: Grécia, Albânia, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, República da Macedônia, Montenegro, Sérvia, Croácia, Romênia, Eslovênia e a porção da Turquia no continente europeu – Trácia), em particular os gregos. Tal transição foi processada durante uma longa passagem temporal, da época homérica (referência ao poeta Homero que supostamente viveu entre os séculos IX ou VIII a.C.) ao século V a.C. (início da denominada Antiguidade Clássica). A partir de então, os gregos institucionalizaram a sua organização societária em três elementos estruturais: a propriedade privada dos meios de produção (terra), a divisão do povo entre proprietários e não-proprietários dos meios de produção (classes sócias antagônicas: aristocracia agrária e escravos) e a constituição do Estado (ordenamento jurídico, com os respectivos aparelhos estatais, que regulamentava todos os aspectos econômicos, sociais, políticos, culturais e religiosos da sociedade).
A complexa e contraditória maneira com que os gregos passaram a viver, notadamente a partir do século V a.C., impusera a necessidade de uma organização civil e política fundada na racionalidade lógica de existência no âmbito de uma organização social urbana (a cidade-Estado). A traumática experiência histórica que se desencadeou após o aparecimento da propriedade privada da terra, em que um grego passou a ser escravo de outro em decorrência da perda da sua extensão territorial gerada por dívida ou guerra, passou a exigir explicações (racionalidade lógica) que iam mais à frente do que aquelas já produzidas pela mitologia (lendas sobre a criação dos homens pelos deuses). Assim, para além da propriedade privada da terra, das classes sociais antagônicas e do Estado, os gregos desenvolveram formas políticas que regulamentaram as relações econômicas, sociais e culturais no âmbito das cidades-Estado (no caso de Atenas, as decisões político-administrativas eram tomadas democraticamente pelo voto direto de cada um dos cidadãos) e “inventaram” a filosofia (estruturas cognitivas que reproduzem abstratamente a lógica de funcionamento, formal ou dialética, da realidade concreta do mundo circundante, ou seja, o pensamento crítico que explica o fenômeno, natural ou social, para além da sua própria aparência).
Há de se realçar, contudo, que a complexa e exuberante superestrutura societária (o mundo da política, ideologia, cultura, ideias etc.) grega do período clássico foi sustentada materialmente por meio das relações escravistas de produção. O uso de trabalhadores escravos no cotidiano da vida econômica e social das cidades-Estado gregas resultou em dois fenômenos contraditórios e complementares:

(A) O atraso do desenvolvimento das forças produtivas (trabalho humano, instrumentos de trabalho e matérias-primas), já que os escravos acumulavam, a um só tempo, tanto a própria função de mão de obra quanto a dos instrumentos de produção. Dito de outra forma: a transformação do trabalhador escravo em instrumento de produção atrasou de maneira significativa a aplicação de novas tecnologias (ciências aplicadas) no âmbito das forças produtivas; ou seja, tratava-se de uma economia na qual a escravidão dispensava recorrer às máquinas. Assim, podemos afirmar que a filosofia grega, que açambarcava a totalidade dos ramos de conhecimentos produzidos historicamente pelos homens, era muito mais de caráter especulativo (explicações lógicas sobre o mundo e os homens sem uma necessária comprovação empírica), com pouca aplicação no contexto das forças produtivas – na criação, por exemplo, de instrumentos de produção (máquinas) que pudessem alavancar a acumulação da riqueza material que dava sustentação à existência da sociedade.

(B) A manutenção das relações escravistas de produção exigia a necessidade constante de guerras de conquistas territoriais como forma de abastecimento do mercado consumidor de novos estoques de escravos para substituir os que morriam durante o processo de produção material da riqueza e, ao mesmo tempo, gerava conflitos morais e políticos pelo fato de que uns homens eram escravizados por outros (mediante dívida econômica ou na condição de prisioneiro de guerra).

O filósofo grego Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) sintetizou essa dupla negatividade, econômica e moral, criada pelas relações escravistas de produção durante a Antiguidade Clássica. Na sua obra intitulada Política, ele afirmou: Na verdade, se cada instrumento pudesse executar a sua missão obedecendo a ordens, ou percebendo antecipadamente o que lhe Dáidalos [o mais famoso escultor da Grécia antiga] ou dos trípodes de Héfaistos [ou Hefesto, filho de Zeus e Heras, deus das forjas que trabalhava o ferro, o bronze e os metais preciosos], que, como fala o poeta [Homero], “entram como autômatos nas reuniões dos deuses”, se, então, as lançadeiras [peças de tear, que contêm um cilindro ou canela por onde passa o fio da tecelagem] tecessem e as palhetas tocassem cítaras por si mesmas, os construtores não teriam necessidade de auxiliares e os senhores não necessitariam de escravos. (Aristóteles, 1988, p. 18)
Portanto, Aristóteles antecipava, na forma de uma utopia, o que já conhecemos tecnologicamente nos tempos atuais; ou seja, vislumbrava, mediante a racionalidade filosófica, a possibilidade dos instrumentos de produção da sua época realizarem, por meio de mecanismos automáticos com aspecto semelhante ao de um homem, os trabalhos que eram destinados aos escravos, tais como os robôs desenvolvem no tempo presente. Segundo essa utopia, além da base material de existência garantida pelo trabalho mecânico inteligente dos instrumentos de trabalho, Aristóteles também se livrava do incômodo moral de viver em uma sociedade na qual a população estava dividida entre homens livres e escravos. Mas a realidade histórica da Antiguidade Clássica era outra. Ela jamais conheceu um desenvolvimento científico e tecnológico das forças produtivas que garantisse a existência material da sociedade sem o emprego do trabalho escravo. E a saída encontrada por Aristóteles para justificar a manutenção da ordem socioeconômica estabelecida foi de caráter reducionista: para ele, os escravos eram apenas animais falantes (diferentes de outros animais apenas porque eram portadores de racionalidade, ou seja, podiam falar).

2. Teologia e filosofia na Idade Média
A Idade Média foi marcada profundamente pela hegemonia ideológica exercida pela Igreja Católica Apostólica Romana desde o longo declínio do Império romano (século IV d.C.) até o início do século XVI. O primeiro movimento protagonizado pelo cristianismo foi subjugar a filosofia grega à sua concepção de mundo, ou seja, ele processou um “casamento” entre a fé (teologia cristã) e a razão (filosofia platônica), no qual a última ficou subordinada à primeira. Esse movimento realizou-se em dois momentos distintos. O mais antigo desses períodos ocorreu ainda na fase final do declínio do Império romano.
Ficou conhecido na história da filosofia como Patrística, por ter-se originado na teologia desenvolvida pelos primeiros padres da Igreja Católica. A Patrística consistiu em incorporar à dogmática cristã (fé, religiosidade cristã) o sistema da filosofia desenvolvido por Sócrates (469–399 a.C.) e Platão (428–347 a.C.), os quais, ao lado de Aristóteles, formaram a tríade mais importante da filosofia grega clássica.
O sistema filosófico socrático-platônico concebeu tanto o mundo como o homem de forma dual, ou seja, para o platonismo o mundo e o homem são entes divididos. A dualidade do mundo se realiza entre a existência do mundo das ideias (mundo das formas perfeitas) e do mundo das coisas imperfeitas (onde habitamos). Já os homens são compostos, ao mesmo tempo, de corpo (mortal) e de alma (imortal). A teoria filosófica fundada na dualidade do mundo e do homem foi apropriada pelos primeiros grandes teólogos do cristianismo, entre os quais se destacou Santo Agostinho (354–430 d.C.). Assim sendo, podemos dizer que o cristianismo passou a ser dependente da filosofia platônica para gerar a sua própria concepção de mundo. Isto porque o sistema filosófico platônico emprestou à teologia cristã argumentações racionais que lhe possibilitavam explicar os chamados “mistérios” da fé cristã, tais como a existência de uma vida depois da morte e a possível reconciliação da criatura com o criador no “paraíso celestial” (o mundo platônico das ideias).
A subordinação da razão (filosofia) à fé (teologia) teve, durante a Idade Média, um grande impacto no âmbito dos conhecimentos científicos, na medida em que a teologia cristã assumiu o papel que antes, no contexto da Antiguidade Clássica, era desempenhado pela filosofia. Em outras palavras, ao contrário da filosofia (explicação do mundo gerado pela própria razão humana), a teologia (discurso sobre as coisas divinas) auto definiu-se, desde os primeiros tempos do cristianismo, como uma ciência que estudava a verdade que já se encontrava revelada pelo demiurgo (palavra de origem grega para designar o criador), ou seja, a verdade anunciada por meio do livro sagrado do cristianismo. Portanto, o conhecimento científico produzido pela razão humana (com destaque para a filosofia no seu interior), por ser considerado inferior, servia apenas para confirmar a verdade imutável sobre o mundo (verdade eterna) e o destino que já estava predestinado, desde sempre, ao homem cumprir na face da Terra. Assim, o desenvolvimento científico sobre a explicação dos fenômenos da natureza e da sociedade humana ficou obstruído pela dogmática cristã (explicação do mundo de acordo com as escrituras sagradas), que impôs, por sua vez, uma censura sobre todo o pensamento laico que ousava questionar a autoridade religiosa da Igreja Católica enquanto instituição reguladora do funcionamento geral da sociedade.
Entretanto, a partir do século XI, em decorrência do crescimento demográfico e da consequente expansão das atividades agrárias (arroteamento das terras para a produção de grãos) e pastoris (principalmente a criação de gado), a Europa Ocidental passou a viver um crescimento econômico mais acelerado, cuja consequência foi a difusão do comércio de mercadorias por meio das chamadas “feiras livres”. Desse modo, a riqueza material produzida no interior dos feudos (unidade econômica que conjugava a agricultura/pecuária com a fabricação de produtos manufaturados) era destinada também para o mercado consumidor externo, ou seja, para além do consumo interno da sua própria população, que era formada pela família do senhor feudal e as dos camponeses. Tais mudanças socioeconômicas somente foram possíveis em função dos seguintes acontecimentos:

(A) a transformação dos escravos, que formavam a mão de obra desde a Antiguidade Clássica, em servos (camponeses vinculados aos feudos), privando os senhores de suas “ferramentas animadas” (para Aristóteles, os escravos eram ferramentas vivas);

(B) a disseminação das taxas (banalidades) cobradas pelos senhores feudais sobre o uso, por parte dos camponeses, das moendas de grãos e das forjas onde eram processadas, por exemplo, a farinha de trigo e os utensílios domésticos;

(C) o processo de acumulação primitiva do capital, em função do dinheiro amoedado (em metais preciosos) recebido por meio dos impostos, que possibilitou tanto aos senhores como aos camponeses construírem novos instrumentos de produção (máquinas). O desenvolvimento das forças produtivas, impulsionado pela agropecuária e pelo comércio, acabou por repercutir também no âmbito da superestrutura da sociedade medieval; ou seja, passou a determinar a forma ideológica (religiosa) de se conceber o funcionamento da própria sociedade medieval. Esse novo contexto socioeconômico, portanto, obrigou a Igreja Católica a reelaborar a dogmática cristã (Patrística) que vigorava até então. Esse acontecimento ficou conhecido na história do cristianismo como escolástica (a teologia que foi ensinada nas primeiras universidades medievais). Desta feita, os teólogos católicos, cujo maior expoente da época foi São Tomás de Aquino (1225-1274), celebraram um novo “casamento” entre a fé (teologia) e a razão (filosofia): o sistema filosófico utilizado por eles foi aquele concebido por Aristóteles.
O advento da escolástica não significou, contudo, que a Igreja Católica deixasse em segundo plano a teologia cristã produzida pela Patrística. Ela apenas incorporou uma racionalidade filosófica que possibilitaria à dogmática cristã enfrentar melhor, do ponto de vista da explicação lógica, as transformações pelas quais passava a sociedade medieval.
Diferentemente do sistema platônico, fundado na dualidade do mundo, no qual um era imperfeito (por causa dos pecados cometidos pelos homens, segundo a teologia cristã) e o outro era o mundo das essências perfeitas (que, para o cristianismo, correspondia ao paraíso celestial), o aristotelismo partia do princípio de que este mundo, no qual os homens habitavam, era sujeito a transformações. Para tanto, era necessário transformá-lo por meio da investigação científica possibilitada pela razão filosófica, ou seja, a investigação levaria ao desvelamento da sua natureza e, por consequência, ao seu ordenamento disciplinar de acordo com os interesses da sociedade humana. Mas quais eram os interesses que deveriam reger a sociedade dos homens?
Eram aqueles fundados nas virtudes morais (justiça, sabedoria, coragem e temperança), ou seja, aqueles que levariam ao bem comum da cidade-Estado (a felicidade geral dos cidadãos).
Já no contexto da Baixa Idade Média (séculos XI-XV), o aristotelismo cristianizado pela “teologia científica” de São Tomás de Aquino propugnava, entre outras questões da dogmática católica, pelo ordenamento do mundo secular que começava a ser revolucionado economicamente por um novo protagonista social: a burguesia mercantil, classe social que se originou nos camponeses que produziam mercadorias manufaturadas (os artesãos). Em contrapartida às novas técnicas de produção agrícola que aumentavam o rendimento econômico e geravam excedentes de mercadorias para serem comercializados nas feiras livres e nos burgos (cidades medievais), a teologia escolástica de São Tomas de Aquino propôs uma sociedade disciplinada por meio de um regime político, uma espécie de monarquia teocrática dirigida pela autoridade maior da Igreja Católica. Nesse regime, as descobertas científicas e tecnológicas, que transformavam a sociedade medieval por causa das atividades mercantis e questionavam a dogmática cristã sobre a própria origem do mundo, não poderiam ser desenvolvidas.
Isto porque as teses teológicas impostas pelo Tribunal do Santo Ofício (restabelecido pelo Papa Paulo III em 1542) colocavam em perigo todas as atividades científicas da época. A propósito, episódio famoso foi aquele em que o tribunal eclesiástico proibiu as pesquisas empíricas desenvolvidas por Galileu Galilei (1564-1642) nas universidades de Pisa e de Pádua e que comprovavam a teoria heliocêntrica defendida pelo astrônomo e matemático polaco Nicolau Copérnico (1473-1543). Segundo essa teoria, o sol era o centro do sistema planetário no qual a Terra estava inserida, e não a própria Terra na forma de um disco, tal como havia afirmado Aristóteles desde a Antiguidade Clássica.
Acusado de heresia e ameaçado de condenação à morte, Galileu se viu obrigado a “renegar” as suas descobertas científicas.
Quanto à obra Das revoluções das esferas celestes (1543), de Nicolau Copérnico, foi incluída no Index librorum prohibitorum (Índice dos livros proibidos).
Entretanto, existiam diferenças entre a filosofia de Aristóteles e a “teologia científica” de São Tomas de Aquino. O primeiro acreditava que era possível atingir o bem supremo por meio da felicidade geral dos cidadãos da polis (cidade-Estado), ou seja, no terreno concreto da sociedade historicamente construída pelos homens. Para tanto, os cidadãos deveriam exercer a excelência moral (a vida contemplativa) e não se deixar corromper por meio de práticas chamadas artes vulgares (destinadas aos escravos) que pioram as condições naturais do corpo e degradam o espírito humano. O tomismo (sistema de pensamento de Tomás de Aquino), ao contrário, defendia que o bem supremo, mesmo que destinado a um pequeno número de homens, não poderia ser alcançado neste mundo, ou seja, a felicidade dos homens somente poderia ser realizada por meio da sua conciliação com o criador no paraíso celestial. Em síntese: a sociedade medieval viveu, a partir da Baixa Idade Média, um contexto histórico contraditório. De um lado, a hegemonia ideológica exercida pela Igreja Católica, que tentava impedir o avanço das novas descobertas científicas e tecnológicas por meio da imposição da sua concepção de mundo definida pela chamada “teologia científica” desenvolvida pela escolástica; do outro, a ação protagonizada pela burguesia mercantil, que revolucionava as condições socioeconômicas de existência material da sociedade mediante o progresso das forças produtivas (início do processo de assalariamento da mão de obra, diversificação das matérias- primas e novos instrumentos de trabalho).

3. A separação entre filosofia e ciência na Idade Moderna
No decorrer dos séculos XVI e XVII, ocorreu na Europa Ocidental a ascensão da classe burguesa, uma classe que começava a ser economicamente dominante em relação à nobreza feudal. Concomitantemente, se deu o início da divisão do trabalho no processo de produção de manufaturas, atendendo a uma necessidade de maior rapidez na produção de mercadorias. Todo esse processo que se desenvolveu na base material da sociedade provocou o desenvolvimento de estudos para o domínio da natureza: matemática, astronomia, geografia, biologia, medicina, física.
Nesse contexto de longa transição do feudalismo para o capitalismo, a ciência sofreu grande impulso, ocasionado pela própria necessidade material da sociedade. Entretanto, a ciência, ao avançar, começou a entrar em conflito com os dogmas da Igreja Católica, que não apenas colocava em dúvida a necessidade desse avanço, negando as teses que o embasavam, como também condenava cientistas ao tribunal religioso da Inquisição. Foi pelo fato de defender teses a favor do avanço do conhecimento, mas que contrariavam os dogmas da Igreja, que grandes nomes da ciência foram condenados à morte, como Giordano Bruno (1548-1600). Galileu Galilei (1564-1642), como mencionamos, teria o mesmo fim, caso não tivesse elaborado um inteligente processo em sua própria defesa.
Mas foi também durante o século XVII que a sociedade europeia assistiu à afirmação da ciência experimental, no contexto da chamada Revolução Científica (um conjunto de mudanças significativas que ocorreram na estrutura do pensamento e que repercutiram no plano científico).
Ao longo da história, conforme o contexto de cada época, duas atitudes metódicas estiveram presentes na produção de conhecimento – observação e reflexão –, às vezes um prevalecendo sobre o outro. Foi durante a Idade Moderna (séculos XV ao XVIII) que ocorreu a distinção metodológica entre razão (exercício do pensamento) e empirismo (registro de dados perceptíveis, que se dão a conhecer pela observação). A separação absoluta entre esses dois procedimentos não é benéfica para a construção do conhecimento, pois no primeiro caso podemos cair no equívoco de desprezar os dados da realidade e considerar apenas a teoria, a especulação, o pensamento elaborado; e no segundo caso podemos cair no erro de acreditar que o conhecimento se reduz simplesmente à soma de dados, sem interpretação, sem o exercício do pensamento capaz de lhes dar um sentido.
Nesse período, a secular concepção de uma ciência dogmática, subordinada ao princípio da “autoridade” (pelo qual o grau de veracidade de uma proposição dependeria de quem a formulasse), e as noções de imobilidade e hierarquia do mundo sofreram uma ruptura. Isto se deveu, em grande parte, a Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650) e Isaac Newton (1642-1717).
Bacon, filósofo e cientista inglês, escreveu O progresso do conhecimento e Novum organum defendendo o valor das experiências de laboratório e do método indutivo (quando se observam muitos dados singulares para se atingir uma verdade universal). Embora não fosse o seu criador, valorizou o método indutivo como fundamental para obter exatidão do conhecimento. Ele foi tanto um pensador social quanto científico. Propôs a distinção entre fé e razão e atacou a separação acadêmica entre teoria e prática, enfatizando que na filosofia natural os resultados práticos são a garantia da verdade. Repetia que a prática é a única forma de comprovação da verdade. Nesse sentido, segundo ele, se o conhecimento é possível ou não, é algo que deve ser estabelecido não pelos argumentos, mas pela experiência. Bacon desenvolveu a crítica a Aristóteles, à filosofia escolástica e, segundo Peter Burke, ele desfraldou a bandeira filosófica dos modernos, não apenas contra os antigos e seus defensores nas universidades, mas também contra os teólogos.
Descartes, físico, matemático e filósofo francês, foi autor de inúmeros trabalhos, dos quais se sobressai o Discurso do método: para bem conduzir a própria razão e procurar a verdade nas ciências. Convencido de que tanto a opinião tradicional quanto as experiências comuns da humanidade são guias de mérito duvidoso, resolveu adotar um novo método, inteiramente isento da influência de ambos. Esse método é o instrumento matemático da dedução pura. Consiste em começar com verdades simples e evidentes por si mesmas, como as da geometria, e depois raciocinar com base nelas até chegar a conclusões particulares. Afirmava que tudo era duvidoso, nada podendo ser considerado a priori como certo, a não ser uma coisa: “penso, logo existo”, ponto de partida da dúvida metódica, que nos leva a aceitar somente aquilo que a razão possa compreender e que seja passível de demonstração. Para ele, só havia um caminho para superar a dúvida: nem evitá-la, nem estabelecer uma certeza frágil, mas aceitá-la e combatê-la com as próprias ideias. Descartes estabeleceu os passos para o estudo e a pesquisa, criticando o ensino humanista e propondo a matemática como modelo de ciência perfeita. Por tudo isso, é considerado o pai da filosofia moderna.
Newton, físico, matemático e filósofo inglês, escreveu Princípios matemáticos de uma filosofia da natureza, no qual, partindo de estudos de Galileu e Kepler, demonstrou matematicamente que as leis físicas aplicáveis na Terra também se aplicam a todo o Universo. A descoberta dessas leis constitui a principal atividade das ciências, e é dever do homem permitir-lhes livre ação. Desse modo, estava dado o golpe final à concepção medieval de um universo guiado por intenções benévolas.
Nessa época ocorreu também a ascensão das línguas vernáculas, fato ligado à formação dos Estados Nacionais, que requeriam a língua nacional como requisito unificador desse processo, tal como a história, o passado em comum, o governo centralizado, a moeda única, os símbolos. Assim, o latim deixou de ser a língua oficial e passou a ser língua culta, enquanto as vernáculas (línguas pátrias) passaram a ser línguas populares.
Todas essas grandes transformações influenciaram o processo de produção do conhecimento.

4. O conhecimento como construção humana
Entre os séculos XVI e XVII, surge na Europa Ocidental uma concepção de ciência que ainda hoje prevalece. A sua origem histórica é precisa: está relacionada com a grande revolução cultural e científica da época, que distingue essa concepção de todas as demais precedentes na história da humanidade: as grandes concepções filosóficas do Oriente, da Antiguidade Clássica e da escolástica medieval. No livro Os filósofos e as máquinas, Paolo Rossi assim define os pressupostos dessa concepção:

1 - a ciência é uma lenta construção, nunca concluída, à qual cada um, dentro dos limites de sua capacidade, pode trazer a sua contribuição;

2 - a pesquisa científica tem como finalidade o benefício não de uma única pessoa, grupo, classe ou etnia, mas de todo o gênero humano;

3 - o desenvolvimento e o crescimento da própria pesquisa são algo mais importante do que cada indivíduo que a executa.

Essas características definem o caráter público, democrático e colaborativo assumido pela ciência moderna. Mas, antes de prosseguirmos, recordemos que, ao longo da história, nem sempre o conhecimento científico foi aceito como verdadeiro. Durante toda a Idade Média, por exemplo, o tipo de conhecimento que predominou foi o religioso. Baseado em dogmas – verdades absolutas – ele se impôs como único e, tendo a Igreja Católica como guardiã, condenou as demais formas de conhecimento. O baixo nível das forças produtivas nesse período e o predomínio dos dogmas religiosos explicam o fato de a ciência moderna ter seu marco cronológico inicial apenas por volta do século XV, no Renascimento.
O conhecimento nasce conosco ou é construído por nós?
Trata-se de uma controvérsia que esteve presente na história da filosofia e da ciência. A corrente chamada inatismo, que teve Platão (427 a.C. - 348 a.C.) como seu primeiro representante, afirma que nascemos trazendo em nossa inteligência não só os princípios racionais, mas algumas ideias verdadeiras, que, por isto, são inatas. Na mesma linha, muitos séculos depois, o filósofo Immanuel Kant (1724-1804) preconizou que o centro é a razão; ela é inata, não depende da experiência para existir; ela é, por isto, do ponto de vista do conhecimento, anterior à experiência. Nessa teoria, prevalece o excesso de subjetivismo, por acreditar-se que o conhecimento racional dependeria exclusivamente do sujeito do conhecimento, das estruturas, da sensibilidade e do entendimento. Além disso, a filosofia kantiana negou que inatistas e empiristas estivessem certos, que pudéssemos conhecer a realidade em si das coisas. Já para o empirismo (Bacon, Locke, Berkeley, David Hume), a razão, com seus princípios, procedimentos e suas ideias, é adquirida por nós através da experiência.
Hegel (1770-1831) criticou o inatismo, o empirismo e o kantismo; pois, segundo ele, essas correntes não compreenderam que a razão é histórica. A razão não está na História, ela é História. A razão não está no tempo; ela é o tempo. Para o empirista, a realidade “entra” em nós pela experiência. Para o inatista, a verdade “entra” em nós pelo poder de uma força espiritual que a coloca em nossa alma. A razão, diz Hegel, não é nem exclusivamente razão objetiva (a verdade está nos objetos) nem exclusivamente subjetiva (a verdade está no sujeito), mas é unidade necessária do objetivo e do subjetivo. A solução de Hegel não foi aceita por todos, mas fundamentando-se nela foi que o pensador Karl Marx (1818-1883) incorporou a tese sobre a unidade necessária do objetivo e do subjetivo e lhe deu um caráter totalmente inovador, ao preconizar a supremacia da realidade histórica (fator objetivo, material) sobre as ideias (fator subjetivo). Para Marx, não são as ideias que criam a realidade objetiva na qual vivemos, mas o contrário. Essa tese ficou conhecida como materialismo histórico e exerceu forte influência na história do pensamento ocidental, inspirando a produção de conhecimento por propor um novo método de se conhecer a realidade histórico-social.
Para o marxismo, os fatos humanos são construções sociais e históricas produzidas não pelo espírito e pela vontade livre dos indivíduos, mas pelas condições objetivas nas quais a ação e o pensamento humanos devem realizar-se.
Permitiu às ciências humanas compreender as articulações necessárias entre o plano psicológico e o social da existência humana, entre o plano econômico e o das instituições sociais e políticas; entre todas elas e o conjunto de ideias e de práticas que uma sociedade produz. Graças ao marxismo, as ciências humanas puderam compreender que as mudanças históricas não resultam de ações súbitas e espetaculares de alguns indivíduos ou grupos de indivíduos, mas de lentos processos sociais, econômicos e políticos. A materialidade da existência econômica comanda as outras esferas da vida social e da espiritualidade, e os processos históricos abrangem todas elas.
O marxismo trouxe a interpretação dos fenômenos humanos como expressão e resultado de contradições sociais, de lutas e conflitos sociopolíticos determinados pelas relações econômicas baseadas na exploração do trabalho da maioria pela minoria da sociedade. Permitiu compreender, assim, que os fatos humanos são historicamente determinados e que a historicidade, longe de impedir que sejam conhecidos, garante a interpretação racional deles e o conhecimento de suas leis.
No processo de produção do conhecimento, o marxismo criticou o positivismo, fundado por Auguste Comte e em cujo âmbito a obra de Émile Durkheim (1858-1917) representou o momento da fundação da sociologia. O positivismo nasceu como corrente progressista, na medida em que criticava os dogmas religiosos e negava a verdade como algo revelado. Essa corrente defendeu que o único conhecimento válido é o científico e que o mesmo método das ciências exatas (observação, exatidão, neutralidade, objetividade) deveria ser aplicado para as humanas e sociais. Dois exemplos podem ilustrar esse método: a psicologia positivista fazia do psiquismo uma soma de elementos físico-químicos, anatômicos, fisiológicos, de tal modo que não havia, propriamente falando, um objeto científico denominado “psiquismo”, mas efeitos psíquicos. Por isso, a psicologia considerava-se uma ciência natural próxima da biologia, tendo como objeto o comportamento como um fato externo, observável e experimental. Já a sociologia positivista estuda os fatos sociais observáveis, a soma de ações individuais. Para ela, o indivíduo é elemento observável e causa do social. Desse modo, não havia a sociedade como objeto ou uma realidade propriamente dita, mas como efeito de ações psicológicas dos indivíduos.
Conhecer essas correntes é importante para todo estudante que inicia a sua vida acadêmica, porque a universidade brasileira é o local por excelência no qual acontece a produção do conhecimento. Independentemente do curso, da formação específica ou da futura profissão que tenha escolhido, o estudante universitário necessita adquirir também formação teórica humanista, pois é ela que lhe propiciará compreender a sociedade em que vive e adotar postura crítica sobre ela.

5. O século XX e a revolução técnico-científica
Entre as últimas décadas do século XIX e o ano de 1914, data em que começou a Primeira Guerra Mundial, a grande ciência do século XX já estava estruturada na forma das modernas teorias científicas (que até então não tinham aplicações práticas imediatas), ou seja: a teoria quântica, que foi formulada pelo físico Max Planck (1900); a teoria da relatividade, desenvolvida pelo físico Albert Einstein a partir de 1905; e, em 1908, o biólogo Wiliam Batesson lançou os fundamentos da genética. Além disso, as investigações de novos conhecimentos, notadamente nos campos da física e da química, que foram transformadas em tecnologias aplicadas diretamente nos processos industriais e possibilitaram, por exemplo, a produção do automóvel, do avião, do cinema, do rádio (telegrafia sem fio) e o uso do Raio X na medicina.
Se a segunda metade do século XX ficou marcada pelo processo de desenvolvimento acelerado das forças produtivas (trabalho humano, instrumentos de produção e matérias-primas), isso se deveu às teorias científicas concebidas na transição do século XIX para o XX. Portanto, o incessante revolucionamento das forças produtivas, notadamente após 1945 (data das duas bombas nucleares detonadas pelos EUA sobre o Japão), materializou-se por meio de uma tríade científico-tecnológica: a microeletrônica, a microbiologia e a energia nuclear. Desenvolvidos de forma isolada (modelos científicos autônomos) e ao mesmo tempo combinada, os três grandes campos científico-tecnológicos em questão passaram a indicar os amplos caminhos do conhecimento que explicam e transformam, de forma cotidiana e global, o planeta Terra de maneira nunca dantes vista na história da humanidade. Ou, como afirmou o historiador Eric Hobsbawm: “Nenhum período da história foi mais penetrado pelas ciências naturais nem mais dependente delas do que o século XX. Contudo, nenhum período, desde a retratação de Galileu, se sentiu menos à vontade com elas” (Hobsbawm, 1995, p. 504). Dito de outra forma, ao contrário do impacto científico-tecnológico ocorrido nas últimas décadas do século XIX até 1914, a segunda metade desse século não se sentiu assim tão confortável com as suas descobertas científicas.
Eis alguns exemplos dos paradoxos produzidos entre ciência e tecnologia depois de 1945:

(A) No âmbito da microeletrônica: quando o matemático lógico Alan Turing desenvolveu, em 1935, a teoria computacional, ninguém poderia imaginar que no fim do século XX o computador poderia ser transportado numa pequena bagagem de mão. A partir da década de 1970, a microeletrônica possibilitou um alucinante processo de revolucionamento tecnológico dos pequenos objetos/aparelhos pessoais e domésticos (por exemplo, geladeiras, máquinas de lavar roupas e louças, televisores a cores etc.) que manuseamos atualmente no cotidiano de nossas vidas. Hoje, no início do século XXI, podemos afirmar que os exemplos mais emblemáticos são, possivelmente, os sistemas de multimídia, que incorporam computador portátil, televisão, telefone celular e rádio, conectados a uma rede mundial de bancos de informações, ou seja, são máquinas que possibilitam não só as próprias ligações telefônicas, mas, também, acesso à Internet, à televisão e ao rádio, além de serem, ao mesmo tempo, micro câmeras fotográficas e filmadoras.
O mais impressionante, porém, é a aplicação dos computadores na indústria, na pesquisa científica, nas comunicações, nos transportes, nos meios de informação de massas e nos serviços. As tecnologias derivadas das descobertas científicas manifestaram-se de forma impactante particularmente nos voos espaciais e nas fábricas automatizadas, nas quais os robôs passaram a substituir em grande quantidade o trabalho humano, ou seja, o trabalho vivo passou a ser superado pelo trabalho mecânico movido por inteligência artificial. Mas, por um lado, se a revolução técnico-científica da microeletrônica, materializada na automação e robotização, possibilita a “libertação do homem da maldição divina do Velho Testamento, segundo a qual ele deveria ganhar o pão de cada dia com o suor do seu rosto” (Schaff, 1992, p. 22), por outro, ela produziu um horror econômico que se manifestou no chamado desemprego estrutural, que engendrou nefastas consequências sociais, apesar do imenso incremento na produtividade da riqueza material.
As sociedades capitalistas, fundadas na lógica exclusiva da acumulação do capital, não foram capazes de encontrar soluções econômicas, sociais, políticas e culturais que possibilitassem a substituição do trabalho humano tradicional pelos instrumentos robotizados em geral, e uma decorrência disso são as legiões de excluídos e marginalizados dos bens materiais que são fundamentais para a sobrevivência digna dos próprios seres humanos.

(B) No campo da microbiologia: a descoberta da estrutura do DNA (ácido desoxirribonucleico) humano, na forma da famosa dupla hélice, pelos cientistas Francis Crick e James Watson (1953), pode ser considerada como uma das conquistas científicas fundamentais do século XX. Depois, em 1973, as pesquisas genéticas avançaram para os DNAs recombinantes, ou seja, que tornaram possível combinar genes de uma espécie com outra. Em 1996, uma outra notícia marcou a história da genética: pesquisadores britânicos (Escócia) anunciaram ao mundo que haviam conseguido conceber artificialmente um mamífero por meio de método científico. Ian Wilmut e seus colegas, entre eles o cientista brasileiro Lawrence Smith2, mostraram que era possível reproduzir a vida utilizando células somáticas (células que formam órgãos, ossos e pele), tal como ela se processa naturalmente mediante a fusão entre um óvulo e um espermatozoide. E quando o século XX chegou ao fim, era publicado o primeiro rascunho do genoma humano, cuja decodificação total seria divulgada somente em 2003. Depois, as pesquisas realizariam mapeamento completo do código genético de outros seres vivos, tais como: do rato, da mosca de frutas, de bactérias e do vírus da Aids. Assim, podemos afirmar que a proeza científica que resultou na clonagem da ovelha Dolly e em outras investigações no campo da microbiologia indicam que o século XXI poderá ser aquele em que as atividades humanas serão dominadas pela engenharia genética (3).
Em suma, as pesquisas no âmbito da microbiologia criaram situações que abrem “novas e magníficas perspectivas para o homem na luta contra as doenças congênitas ou na produção de novas variedades de plantas e animais, muito mais resistentes às enfermidades e às condições naturais desfavoráveis” (Schaff, op. cit., p. 23). Portanto, seriam essas pesquisas aplicadas à agricultura que possibilitariam, por exemplo, combater de forma sistemática a fome (desnutrição) e as doenças que assolam vastos contingentes da população mundial, notadamente no continente africano (o berço da humanidade). Contudo, as investigações científicas realizadas com material hereditário da vida, particularmente a humana, têm suscitado um intenso debate de caráter ético sobre a pertinência e o futuro de tais pesquisas, pois muitos setores da comunidade mundial temem que as manipulações genéticas possam levar, tal como explorou a ficção científica (principalmente a literatura e o cinema), à criação de um “super-homem” a serviço, por exemplo, de regime políticos totalitários, ou servir, ainda, de subsídio para as ideologias autoritárias que acreditam na ideia de uma pretensa “raça humana pura e superior”. E mais: que haja direcionamento das pesquisas para a reprodução de seres humanos idênticos, tanto do ponto de vista físico como mental, por meio da clonagem.
Apesar do clima de terror que se criou, particularmente pelas exortações feitas por biólogos e autoridades religiosas após o advento da ovelha Dolly, uma questão se impõe: a humanidade deveria interromper as pesquisas no campo da microbiologia em decorrência do fato de que elas acarretam perigo e podem ser usadas de forma abusiva? Nós pensamos que não. Acreditamos que a solução do problema não está na proibição pura e simples do progresso científico que pode beneficiar toda a humanidade.
Mas, sim, em estabelecer medidas (procedimentos), decididas nos fóruns mundiais sem a imposição dos interesses defendidos pelas grandes corporações econômicas e militares (por exemplo, o capital financeiro e a indústria bélica), que tenham função preventiva e se oponham, portanto, às consequências negativas de caráter político e social.

(C) Nos domínios da energia nuclear: a revolução técnico científica que mais causou resistência e polêmica foi aquela inaugurada com as descobertas do físico Otto Hahn em 1939: a fissão nuclear. Dito de outra forma, a energia nuclear ficou irremediavelmente marcada pela tragédia que aterrorizou a humanidade: as duas bombas atômicas que os EUA lançaram sobre o Japão no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

As bombas atômicas detonadas sobre as cidades de Hiroxima e Nagasaki deixaram, respectivamente, cerca de 100 e de 70 mil mortos debaixo de cada um dos cogumelos de nuvens que se formaram sobre as cidades. Esse trágico episódio que marcou o século XX foi protagonizado pelos Estados Unidos da América com o claro objetivo de exercer, após o fim da Guerra, uma posição política imperialista no mundo.
A propósito, muitos historiadores, como Eric Hobsbawm (1995) em sua obra Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991), afirmam que as bombas lançadas sobre o Japão eram desnecessárias, pois a Guerra já estava decidida militarmente em favor dos Aliados (EUA e URSS). Elas teriam sido usadas pelos norte-americanos apenas para demonstrar o seu poderio científico-tecnológico que os transformariam em superpotência econômica e militar mundial após 1945 e, por consequência, transformaram-se num dos maiores crimes cometidos contra a humanidade. Assim, as armas nucleares continuaram a provocar terror na comunidade internacional durante o período da chamada Guerra Fria (1947-1991) em função da corrida armamentista que se estabeleceu entre os ex-aliados EUA e URSS, que lideravam os blocos capitalista e socialista. Durante mais de 40 anos, os dois países (além da Inglaterra, Franca e China) acumularam uma quantidade de ogivas nucleares, instaladas em mísseis de longo e curto alcance armazenados em silos terrestres, aviões, navios, submarinos e trens, que tinham uma capacidade de destruição do planeta Terra estimada em cem vezes. O mais trágico, porém, é constatarmos que, para destruir o “planeta azul” (Terra), não seria necessário fazer uso das cem vezes: bastaria uma. Em síntese: a Guerra Fria, com as suas bombas atômicas, deixou o planeta à beira do apocalipse nuclear como, por exemplo, durante o famoso episódio dos mísseis soviéticos instalados em Cuba (1962).
Outro fato alarmante ligado à fissão nuclear ocorreu na região de Chernobyl (Ucrânia, ex-república soviética), em 1986. Desta vez, o acidente nuclear não estava ligado a fins bélicos. Era apenas uma usina que gerava energia elétrica para o consumo da população civil. Mas Chernobyl mostrou, mais uma vez, a capacidade de destruição em massa que a energia nuclear pode causar. Aqui cabe novamente a mesma pergunta: o poder de destruição gerado pelas bombas atômicas deveria levar ao encerramento das pesquisas realizadas no âmbito da energia nuclear? Novamente, a resposta é não. Devemos e podemos continuar com as pesquisas na área de energia nuclear visando exclusivamente os interesses pacíficos que atendam as demandas acertadas de comum acordo por um acordo internacional das nações. Hoje, com certeza, a principal demanda mundial é aquela relacionada com o consumo de energia e as questões ecológicas daí decorrentes. Nesse campo, o exemplo mais gritante é o do petróleo como fonte de energia para os países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento industrial, pois sabemos que só os EUA têm uma frota de cerca de 210 milhões de automóveis e caminhões ligeiros. E, prospectivamente, são alarmantes as estimativas quanto ao consumo de petróleo que o mundo deverá alcançar até 2030: passando dos atuais 80 milhões para algo em torno de 110 milhões de barris por dia. Neste contexto, os derivados do petróleo (gasolina e diesel) lançarão ainda mais poluição, por meio do monóxido e do dióxido de carbono (gás carbônico) na atmosfera terrestre, com graves consequências para o aquecimento global do planeta.
Na busca por novas fontes geradoras de energia limpa, que se processa por meio de uma corrida frenética no âmbito das pesquisas científicas, a energia nuclear ganhou um novo destaque. A revolução energética em curso vem desenvolvendo novas investigações no âmbito da fissão (4) e da fusão (5) controlada de átomos (particularmente com relação ao último campo de pesquisa), ou seja, as novas pesquisas apontam para a possibilidade do uso da energia nuclear da maneira a mais controlada e segura possível. Assim, a energia nuclear, para fins pacíficos, passou a ocupar um lugar de destaque ao lado de outras fontes energéticas limpas, poderosas e praticamente inesgotáveis, tais como: a solar, a geotérmica, as proporcionadas pelas marés dos oceanos, dos ventos e das correntezas das águas dos rios. A propósito, o Brasil é um dos únicos países do mundo que limita em sua Constituição Federal o poder nuclear exclusivamente para fins pacíficos, tal como podemos ler no artigo 26, inciso XXIII, letra a: “Toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional” (Brasil, 1998, p. 34).
A segunda metade do século XX pode ser caracterizada como uma era em que houve uma [...] espantosa explosão de teoria e prática da informação, novos avanços científicos foram se traduzindo em espaços cada vez menores, numa tecnologia que não exigia qualquer compreensão dos usuários finais. O resultado ideal era um conjunto de botões ou teclado inteiramente à prova de erro, que requeria apenas apertar-se no lugar certo para evitar um procedimento que se movimentava, se corrigia e, até onde possível, tomava decisões, sem exigir maiores contribuições das qualificações e inteligências limitadas e inconfiáveis do ser humano médio. [...] A cobrança nos caixas dos supermercados na década de 1990 tipificava essa eliminação do elemento humano. Não exigia do operador humano mais que reconhecer as células e moedas de dinheiro local e registrar a quantidade entregue pelo cliente. Um scanner automático traduzia o código de barras do artigo num preço, somava todos os preços, deduzia o total da quantidade entregue pelo cliente, e dizia ao operador quanto dar de troco. (Hobsbawm, 1995, p. 509.)
Mas, por outro lado, o revolucionamento tecnológico, que alterou de forma sistemática o cotidiano das pessoas durante o transcurso da segunda metade do século XX, produziu também um substrato psicossocial de desconfiança, na medida em que abalava a confiança dos indivíduos em relação às pesquisas científicas teóricas e aplicadas. Já que para um grande contingente da população mundial os principais produtos tecnológicos gerados pela ciência eram incompreensíveis, imprevisíveis e até mesmo de caráter catastrófico, esse caráter gera um temor compreensível, porque a ciência ajuda a produzir mudanças nas estruturas tradicionais das sociedades e da natureza, cujas consequências ecológicas – como no clima do planeta – ameaçam a própria existência dos homens.
Em suma, os problemas gerados pela revolução técnico científica não estão nas descobertas científicas proporcionadas pelas pesquisas, mas, sim, na forma pela qual são usadas, na lógica que as relações de produção capitalistas definem como sendo a sua única função, ou seja, a acumulação desenfreada e desregulada do capital (a riqueza material acumulada), controlada quase que exclusivamente pelas grandes empresas multinacionais (em particular, a indústria bélica) e as instituições financeiras mundiais. Longe de ficarmos preocupados com a possibilidade de vivermos em uma sociedade controlada por máquinas movidas por meio de inteligência artificial (tais como: vários tipos de robôs; vírus de computador que ninguém consegue exterminar; aeronaves não tripuladas capazes de matar com autonomia; ou supercomputadores que possam controlar as nossas vidas), devemos empreender lutas políticas e sociais (em âmbitos nacionais e internacionais) contra a ganância e o exclusivismo do capital, com o propósito de transformar as descobertas derivadas da revolução técnico-científica em medidas que possam implementar a sustentabilidade (respeito ecológico) e o bem-estar da humanidade (vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e padrão de vida decente).

Conclusão: por que precisamos das Ciências Humanas?
A forma de ingresso na universidade brasileira, ao exigir que os jovens, cada vez mais cedo e previamente, decidam sobre essa  ou aquela profissão que exercerão no futuro, faz com que a maioria deles rejeite ou ignore a importância das Ciências Humanas para a sua formação. Vivendo em um mundo altamente competitivo, dominado por valores pragmáticos, em que se acredita que tudo precisa ter uma utilidade prática imediata, as pessoas não percebem a importância das Ciências Humanas e desconhecem o seu potencial para lhes proporcionar um juízo crítico sobre o mundo. Como escreveu o sociólogo Marco Aurélio Nogueira (2009), a modernidade não é somente empenho cego em maximizar a racionalidade e a produtividade.
É também disseminação do espírito crítico, incremento comunicativo e esforço para que se viva de maneira mais justa e sábia. Entretanto, o aspecto mais instrumental do moderno predomina, e nós vivemos sobrecarregados por ele, deixando-o modelar nossas expectativas e projetos. Esse predomínio cria uma atitude de má vontade com as Humanas e dissemina um senso comum de que elas não servem para nada, exceto fomentar um exercício intelectual supérfluo. Além disso, cria a falsa ideia de que é fácil dominar os conhecimentos das Ciências Humanas, enquanto os das demais ciências exigiriam muito esforço, inteligência e estudo. Esse é um equívoco, pois compreender as correntes de pensamento, as teorias sobre o Estado, a formação das classes sociais, da ideologia e de tantos outros fenômenos das sociedades humanas é tarefa que exige muitos anos de leitura, de reflexão e de exercício intelectual. Tanto é assim que o estudioso das Humanas não atinge a maturidade intelectual tão rapidamente quanto o das outras ciências, âmbito nas quais é cada vez mais comum que pesquisadores muito jovens consigam atingir projeção, enquanto o tempo necessário para a formulação de um pensamento próprio na área das humanidades é muito maior, e o caminho bem mais árduo.
O preconceito acabou criando uma muralha separando as Humanas das outras ciências, e os conhecimentos produzidos pelas primeiras ficam fechados em si, em vez de serem incorporados pelas outras, que se especializam cada vez mais. E assim, a ideia de universidade – universitas – se perde. A filosofia, por exemplo, em torno da qual todos os demais conhecimentos gravitavam, e que na Idade Média foi um dos primeiros saberes a se constituir em faculdade, hoje é vista pelo pensamento pragmático como um conhecimento sem importância, uma vez que, nessa perspectiva, só é importante o que tem utilidade prática imediata. Entretanto, é de se indagar: não é importante e útil compreendermos os fundamentos do mundo em que vivemos? As relações entre grupos, classes, etnias? A conflituosa convivência entre os povos e países? Quais ciências nos proporcionarão essa compreensão e as ferramentas para projetarmos uma perspectiva de futuro, senão as Humanas?
Novamente citando Marco Aurélio Nogueira, [...] precisamente porque vivemos em ambientes complexos, dinâmicos e fragmentados, as Ciências Humanas tornaram-se estratégicas. A razão crítica por elas cultivada deveria ser amplamente disseminada, de modo a ajudar que cidadãos e profissionais sejam mais do que meros receptores ou aplicadores de conhecimentos e adquiram recursos intelectuais abrangentes. [...] que sejam pessoas capazes de compreender o mundo em que vivem, traduzi-lo em termos compreensíveis para todos e organizá-lo tendo em vista uma ideia de comunidade política democrática. (Nogueira, 2009, p. A2.)
Desse modo, a universidade, tal como hoje se organiza, se tem cumprido o seu papel ao formar cientistas, o faz de forma incompleta, pois, ao veicular conhecimentos segmentados, não lhes proporciona uma formação ampla, humanista e política da sociedade. Não lhes proporciona, enfim, a formação que desde a Grécia Antiga é aquela necessária para se viver na pólis, isto é, na cidade, entendida como agrupamento humano, locus de realização da coletividade humana. Fragmentada em especializações e dominada por valores pragmáticos, a universidade tem formado quadros para realimentar essa visão predominante de mundo. Nesse sentido, a universidade brasileira contemporânea, vazia como está dos conhecimentos de humanidades, carente de pensamento crítico, de força criadora, tem deixado de exercer uma das suas principais funções: pensar a sociedade e formular projetos amplos e coletivos para ela. Algumas das suas características atuais são bastante preocupantes: voltada para si própria, fechada em seus estreitos muros corporativos, cada vez mais fragmentada em áreas especializadas que não dialogam entre si, praticando a especialização do saber entre os alunos de forma cada vez mais precoce, submetida a uma lógica cujo princípio parece ser mais caracterizado pela certificação do que pela formação humana ampla. Por isso, concluímos este texto defendendo que, além de formar cientistas e especialistas, a universidade brasileira forme também intelectuais, pois intelectuais são aqueles capazes de interpretar o mundo em que vivem, criticá-lo e projetar perspectivas de futuro para a sociedade.
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NOTAS
1) Marisa Bittar e Amarilio Ferreira Jr. são doutores em História Social pela USP (Universidade de São Paulo) e professores do Departamento de Educação da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
2) Lawrence Smith concluiu a graduação em Medicina Veterinária, no campus da UNESP (Universidade Estadual de São Paulo) de Jaboticabal (1981), o mestrado pela University of Edinburgh (1984) e o doutorado pela Faculty of Sciences e pelo Institute of Animal Physiology and Genetics (1989), cujo orientador foi Ian Wilmut. Atualmente, é professor titular do Centre de Recherche en Reproduction Animale (Faculté de Médicine Vétérinaire) da Université de Montreal (Canadá). Além disso, é também Professor Colaborador na Faculdade de Engenharia de Alimentos do campus da USP (Universidade de São Paulo) de Pirassununga (SP).
3) A revolução técnico-científica tem avançado muito nas investigações que combinam a microbiologia com a microeletrônica, mais especificamente na área de neurofisiologia. A neurofisiologia tem como objeto de estudo as funções do sistema nervoso. Os estudos da neurociência englobam três áreas principais: a neurofisiologia, a neuroanatomia e a neuropsicologia. As pesquisas nesse campo utilizam eletrodos e computadores (microeletrônica) para estimular e gravar a reação das células nervosas ou de áreas maiores do cérebro.
4) Reação nuclear, espontânea ou provocada, em que um núcleo atômico, geralmente pesado, se divide em duas partes de massas comparáveis, emitindo nêutrons e liberando grande quantidade de energia.
5) Reação nuclear em que núcleos leves reagem para formar outro mais pesado, com grande desprendimento de energia.

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