NO TEMPO DO IMPERIALISMO:
A ação dos EUA na América Latina
Desde o século XIX, os norte-americanos procuraram cumprir um papel de liderança entre os países do continente. Foram os primeiros a reconhecer a independência das novas nações latino-americanas e, em 1823, criaram a Doutrina Monroe, contrária a qualquer intervenção europeia no continente.
Durante boa parte do século XIX, essa liderança não se traduziu em intervenção direta nos assuntos internos dos países latino-americanos. A principal exceção ocorreu em relação ao México, que teve parte de seu território anexada pelos EUA.
Após o fim da Guerra de Secessão, em 1865, os EUA passaram por rápido processo de industrialização e se lançaram à conquista de mercados consumidores de produtos industrializados e produtores de matérias-primas. Os primeiros alvos foram Cuba e Porto Rico, ainda colônias da Espanha, territórios em que os norte-americanos fizeram grandes investimentos no setor açucareiro.
Guerra contra a Espanha
Em 1898, teve início uma guerra entre os Estados Unidos e a Espanha. A causa teria sido a explosão de um encouraçado estadunidense no porto de Havana, Cuba. Foi uma guerra rápida, e em poucos meses a Espanha foi derrotada.
Vitoriosos, os EUA forçaram o governo espanhol a reconhecer a independência de Cuba, além de ceder-lhes as Filipinas e Porto Rico. (As Filipinas tornaram-se independentes em 1945 e Porto Rico se mantém como Estado Livre Associado dos EUA.)
Os espanhóis saíram de Cuba, mas ficaram as tropas norte-americanas, sob o pretexto de proteger a região da tentativa de recolonização. Os Estados Unidos deixariam a ilha apenas em 1902, exigindo do governo de Cuba a inserção de uma emenda na Constituição cubana chamada Emenda Platt – que preservava os interesses dos EUA na ilha, autorizando-os até mesmo a intervir militarmente no país.
No início do século XX, os norte-americanos injetaram ainda mais capital na América Latina e se transformaram no segundo maior investidor da região, ficando atrás apenas do Reino Unido. Ao mesmo tempo, deram início a uma política de intervenção armada na região, com o objetivo de salvaguardar os investimentos realizados e defender os interesses do país.
A política de intervenção era justificada pelo presidente Theodore Roosevelt, em 1904, com argumentos encontrados na Doutrina Monroe: se os Estados Unidos haviam restringido a ação das potências europeias no continente, tinham agora o dever de proteger e cuidar desses países.
Lançando mão dessa prerrogativa, os Estados Unidos ocuparam diversas vezes Cuba, Nicarágua, Haiti e República Dominicana, sem contar a intervenção na política interna do México, em 1914, e da Colômbia, em 1903.