sábado, 15 de novembro de 2025

 NO TEMPO DO IMPERIALISMO:

A ação dos EUA na América Latina
Desde o século XIX, os norte-americanos procuraram cumprir um papel de liderança entre os países do continente. Foram os primeiros a reconhecer a independência das novas nações latino-americanas e, em 1823, criaram a Doutrina Monroe, contrária a qualquer intervenção europeia no continente.
Durante boa parte do século XIX, essa liderança não se traduziu em intervenção direta nos assuntos internos dos países latino-americanos. A principal exceção ocorreu em relação ao México, que teve parte de seu território anexada pelos EUA.
Após o fim da Guerra de Secessão, em 1865, os EUA passaram por rápido processo de industrialização e se lançaram à conquista de mercados consumidores de produtos industrializados e produtores de matérias-primas. Os primeiros alvos foram Cuba e Porto Rico, ainda colônias da Espanha, territórios em que os norte-americanos fizeram grandes investimentos no setor açucareiro.
Guerra contra a Espanha
Em 1898, teve início uma guerra entre os Estados Unidos e a Espanha. A causa teria sido a explosão de um encouraçado estadunidense no porto de Havana, Cuba. Foi uma guerra rápida, e em poucos meses a Espanha foi derrotada.
Vitoriosos, os EUA forçaram o governo espanhol a reconhecer a independência de Cuba, além de ceder-lhes as Filipinas e Porto Rico. (As Filipinas tornaram-se independentes em 1945 e Porto Rico se mantém como Estado Livre Associado dos EUA.)
Os espanhóis saíram de Cuba, mas ficaram as tropas norte-americanas, sob o pretexto de proteger a região da tentativa de recolonização. Os Estados Unidos deixariam a ilha apenas em 1902, exigindo do governo de Cuba a inserção de uma emenda na Constituição cubana chamada Emenda Platt – que preservava os interesses dos EUA na ilha, autorizando-os até mesmo a intervir militarmente no país.
No início do século XX, os norte-americanos injetaram ainda mais capital na América Latina e se transformaram no segundo maior investidor da região, ficando atrás apenas do Reino Unido. Ao mesmo tempo, deram início a uma política de intervenção armada na região, com o objetivo de salvaguardar os investimentos realizados e defender os interesses do país.
A política de intervenção era justificada pelo presidente Theodore Roosevelt, em 1904, com argumentos encontrados na Doutrina Monroe: se os Estados Unidos haviam restringido a ação das potências europeias no continente, tinham agora o dever de proteger e cuidar desses países.
Lançando mão dessa prerrogativa, os Estados Unidos ocuparam diversas vezes Cuba, Nicarágua, Haiti e República Dominicana, sem contar a intervenção na política interna do México, em 1914, e da Colômbia, em 1903.

 HISTÓRIA DA CHINA NO SEC. XX

Da queda da monarquia ao comunismo
A China é uma das civilizações mais antigas e contínuas do mundo. Ao longo de 4 mil anos, surgiram e desapareceram várias dinastias. A China desenvolveu tecnologias, filosofia e estruturas sociais que moldaram seu destino. No século XIX, enfraquecida, a China foi forçada a ceder territórios e direitos comerciais às potências imperialistas, como Grã-Bretanha, França, Rússia e Japão
1. Proclamação da República
Em 1911, a milenar monarquia chinesa chegou ao fim. A última dinastia foi derrubada por uma revolução popular que levou ao poder Sun Yat-sen, frequentemente chamado de "Pai da Nação".
Entretanto, ele permaneceu pouco tempo no poder, e teve de deixar o governo. O poder de fato continuava a ser exercido pelos chefes provinciais, que governavam como soberanos independentes.
Sun Yat-sen fundou o Partido Nacionalista da China (Kuomintang). Era um partido republicano, cuja ideologia baseava-se nos "Três Princípios do Povo": nacionalismo, democracia e bem-estar do povo. Em 1917, Sun Yat-sen retornou ao poder.
Nesse mesmo ano, a China entrou na Primeira Guerra Mundial, a favor dos Aliados. A expectativa dos chineses era que, após a vitória Aliada, a China se livrasse da dominação estrangeira, mas isso não aconteceu. Os chineses se sentiram traídos.
O descontentamento fez com que surgisse, em 1919, o Movimento Quatro de Maio, promovido por estudantes e intelectuais contra os tratados de paz assinados em Paris. O episódio marcou o início de uma revolução nacionalista, com amplo apoio popular.
O presidente Sun Yat-sen tomou medidas decisivas: estabeleceu sólida aliança com os comunistas e celebrou acordos com a URSS, dando início, com a ajuda de Moscou, a uma vitoriosa campanha contra os chefes provinciais, considerados um obstáculo à construção de um Estado nacional chinês.
O rumo da política chinesa, porém, deu uma virada após a morte de Sun Yat-sen, em 1925. Seu substituto, Chang Kai-chek, tinha outra mentalidade. Ele decretou a ilegalidade do Partido Comunista e reprimiu com violência as organizações operárias. Nessa época, os comunistas foram duramente perseguidos nas cidades e se transferiram para o campo.
2. A “Longa Marcha”
Distantes do foco da repressão política, receberam o apoio de camponeses e militares contrários ao regime. Sob a liderança de Mao Tse-tung, esse grupo constituiu o Exército Vermelho.
Mas, em 1934, para escapar dos constantes ataques que sofriam das forças de Chang Kai-chek, 100 mil seguidores Mao Tse-tung abandonaram a região e iniciaram uma jornada de 12 mil quilômetros, que passaria à história como a Longa Marcha. Primeiro, eles foram para o oeste e, em seguida, tomaram a direção norte, onde pretendiam estabelecer uma nova base revolucionária. A Marcha consolidou a liderança de Mao Tse-tung.
3. A invasão japonesa
Um fato, entretanto, seria determinante para a mudança do cenário político na China: a invasão do país pelo Japão, que nessa época havia se convertido num país imperialista.
Os comunistas chineses logo perceberam que era grande a oportunidade de converter a luta contra o invasor em uma luta pela revolucionária, com a ajuda sobretudo da população camponesa.
Apesar de suas diferenças, os comunistas e Chang Kai-chek se uniram e concordaram em lutar contra os japoneses que haviam invadido o país em 1937. Após a expulsão dos japoneses, em 1945, a China voltou a ficar politicamente dividida: de um lado os adeptos do Partido Comunista Chinês (PCCh), liderado por Mao Tse-tung, e de outro o governo, dirigido por Chang Kai-chek.
4. A guerra civil (1946-1949)
Chang Kai-chek contava com a ajuda econômica e militar dos EUA, mas, mesmo assim, não conseguia evitar os problemas em sua administração. Dominado pela corrupção, pela violência interna e pelos altos índices de inflação, o governo chinês se tornou cada vez mais impopular.
Os problemas internos facilitavam a luta pelo controle do país por parte dos comunistas. Estes estavam organizados no Exército de Libertação Nacional (ELP), e conclamavam a população para derrubar o governo.
Bem comandadas e disciplinadas, armadas com o equipamento bélico tomado dos japoneses e do próprio exército do governo, as tropas comunistas empreenderam grandes operações, apesar de lutar contra um exército que as superava em número e em armamentos.
5. Surgimento da China comunista
Em junho de 1949, os comunistas já haviam conseguido reunir um exército de três milhões de soldados. Avançando rapidamente do norte para o sul, conquistaram sucessivamente Pequim, Nanquim, Xangai, Cantão e finalmente Pequim. Em outubro, os comunistas proclamaram a República Popular da China.
Chang Kai-chek fugiu para a ilha de Taiwan, e constituiu um governo independente sob a proteção dos EUA.

 O TRABALHO INFANTIL

A Revolução Industrial em debate
Um dos fatores que favoreceram a invenção das máquinas foi o desejo de economizar mão de obra.
Entretanto, nem isso nem a disponibilidade de trabalhadores em consequência das mudanças que ocorriam na agricultura britânica resolveram o problema dos patrões que procuravam de toda forma reduzir esses gastos.
A seguir, texto do historiador Paul Mantoux.
“[...] Os manufatureiros da indústria têxtil encontraram uma outra solução para o problema que os estorvava. Consistia ela na contratação maciça de mulheres e, principalmente, de crianças.
O trabalho nas fiações era fácil de aprender, exigia muito pouca força muscular. Para algumas operações, o pequeno porte das crianças e a finura de seus dedos faziam delas os melhores auxiliares das máquinas
Eram preferidas ainda por outras razões, mais decisivas. Sua fraqueza era garantia de sua docilidade: podiam ser reduzidas, sem muito esforço, a um estado de obediência passiva, ao qual os homens feitos não se deixavam facilmente dobrar.
Elas custavam muito pouco: ora recebiam salários mínimos, que variavam entre um terço e um sexto do que ganhavam os operários adultos; ora recebiam alojamento e alimentação como pagamento.
Enfim, ficavam presas por contratos de aprendizagem que as retinham na fábrica por sete anos, no mínimo, e, com frequência, até sua maioridade.
Era interesse evidente dos fabricantes empregar o máximo possível delas e reduzir, proporcionalmente, o número de adultos.
As primeiras fábricas do Lancashire estavam cheias delas: Sir Robert Peel teve, certa época, em suas oficinas, mais de mil ao mesmo tempo.
A maioria desses infelizes seres eram crianças assistidas, fornecidas — poderíamos dizer, vendidas — pelas paróquias por elas responsáveis.
Os manufatureiros, principalmente durante o primeiro período do maquinismo, quando as fábricas eram construídas fora das cidades, e, em geral, longe delas, teriam tido grande dificuldade para obter a mão de obra de que necessitavam em sua vizinhança imediata.
Por seu lado, as paróquias só queriam se desembaraçar de suas crianças. Aconteciam verdadeiros negócios, vantajosos para ambas as partes, embora não para as crianças, que eram tratadas como mercadorias, entre os fabricantes e os administradores do imposto dos pobres.
Cinquenta, oitenta, cem crianças eram cedidas em bloco e enviadas, como gado, com destino à fábrica onde deveriam ficar fechadas durante longos anos. Certa paróquia, para que o negócio fosse melhor, estipulava que o comprador seria obrigado a aceitar os idiotas, na proporção de um por vinte.
Esses “aprendizes das paróquias” foram, de início, as únicas crianças empregadas nas fábricas. Os operários se recusavam, e com razão, a mandar as suas. Sua resistência, infelizmente, não durou muito tempo: levados pela necessidade, resignaram-se àquilo que, a princípio, tanto os havia horrorizado. [...]”
Mantoux, Paul. A Revolução Industrial no século XVIII. São Paulo:
Hucitec/Unesp, 1988. p. 418-20.

 

OS EVANGELHOS SINÓTICOS: Marcos, Mateus, Lucas e João

De onde vêm esses quatro nomes
O Novo Testamento possui quatro evangelhos atribuídos a Mateus, Marcos, Lucas e João. Os quatro evangelhos não são biografias de Jesus. O que cada evangelho tentou fazer foi escrever uma explicação teológica para os eventos da vida de Jesus de Nazaré.
Ao narrar sua vida, seu ministério e sua morte, os evangelhos afirmam que esses eventos deveriam ser interpretados em relação à história de Israel.
A palavra 'evangelho' deriva do termo anglo-saxão para 'boas novas', e os escritores são considerados 'evangelistas', do grego Euangelistes (portador de boas notícias). Nesse contexto, as 'boas novas' são a mensagem dos ensinamentos de Jesus de Nazaré de que o reino de Deus predito pelos profetas de Israel era iminente.
Os textos originais dos evangelhos já existiam há cerca de cem anos, sem nomes. Os Pais da Igreja atribuíram os nomes no século 2 d.C.; nenhum dos escritores assinou seu trabalho.
Os evangelhos não são relatos de testemunhas oculares; nenhum dos escritores do evangelho jamais afirmou ser uma testemunha ocular.
Uma exceção é Lucas, que diz ter entrevistado testemunhas, mas não fornece mais detalhes. Em sua tentativa de fornecer origens aos escritores, os Pais da Igreja tentaram alinhá-los o mais próximo possível do círculo de convívio original de Jesus.
Eles também estavam cientes de um problema fundamental: os primeiros discípulos de Jesus eram pescadores da Galileia que não sabiam ler e escrever o nível de grego usado nesses documentos.
Nos Atos dos Apóstolos, Lucas escreveu que Pedro tinha um discípulo chamado João Marcos que o acompanhava em suas viagens. Por volta do século 2 d.C., emergiu a lenda de que Pedro havia morrido em Roma sob o imperador romano Nero (r. 54-68 d.C.), e então os Pais da Igreja afirmaram que Pedro ditou este evangelho a Marcos em Roma.
Em Marcos e Lucas, quando Jesus chamou o cobrador de impostos para segui-lo, esse indivíduo chama-se Levi. No evangelho de Mateus, ele é chamado de Mateus. Os Pais da Igreja identificaram este escritor por esta pista, daí o nome. Acreditava-se que havia uma versão anterior do evangelho de Mateus em hebraico. Isso forneceu-lhe raízes históricas mais confiáveis e, assim, eles o colocaram em primeiro lugar no Novo Testamento.
Os Pais da Igreja sabiam que o terceiro evangelho e os Atos dos Apóstolos foram escritos pela mesma pessoa, mas não havia um Lucas na lista dos discípulos. No entanto, a segunda metade de Atos relata as viagens missionárias de Paulo. Em uma das cartas de Paulo, ele mencionou um companheiro de viagem chamado Lucas. Para os Pais, este era uma testemunha ocular das missões.
O quarto evangelho, João, faz constante referência a um personagem chamado de "o discípulo amado". Os Pais da Igreja sabiam de alguém chamado João, o Ancião de Éfeso, que supostamente era um discípulo original, e assim atribuíram a ele este evangelho, afirmando que ele era João, o irmão de Tiago (os filhos de Zebedeu).
(Fonte: https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-19436/os-evangelhos/)

 AS 95 TESES DE LUTERO

E a divisão da cristandade ocidental
Foi num dia como hoje, 31 de outubro, do ano de 1517, que o monge católico Martinho Lutero afixou na porta da igreja suas Noventa e Cinco Teses, com críticas à Igreja por vender indulgências.
Reforma de Lutero
Martinho Lutero (1483-1546) era um monge agostiniano e professor de teologia alemão. Em 1517, estava ensinando na universidade de Wittenberg, no Sacro Império, quando apareceu por ali um religioso vendendo indulgências, isto é, a absolvição dos pecados.
Naquele tempo, as autoridades da Igreja difundiam a ideia de que a compra de indulgências garantia a salvação dos fiéis.
Embora fosse católico, Lutero era contrário a essa prática. Aproveitando o movimento de fiéis no dia de Todos os Santos, ele afixou na porta da igreja do castelo um texto conhecido como 95 Teses. Sua intenção era questionar o poder e as práticas da Igreja Católica, especialmente a venda de indulgências.
A porta da igreja do castelo era o quadro de avisos normal da universidade.
Seguiu-se enorme polêmica que culminou com a excomunhão do monge pelo papa.
A Reforma Protestante
Lutero recebeu o apoio de um número muito grande de nobres e integrantes da burguesia. Graças a esse apoio, ele pôde enfrentar a reação da Igreja.
Com suas propostas reformistas divulgadas rapidamente, graças à imprensa, por todo o Sacro Império, Lutero conquistava a adesão de parcela cada vez maior da população. Muitos dos príncipes germânicos, convertidos às novas doutrinas, passaram a empreender o con­fisco de terras da Igreja.
Após alguns anos, as ideias de Lutero levaram os nobres a reivindicar a autonomia religiosa dos principados germânicos em relação a Roma.
Diante dos conflitos que se disseminavam pelo Império, Carlos V, imperador católico, convocou uma assem­bleia para decidir sobre as propostas de Lutero.
A assembleia decla­rou que a nova doutrina poderia ser seguida apenas em alguns principados, mantendo-se a hegemonia da Igreja Católica na maior parte do território. Revoltados, nobres e burgueses protestaram violentamente contra essa decisão.
A partir desse acontecimento, os se­guidores da Reforma Luterana passaram a ser chamados de protestantes.
O conflito se prolongou até 1555, quando foi celebrada a Paz de Augsburgo, concedendo a cada príncipe do Império o direito de escolher a religião de seu principado.
Ainda em 1530, auxiliado por Philip Melanchthon, Lutero redigiu a Confissão de Augs­burgo, que constituiu a doutrina da Igreja Luterana.
Mas não foi Lutero sozinho, que trouxe a mudança. Muitos outros reformadores – e reformadoras – tiveram participação nas transformações da Igreja e da sociedade. Entre eles estão, por exemplo, João Calvino da França, Ulrico Zuínglio da Suíça. Um papel importante foi desempenhado também pelo citado Filipe Melanchthon.

 ISABEL, A CATÓLICA, RAINHA DE CASTELA

Isabel de Castela nasceu no dia 22 de abril de 1451, uma Quinta-Feira Santa, e, não por acaso, foi apelidada de "Isabel, a Católica".
Apesar de ser uma princesa, as coisas nunca foram fáceis para Isabel. Sua mãe passou a ter crises de loucura. E o rei, seu meio-irmão, Henrique IV, tudo fez para complicar-lhe a vida. Primeiro, quis casá-la e a apresentou a vários pretendentes, e a todos ela rejeitou com firmeza. Depois, quis excluí-la da sucessão em favor da própria filha, Joana (que uma parte da nobreza não aceitava por considerá-la filha de Beltrán de la Cueva, suposto amante da rainha; daí o apelido de "Beltraneja" com que ficou conhecida).
Casamento
Enquanto Henrique IV tentava conseguir um acordo matrimonial que lhe trouxesse benefícios, o rei de Aragão tratava de negociar, em segredo, o casamento de Isabel com seu filho Fernando. Aliás, era a ele que Isabel queria para marido. Havia, entretanto, um impedimento legal, uma vez que os dois eram primos em segundo grau.
Apesar do parentesco, o Papa era a favor dessa união por gostar da princesa Isabel, por ser uma mulher profundamente religiosa. Para facilitar o casamento, enviou à Espanha nada menos que o cardeal Rodrigo Borgia (futuro papa Alexandre VI).
Finalmente, o casamento dos dois príncipes se realizou em 19 de outubro de 1469, no Palácio de los Vivero, em Valladolid. A união de Isabel, de Castela, e Fernando, de Aragão, deu início à unificação da Espanha.
Isabel rainha
Após a morte de Henrique IV, Isabel foi proclamada rainha de Castela no dia 13 de dezembro de 1474. Mas as dificuldades não haviam terminado. Teve de travar e vencer a Guerra de Sucessão Castelhana, ocorrida entre 1475 e 1479, enfrentando os partidários de Joana, a "Beltraneja".
Seu reinado foi marcado por acontecimentos que mudaram a história da Espanha e do mundo. O primeiro se deu em 1492: ela e seu marido Fernando, rei de Aragão, comandaram a conquista de Granada, último reduto dos árabes na Península Ibérica. Era o ano de 1492, e a Luta de Reconquista estava encerrada e a Espanha unificada.
Parceria com Cristóvão Colombo
O segundo, nesse mesmo ano, foi a parceria com Cristóvão Colombo, em seu plano de chegar às Índias navegando para Oeste. Colombo havia chegado a Castela em 1485, em busca de apoio da rainha Isabel e lá permaneceu por sete anos. Como é sabido, Isabel acreditou nos projetos do navegante genovês, apesar da oposição da Corte e dos especialistas.
Uma lenda diz que financiou a viagem com a venda de suas joias. Isso é falso. Na verdade, o financiamento foi obtido graças ao empenho de Luiz Sant'angel, encarregado das finanças reais. Colombo realizou a Viagem do Descobrimento, e retornou à Espanha em março de 1493. No ano seguinte, foi celebrado o Tratado de Tordesilhas, que dividiu o mundo não-cristão entre Espanha e Portugal.
O título de Reis Católicos
Outros acontecimentos do reinado de Isabel foram o estabelecimento da Inquisição (1480), a conversão obrigatória dos judeus sob pena de expulsão e mais tarde também dos muçulmanos. Seu marido, Fernando, se empenhou em libertar os Estados Pontifícios da invasão francesa.
Por essas ações em defesa da fé católica e da Igreja, Isabel e Fernando receberam do papa Alexandre VI, em 1496, o título de Reis Católicos (título herdado pelos descendentes do trono, inclusive pelo atual rei espanhol, Felipe VI).
O fim
No final dos seus dias, as desgraças familiares começaram a atingi-la. A morte do seu único filho homem e o aborto da esposa dele, a morte da sua filha mais velha e do seu neto Miguel, a loucura da sua filha Joana - tudo isso levou-a a uma depressão profunda, que fez com que se vestisse sempre de luto.
Como se isso não bastasse, Isabel foi acometida de câncer no útero, doença que a mataria. Faleceu pouco antes do meio-dia de 26 de novembro de 1504, no Palácio Real de Medina del Campo. Tinha 51 anos de idade. Seus restos mortais, juntamente com os do seu esposo Fernando (morto em 1516) encontram-se na Capela Real de Granada.
Legado
Seu neto Carlos I (filho de sua filha Joana, a Louca) herdou o trono espanhol em 1516 e mais tarde assumiu o trono do Sacro Império Romano, tornando-se o mais importante líder europeu de sua época. Isabel foi uma rainha poderosa e passou à história como a primeira rainha despótica da Europa. Graças a ela, a Espanha entrou no século XVI como o mais importante império do mundo, sobre o qual o sol nunca se punha.

 9 DE JANEIRO: “O DIA DO FICO”

E seus desdobramentos
É bom não esquecer que nossa Independência foi proclamada por um príncipe português, a quem os brasileiros pediram para ficar no Brasil.
Foi assim: em fins de 1821, quando ficou claro o projeto das Cortes de Lisboa de restabelecer o Brasil como colônia, o chamado Partido Brasileiro se empenhou em manter dom Pedro no Rio de Janeiro. A partir desse momento, até mesmo o radical Gonçalves Ledo abandonou a proposta republicana e passou a defender a independência regida por uma Monarquia Constitucional.
Em dezembro de 1821, o Rio de Janeiro agitou-se com a chegada de novos decretos das Cortes de Lisboa. Entre outras resoluções, as Cortes exigiam o retorno imediato de dom Pedro a Portugal.
A resposta dos patriotas foi organizar uma campanha para coletar assinaturas a favor da permanência do príncipe no Brasil. Era um modo de rejeitar a pressão e de fazer com que o príncipe decidisse ficar.
No dia 9 de janeiro de 1822, Clemente Pereira, presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, entregou a dom Pedro o abaixo-assinado com cerca de 10 mil assinaturas.
Nesse mesmo dia, o príncipe anunciou sua decisão a uma comissão liderada por Clemente Pereira: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto: diga ao povo que fico”. Desde então o 9 de janeiro ficou conhecido como o "Dia do Fico".
A partir desse momento, dom Pedro, decidido a ficar no Brasil, entrou em rota de colisão com o governo de Lisboa, e a Independência era, agora, apenas uma questão de tempo.
Logo após o Fico, dom Pedro demitiu os ministros nomeados por seu pai e criou o primeiro ministério integrado só por brasileiros. Entre eles, estavam dois Andradas: José Bonifácio, no Ministério do Reino e Estrangeiros, e seu irmão Martim Francisco, no Ministério da Fazenda.
Concluindo: mesmo sem dom Pedro, o Brasil ficaria independente, porque a independência viria mais cedo ou mais tarde. Mas é impossível imaginar como teria sido. Certamente não seria uma Monarquia e provavelmente o Brasil não teria se mantido unido.

 PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL

A Constituição de 1824
A Assembleia Constituinte fora convocada em junho de 1822, antes, portanto, da proclamação da independência. E começou a se reunir em 3 de maio de 1823. Ao longo dos trabalhos, os integrantes da Assembleia dividiram-se em Partido Português (defensores de dom Pedro) e Partido Brasileiro (adeptos da Constituição soberana), que tinha maioria.
As decisões começaram a incomodar o imperador: a Constituinte queria limitar o poder de dom Pedro, mais do que este estava disposto a aceitar. A resposta de dom Pedro foi drástica: em novembro de 1823, ele fechou a Constituinte.
Logo após fechar a Assembleia Constituinte, dom Pedro I nomeou um Conselho de Estado de dez membros, encarregado de elaborar um novo projeto de Constituição.
Depois de quarenta dias de trabalho, o documento foi aprovado pelo imperador, que o apresentou à nação como a primeira Constituição do Brasil, outorgada por meio de um decreto imperial em 25 de março de 1824. Diz-se que uma Constituição é outorgada quando ela não é elaborada pelos representantes do povo, mas sim imposta pelo Poder Executivo.
O Poder Executivo
A Carta definia o sistema de governo como uma monarquia constitucional, hereditária e vitalícia, sob a forma imperial. O imperador, auxiliado por ministros de sua escolha, era o chefe do Poder Executivo. Entre suas atribuições estavam a de conceder títulos de nobreza (que no Brasil não eram hereditários) e nomear os governos provinciais, o que tornava o Brasil um Estado unitário, não federativo, de poder fortemente centralizado.
O Poder Legislativo
O Poder Legislativo compunha-se da Câmara dos Deputados e do Senado. Os deputados seriam eleitos para mandatos de três anos, enquanto os senadores teriam cargo vitalício – cabendo ao imperador escolhê-los entre os três candidatos mais votados em cada província. O voto era censitário e o sistema eleitoral estava organizado em duas etapas.
A primeira consistia em eleições primárias, às quais compareciam apenas as pessoas livres do sexo masculino, maiores de 25 anos, que provassem possuir renda anual de pelo menos 100 mil-réis.
Nessa etapa, escolhiam-se os chamados eleitores de segundo grau – cuja renda deveria ser de no mínimo 200 mil-réis – para integrar uma espécie de colégio eleitoral encarregado de eleger, na segunda etapa, os deputados e os senadores. Os candidatos a esses cargos tinham de ser católicos e comprovar um rendimento de 400 e 800 mil-réis, respectivamente.
A Constituição estabelecia ainda a igualdade perante a lei. O catolicismo era declarado religião oficial e a Igreja Católica ficava subordinada ao Estado. Nesse contexto, os padres e os bispos passaram a ser funcionários do governo, do qual recebiam salários.
Os poderes Judiciário e Moderador
Além do Legislativo e do Executivo, mais dois poderes foram instituídos: o Judiciário, exercido por um Supremo Tribunal, com juízes nomeados pelo imperador; e o poder Moderador, exercido pelo soberano, auxiliado por um Conselho de Estado.
A justificativa para esse quarto poder era manter o equilíbrio entre os demais poderes. Na prática, porém, ele acabou sendo um instrumento da vontade pessoal do imperador, que poderia intervir nos três poderes, dissolver a Câmara, nomear senadores, juízes e presidentes de províncias, entre outras prerrogativas.

Essa Constituição permaneceu em vigor até o fim do Império, em 1889.

 COMO MORREU ABRAHAM LINCOLN

Ele foi assassinado em 14 de abril de 1865, cinco dias após a rendição oficial do confederados (o lado sulista derrotado na Guerra Civil Americana).
Lincoln assistia à peça "Nosso primo americano" (Our American cousin), ao lado da esposa, Mary Todd Lincoln, no Teatro Ford, em Washington, D.C. Ele foi morto por um tiro na cabeça, disparado por John Wilkes Booth, um ator famoso e simpatizante dos confederados.
Booth entrou discretamente no camarote presidencial e atirou em Lincoln pelas costas, atingindo-lhe a cabeça. Depois fugiu pulando do camarote para o palco, gritando: “Sic semper tyrannis!” (em latim, “Assim sempre aos tiranos!”).
Lincoln foi levado inconsciente para uma casa próxima, onde morreu na manhã seguinte, em 15 de abril de 1865.
O assassinato fazia parte de uma conspiração para desestabilizar o governo dos EUA logo após o fim da Guerra Civil. Foi parte de uma maior conspiração planejada por Booth para reviver a causa confederada, eliminando os três oficiais mais importantes do governo dos Estados Unidos.
Os conspiradores Lewis Powell e David Herold foram designados para matar o Secretário de Estado William H. Seward, e George Atzerodt o Vice-Presidente Andrew Johnson.
Além da morte de Lincoln, a trama falhou: Seward foi apenas ferido, e o suposto atacante de Johnson ficou bêbado em vez de matar o vice-presidente.
Depois de uma fuga inicial dramática, Booth foi morto após uma perseguição de doze dias. Powell, Herold e Atzerodt e foram posteriormente enforcados por seus papéis na conspiração.
Também foi condenada Mary Surratt, dona de uma pensão e amiga dos conspiradores, e simpática da causa confederada. Ela foi enforcada em 7 de julho de 1865, junto com outros conspiradores.

 REVOLUÇÃO PURITANA NA INGLATERRA

A queda da monarquia inglesa

Você sabia que a Inglaterra já foi República? Pois bem, é o que vamos ver nesta postagem.
Vamos começar lembrando que na Inglaterra havia uma tradição, iniciada em 1215, com a Magna Carta: esse documento havia estabelecido uma norma segundo a qual o rei não podia introduzir novos impostos sem a aprovação do Parlamento.
No século XVI, durante os reinados de Henrique VIII e de Elizabeth I, a relação entre os monarcas e o Parlamento havia sido relativamente pacífica. Os reis contentavam-se em exercer um “absolutismo de fato”, sem pretender passar por cima da autoridade do Parlamento.
Conflito entre o rei e o Parlamento
A boa relação entre os monarcas e o Parlamento sofreu uma grande mudança a partir de 1603. Nesse ano, morreu a rainha Elizabeth I, deixando vago o trono da Inglaterra. Na ausência de herdeiros diretos – a rainha Elizabeth nunca se casou e não teve filhos –, a coroa foi entregue a seu primo, Jaime Stuart, rei da Escócia.
Tão logo assumiu o trono, Jaime I, como se tornaria conhecido, entrou em rota de colisão com amplos setores da sociedade inglesa. Para começar, quis restaurar o “absolutismo de direito”, invocando a teoria da origem divina dos reis, e iniciou uma perseguição aos puritanos. Eram assim chamados os calvinistas que queriam “purificar” a Igreja Anglicana, eliminando qualquer traço de catolicismo.
Ao mesmo tempo, Jaime I tentou estabelecer novos impostos. Foi o bastante para que sua política provocasse sérias divergências com o Parlamento.
Jaime I morreu em 1625 e foi substituído pelo filho, Carlos I, que continuou com as práticas absolutistas do pai. Tentou impor o anglicanismo em seu próprio país, a Escócia, de maioria calvinista. Para agravar as coisas, dissolveu o Parlamento e restaurou antigos impostos. Todas essas medidas criaram um clima de guerra entre o rei e o Parlamento.
Revolução Puritana
Foi o conflito civil que opôs o rei e o parlamento. Aconteceu porque Carlos I avaliou mal a correlação de forças políticas e se achou forte o bastante para decretar a dissolução do Parlamento. Era o que faltava para as tensões explodirem.
O estopim da explosão aconteceu em em 1640: os calvinistas escoceses invadiram o território inglês, rebelando-se contra a tentativa de Carlos I de impor a religião anglicana naquele país. Para resistir à invasão, o rei precisou de dinheiro e foi obrigado a convocar o Parlamento, que não se reunia há 12 anos. O Parlamento tornou-se então a grande “caixa de ressonância” do ódio acumulado dos puritanos contra os Stuart.
A guerra civil
Em 1642 teve início a guerra civil: de um lado, as forças do rei; de outro, as do Parlamento
O exército do Parlamento era liderado por Oliver Cromwell, um proprietário rural progressista, puritano, e que se destacou por sua personalidade forte e carismática. Cromwell criou um novo modelo para o exército do Parlamento, com comandos baseados no mérito, e não nos títulos de nobreza
Os membros do exército do rei, chamados cavaleiros, eram em sua maioria membros da antiga nobreza católica ou anglicana.
O exército do Parlamento era formado pelos “cabeças redondas", assim chamados porque usavam o cabelo curto. Seus membros eram oriundos da pequena e média nobreza, da burguesia, e reunia por boa parte da população ligada aos ofícios urbanos – em geral, calvinistas.
A ditadura de Cromwell
Em 1648, o rei foi definitivamente derrotado. Preso pelos cabeças redondas, enfrentou um julgamento sumário e foi condenado à morte e decapitado em 1649. Na sequência, os vitoriosos tomaram medidas radicais:
- a monarquia, a Câmara dos Lordes e a Igreja Anglicana foram abolidas.
- foi instaurada a república, sob o comando de Cromwell.
Oliver Cromwell estabeleceu uma ditadura, apoiado no exército. Em 1653, ele ordenou o fechamento do Parlamento e declarou-se Lorde Protetor da Inglaterra, cargo vitalício e hereditário. Entretanto, o novo regime não durou muito. Cromwell morreu em 1658, e dois anos depois o Parlamento restabeleceu a monarquia.