quinta-feira, 5 de novembro de 2015

GUERRA  CIVIL  ESPANHOLA


 A guerra civil que assolou a Espanha teve início em 1936. Nos anos que antecederam essa data, a Espanha passou por um período de muitas tensões e incertezas políticas. A Espanha era uma monarquia, tendo Afonso XIII como rei. Mas a figura de destaque nesse período foi Miguel Primo Rivera. Em 1922, ocupava o cargo de capitão geral da cidade de Barcelona. Prometendo restabelecer a estabilidade política no país, Rivera liderou, no ano seguinte, um golpe de Estado: suspendeu a Constituição, dissolveu o Parlamento e implantou una ditadura. O golpe contou com o apoio do rei e de boa parte do clero, do exército e demais forças conservadoras da sociedade espanhola.

Seu regime, que durou até 1930, ficou conhecido pelo autoritarismo de caráter nacionalista e pelas perseguições aos comunistas e aos anarquistas que procuravam se articular dentro da Espanha. No plano econômico, reforçou o protecionismo alfandegário em favor da indústria nacional e estimulou a construção de grandes obras públicas. Um de seus maiores êxitos foi a consolidação, por via militar, do domínio espanhol no Marrocos.

Passados sete anos, a ditadura de Rivera havia perdido muito de seu poder. A agitação política voltou ao país. Diante disso, em 1930, Rivera apresentou sua demissão e deixou o país. Com a saída do ditador, o rei convocou eleições, esperando com isso fortalecer monarquia, mas tiro saiu pela culatra. Uma aliança, reunindo diversas correntes anti-monarquistas, ganhou as eleições, vencendo em quase todas as capitais do país.

Sentindo-se desautorizado, Afonso XIII deixou o país, sem, contudo, abdicar ao trono. Seguiu-se a proclamação da República. O novo regime ficou conhecido como II República - a primeira tinha durado pouco menos de dois anos, entre o início de 1873 e o final de 1874.

A II República não conseguiu pacificar o país. Na verdade, o que se viu foi o acirramento do conflito entre as forças em jogo, dando origem a dois grupos completamente opostos:

I) De um lado, estavam os republicanos. Aí se encontravam grupos de esquerda em geral (moderados, comunistas, anarquistas e outros) e dos patriotas da Galícia, do País Basco e da Catalunha. Além da manutenção do regime republicano, esse grupo lutava pela democracia, pela reforma agrária e contra a igreja espanhola. Esse grupo acabou se constituindo na Frente Popular.
II) De outro, encontravam-se os adversários do regime republicano, os nacionalistas, que contava com o apoio do clero espanhol e também de monarquistas, militares de extrema direita e a Falange (um partido fascista fundado em 1933). O principal líder desse grupo foi, primeiramente, o general José Sanjurjo. Tendo falecido em 1936 em um acidente aéreo, seu lugar foi naturalmente ocupado pelo chefe militar Francisco Franco. Os nacionalistas eram contrários ao liberalismo e à democracia representativa, por eles considerados modelos ultrapassados, e buscavam inspiração no fascismo italiano e no nazismo alemão.

Começa a Guerra Civil

A Frente Popular venceu as eleições legislativas de fevereiro de 1936, conquistando 5/6 das cadeiras parlamentares. Tal fato iria provocar, em julho, um levantamento militar contra a vitória da Frente Popular e esse movimento foi o estopim da Guerra Civil.

Combatente sendo atingido. Foto de Robert Capa, 1936. 

Nesse momento, Franco era governador das Ilhas Canárias, de onde lançou uma ofensiva contra a Frente Popular. Das Canárias, Franco se passou ao Marrocos. Contando com a ajuda de barcos enviados pela Alemanha e pela Itália, as tropas do General Franco atravessaram o estreito de Gibraltar, chegaram ao território espanhol e instalaram um governo rebelde. Além de contar com a maioria dos militares, Franco contava com o decisivo apoio da Igreja, fator determinante de orientação do povo. Outra ajuda importante veio da Alemanha e da Itália, que reconheceram o governo instalado por Franco em outubro de 1936, quando a guerra civil estava ainda em seu começo.

Franco ao lado de Hitler, de quem recebeu ajuda para vencer
a guerra civil espanhola.
Os republicanos, por sua vez, que lutavam pela permanência do governo legalmente constituído, receberam apoio da União Soviética e de cerca de 60 mil comunistas e simpatizantes de esquerda não só da Espanha, mas de todo o mundo. Eles formaram as Brigadas Internacionais de voluntários. Vários escritores famosos combateram entre os republicanos, entre eles André Malraux, George Orwell e Simone Weil. Inglaterra e França, embora tivessem simpatia pela causa republicana, optaram por uma política de não intervenção.


Um dos episódios mais terríveis da guerra civil foi o  Bombardeio de Guernica, um vilarejo localizado no País Basco, em 26 de abril de 1937. Foi um ataque aéreo por aviões alemães da Legião Condor.


O ataque serviu para testar aviões de guerra e ganhar experiências no combate aéreo. Foi feito em apoio às forças de Francisco Franco, que invadiram a cidade poucos dias depois do bombardeio.

Guernica é uma tela pintada a óleo em que o pintor  Pablo Picasso 
reflete as 
impressões que lhe causaram a visão de fotos da
cidade de Guernica após o bombardeio.

Em três anos de sangrentas lutas, período em que a União Soviética terminou por retirar seu apoio às forças governistas, estima-se em cerca de um milhão o número de perdas humanas. Os últimos focos de resistência republicana renderam-se em fins de março de 1939. No dia 1º. de abril de 1939, foi instaurado o regime autoritário do Generalíssimo Franco, que permaneceu no poder até sua morte, em 1975.

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