O Brasil durante
a República Velha (1889-1930), era um país basicamente agrário. Assim, os
chefes políticos de cada localidade geralmente eram grandes proprietários de
terras. O mais comum era esses fazendeiros serem chamados de “coronéis”. Era um título que geralmente se dava aos
grandes proprietários de terras, mesmo que nunca tivessem prestado serviço
militar. O coronel dominava a política local, principalmente nas cidades
menores, agindo como se fosse autoridade e praticavam muitos abusos.
Como forma
de resposta às injustiças dos coronéis, no Nordeste brasileiro, surgiu o cangaço.
A palavra vem de “canga”, nome da peça que é colocada no pescoço do boi e que o
prende ao carro ou arado. O cangaceiro era assim chamado
porque o armamento pesado que levava sobre os ombros assemelhava-se a uma
canga.
O cangaço
apareceu no Nordeste por volta de 1870, época em que a região vivia os efeitos
da grande seca. Os cangaceiros agiram em quase todos os estados nordestinos.
Além da
revolta contra as injustiças sofridas pelos pobres, o cangaceiro era, muitas
vezes, motivado pelo desejo de vingança. Foi o que ocorreu no caso dos dois
mais famosos cangaceiros: Antônio Silvino e Virgulino Ferreira da Silva, o
Lampião. Silvino tinha 21 anos quando seu pai foi assassinado. Resolvido a
fazer justiça com as próprias mãos, foi autor de alguns crimes antes de ingressar
no cangaço. Seu bando chegou a contar com 60 homens armados. Em 1914, foi
ferido e preso. O nome verdadeiro de Silvino era Manoel Batista de Moraes.
Lampião, o "rei" do cangaço |
O mais
famoso foi Virgulino Ferreira da Silva. Ele havia nascido em 1900, em Vila Bela
(atual Serra Talhada), no estado de Pernambuco. Quando tinha 20 anos, também
para vingar a morte do pai assassinado, ingressou no cangaço, acompanhado de
dois irmãos. Dois anos depois, já era o chefe do bando, ao qual deu nova
organização e impôs disciplina rigorosa.
Seu bando
chegou a contar com cerca de 200 cangaceiros e se dividia em grupos menores,
que podiam agir simultaneamente em diferentes lugares. Lampião dominou o sertão
nordestino durante cerca de duas décadas. Ele fazia alianças com alguns
coronéis, protegendo os que eram seus aliados e perseguindo seus
opositores.
Os
cangaceiros agiam com grande crueldade. Apesar das perversidades que cometia,
Lampião conseguiu a admiração de muitos sertanejos por sua valentia e coragem
para enfrentar poderosos coronéis. Virgulino morreu metralhado em junho de
1938; Corisco, amigo de Lampião, foi liquidado dois anos depois. A morte dos
dois cangaceiros pôs fim ao cangaço.
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