REVOLUÇÃO
BOLIVARIANA
Bolivariano foi o nome que o presidente venezuelano Hugo Chávez deu ao seu
projeto de promover mudanças políticas, econômicas e sociais em seu país. Ele foi
eleito para a presidência da República, em 1998. Depois que assumiu o poder, no
ano seguinte, Chávez se autodenominou bolivariano e seguidor das
ideias de Simón Bolívar (1783-1830).
Por sua vez, Bolívar
foi um general venezuelano que comandou a luta pela independência em
grande parte da América do Sul nas primeiras décadas do século XIX. Por esse
seu papel é chamado nos países sul-americanos de O Libertador.
Os seguidores do bolivarianismo se apoiam em alguns
documentos deixados por Bolívar, principalmente o Manifesto de Cartagena (1812), a Carta de Jamaica (1815) e o Discurso de Angostura (1819). Os ideais de Bolívar
podem ser resumidos em dois pontos: 1) a promoção da
educação pública gratuita e obrigatória e 2) a união dos países
latino-americanos, como forma de impedir a dominação econômica estrangeira nas
nações americanas.
O governo de Hugo Chávez
Desde que chegou ao
poder, Chávez foi muito além dos ideais de Bolívar, passando a defender ideias radicais de esquerda. Por
exemplo: declarou sua oposição ao imperialismo, ao capitalismo e, especialmente, aos Estados Unidos.
Entre as ações de
Hugo Chávez, inspiradas no bolivarianismo, estão a aprovação, em 1999, de uma
nova Constituição, chamada de Constituição Bolivariana, e a mudança do nome do
Estado para República Bolivariana da
Venezuela. E em outros atos, tais como a criação e promoção de escolas e
universidades com o qualificativo ´bolivariana´,
como foi o caso das Escolas Bolivarianas e a
Universidade Bolivariana da Venezuela.
Chávez implementou
políticas de inclusão social e transferência de renda. Fortaleceu organizações
populares, estabelecendo, dessa forma, uma forte aliança com as classes mais
pobres. Tudo isso lhe rendeu enorme popularidade e permitiu que ele ampliasse
seus poderes, que poderiam ter se prolongado indefinidamente se ele não tivesse
falecido em 2013, aos 59 anos de idade, vitimado por um câncer.
Todas estas mudanças
se enquadram no que Chávez denominou de Revolução Bolivariana. A partir de
2005, ele começou a utilizar, também, o conceito de Socialismo do século XXI e, no ano seguinte, fundou Partido
Socialista Unido da Venezuela (PSUV), reunindo todos partidos que apoiavam o Bolivarianismo.
Equívoco histórico
O qualificativo de revolucionário e,
mais ainda, de socialista atribuído ao bolivarianismo por Chávez e outros se
deveu a um profundo desconhecimento da história. Bolívar foi um personagem
complexo, cujas ideias políticas evoluíram com o tempo, desde o Congresso de
Angostura, onde seu conservadorismo ainda se misturava ao liberalismo. Essa
ideologia perdurou por cerca de dez anos, até 1828. Depois desta data, o
liberalismo desapareceu do pensamento de Bolívar, restando apenas um profundo conservadorismo.
Além disso, alguns críticos
argumentam que a longa ditadura que Bolívar exerceu sobre a Grã-Colômbia
(1819-1830) não produziu mudanças significativas,
que tivessem trazido prosperidade aos povos dessa República e aos povos dos
países que surgiram do desmembramento da Grã-Colômbia, a saber: Colômbia,
Equador, Panamá e Venezuela.
Em seus últimos dias, revelou um
amargo pessimismo em relação ao futuro dos países que ele havia ajudado a
formar. Eis algumas frases significativas: 1) A América é ingovernável para
nós. 2) Quem serve a uma revolução ara no mar. 3) A única coisa que se pode
fazer no América é emigrar.
Origens históricas do bolivarianismo
chavista
O processo da
Revolução Bolivariana teve origem em 1957, quando Douglas
Bravo liderava um movimento político, como braço armado do
Partido Comunista da Venezuela. Na década de 1980, Chávez conheceu Douglas
Bravo e aderiu ao seu ideal de uma Revolução Bolivariana. Essa relação se
manteve até 1991, quando então Chávez rompeu com o mestre. Outro que
influenciou ideologicamente Chávez foi Norberto Ceresole, um cientista político argentino, ligado ao peronismo. E não se pode esquecer a influência poderosa de
Fidel Castro.
Em 1992, Chávez
comandou um golpe de Estado, que fracassou e ele foi preso. Ao ser libertado
dois anos depois, abandonou a carreira militar, dedicando-se apenas à vida
política.
Influência
do bolivarianismo no exterior
A influência do bolivarianismo de Hugo Chávez
ultrapassou as fronteiras da Venezuela. Declaram-se bolivarianos os presidentes
Evo Morales (da Bolívia), do Rafael Correa (do Equador) e Daniel Ortega (da
Nicarágua). Até no Brasil, há quem acuse Lula e o PT de serem bolivarianos. As
organizações políticas identificadas como bolivarianas se agrupam no Congresso Bolivariano dos Povos,
iniciativa criada pela Venezuela para reunir os partidários da Revolução
Bolivariana no âmbito continental.
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