terça-feira, 11 de agosto de 2015

QUANTO  CUSTOU  PARA  O  BRASIL  A  GUERRA  DO  PARAGUAI.

Após o término da guerra, o próprio governo imperial procurou fazer as contas dos gastos, que foram publicadas nos relatórios ministeriais, a partir de 1871. A totalização dos valores foi feita no Relatório do Ministério da Fazenda, de 1877. As despesas distribuíram-se pelos ministérios da seguinte forma:

Despesas Brasileiras com a Guerra do Paraguai:
Ministérios
Valores
Justiça
Marinha
Guerra
Fazenda

Total
412:328$577
89.014:249$060
306.214:424$519
216.270:948$503

611.911:950$659
Fonte: Relatório do Ministério da Fazenda, de 1877, p. 30.

Em 1877, ainda havia valores pendentes, não liquidados, e talvez seja por isso que o então ministro da Fazenda, visconde de Ouro Preto, acabe mencionando um valor um pouco maior. Diz ele:

A despesa total da guerra, conforme a liquidação feita no Tesouro Nacional, ascendeu a 613.183:262$695, quantia que com os respectivos juros deve pagar a República do Paraguai (veja informação mais adiante), e não compreende a indenização a que tem direito os súditos brasileiros, prejudicados pelos atos de depredação e violência de que foram vítimas. (Fonte: Relatório do Ministério da Fazenda, de 1877, p. 30.)

Qual foi a origem dos recursos que custearam as despesas da guerra? Peláez e Suzigan, com base em dados fornecidos por Victor Viana e Castro Carreira, fornecem o seguinte quadro das origens dos recursos:

Orígem dos Recursos Gastos na Guerra do Paraguai (em milhares de contos de réis)
Fontes dos recursos
Total (em mil contos de réis)
%
Empréstimos estrangeiros
Empréstimos internos
Emissão de dinheiro
Emissão de títulos
Imposto

49
27
102
171
265
8,0
4,4
16,6
27,8
43,2
Total
614,0
100
Fonte: PELAEZ, Carlos; SUZIGAN, Willian. História monetária do Brasil. Brasília, DF: Editora da Universidade de Brasília, 1981, p. 114.

Excetuados os empréstimos externos, que representaram de 8 a 10% do montante das despesas com a guerra, “tudo o mais forneceu o próprio país”, escreveu o visconde de Ouro Preto, “suportando sem a menor relutância a criação de impostos e a agravação dos existentes, aceitando com a maior confiança avultadas emissões de papel moeda, colocando larga parte de suas economias nos títulos de dívida interna, fundada e flutuante, e contribuindo com donativos e subscrições, para as quais coletaram-se todas as classes e funcionários, desde os mais altos até os das mais modestas categorias”.

Desde a tomada de Assunção pelas tropas aliadas, sob o comando do então marquês de Caxias, havia sido estabelecido um novo governo para o Paraguai. Foi com esse governo, o Brasil assinou um tratado de paz em separado com o Paraguai, em 9 de janeiro de 1872. Por esse tratado, foram confirmadas as fronteiras reivindicadas pelo Brasil antes da guerra, uma área de 90 mil quilômetros quadrados. E ficou garantida a liberdade de navegação no rio Paraguai, o que era de suma importância para o Brasil, pois era a única via de comunicação entre o Rio de Janeiro e a província de Mato Grosso, já que não havia estrada por terra. Este foi, na minha opinião, o principal motivo para o governo  brasileiro insistir em levar a guerra até a queda e sua substituição por um governo amistoso.
Também foi estipulada uma dívida que o Paraguai deveria pagar ao Brasil e para Argentina. Essa foi primeira dívida da história paraguaia. Mas ela nunca seria paga, e foi finalmente perdoada em 1943 pelos governos do Brasil e da Argentina.

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