domingo, 6 de dezembro de 2015

UMA  REVOLUÇÃO  EM  PERNAMBUCO


A Revolução Praieira, de1848


Quando parecia que o país das revoltas que agitaram o Período Regencial já era coisa do passado, eis que uma nova revolta explode no Nordeste brasileiro, mais exatamente em Pernambuco, em 1848.
Entre as províncias do Nordeste, Pernambuco se destacava por sua forte economia açucareira e por longa tradição de revoltas políticas, que começaram com a luta contra os holandeses, em meados do século XVII. Em 1848, uma nova revolta eclodiu na região. De caráter liberal e federalista, o movimento ficaria conhecido como Revolução Praieira. Os líderes dos revoltosos pertenciam à facção mais radical dos liberais. Como seu ponto mais frequente de reunião era a sede do Diário Novo, localizada na rua da Praia, no Recife, o grupo passou a ser chamado de Partido da Praia, nome do qual derivaria o da própria revolução.

As causas da insatisfação dos pernambucanos

No Recife, uma das fontes de descontentamento popular era o domínio que os portugueses ainda exerciam sobre o comércio local, para muitos a causa do alto custo de vida e do desemprego urbano. A situação levava os pernambucanos a exigir a nacionalização do comércio. Além disso, a insatisfação também era crescente em relação à crise da economia açucareira, o que criava um clima de críticas generalizadas à política imperial.
Recife à época da Revolução Praieira.

A revolta contou com a participação das camadas oprimidas pela grande concentração fundiária nas mãos de poucos proprietários. Como exemplo, uma quadra popular à época, refere à poderosa família Cavalcanti:
"Quem viver em Pernambuco
não há de estar enganado:
Que, ou há de ser Cavalcanti,
ou há de ser cavalgado."

A partir de 1844, os liberais estiveram no governo da província durante quatro anos. Em 1848, os conservadores subiram ao poder no Rio de Janeiro, formando um novo gabinete. Como era praxe, nomearam conservadores para presidir as províncias. Em Per­nambuco, o presidente liberal Chichorro da Gama foi destituído e o conservador Herculano Ferreira Pena assumiu o cargo.

Principiais lideranças


A revolta contra o novo governo da Província eclodiu em Olinda, a 7 de novembro de 1848, sob a liderança do general José Inácio de Abreu e Lima, do Capitão de Artilharia Pedro Ivo Veloso da Silveira, do deputado liberal Joaquim Nunes Machado e do militante da ala radical do Partido Liberal, Antônio Borges da Fonseca. O presidente nomeado da Província,  Herculano Ferreira Pena, foi afastado e o movimento espalhou-se rapidamente por toda a Zona da Mata de Pernambuco.

Na Zona da Mata  região em que se concentravam os engenhos de açúcar. Ali, Pedro Ivo reuniu uma massa formada de boiadeiros, pequenos arrendatários, escravos libertos, caboclos e índios, ao lado de soldados profissionais. Com eles, passou a fustigar as forças do governo. Os rebeldes chegaram a ocupar parte do Recife, mas não conseguiram depor o governo conservador.



Reivindicações

Para divulgar suas ideias, no dia 1ºde janeiro de 1849 lançaram oManifesto ao mundo, no qual reivindicavam:
- o sufrágio universal,
- a nacionalização do comércio varejista,
- a autonomia provincial, a liberdade de imprensa e
- a extinção do poder Moderador.

A derrota

Não propunham, contudo, a formação de uma República e, assim como nas rebeliões de 1817 e 1824, silenciaram sobre a questão do trabalho escravo. Mas os revolucionários não conseguiram forças suficientes para vencer. No início de 1850, o governo central conseguiu sufocar a revolta, empregando tropas regulares apoiadas nas forças da Guarda Nacional. Depois de um ano e alguns meses de combate em toda a província, Pedro Ivo e outros líderes praieiros foram presos e a “paz imperial” voltou a reinar em Pernambuco. (DGF)

Nenhum comentário:

Postar um comentário