sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

A Guerra do Paraguai, além de contribuir para difundir ideias republicanas e abolicionistas, estimulou também a formação do chamado "espírito de corpo" entre os membros do Exército. Esse "espírito" levava-os a pensar como grupo, ou como corporação dotada de qualidades e valores que a colocavam acima das ambições dos políticos profissionais, chamados depreciativamente por eles de "casacas".
Insatisfeitos com a política do Império, os militares passaram a se considerar mais preparados que os civis para cuidar dos interesses da nação. A partir daí, nascia a ideia de "missão salvadora" a que o Exército estaria destinado. Sob essa óptica, soldados e oficiais deixavam de ser meros instrumentos para garantir a segurança da nação e tornavam-se "cidadãos fardados", comprometidos com o futuro da pátria. Essas ideias justificavam para eles a intervenção militar na vida política do país.
Reforçada pelo positivismo, essa evolução ideológica colocava setores cada vez maiores do Exército contra a Monarquia. Esta, por sua vez, já tinha sido abandonada também por parte da Igreja desde a Questão Religiosa e, a partir de maio de l888, pelos donos de escravos, em virtude da abolição sem indenização.
Na tentativa de sobreviver, em junho de l889 o governo imperial nomeou Afonso Celso de Assis Figueiredo, um político moderado do Partido Liberal, para o cargo de presidente do Conselho de Ministros. Mais conhecido pelo título de visconde de Ouro Preto, Afonso Celso apresentou a Câmara dos Deputados um amplo programa de reformas que previa, entre outras medidas, a liberdade religiosa, a autonomia para as províncias, o fim do caráter vitalício do Senado, a liberdade de ensino e o aumento de crédito para a produção. Com essas mudanças, Ouro Preto pretendia esvaziar a pregação republicana.
Para sua surpresa, a Câmara dos Deputados não aprovou as reformas. Diante disso, o imperador, valendo-se do Poder Moderador, dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições. Esperava obter da nova Câmara, que deveria se reunir em 20 de novembro, aprovação para as reformas de Ouro Preto. A essa altura, porém, já estava em marcha uma conspiração para depor o governo imperial e proclamar a Republica, O principal líder da conspiração era Benjamin Constant.
No dia 11 de novembro, Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva e Rui Barbosa, entre outros lideres, reuniram-se com o marechal Deodoro da Fonseca, tentando convencê-lo a aderir a conspiração. Com todo seu prestigio nos meios militares, Deodoro seria a garantia de que o Exército permaneceria unido em torno da causa republicana.
Mesmo assim, Deodoro hesitou. Enquanto isso, surgiram alguns boatos de que sua prisão tinha sido decretada e de que haveria profundas mudanças no Exército. Diante dos rumores, Deodoro decidiu liderar o movimento para depor o ministério de dom Pedro II.

"Proclamação da República", 1893, óleo sobre tela de Benedito Calixto (1853-1927)
 Acervo da Pinacoteca Municipal de São Paulo
 

Amanhecia o dia l 5 de novembro de l889. Depois de ocupar o Ministério da Guerra com suas tropas, o marechal Deodoro da Fonseca determinou a queda do Ministério. Em seguida, desfilou pelo centro da cidade a frente de seus homens, mas ele não proclamou a Republica, como se costuma dizer. Isso somente seria feito à tarde, na Câmara Municipal, quando foi, então, oficialmente proclamada a República.Nascia, assim, sem participação popular, a Republica no Brasil. Um dos lideres da conspiração, Aristides Lobo, diria mais tarde que "o povo assistiu, bestializado, a Proclamação da Republica".

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