O alemão Andreas Lubitz era ainda jovem, bonito, com apenas 28
anos de idade. Vivia confortavelmente, com um bom emprego, que ele havia batalhado muito para
conseguir. Tinha tudo para ser uma pessoa feliz.
Para os que o conheciam, parecia
ser uma pessoa normal, saudável. Parecia, mas não era. Sofria de um mal mais
terrível, desses que uma pessoa, querendo, pode disfarçar muito bem e, até,
enganar os testes clínicos. Era depressivo, e por causa da doença vinha fazendo
um tratamento médico. Nas últimas semanas, a depressão talvez tenha se agravado
por causa do rompimento de um namoro. Para quem sofre de uma forte depressão, a
vida torna-se um fardo muito pesado, difícil de carregar, e tudo o que a pessoa
deseja é um alívio imediato. Quem passou por isso, sabe do que estou falando.
No último dia 24, uma
terça-feira, Andreas tinha um atestado médico dispensando-o do trabalho, mas
ele não fez uso dele. Ao contrário: sentou-se no seu posto de copiloto do
Airbus A320 e se preparou iniciar o voo 4U9525 para Dusseldorf, na Alemanha. É
provável que, já nesse momento, ele devia estar flertando com a morte, coisa
normal para um depressivo crônico. Com pouco mais de uma hora de voo, o piloto
se ausentou da cabine, e Andreas sentiu que a hora do seu destino havia
chegado.
Voando sobre as nuvens, ele via
um céu azul à sua frente e podia ter pensando, não na morte, mas no belo
passeio que faria, depois do pouso, pelas belas estradas de seu país, desde o
aeroporto até a casa de seus pais, com quem vivia, a cerca de 130 km de
distância. Mas para um depressivo, a cabeça não pensa assim. Pensa de forma
diferente. Torna-se uma inimiga.
Vendo-se sozinho, ele trancou a
porta e apertou o botão de descida. Durante alguns minutos, que devem ter-lhe
parecido uma eternidade, o avião baixou de uma altitude de mais 10 mil metros
de altura para algo como 2 mil metros. Ao se aproximar das altas montanhas da
cordilheira dos Alpes, Andreas manteve fixo seu objetivo: livrar-se do pesadelo
que o atormentava. Para ele, os demais ocupantes do avião haviam deixado de
existir. Tinham desaparecido de seu universo mental.
A uma velocidade de setecentos
quilômetros por hora, ele mirou a montanha e mergulhou na eternidade, e levou
com ele mais 149 pessoas.
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