CONTRA A DEMOCRACIA E O LIBERALISMO
A ideologia do fascismo
Neste
texto, Henri Michel analisa ponto por ponto tudo o que o fascismo rejeita no
liberalismo, na democracia e no socialismo marxista, oferecendo uma visão
sintética da ideologia adotada por líderes como Mussolini e Hitler.
O
que o fascismo rejeita a priori e totalmente é a sociedade liberal do
século XIX, inspirada pela “filosofia das luzes”, transposta politicamente na
Revolução Francesa [...]. Essa condenação global dá origem a algumas rejeições.
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Mussolini e Hitler, os principais líderes fascitas na Itália e na Alemanha. |
Rejeição
da democracia, considerada “podre” porque, sendo um regime de fraqueza dominado
pelos grupos de pressão, é incapaz de salvaguardar o interesse nacional; o
sistema parlamentar não passa de um jogo estéril, de um verbalismo alheio às
realidades da nação: o pluralismo dos partidos apenas gera divisões e
discussões inúteis; a escolha, pelo povo, dos dirigentes políticos é uma nociva
quimera;
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Crianças fazem a saudação fascista diante do professor. |
Rejeição,
por conseguinte, do individualismo, dos direitos do homem, da “dignidade da
pessoa humana”; porque o indivíduo não tem nenhum direito; apenas existe pela comunidade
na qual se integra; precisa ser enquadrado e comandado;
Rejeição
da sociedade liberal, porque a liberdade degenera em licença, e a licença em
enfraquecimento da coesão do grupo; o grupo tem o direito de punir aqueles que
se recusam agregar-lhes; a justiça não tem como objeto defender sanções àqueles
que a prejudicam;
Rejeição
de um comportamento comandado pela razão, que abafa o impulso vital; o fascismo
é uma reação anti-intelectualista, uma desforra do instinto; prega o culto da
ação, proclama a virtude da violência.
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Uma das primeiras providências do fascimo, como de todo regime autoritário é o controle dos meios de comunicações. Isso, aliado à propaganda do regime se encarregam de alienar a população. |
Ao
mesmo tempo, o fascismo combate o “socialismo marxista”, porque este é fundado
na luta de classes e conduz à divisão e enfraquecimento do corpo social; não
crê no esquema marxista do caráter irreversível da história. Censura também a
liberdade econômica, o laissez-faire, que permite aos fortes esmagar os
fracos, em detrimento da coletividade e, muitas vezes, esconde o domínio de um
povo pobre por outro mais rico. Às internacionais comunista e capitalista, o
fascismo procura contrapor o seu “socialismo nacional”.
Michel, Henri. Os fascismos. In: Marques, Adhemar; Berutti,
Flávio; Faria, Ricardo.
História
contemporânea através de textos. São Paulo: Contexto, 2003.
Interessante como este pensamento vem ganhando força ultimamente! O facismo e o nazismo são muito sedutores e tanto antes como hoje, se apresentam como uma "nova" opção frente a dialética capitalismo x socialismo!
ResponderExcluirPrecisamos de novas teorias para novos tempos!