sexta-feira, 9 de março de 2018


SOCIALISMO NA CHINA


 Até  o  final  da  Segunda  Guerra  Mundial, havia apenas um país socialista, a União Soviética. Depois da guerra, vários outros países adotaram o socialismo. Um desses foi a China, um dos maiores países do mundo. Seu território de 9,6 milhões de km², é pouco maior que o do Brasil, mas sua população, de mais de 1,3 bilhão de habitantes em 2015, é quase sete vezes maior que a população do Brasil.
Com uma civilização milenar, a monarquia imperial da China foi incapaz de impedir o domínio dos países imperialistas europeus desde as guerras do ópio, entre 1840 e 1860. Uma situação que causava enorme descontentamento.
Mao Tsé-tung, líder da revolução comunista na China


1. Proclamação da República
Isso levou ao surgimento de um partido nacionalista e republicano, o Kuomintang. Liderado por Sun Yat-sen, em 1911, Kuomintang o derrubou a monarquia e proclamou a República. Sun Yat-sen, entretanto, permaneceu pouco tempo no poder, e o governo central não conseguiu se firmar. O poder de fato continuou a ser exercido pelos chefes provinciais, que governavam como soberanos independentes.
A China participou da Primeira Guerra Mundial ao lado dos aliados, mas isso não impediu que, depois da guerra, a China continuasse sob domínio de potências estrangeiras. 
A situação fez com que surgisse o movimento “4 de maio” (1919), promovido por estudantes contra os tratados de paz assinados em Paris. O episódio marcou o início de uma revolução nacionalista, com amplo apoio popular.
Nessa nova conjuntura, Sun Yat-sen retornou ao poder e tomou medidas decisivas para o país: estabeleceu sólida aliança com os comunistas e celebrou acordos com a URSS, dando início, com a ajuda de Moscou, a uma vitoriosa campanha contra os chefes provinciais, considerados um obstáculo à construção de um Estado nacional chinês.


2. A “Longa Marcha”
O rumo da política chinesa, porém, mudou com a morte de Sun Yat-sen em 1925. Seu substituto, Chang Kai-chek, decretou a ilegalidade do Partido Comunista e reprimiu com violência as organizações operárias. Nessa época, os comunistas foram duramente perseguidos nas cidades e se transferiram para o campo. Distantes do foco da repressão política, receberam o apoio de camponeses e militares contrários ao regime. Sob a liderança de Mao Tse-tung, esse grupo constituiu o Exército Vermelho.
Em 1931, os comunistas proclamaram, na área sob seu controle, a República do Jiangxi, no sul da China. Mas, em 1934, para escapar dos constantes ataques que sofriam das forças de Chang Kai-chek, 100 mil deles abandonaram a região e iniciaram uma jornada de 10 mil quilômetros, que passaria à história como a Longa Marcha. Primeiro, eles foram para o oeste e, em seguida, tomaram a direção norte, para chegar, um ano depois, a Ienan, onde já existia uma base comunista.
Um fato, entretanto, seria determinante para a mudança do cenário político na China: a invasão do país pelos japoneses, que desde 1931 ocupavam a Manchúria. Os comunistas chineses logo perceberam que era grande a oportunidade de converter a luta contra o invasor em uma luta pela revolucionária, com a ajuda sobretudo da população camponesa.
Apesar de suas diferenças, os comunistas e Chang Kai-chek se uniram e concordaram em lutar contra os japoneses que haviam invadido o país em 1937. Após a expulsão dos japoneses, em 1945, a  China voltou a ficar politicamente dividido: de um lado os adeptos do Partido Comunista Chinês (PCCh), liderado por Mao Tse-tung, e de outro o governo, dirigido por Chang Kai-chek.

3. A guerra civil (1946-1949)
Chang Kai-chek contava com a ajuda econômica e militar dos EUA, mas, mesmo assim, não conseguia evitar os problemas em sua administração. Dominado pela corrupção, pela violência interna e pelos altos índices de inflação, o governo chinês se tornou cada vez mais impopular.
Os problemas internos facilitavam a luta pelo controle do país por parte dos comunistas, que, desde 1946, organizados no Exército de Libertação Nacional (ELP), conclamavam a população a derrubar o governo.
Bem comandadas e disciplinadas, armadas com o equipamento bélico tomado dos japoneses e do próprio exército do governo, as tropas comunistas empreenderam grandes operações, apesar de lutar contra um exército que as superava em número e em armamentos.
Em junho de 1949, os comunistas já reuniam um exército de três milhões de soldados. Avançando rapidamente do norte para o sul, conquistaram sucessivamente Pequim, Nanquim, Xangai e Cantão. Em outubro, os comunistas proclamaram a República Popular da China. A Chang Kai-chek restou apenas o governo na ilha de Formosa (Taiwan), sob a proteção dos EUA.

4. O grande salto da China
O país que Mao Tse-tung iria governar contava com cerca de 600 milhões de habitantes, aproximadamente um quarto da população mundial. Nove em cada dez chineses viviam no campo.
Nessa conjuntura, a reforma agrária era vital e já vinha sendo feita pelos comunistas mesmo antes da tomada do poder. Dessa forma, cerca de 47 milhões de hectares de terras agricultáveis foram expropriados e distribuídos entre 70 milhões de famílias camponesas. Pouco depois, teria início o processo de coletivização da agricultura, reunindo os camponeses em cooperativas.
Para impedir um boicote ao governo, adotaram-se várias medidas contra as antigas elites. Muitos dos grandes proprietários de terras, por exemplo, foram a julgamento e acabaram executados ou condenados a trabalhos forçados. Realizou-se intensa campanha para combater a corrupção, a ação das missões religiosas estrangeiras e o imperialismo estadunidense.
A recuperação econômica do país, devastado por anos de guerra, era outro objetivo dos comunistas.
Em busca de ajuda, eles assinaram vários tratados de cooperação com o bloco soviético, que forneceu empréstimos e técnicos ao país. Em 1953, entrou em vigor o primeiro plano quinquenal, com o objetivo grandioso de transformar um país de características rurais em uma nação industrializada.
O plano, chamado de Grande Salto para a Frente, chegou a bons resultados, com aumento dos índices de produtividade. Apesar disso, os salários dos operários continuavam baixos, havia resistência à coletivização da terra e os estudantes criticavam os privilégios da crescente burocracia estatal. Nesse período, as críticas eram reprimidas pelo governo com violência.

5. A Revolução Cultural
Em 1958, começou a vigorar o segundo plano quinquenal, que fracassou completamente. Desorganizou a economia e milhões de pessoas morreram de fome. Mao Tse-tung perdeu o comando do Partido Comunista chinês.
Para recuperar o poder, Mao iniciou uma guerra aberta contra seus adversários, a quem chamou de “agentes da burguesia” infiltrados no Partido Comunista. O movimento, iniciado em 1966, ficou conhecido por Revolução Cultural.
O ponto de partida consistiu na reforma do ensino. Propondo uma Campanha de Educação Socialista, Mao conclamou os estudantes a lutarem contra “os velhos hábitos, as velhas ideias e a velha cultura”.
A resposta foi imediata: inspirados em um livro que reunia os pensamentos de Mao, milhões de jovens espalharam-se pelo país perseguindo os chamados “ocidentalizados”, “reacionários” ou “contrarrevolucionários”. As principais vítimas foram intelectuais, profissionais liberais e artistas. Muitos foram ridicularizados e agredidos fisicamente em público. A consequência mais imediata da Revolução Cultural consistiu no enfraquecimento do Partido Comunista chinês e no fortalecimento de Mao Tse-tung, que permaneceu no poder até sua morte em 1976.

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