terça-feira, 6 de março de 2018


O  FASCISMO  NA  ITÁLIA


  Fascismo foi o nome que teve o regime político estabelecido na Itália por Benito Mussolini após sua ascensão ao poder em 1922, aproveitando-se da crise que afetou os italianos após a Primeiro Guerra Mundial.
Com efeito, a  guerra  mundial  teve  um  efeito  devastador nos países europeus, em particular na Itália. Nem sequer realizou a propalada propaganda de que seria “a guerra que ia acabar com todas as guerra”. Isso por que ela não conseguiu pôr fim àquela que havia sido sua principal causa: a intensa disputa entre as nações mais desenvolvidas pela hegemonia do mercado mundial.
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O líder fascista Benito Mussolini discursa na
Piazza Duomo em Milão, Itália, 1930.
1. A ascensão do fascismo na Itália
Denomina-se fascismo um regime político de direita, autoritário, ditatorial. Esse tipo de regime tem aparecido em diversos países desde o começo do século XX, sempre em momento de crise, geralmente econômica. Nesses momentos, as pessoas ficam desesperadas, perdem a crença nas fórmulas democráticas e se deixam levar por líderes radicais que prometem soluções para a crise.
Foi em circunstâncias como essa que movimentos de direita, como o fascismo, ganharam força.
No caso da Itália, o fascismo foi também produto do exacerbado nacionalismo herdado do século XIX, presente nas lutas de unificação. E também de ressentimentos nacionais provocados pelos resultados da Primeira Guerra Mundial. Lembremos que a Itália havia mudado de lado no início da guerra, passando a apoiar a Tríplice Aliança, seduzida pela promessa de que ganharia territórios, o que de fato não aconteceu.
Na verdade, desde 1918 já havia movimentos ultranacionalistas e autoritários em várias regiões da Europa, principalmente na Itália. O caso mais notável foi o do fascismo, movimento criado por Benito Mussolini.
Por essa época, o Estado italiano era Monarquia Parlamentar, com um primeiro-ministro como chefe de governo. Após a Primeira Guerra Mundial, o país entrou em um período de turbulência política e econômica. O desemprego se acentuou e, em 1921, eclodiram nas cidades industriais da Região Norte grandes manifestações e greves operárias com ocupação de fábricas.

2. Entra em cena Benito Mussolini
Mussolini era originário do norte da Itália. Tornou-se socialista influenciado pelo pai. Inicialmente desejava ser professor, como a mãe, mas acabou se tornando jornalista e posteriormente político. Durante a guerra, rompeu com a esquerda e passou para a direita com armas e bagagens. Sua carreira foi rápida. Em 1919, ele fundou o Fascio di combattimento, embrião do Partido Nacional Fascista, e, em 1922, conquistaria o poder.
Como soluções para a crise, ele prometia acabar com a luta de classes, implantar um governo forte, destinado a afastar o perigo de uma revolução socialista, e transformar a Itália em uma grande potência.
Para isso, ele e seus partidários se propunham esmagar os grupos de esquerda – socialistas, anarquistas e comunistas.

A violência como forma de ação

Na luta por esses objetivos, os fascistas organizavam-se em milícias armadas. Agiam uniformizados com camisas pretas e treinados no uso da violência física contra os adversários.
Sua principal base de apoio eram as classes médias insatisfeitas com a crise e assustadas com a possibilidade de uma revolução socialista como a que ocorrera na Rússia, em 1917.
Mas havia todo tipo de pessoas entre seus militantes, principalmente ex-soldados, jovens sem emprego, desordeiros, marginais e desocupados. Os alvos preferidos das suas ações violentas eram líderes sindicais, operários em greve, socialistas e democratas em geral.
Nessas condições, em outubro de 1922, Mussolini, chamado de Duce (guia) por seus partidários, pôs-se à frente de 50 mil “camisas-negras” e realizou uma gigantesca demonstração de força, a “Marcha sobre Roma”. A resposta do rei Vítor Emanuel III foi nomeá-lo para o cargo de primeiro-ministro. No poder, o Duce convocou novas eleições. Graças às fraudes e à violência, as urnas deram 65% dos votos ao Partido Fascista, e com isso ele passou a ter a maioria absoluta do Parlamento.

3. O totalitarismo fascista
Tendo maioria no Parlamento, Mussolini aprovou leis que lhe davam plenos poderes. A partir de então, teve início a consolidação da ditadura do Partido Fascista, caracterizada por prisões de líderes sindicais, socialistas e democratas; sequestro e morte dos opositores do regime; censura à imprensa; demissão em massa de funcionários públicos suspeitos de não simpatizarem com o fascismo; proibição das greves; extinção de todos os partidos políticos, exceto o Fascista.
Tendo o controle total do país, Mussolini criou um regime de partido único, cujos organismos e dirigentes se confundiam com os do Estado. Esmagadas a democracia e as oposições, a nova filosofia em vigor foi resumida por Mussolini da seguinte maneira: “Nada deve haver acima do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”, o que implicava a existência de um único partido, de uma única imprensa e de uma única educação. Configurava-se, assim, um estado totalitário.

Outras medidas do governo de Mussolini foram: promover a intervenção do Estado na economia, realizando obras públicas para a geração de empregos, e criar uma infraestrutura capaz de dar sustentação ao desenvolvimento industrial. Além disso, deu ao Estado italiano uma nova configuração, substituindo instituições representativas, como o Parlamento, por outras formas de organização denominadas corporações.
As corporações eram organismos do Estado compostos por representantes dos patrões e empregados das diversas categorias econômicas e profissionais. Tinham por função integrar as classes e os grupos sociais ao Estado fascista, promovendo a conciliação entre capitalistas e trabalhadores.
Em 1929, Mussolini firmou com a Igreja Católica o Tratado de Latrão, pelo qual o Estado italiano reconheceu a soberania do papado sobre o Estado do Vaticano. Com isso, o Duce consolidou e ampliou a simpatia do papado em relação a seu governo. Seis anos depois, a Itália invadiu a Etiópia, no norte da África, e garantiu para si a exploração do petróleo dessa região. No ano seguinte, 1936, Mussolini firmou com Hitler o acordo ítalo-germânico, do qual surgiria o eixo roma-Berlim.

Autoritarismo e totalitarismo

Um governo ou regime político é chamado de autoritário quando exerce o poder de modo ditatorial, toma decisões sem pedir a opinião dos governados, limita a liberdade de reunião e de expressão, concentra o poder em uma só pessoa, órgão ou partido político.
O totalitarismo é um caso extremo de autoritarismo. Além da concentração do poder nas mãos de poucos, do cerceamento da liberdade e das outras características do autoritarismo, o Estado totalitário não admite a existência de outros partidos além daquele que está no poder. Também tenta controlar a vida pessoal dos cidadãos, reduzindo-os a autômatos obedientes ao partido no poder. Para isso, utiliza mecanismos de controle do cotidiano e estimula a delação até entre indivíduos da mesma família.
Trata-se, portanto, de um Estado policial em que quaisquer tipos de crítica ou manifestação de oposição são inadmissíveis. Na prática, combina a repressão e o terror policial com a propaganda ideológica sistemática, permanente e maciça. Por meio da propaganda, a ideologia totalitária procura mostrar que o Estado totalitário é a forma mais perfeita de organização da sociedade. Esse bombardeio ideológico começa nas escolas, entre as crianças pequenas, que são condicionadas a pensar de acordo com os padrões e valores estabelecidos pelo partido único no poder.
Como exemplos de regimes totalitários de direita, podemos citar o Estado fascista e o nazista, na Itália e na Alemanha, respectivamente. Mas havia também, na mesma época, um Estado totalitário de esquerda: a União Soviética, transformada em Estado policial sob a ditadura de Stalin.


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