quarta-feira, 7 de março de 2018


A  CRISE  DE  1929


 A crise econômica iniciada em 1929 foi a mais séria da história do capitalismo. Ela começou nos Estados Unidos e se espalhou pelo mundo.
As causas desse fato vinham de longe. Logo após a Primeira Guerra Mundial, a Europa viveu um período relativamente curto de crise econômica. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, que não tinham sido atingidos pelo conflito, a economia continuava a crescer.
Como se fosse um grande ralo, a crise econômica de 1929 fez desaparecer,
de um dia para o outro, uma grande parte das economias
das pessoas e empresas em todo o mundo.
Durante a guerra, a indústria estadunidense abasteceu os países da Tríplice Entente com equipamentos, armas, alimentos e matérias-primas e conseguiu suprir os mercados de outras regiões que deixaram de ser atendidas por eles. Por isso sua produção aumentou tanto.
Por volta de 1921, a Inglaterra, a França e outros países europeus retomaram o crescimento. Mas nada que se comparasse à expansão econômica estadunidense, que atingiu o auge nos anos 1920.
Em 1929, por exemplo, quase metade da produção industrial do mundo estava concentrada nos Estados Unidos. Uma das razões de tamanha prosperidade era o aumento real dos salários no país proporcionado pela produtividade crescente e pelo fordismo.

O Fordismo é um modelo de produção em massa desenvolvido por Henry Ford, utilizando a linha de montagem. Com ela, ocorre o aumento da produção e da produtividade. Ou seja, um mesmo trabalhador produz muito mais. Isso possibilita a baixa nos preços e, por sua vez, tende a aumentar as vendas, bastando que haja compradores. Ford considerava que os melhores clientes da indústria eram os próprios operários; basta que os patrões lhes paguem bons salários.

Enquanto isso, a economia europeia, ao longo dos anos 1920, aos poucos recuperou sua capacidade produtiva, o que permitiu aos países do continente importar cada vez menos dos EUA e competir com os produtos estadunidenses no mercado internacional.

A superprodução

Com a queda das exportações para a Europa e outras regiões do mundo, os EUA deveriam ter desacelerado o ritmo de expansão. Mas, ao contrário, os empresários insistiram em investir no aumento da produção. Assim, no começo de 1929, as indústrias dos Estados Unidos, saturadas de produtos, não tinham para quem vender. Ocorreu o fenômeno conhecido como superprodução.
Ao mesmo tempo, crescia a oferta de produtos agrícolas no mercado interno, o que provocou rápida queda nos preços. Com grande quantidade de cereais armazenados, muitos fazendeiros foram obrigados a vender sua produção por valores abaixo do custo ou mesmo a abandoná-las, pois a colheita não valia a pena. Endividados, e sem ter como pagar os empréstimos tomados dos bancos antes da colheita, a maioria foi à falência.
A crise atingia, assim, a produção industrial e agrícola, gerando desemprego e, consequentemente, queda no consumo.

A quebra da Bolsa de Nova York
A bolsa de valores funciona na base da confiança. Enquanto os investidores estão confiante, eles compram ações e elas sobem de valor. Quando os investidores acham que alguma coisa não vai bem, eles procuram vender as ações. Se muitos fizerem a mesma coisa, os preços irão despencar.
Foi o que aconteceu em 1929 com a Bolsa de Valores de Nova York, a mais importante do mundo. Em 21 de outubro, o valor das ações negociadas começou a cair rapidamente. Era o início o crash (quebra, em inglês) da Bolsa de Valores, que alcançaria seu ponto mais baixo oito dias depois, na chamada “terça-feira negra”. Nos onze meses seguintes, 20 mil empresas dos Estados Unidos fecharam as portas e 13 milhões de trabalhadores (cerca de um quarto da mão de obra) perderam o emprego.
A quebra da Bolsa de Nova York detonou a mais séria crise econômica vivida pelo sistema capitalista, conhecida por Grande Depressão, que se estenderia por toda a década de 1930. Dos EUA, a crise se propagou quase instantaneamente para os países industrializados da Europa, atingindo também outras nações do mundo capitalista, inclusive o Brasil.
Entre as mais atingidas pela crise estava a Alemanha, que havia recebido muitos investimentos estadunidenses. Isso fez com que o país fosse atingido em cheio pela crise de 1929. O desemprego se tornou generalizado. As pessoas perderam a confiança nos valores da democracia e passaram a procurar soluções radicais e autoritárias que tirassem o país da crise e resgatassem o orgulho nacional ferido.

NEW DEAL

O autor brasileiro Jayme Brener possui uma extensa carreira nos principais meios de comunicação impressos do Brasil. No texto a seguir, Brener avalia as iniciativas políticas dos Estados Unidos após a crise de 1929.
“Quando ocorreu a crise, os Estados Unidos vinham sendo governados pelo Partido Republicano. Nas eleições de 1932, o eleitorado elegeu Franklin Delano Roosevelt, candidato do Partido Democrata. Ele assumiu a Presidência dos EUA no ano seguinte. Em oposição ao Partido Republicano, Roosevelt adotou um vigoroso plano de intervenção estatal na economia. Esse plano ficou conhecido como New Deal (Novo Acordo, em português). Como uma das primeiras medidas, o novo governo emitiu bilhões de dólares, para financiar um programa de investimentos em vários setores da economia.
As principais iniciativas foram as seguintes:
– o investimento maciço em obras públicas, tais como a construção de usinas hidrelétricas, barragens, pontes, etc., para que gerassem emprego e demanda de serviços e produtos das empresas privadas;
– a destruição dos estoques de produtos agropecuários produzidos em excesso, como algodão, trigo, milho e leite e com isso conter a queda de seus preços;
– a diminuição da jornada de trabalho, com o objetivo de criar novos empregos.

Além disso, o governo fixou um salário mínimo, fortaleceu os sindicatos, incentivou o aumento de salários, criou o seguro-desemprego e o seguro-velhice (para os maiores de 65 anos), entre outras medidas.

Assim estimulada, em 1936 a economia estadunidense já havia voltado aos níveis de produção anteriores a 1929, embora a taxa de desemprego se mantivesse alta.” BRENER, Jayme. 1929: a crise que abalou o mundo. 3. ed. São Paulo: Ática, 1996.

A política econômica adotada pelo governo de Frank Roosevelt é conhecida por keynesianismo por se apoiar nas ideias do economista inglês John Maynard Keynes.

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