quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

ROMA  ANTIGA


 Antecedentes
O império de Alexandre, o Grande, representou a primeira tentativa de difundir uma mesma cultura e reunir em um único Estado Oriente e Ocidente. Mas esse empreendimento não resistiu à morte de seu criador e desagregou-se rapidamente.
Destino diferente coube aos romanos. Organizada inicialmente como cidade-Estado, Roma expandiu- se pela Península Itálica e levou 230 anos para se consolidar. Feito isso, seu domínio alcançou tanto a Península Ibérica como a Mesopotâmia.
Coliseu, cartão-postal de Roma.
Nos dois primeiros períodos de sua história, Roma conheceu a monarquia e a república. Por essa época, constituiu-se em seu território um Estado forte e unificado, com uma poderosa burocracia.
Surgiram também grupos sociais diferenciados, que viviam em permanente conflito. Desse conflito originaram-se instituições políticas responsáveis por representar as camadas populares da sociedade, que até então permaneceram à margem das decisões políticas.

2. Fundação de Roma
Rodeada de terras férteis, banhadas pelo Rio Tibre, Roma localiza-se no centro da Península Itálica. A fertilidade do solo, aliada à ausência de portos naturais, levou os habitantes da região, nos primeiros tempos, a desenvolver mais a agricultura e a pecuária do que o comércio de longa distância.
O relevo montanhoso, por sua vez, favoreceu, assim como na Grécia, a formação de vários núcleos urbanos independentes.
Embora a Península Itálica já fosse habitada desde tempos remotos, foi no segundo milênio a.C. que começaram a chegar os italiotas, povo de origem indo-europeia. Eles se dividiam em diversos grupos ou tribos, como os sabinos, os latinos e os samnitas.
Além dos italiotas, os principais povos que habitavam a península eram os etruscos, na região centro-norte, chamada Etrúria; os gregos, no sul; e os gauleses, no norte. A partir do século VII a.C., os italiotas ocuparam a região centro-sul.

A versão lendária
A história da origem de Roma é das mais imprecisas. Muitas informações a respeito de sua fundação são lendárias ou estão registradas em relatos literários.
Segundo a lenda, Roma teria sido fundada em uma época imprecisa por Rômulo e Remo, descendentes de Eneias, - filho da deusa Vênus e do herói Anquises. Troiano de nascimento, Eneias fugiu de sua cidade natal quando ela foi tomada pelos gregos no fim da Guerra de Troia. Teria rumado então para a Península Itálica, onde se casou com a filha de um rei


De acordo com a lenda, Rômulo e Remo, quando crianças,
teriam sido alimentadas por uma loba.
A versão das pesquisas históricas
De acordo com essa versão, o que se sabe é que a cidade de Roma existia desde o final do segundo milênio a.C. perto do Rio Tibre, nas proximidades do Mar Tirreno. Nessa região, protegida por colinas, instalaram-se grupos latinos e sabinos, que teriam sido os fundadores da cidade. Esse pequeno núcleo urbano originaria um vasto império, o maior da Antiguidade.

A trajetória romana, para efeito de estudos, é dividida em três períodos, caracterizados por diferentes formas de organização política:

monarquia (753 a 509 a.C.);
república (509 a 27 a.C.);
império (27 a.C. a 476).

3. Roma no tempo dos reis
Segundo as lendas sobre a origem de Roma, sete reis governaram a cidade. Os quatro primeiros foram, alternadamente, latinos e sabinos. Os três últimos eram de origem etrusca. Podemos concluir, portanto, que Roma teria sido dominada pelos etruscos, numa época em que esse povo liderava uma federação de cidades na Península Itálica.
Como era comum na Antiguidade, o rei romano acumulava as funções de juiz supremo e chefe religioso e militar. Sua autoridade, contudo, era limitada pelo Senado (do latim senes, idoso), composto por chefes de clã. Uma terceira instância de poder era constituída pelas Assembleias.

Sessão do Senado romano;


Patrícios e plebeus
Na época da monarquia, a sociedade se dividia, basicamente, em quatro grupos: patrícios, plebeus, clientes e escravos. A economia estava fundamentada na agricultura. A palavra “patrício” (do latim pater, pai) designava, a princípio, o chefe da grande unidade familiar ou clã. Os patrícios eram descendentes dos fundadores de Roma. Donos das principais terras, constituíam a aristocracia, reservando para si as tarefas do governo. No início, somente eles tinham direitos políticos em Roma.
Os plebeus eram descendentes das populações que primeiro povoaram a Península Itálica. Dedicavam-se ao comércio e ao artesanato. Embora livres, não dispunham de direitos políticos; além de não participarem do governo da cidade, eram impedidos de se casar com indivíduos pertencentes ao patriciado (grupo dos patrícios).
Os clientes, parentes mais pobres dos patrícios, trabalhavam para as famílias destes em troca de proteção. No início, os escravos eram principalmente aqueles que não dispunham de meios para pagar suas dívidas. Com as guerras de conquista, o aprisionamento dos vencidos fez com que o número de escravos aumentasse, chegando a constituir a maioria da população.

4 Da monarquia à república
Em 509 a.C., o rei Tarquínio, o Soberbo, tomou uma série de medidas favoráveis aos plebeus. Os patrícios, vendo seu poder diminuir, revoltaram-se e expulsaram-no de Roma sob a acusação de tirania. Esse acontecimento marcou o fi m da monarquia e a instituição da república.
Com o advento da nova forma de governo, o poder foi descentralizado, passando a ser exercido por períodos determinados. Entretanto, todas as funções ligadas ao poder permaneceram reservadas exclusivamente aos patrícios.

O governo da república
As instituições básicas do Estado republicano eram:
senado – Principal instância de poder em Roma, administrava a cidade e as regiões conquistadas. No início, era formado por cem senadores; mais tarde esse número aumentou para trezentos.
Magistrados – Exerciam funções administrativas. Os mais importantes eram os cônsules, dois magistrados cujo poder equivalia ao dos antigos reis. Encarregavam-se de comandar os exércitos, convocar o Senado e presidir os cultos religiosos.
Nos momentos de maior perigo, indicavam um ditador, que governava com poderes absolutos por um prazo máximo de seis meses. Pretores, censores, questores e edis eram outros magistrados e cumpriam funções distintas na administração pública.
assembleias – Existiam três diferentes assembleias em Roma: as assembleias Centurial,  Curial (religiosa) e Tribal (responsável pela escolha de questores e edis).

5. Começa a expansão
Desde a fundação de Roma, sua população teve de disputar as terras da Península Itálica, defendendo-se dos ataques dos povos vizinhos. Aos poucos, porém, entre os séculos V e III a.C., Roma passou a empreender guerras de conquista, com o objetivo de expandir seu território e adquirir escravos, de cujo trabalho dependia sua economia.
A conquista se completou entre 272 e 265 a.C., com a ocupação da Etrúria, ao norte, e da Magna Grécia, ao sul da península.

Soldados romanos em combate

 As Guerras Púnicas
A expansão romana não se deteve com o domínio sobre a Península Itálica. Roma passou a querer a supremacia no Mar Mediterrâneo, despertando a hostilidade dos cartagineses. Cartago, cidade fundada no norte da África pelos fenícios, dominava o comércio marítimo nessa região.
No princípio, as relações entre as duas cidades eram relativamente amistosas, até que Roma começou a disputar territórios colonizados por Cartago. O conflito ficou conhecido como Guerras Púnicas, nome derivado de poeni – que era como os romanos chamavam os fenícios –, e durou de 264 a 146 a.C. No final, Cartago foi arrasada e seus domínios anexados pelos romanos. Entre esses domínios, destacava-se o norte da África e, principalmente, a Península Ibérica.

Roma chega ao Oriente
Antes de encerrar o confronto com Cartago, Roma já iniciara um movimento de conquista do antigo império de Alexandre Magno, na região do Mediterrâneo oriental. Assim, em 149 a.C., a Macedônia tornou-se uma província romana e, dois anos depois, foi a vez de a Grécia ser incorporada pelos romanos.
Em seguida, veio a formação da província da Ásia (129 a.C.) e o estabelecimento de um protetorado no Egito, mais tarde convertido também em província.
Com essas conquistas, os romanos efetivaram sua hegemonia no Mediterrâneo, que eles denominaram mare nostrum, ou seja, “nosso mar”.
Império Romano em sua máxima extensão


6. Consequências da expansão
A posse de um extenso território e conflitos sociais constantes acabaram por alterar profundamente a organização social, política e econômica em Roma.
O aumento do número de prisioneiros, provenientes das guerras, levou a mão de obra escravizada a se constituir na principal força de trabalho no território romano. Ao mesmo tempo, o crescimento das atividades comerciais e da economia monetária fizeram com que as relações econômicas sofressem grandes transformações.
Essas transformações foram acompanhadas de profundas mudanças na estrutura da sociedade. No campo, ocorreu a concentração das propriedades rurais, com o surgimento de grandes latifúndios que utilizavam o trabalho escravo. Isso levou à ruína os pequenos agricultores, que não podiam concorrer com os grandes proprietários. Muitos deles foram obrigados a abandonar o campo e migrar para Roma.
Ao mesmo tempo, a expansão do comércio deu origem aos cavaleiros, ou classe equestre, grupo social formado por comerciantes, banqueiros e homens de negócio. Eles faziam parte do patriciado, mas divergiam da aristocracia, formada por grandes proprietários de terras que controlavam o Senado.
As inúmeras mudanças provocadas pelas conquistas expansionistas aumentaram as desigualdades entre ricos e pobres, estimulando os conflitos entre patrícios e plebeus. Esses dois grupos protagonizaram inúmeras disputas políticas e guerras civis por mais de cem anos (133-27 a.C.); a partir de então as instituições republicanas iniciaram um processo de crise, abrindo caminho para um novo tipo de governo centralizado: o império.

Mudanças culturais e religiosas
As conquistas territoriais também transformaram a cultura romana. O contato com as sociedades orientais trouxe inovações nos costumes, como mudanças nos hábitos de alimentação e na conduta moral.
A sociedade tornou-se cosmopolita, isto é, passou a reunir diferentes povos sob um mesmo Estado e atraiu para a cidade de Roma intelectuais, pensadores e artistas das mais diversas origens, sobretudo gregos.

Novos valores foram assimilados dos povos dominados. Dos gregos, a influência se fez sentir nos hábitos cotidianos, nas artes, na vida intelectual e na religião. Os deuses gregos foram adotados em Roma, recebendo nomes latinos.

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