sábado, 16 de dezembro de 2017

O  LEGADO  ROMANO


Herança romana na atualidade

Os romanos assimilaram muitos aspectos da cultura dos povos vencidos, principalmente dos gregos. Dotados de notável senso prático, souberam reelaborar essas influências, nas quais introduziram inovações que levaram à formação de uma cultura original. Com isso, acabaram por legar às gerações futuras várias contribuições nas mais diversas áreas.




De seu idioma, o latim, derivaram diversas línguas modernas, como o português, o francês, o espanhol e o italiano. Sua criação mais original, entretanto, foi o Direito, que ainda hoje inspira muitos sistemas jurídicos.

2. Literatura e filosofia

Herdeira das formas literárias criadas pelos gregos, a sociedade romana foi um centro de difusão cultural, reunindo poetas, fi lósofos, juristas, teatrólogos e historiadores.

Um de seus mais notáveis escritores foi o poeta Virgílio, autor da Eneida, poema épico que narra a história de Eneias, herói proveniente da cidade de Troia, ancestral lendário dos fundadores de Roma.

Além dele, também Horácio destacou-se na poesia. Era um poeta lírico, que viveu no tempo de Augusto, cujas realizações enalteceu. Sua poesia está impregnada dos valores característicos do estoicismo e do epicurismo, correntes filosóficas de seu tempo. Escreveu Odes, Sátiras, Epístolas e outras obras, combinando virtuosismo métrico e sobriedade de expressão.

Na oratória e no pensamento político, Cícero foi o nome mais importante. Entre os historiadores distinguiram-se Tito Lívio e, principalmente, Tácito, cuja obra mais importante são os Anais, que tratam da história romana durante o período que se estende da morte de Augusto até o governo de Nero. Tácito foi um dos primeiros escritores não cristãos a registrar a  crucificação de Jesus Cristo.

No âmbito do pensamento filosófico, tornaram-se populares o epicurismo e o estoicismo, duas correntes já abordadas no Capítulo 8. O estoicismo foi mais difundido e teve no filósofo, advogado e escritor Sêneca e no imperador Marco Aurélio seus principais adeptos.

3. Artes plásticas

Do mesmo modo que em outros campos do conhecimento, a grande fonte de inspiração e referência das artes romanas foi a Grécia. Mas, também como nas outras áreas, os romanos colocaram na escultura, na pintura e na arquitetura seu próprio temperamento e sua visão de mundo.

Assim, a escultura romana procurava reproduzir de modo realista a fisionomia dos indivíduos retratados, sobretudo dos grandes personagens públicos.

A pintura romana teve seu estilo consolidado no século I, quando se afastou da influência grego-helenística. Seu uso era generalizado e usado tanto para fins decorativos e privados quanto para fins públicos.

Na arquitetura, a colunata e o frontão do templo grego foram conservados, mas os romanos imprimiram a esses elementos proporções grandiosas, que refletiam sua própria experiência imperialista.


Aqueduto romano, do século I d.C. Tem 813 m de extensão.
              Sua função era levar água à cidade de Segóvia, Espanha 


Ao mesmo tempo, introduziram novos elementos arquitetônicos, como o arco redondo e a cúpula. 

Com as novas técnicas, edificaram templos, casas de banho, anfiteatros, pontes, arcos de triunfo, aquedutos e monumentos, muitos dos quais sobrevivem até hoje.


4. Direito romano

A mais notável contribuição romana à cultura ocidental ocorreu no campo do Direito. De fato, os Códigos de Leis romanos permanecem até hoje entre os fundamentos do Direito contemporâneo. Como quase tudo em Roma, as leis surgiram para dar uma solução prática aos problemas criados pelas lutas entre os grupos sociais e pelas guerras de conquista. Afinal, Roma dominava um vasto e variado mosaico de povos, unidos por vínculos econômicos, políticos e culturais. Criar normas jurídicas que permitissem a coexistência de tão diferentes costumes e tradições tornou-se uma necessidade.

O Direito romano desenvolveu-se gradualmente, tendo como ponto de partida a Lei das Doze Tábuas (450 a.C.). Posteriormente aprimorou-se com as leis votadas pelas assembleias e com os decretos do Senado e teve sua completa sistematização no Período do Império. Compunha-se de três grandes ramos:

• O jus civile (Direito civil), aplicável apenas aos cidadãos de Roma.
• O jus gentium (Direito das gentes ou dos estrangeiros), conjunto de normas comuns ao povo romano e aos povos conquistados.
• O jus naturale (Direito natural), que representava o aspecto filosófico do Direito. Baseava-se na ideia de que o ser humano é, por natureza, portador de direitos que devem ser respeitados.

5. Religião

Durante quase toda a sua história, os romanos mantiveram a crença numa série de deuses. Era uma religião sem doutrinas ou dogmas. Entre os deuses e os seres humanos estabelecia-se um único compromisso: aqueles davam proteção e estes retribuíam com oferendas.

A princípio, os deuses não tinham formas definidas. A partir do contato com os gregos, contudo, eles passaram a ser identificados com as divindades do Olimpo e ganharam fisionomia e paixões humanas. Assim, o deus supremo da mitologia grega,


Arquitetura romana. Panteão, em Roma, dedicado a todas as divindades.

Zeus, chamava-se Júpiter entre os romanos; Hermes, protetor do comércio na Grécia, tinha em Roma o nome de Mercúrio; Ares, deus grego da guerra, era Marte para os romanos; Afrodite, deusa do amor na Grécia, em Roma era Vênus, entre outros. 

Além da influência grega, os romanos incorporaram influências de cultos orientais, como os de Ísis e Osíris, do Egito, e o de Mitra, proveniente da Pérsia. Todos esses deuses foram admitidos no Panteão romano – templo dedicado ao culto de diversas divindades.


6. A vitória do cristianismo

De acordo com as narrativas do Novo Testamento, Jesus teria nascido em Belém, na Judeia, província do Império Romano. Profetas hebreus haviam anunciado a vinda de um messias (ou cristo, em grego), que libertaria esse povo da dominação do inimigo e reinaria em seu lugar.


Aos 30 anos, Jesus iniciou suas pregações, afirmando ser o Messias (o mesmo que Cristo, na língua grega). Despertou com isso a desconfiança das autoridades locais e, também, romanas: tanto o Grande Conselho dos hebreus como os romanos viam nele uma ameaça ao poder constituído. Jesus acabou preso, condenado e crucificado. Após sua morte, os ensinamentos de Jesus passaram a ser divulgados por seus seguidores. Surgia assim o cristianismo. A nova crença se difundiu principalmente entre as camadas pobres da população. Como os cristãos se recusavam a reconhecer o caráter divino do imperador romano, foram duramente perseguidos pelo governo de Roma.

Cristianismo, uma fé para os oprimidos
Os pobres, os oprimidos e os escravos foram, em particular, atraídos pela vida e pelo exemplo de Jesus Cristo. A nova fé ensinava que o valor das pessoas não dependia de seu nascimento, talento ou posição social.

As autoridades romanas sempre haviam sido tolerantes com as religiões dos outros povos. Mas o cristianismo apresentava características que pareciam suspeitas e ameaçadoras para o Império. Os cristãos faziam reuniões secretas, desprezavam a hierarquia social, rompiam radicalmente com a tradicional religião romana, recusavam-se a prestar o serviço militar e negavam-se a cultuar os imperadores.

Local de culto dos primeiros cristãos.


Isso inquietava os responsáveis pela manutenção do Estado e das tradições de Roma. Com o imperador Nero, tiveram início as perseguições. Os cristãos passaram a ser detidos, queimados vivos ou usados para proporcionar diversão nas arenas dos anfiteatros, onde eram estraçalhados por animais.

A firmeza com que os seguidores de Cristo enfrentavam o sofrimento, porém, dava mais força aos que permaneciam fiéis, além de atrair novos seguidores.

A propagação do cristianismo se acentuou no século III, quando teve início o enfraquecimento do Estado romano, particularmente afetado pela crise do escravismo. Foi nesse contexto que o imperador Constantino assinou, em 313, o Edito de Milão, concedendo liberdade religiosa aos cristãos. Finalmente, entre 380 e 392, o imperador Teodósio reconheceu o cristianismo como religião oficial do Império Romano e proibiu o culto aos antigos deuses romanos.


Vista noturna da Via di

Coli

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