terça-feira, 26 de dezembro de 2017

O  IMPÉRIO  BIZANTINO


Em  395, com a divisão do Império Romano, formou-se o Império Romano do Oriente, que englobava Grécia, Ásia Menor, Síria atual, Palestina, nordeste da África (incluindo o Egito) e as ilhas do Mediterrâneo oriental. Quando, em 476, Roma foi definitivamente tomada pelos germânicos, a parte oriental do Império sobreviveu, mantendo intensa atividade urbana e mercantil.
Com o passar do tempo, inúmeros aspectos da cultura romana passaram por transformações nessa região. O próprio latim foi substituído pelo grego. Tudo isso levou ao desenvolvimento de uma sociedade com características singulares – o Império Bizantino. Um dos aspectos distintivos da sociedade bizantina foi exatamente a comunhão entre valores greco-romanos e orientais.
Mosaico do século VI mostra a imperatriz Teodora (com a coroa) e seu
 séquito de criados. Ela era esposa de Constantino, imperador bizantino.

Também é traço marcante desse Império a completa assimilação dos preceitos do cristianismo, tendo sido em Constantinopla que se realizaram os primeiros concílios responsáveis pela definição dos dogmas da Igreja Católica.

2. Constantinopla
Em 330, no mesmo local da antiga colônia grega de Bizâncio, o imperador Constantino mandou construir Constantinopla.
Atualmente denominada Istambul, a cidade ocupava excelente localização, entre os mares Negro e Egeu. Para melhorar ainda mais suas condições de defesa, foram construídas enormes muralhas ao seu redor. Essas características permitiram que ela resistisse a numerosos ataques ao longo dos séculos.
Por muito tempo, Constantinopla foi um centro próspero e florescente, com intensas relações comerciais, que se estendiam até o Extremo Oriente.

3. Justiniano e suas conquistas
No governo de Justiniano, o Grande (527-565), o Império Bizantino atingiu o esplendor. Entre suas
realizações de maior destaque está a tentativa de restabelecer a unidade do antigo Império Romano. Ele empreendeu a reconquista das terras do Ocidente, que haviam sido perdidas para os povos germânicos e, com grandes esforços, retomou a Península Itálica, o norte da África e o sul da Península Ibérica. Mas os territórios reconquistados logo sofreriam ocupação de outros povos, não permanecendo muito tempo sob domínio bizantino.
Em seu governo, Justiniano ordenou que se organizasse um trabalho de compilação do Direito romano, do qual resultou o Corpo do Direito Civil (Corpus Juris Civilis), composto de quatro partes:
• O Código Justiniano – reunião de todas as leis romanas desde Adriano até o ano 534.
• As Institutas – princípios fundamentais do Direito romano.
• O Digesto ou Pandectas – síntese da jurisprudência romana  cujo conteúdo apresenta os pareceres dos grandes juristas a respeito das Institutas.
• As Novelas, reunindo a nova legislação.
4. Estado e Igreja
A partir do momento em que o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, foram organizados concílios para definir seus dogmas.
Aos poucos, a Igreja Católica foi-se estruturando e reunindo em torno de si um conjunto de servidores: o clero. Nos primeiros tempos, chamavam-se patriarcas os integrantes do clero responsáveis pela Igreja nas regiões em que se subdividiam as terras do Império Romano: Alexandria, Jerusalém, Antioquia, Constantinopla e Roma. Posteriormente o patriarca de Roma se autoproclamou papa, “pai de todos os cristãos”.
A supremacia do papa sobre todos os patriarcas ocidentais foi decretada pelo imperador romano em 455. Mas somente no século VI, com o papa Gregório Magno, ela conseguiu impor-se definitivamente.

A Igreja se divide
O Império Bizantino foi palco de importantes questões religiosas. Por reunir populações estreitamente vinculadas às culturas orientais, nele o cristianismo assumiu características peculiares.
A disseminação de imagens ou ícones representando Cristo e figuras de santos, por exemplo, era fortemente atacada em Constantinopla por algumas correntes do cristianismo. Segundo esses adeptos, o uso de imagens representava um retorno à idolatria, contrária aos preceitos cristãos.
Havia também questões de ordem política e econômica: a fabricação e a venda de imagens ficavam predominantemente nas mãos de monges, que lucravam muito com esse comércio. Isentos de qualquer tipo de tributo, os monges concentravam em seu poder grandes propriedades e riquezas, o que era também interpretado como uma ameaça ao poder central. A disputa entre iconólatras (que praticavam o culto de imagens) e iconoclastas (contrários a elas) agitou o Império nos séculos VIII e IX. Essa disputa, por sua vez, acirrou as rivalidades entre o patriarca de Bizâncio e o papa de Roma.

5. Crise no Império
O Império Bizantino começou a entrar em declínio na fase final do governo de Justiniano. Entre os séculos IX e XI, ocorreu um breve período de prosperidade conhecido como Renascença Bizantina.
Em seguida, porém, as disputas religiosas e as constantes ameaças de invasão fizeram com que as crises se instalassem de maneira irreversível. Acelerou-se o empobrecimento das cidades, a produção e o comércio se enfraqueceram e o Império perdeu pouco a pouco alguns de seus mercados em regiões distantes.
Finalmente, em 1453, Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos e o Império Bizantino entrou em colapso. Esse fato é geralmente adotado como o marco que assinala o fim da Idade Média.
A cultura bizantina teve grande influência sobre os povos da Europa oriental, como russos, armênios, búlgaros e sérvios. Eles assimilaram vários costumes do cristianismo por meio do contato com religiosos enviados pela Igreja Católica Ortodoxa Grega em missões de evangelização.



Nenhum comentário:

Postar um comentário