terça-feira, 26 de dezembro de 2017

BUDISMO,
 Como  libertar  o  homem  de  todo  sofrimento?


O austríaco  Ernest H. Gombrich (1909-2001) foi um dos mais célebres historiadores da arte no século XX. No texto abaixo, ele apresenta um pouco das reflexões de Buda, que abandonou sua confortável vida de príncipe e, por muitos anos, viveu errante, angustiado pelas dúvidas que o atormentavam e diziam respeito ao sofrimento. Até que um dia a resposta lhe foi revelada...

“Sua revelação poderia ser resumida assim: se quisermos escapar da dor, devemos começar por escapar a nós mesmos. Pois de onde vem a dor? Do desejo, ou seja, do fato de desejarmos possuir. Vou dar um exemplo. Quando você fica triste porque não lhe deram o livro ou o tênis que queria, você tem duas possibilidades: ou tenta conseguir o que quer, ou renuncia ao seu desejo. Se de alguma maneira você consegue não desejar mais nada, já não vai sentir nenhuma tristeza. Foi isso que se revelou a Buda. De fato, ele achava que, deixando de desejar todos os tipos de coisas bonitas e agradáveis, deixando de querer felicidade, bem-estar, gratidão, afeição, nós ficaríamos menos tristes no dia em que fôssemos privados disso.

Quem não desejasse mais nada, nunca mais ficaria triste. [...]


Em outras palavras, seria possível o homem se tornar senhor de seus desejos, como o cornaca [treinador de elefante] domina seu elefante depois de muito treinamento. Então o homem chegaria, aqui na Terra, a um ‘mar interior’ que nada viria perturbar, chegaria a um estado de beatitude e de paz em que não haveria mais nenhum desejo. Teria a mesma bondade para com todos os homens e não esperaria nada de ninguém. Buda também ensinou que aquele que conseguisse dominar todos os seus desejos não voltaria à Terra depois da morte. Só se reencarnariam as almas que se apegassem à vida. Quem deixa de ter apego à vida já não procura, depois da morte, voltar ao ‘ciclo dos nascimentos e mortes’. Funde-se no nada, em  que todo desejo e todo sofrimento desapareceram, Naquilo que os indianos chamam de ‘nirvana’. “

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