quarta-feira, 26 de agosto de 2015

REVOLUÇÃO  BOLIVARIANA



Bolivariano foi o nome que o presidente venezuelano Hugo Chávez deu ao seu projeto de promover mudanças políticas, econômicas e sociais em seu país. Ele foi eleito para a presidência da República, em 1998. Depois que assumiu o poder, no ano seguinte, Chávez se autodenominou bolivariano e seguidor das ideias de Simón Bolívar (1783-1830).
Por sua vez, Bolívar foi um general venezuelano que comandou a luta pela independência em grande parte da América do Sul nas primeiras décadas do século XIX. Por esse seu papel é chamado nos países sul-americanos de O Libertador.
Os seguidores do bolivarianismo se apoiam em alguns documentos deixados por Bolívar, principalmente o Manifesto de Cartagena (1812), a Carta de Jamaica (1815) e o Discurso de Angostura (1819). Os ideais de Bolívar podem ser resumidos em dois pontos: 1) a promoção da educação pública gratuita e obrigatória e 2) a união dos países latino-americanos, como forma de impedir a dominação econômica estrangeira nas nações americanas.

O governo de Hugo Chávez

Desde que chegou ao poder, Chávez foi muito além dos ideais de Bolívar, passando a defender ideias radicais de esquerda. Por exemplo: declarou sua oposição ao imperialismo, ao capitalismo e, especialmente, aos Estados Unidos.
Entre as ações de Hugo Chávez, inspiradas no bolivarianismo, estão a aprovação, em 1999, de uma nova Constituição, chamada de Constituição Bolivariana, e a mudança do nome do Estado para República Bolivariana da Venezuela. E em outros atos, tais como a criação e promoção de escolas e universidades com o qualificativo ´bolivariana´, como foi o caso das Escolas Bolivarianas e a Universidade Bolivariana da Venezuela.
Chávez implementou políticas de inclusão social e transferência de renda. Fortaleceu organizações populares, estabelecendo, dessa forma, uma forte aliança com as classes mais pobres. Tudo isso lhe rendeu enorme popularidade e permitiu que ele ampliasse seus poderes, que poderiam ter se prolongado indefinidamente se ele não tivesse falecido em 2013, aos 59 anos de idade, vitimado por um câncer.
Todas estas mudanças se enquadram no que Chávez denominou de Revolução Bolivariana. A partir de 2005, ele começou a utilizar, também, o conceito de Socialismo do século XXI e, no ano seguinte, fundou Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), reunindo todos partidos que apoiavam o Bolivarianismo.

Equívoco histórico

O qualificativo de revolucionário e, mais ainda, de socialista atribuído ao bolivarianismo por Chávez e outros se deveu a um profundo desconhecimento da história. Bolívar foi um personagem complexo, cujas ideias políticas evoluíram com o tempo, desde o Congresso de Angostura, onde seu conservadorismo ainda se misturava ao liberalismo. Essa ideologia perdurou por cerca de dez anos, até 1828. Depois desta data, o liberalismo desapareceu do pensamento de Bolívar, restando apenas um profundo conservadorismo.
Além disso, alguns críticos argumentam que a longa ditadura que Bolívar exerceu sobre a Grã-Colômbia (1819-1830) não produziu mudanças significativas, que tivessem trazido prosperidade aos povos dessa República e aos povos dos países que surgiram do desmembramento da Grã-Colômbia, a saber: Colômbia, Equador, Panamá e Venezuela.
Em seus últimos dias, revelou um amargo pessimismo em relação ao futuro dos países que ele havia ajudado a formar. Eis algumas frases significativas: 1) A América é ingovernável para nós. 2) Quem serve a uma revolução ara no mar. 3) A única coisa que se pode fazer no América é emigrar.

Origens históricas do bolivarianismo chavista

O processo da Revolução Bolivariana teve origem em 1957, quando Douglas Bravo liderava um movimento político, como braço armado do Partido Comunista da Venezuela. Na década de 1980, Chávez conheceu Douglas Bravo e aderiu ao seu ideal de uma Revolução Bolivariana. Essa relação se manteve até 1991, quando então Chávez rompeu com o mestre. Outro que influenciou ideologicamente Chávez foi Norberto Ceresole, um cientista político argentino, ligado ao peronismo. E não se pode esquecer a influência poderosa de Fidel Castro.
Em 1992, Chávez comandou um golpe de Estado, que fracassou e ele foi preso. Ao ser libertado dois anos depois, abandonou a carreira militar, dedicando-se apenas à vida política.

Influência do bolivarianismo no exterior


A influência do bolivarianismo de Hugo Chávez ultrapassou as fronteiras da Venezuela. Declaram-se bolivarianos os presidentes Evo Morales (da Bolívia), do Rafael Correa (do Equador) e Daniel Ortega (da Nicarágua). Até no Brasil, há quem acuse Lula e o PT de serem bolivarianos. As organizações políticas identificadas como bolivarianas se agrupam no Congresso Bolivariano dos Povos, iniciativa criada pela Venezuela para reunir os partidários da Revolução Bolivariana no âmbito continental. 

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